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A visão da Avaliação na Educação Infantil, a partir dos documentos oficiais

Como entendemos a Avaliação na Educação Infantil de nossa rede?


Quais instrumentos devem fazer parte do processo avaliativo?
Como deve ser a avaliação do desenvolvimento e da aprendizagem das crianças
de nossas escolas?
E quanto às transições, em especial entre as duas etapas da Educação Básica,
como é a passagem das crianças da Educação Infantil para o Ensino Fundamental? Há
diálogo entre os educadores das duas equipes? Quais os instrumentos utilizados para
esse acompanhamento nas transições?
A Base Nacional Comum Curricular dispõe de algumas páginas dedicadas a essa
discussão. Vejamos:

A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer


muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças
introduzidas, garantindo integração e continuidade dos
processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas
singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem com
os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de
cada etapa. (BNCC, p. 51)

Neste documento de orientações sobre a avaliação diagnóstica do 1º ano,


acreditamos ser relevante apontar a grande importância e o cuidado que deve existir
nessa transição. Planejar ações de acolhimento das crianças pensando no seu
desenvolvimento integral é essencial. No contexto atual, em que as crianças estão há um
ano sem contato direto com as escolas e professores, esse desafio é ainda maior. O
acolhimento precisa ser bastante afetivo, inclusive nos momentos dedicados a um olhar
mais investigativo.
Os relatórios, portfólios ou outros registros que evidenciem os processos
vivenciados pelas crianças ao longo da Educação Infantil podem contribuir muito com
esse planejamento cuidadoso, a ser realizado na transição da Educação Infantil para o
Ensino Fundamental. É valioso conhecer o que a criança sabe e é capaz de fazer,
pensando em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo.
A leitura desses documentos, pelo(a) professor(a) do 1º ano e um bom diálogo
com o(a) professor(a) da 2ª etapa da Educação Infantil serão fundamentais para a
continuidade do acompanhamento das aprendizagens e do desenvolvimento de cada
criança, lembrando que estes são processos e, portanto, acontecem de forma
progressiva.
Voltemos à leitura de outro trecho da BNCC:
Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto às
aprendizagens das crianças, realizando a observação da
trajetória de cada criança e de todo o grupo – suas conquistas,
avanços, possibilidades e aprendizagens. Por meio de diversos
registros, feitos em diferentes momentos tanto pelos professores
quanto pelas crianças (como relatórios, portfólios, fotografias,
desenhos e textos), é possível evidenciar a progressão ocorrida
durante o período observado, sem intenção de seleção,
promoção ou classificação de crianças em “aptas” e “não aptas”,
“prontas” ou “não prontas”, “maduras” ou “imaturas”. Trata-se
de reunir elementos para reorganizar tempos, espaços e
situações que garantam os direitos de aprendizagem de todas as
crianças. (BNCC, p. 37)

Outro ponto essencial nessa discussão, que está apontado no trecho acima é:
Para que avaliar? Pela leitura conseguimos compreender que a avaliação trará elementos
para que o professor planeje atividades que atendam às necessidades e singularidades
das crianças de sua turma e que a avaliação deve acontecer por meio do
acompanhamento das aprendizagens das crianças, que é preconizado desde a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Básica (nº 9.394) de 1996.
Ressaltamos que, seguindo as normativas da BNCC e Currículo Paulista,
devemos embasar todas as nossas ações nos princípios e concepções ali determinados.
Retomando o princípio da Educação Integral e o contexto de pandemia que ainda
estamos vivenciando, acreditamos ser necessário enfatizar a importância de uma escuta
atenta e sensível à criança. Quanto às práticas pedagógicas intencionalmente planejadas
pelos professores de educação infantil, estas têm como eixos estruturantes as interações
e a brincadeira. Portanto, interagir e brincar caracterizam o cotidiano e essência da
infância e devem ser considerados em todo planejamento e desenvolvimento de
propostas, o que inclui as avaliativas.
Assim, para pensarmos uma avaliação diagnóstica para a rede, também é
importante pensar no contexto em que a avaliação será realizada, no cuidado criterioso
de cada detalhe para a realização desta avaliação, tais como: aproximação e vínculo com
a criança; preparação do local (questões sanitárias, estéticas, lúdicas e apropriadas à
visão de criança e infância que temos); comunicação clara, baseada em empatia e
respeito à criança; escuta aberta e sensível às suas manifestações/expressões.
Sem perder de vista as concepções a serem garantidas em todas as ações
planejadas e desenvolvidas nas escolas, seguimos dialogando sobre como garantir tais
concepções nos contextos de investigação dos saberes de nossas crianças.

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