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03/05/2023, 13:18 UNINTER
CONVERSA INICIAL
Vamos apresentar para você um breve histórico da educação de jovens e adultos (EJA) no Brasil,
com o qual você terá a oportunidade de aprofundar mais seus conhecimentos sobre o assunto,
sendo cada tema abordado de extrema importância para a compreensão do sistema educacional
Para que possamos conhecer as políticas públicas voltadas para a EJA, é imprescindível
desenvolvimento de ações que beneficiem os setores da sociedade que se caracterizam pela exclusão
Uma vez que a colonização do Brasil havia fracassado, dado o insucesso do sistema de capitanias
hereditárias, o Rei Dom João III resolveu encaminhar Tomé de Souza ao Brasil, em 1549, o qual
geraria riqueza para a metrópole e tornaria possíveis os câmbios comerciais entre Brasil e Portugal,
preciosos e da prisão de índios para serem vendidos e escravizados. Para expandir a religião, Tomé de
Souza também trouxe, em seu comboio, os primeiros padres jesuítas a bordo, entre eles Manoel da
Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira, que representavam os verdadeiros soldados de Cristo,
pois faziam parte de uma ordem religiosa católica denominada Companhia de Jesus e tinham por
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É nesse cenário que, em 1554, são fundadas a primeira escola do Brasil, em Salvador, e a
segunda, em São Paulo, onde os jesuítas passam a difundir a cultura europeia nas terras indígenas e a
organizar o sistema de educação que tinha como fundamento catequizar e converter os nativos à
religião católica. Existia, pois, uma forte relação entre Estado e Igreja, marcada pelos interesses que se
território brasileiro, enquanto a Igreja precisava do apoio do Estado para catequizar os índios como
mão de obra.
É também nesse cenário que se encontra o marco inicial da trajetória da EJA, pois, desde o
período da colonização do país pelos portugueses, os padres jesuítas chegam ao Brasil com a missão
educativo. Para que isso acontecesse, era necessário que os índios fossem alfabetizados. Assim, os
padres jesuítas, pelas bases da catequização, deram início à educação colonial por meio da leitura e
da escrita, envolvendo crianças, jovens e adultos indígenas em uma ação cultural e educacional.
A partir dessa época, os religiosos passam a exercer uma forte influência europeia na sociedade,
já que o Brasil era dependente de Portugal e precisava seguir os fundamentos do sistema capitalista,
que privilegiava o desenvolvimento exploratório para atender à demanda dos portugueses por
trabalhadores braçais. Com o desembarque da família real portuguesa em terras brasileiras, no início
do ano de 1808, ocorrem muitas transformações políticas, econômicas e sociais que contribuíram
para a deportação dos jesuítas do país, pois o influente ministro Marquês de Pombal acreditava que a
grande autonomia política e econômica que os religiosos haviam conseguido era devido à prática da
catequese.
Enquanto o modelo educacional vigente na época atendia aos interesses da Igreja Católica –
com seu caráter instrucional, que se baseou em orientações para o trabalho –, Marquês de Pombal
enfrentava um entrave para poder atender aos interesses do Estado, outro ponto de grande
divergência de interesses e que acabou justificando a expulsão dos jesuítas das terras brasileiras.
Com isso, acontece a reforma educacional de Marquês de Pombal como tática necessária para suprir
a lacuna deixada pela saída dos jesuítas e para modernizar o sistema educacional a favor do
monárquico.
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O período imperial foi marcado pela vinda da família real portuguesa, em 1808, para o Brasil,
para fugir do ataque francês a Portugal, acarretando muitas transformações como a criação de várias
instituições e cursos de ensino superior. Em 1822, com a conquista da Independência do Brasil, como
resultado da separação entre Brasil e Portugal, o país deixa de ser uma colônia portuguesa e passa a
primária, gratuita, para todos os cidadãos, sendo essa época marcada pela realização da Assembleia
Constituinte e Legislativa que propõe uma legislação com o objetivo de organizar a educação
nacional, pela qual todas as cidades, vilas e lugares populosos passaram a ter escolas. De acordo com
Haddad e Pierro (2000), embora não estivesse clara a preocupação com a EJA, nessa Constituição, o
teor da legislação assegurava formação educacional a todos os cidadãos. Assim, subentende-se que
Infelizmente, o entusiasmo inicial com a instrução popular esbarrava nas precárias condições
reais do país e, dessa forma, as propostas não passaram de mera ideologia do governo, que legislava
em favor de uma instrução para o povo sem providenciar, todavia, os recursos para criar as condições
necessárias para a existência das escolas e para o desenvolvimento do trabalho dos professores. E
assim, no final do império, o Decreto n. 3.029/1881, também chamado de Lei Saraiva, instituiu, pela
primeira vez, o título de eleitor, adotando as eleições diretas para todos os cargos eletivos do Império
O período imperial termina com a existência ainda de poucas instituições escolares, apenas
alguns liceus, em algumas províncias e capitais, colégios privados bem instalados nas principais
cidades e cursos normais em quantidades insatisfatórias para as necessidades do país. Alguns cursos
brasileira, que era trabalhadora e pobre, se encontrava assim totalmente alheia ao interesse do
governo imperial.
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Mais de 50 anos depois, quando o Brasil já era uma república, surge o primeiro Plano Nacional
de Educação (PNE), viabilizado pelo art. 150 da Carta Magna, a Constituição Brasileira de 1934, que
ofertar ensino gratuito e integral a todos, inclusive aos adultos que não conseguiram concluir seus
estudos no ensino regular (Brasil, 1934). No entanto, foi só a partir dos anos 1940 que a EJA começou
a se constituir como política educacional, o que gerou avanços importantes no ensino de adultos.
Com o término da Segunda Guerra Mundial e o fim da Ditadura Vargas, em 1945, marcava-se a
necessidade de redemocratizar o país e aumentar as bases eleitorais, com a EJA passando a ser
Adultos – CEAA, que previa alfabetização desse público-alvo em até três meses; em seguida, surge o
Serviço Nacional de Educação de Adultos – SNEA, que tinha por objetivo orientar e coordenar os
trabalhos do ensino supletivo. Essa época também fica marcada pela realização do Congresso de
Educação de Adultos e a criação de inúmeras escolas supletivas, voltadas para a população mais
carente.
Já nos anos 1950, há muitas críticas às propostas educacionais de adultos, trazendo à tona todas
as suas mazelas, o que faz nascer uma nova visão sobre o analfabetismo, no país. No início dos anos
1960, vários movimentos sociais discutem a educação de adultos, como o Movimento de Educação
de Base, criado pelo Decreto n. 50.370/1961, que buscava reconhecer e valorizar o aprendizado por
meio da consideração do conhecimento popular (Brasil, 1961). É assim que nasce o Sistema
Nacional – Sirema, do então Ministério de Educação e Saúde, que foi muito utilizado, no Brasil,
Em meio a esse movimento, surge uma referência em educação, hoje mundialmente reconhecida
– o pernambucano Paulo Reglus Neves Freire. Paulo Freire foi pedagogo e filósofo, ocupou cargos
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universidades. É o brasileiro com mais menções honrosas no mundo (41, no total). Esse homem, que
teve uma infância e adolescência simples, em Recife, tinha propostas e novas ideias para alfabetizar
os adultos, por intermédio de um método que utilizava como pontos de partida a linguagem e o
Para Paulo Freire, a educação “[...] é um ato político e se a educação sempre ignorou a política, a
política nunca ignorou a educação, e sempre procurou utilizá-la para manutenção de seus
interesses”. Freire (2000, p. 121), em sua análise, destaca ainda que:
A educação passa a ter sentido ao ser humano porque o seu existir se caracteriza como
possibilidade histórica de mudanças. Somos ou nos tornamos educáveis porque, ao lado da
constatação de experiências negadoras da liberdade, verificamos também ser possível a luta pela
liberdade e pela autonomia contra a opressão e o arbítrio.
Segundo Horiguti (2009), Paulo Freire utilizava um método diferente de alfabetização, cuja marca
era uma perspectiva não aprisionada, mas, sim, libertadora, que tinha como base os conhecimentos
dos alunos, suas experiências de vida, buscando os vocábulos que faziam parte do universo daqueles,
entendidos como indivíduos que careciam adquirir, pela educação, criticidade, compreensão e
capacidade de questionar sua própria realidade. O educador passa, então, a criar novas maneiras de
abordar o conhecimento, que, antes, parecia tão distante do educando, e abre um novo caminho
para o ensino de ler, interpretar conteúdos e escrever.
que diz respeito à alfabetização e educação popular de adultos, já que essas eram as bases para a
transformação da sociedade. Entre 1958 e 1961, as ideias progressistas de Paulo Freire marcaram a
Ao trabalhar com adultos analfabetos e pobres, Paulo Freire contribuía cada vez mais para tornar
a educação libertadora, despertando, assim, a consciência dos discentes para as relações de opressão
nos ambientes de trabalho e para as injustiças que existiam na sociedade. Porém, com o golpe de
1964, tropas militares de Minas Gerais e São Paulo saíram às ruas do país e tomaram o controle do
Estado em nome de seu próprio entendimento de democracia, liberdade, segurança e
desenvolvimento nacional, marcando o início de um regime ditatorial no país e acabando, ainda que
provisoriamente, com o ideal de uma educação libertadora. Desse momento em diante, a escola
pública passa a conviver com a precarização e a queda na qualidade do ensino, surgindo, assim, a
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migração dos filhos das elites para as instituições privadas de ensino. A partir disso, nasce a ideia de
que os filhos dos ricos, que têm acesso a uma educação de qualidade, têm mais chances de entrar na
universidade, enquanto que, aos filhos dos pobres, que estudam nas escolas públicas, resta o
A proposta do Mobral era a alfabetização funcional de jovens e adultos, com vistas a “[...]
conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a
sua comunidade, permitindo melhores condições de vida”. Infelizmente, o programa simplesmente
treinava os operários para que soubessem ler e escrever, ainda que de forma rudimentar, e que
reconhecessem seus deveres, sobretudo para a manutenção da ordem e da paz do regime. Com isso,
o programa não atingiu sequer os objetivos de alfabetização, pois os representantes do governo não
conseguiram enxergar que as políticas públicas e os programas voltados para a EJA só teriam êxito se
Nos últimos anos do programa, os resultados esperados do Mobral não eram, portanto, nada
satisfatórios. Havia, ainda, grande volume de recursos públicos aplicados por aluno, o que tornava o
processo caro e ineficiente. Sendo assim, no ano de 1985, o Mobral foi substituído pela Fundação
Nacional de Educação de Jovens e Adultos – Fundação Educar, por meio do Decreto n. 91.980/1985,
entidade que, vinculada ao Ministério da Educação, herdou todo o patrimônio material e intelectual
de educação básica destinados aos que não tiveram acesso à escola ou que dela foram excluídos
prematuramente. Ela seria extinta, junto com as campanhas de alfabetização de adultos no Brasil,
elaborar materiais didáticos para serem distribuídos nas escolas públicas de todo o país. Entretanto, o
uso desse material era opcional e, muitas vezes, tratado apenas como material complementar. Não
obstante, muito desse material, que deveria ser produzido para os discentes adultos, visou apenas
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atingir o público infantil. De todas as regiões atendidas, o Nordeste foi a que mais teve jovens e
adultos amparados pela Fundação Educar (Souza Junior, 2012).
Antes disso, na década de 1970, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei n.
5.692/1971, implementara o ensino supletivo, no país, a fim de complementar a escolarização e
atacar o problema do analfabetismo de maneira mais flexível para o indivíduo, suprindo suas
deficiências (Brasil, 1971). Com o fim da ditadura militar, ocorre uma abertura que permite o
surgimento de novas contribuições para a educação em nosso país, o que faz com que a EJA receba
como Constituição Cidadã, que passa a reger todo o ordenamento jurídico brasileiro até os dias
atuais (Brasil, 1988). Desde a Independência do Brasil, em 1822, essa é a sétima Constituição que o
país tem – e a sexta desde que somos uma república –, cujas principais determinações consistem em:
definição por um sistema presidencialista de governo, com eleição direta em dois turnos para
presidente, governadores e prefeitos (nesse último caso, quando as cidades possuem mais de
situação de emergência, decretar leis com aplicação imediata e que só posteriormente serão
examinadas pelo Congresso Nacional;
É importante ressaltar que, no art. 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
a educação é citada desta forma: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
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pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Brasil, 1988).
Alfabetização – sendo marcado pela realização da Conferência Mundial de Educação para Todos, em
Jontiem, na Tailândia. Em 1994, após o impeachment do Presidente Fernando Collor, acusado de
corrupção, assumir a presidência do país seu vice, Itamar Franco, que elabora o Plano Decenal de
Educação e cria a Comissão Nacional de Educação de Adultos – Cneja.
No ano seguinte (1995), toma posse na Presidência da República Fernando Henrique Cardoso,
que reforma o ensino no país. Somente em 1996 surge a nova LDB, por meio da Lei n. 9.394/1996,
que teve suas origens na Assembleia Constituinte de 1934, quando, pela primeira vez, foi
determinado que a União elaborasse e aprovasse um plano nacional e uma lei que traçasse as
diretrizes da educação nacional. O texto da LDB atual, conhecida também como Lei Darcy Ribeiro, foi
sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, tendo sua publicação no Diário Oficial da
União em 20 de dezembro de 1996. É fundamental lembrar que a primeira LDB foi criada em 1961,
tendo sido reformulada em 1971 até ganhar a forma atual, a de 1996 (Brasil, 1934, 1961, 1971, 1996).
A LDB de 1996 estabeleceu, no seu Capítulo II, Seção V, o seguinte, sobre a EJA:
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam
efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
Essa definição de EJA reafirma a necessidade de um ensino gratuito, que garanta o acesso e a
permanência dos jovens e adultos, desprovidos ainda de estudos, nas escolas públicas. Com a
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Em 1997, o mundo volta os olhos para a Alemanha, que organiza a V Conferência Internacional
de Educação de Adultos, quando surge a Declaração de Hamburgo sobre Aprendizagem de Adultos
(Unesco, 1997). Ela afirma que a educação de adultos é a chave para o século XXI, sendo considerada
tanto consequência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação dos
indivíduos na sociedade.
No final da década de 1990 há um novo movimento de realização de fóruns sobre EJA, com os
Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos – Enejas, que acontecem pela primeira vez na
Região Norte do Brasil e contam com a presença de professores e agentes públicos responsáveis pela
alfabetização daqueles que não tiveram oportunidade de ingressar em uma escola regular. Tem-se,
então, a aprovação do Parecer n. 11/2000 do Conselho Nacional de Educação – CNE, que dispõe
sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais – DCNs que regulamentam a EJA (Brasil, 2000).
Em 2002, o Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep cria o
Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos – Encceja, uma prova com o
objetivo de avaliar o conhecimento daqueles que voltaram a estudar depois de não conseguiram
concluir o ensino fundamental ou médio na idade adequada. Com isso, a EJA volta à agenda do
governo federal em 2003, quando tem início a Década das Nações Unidas para a Alfabetização
Dessa forma, o ano de 2004 fica marcado pela reestruturação do Ministério da Educação – MEC,
Secad, com o objetivo de agilizar os programas desenvolvidos pelo governo nessa área.
Por outro lado, como parte integrante das medidas de combate à pobreza – fundamentais para a
consolidação da EJA –, foi instituído o programa governamental Fome Zero. Nesse curso, a Lei n.
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5.840/2016, o programa foi ampliado para toda a educação básica e passou a se chamar Programa
fundamental
Qualificação profissional, incluindo a formação inicial e continuada concomitante ao ensino
médio.
Conforme Moura e Henrique (2012), por mais ambiciosa e importante que a iniciativa se
revelasse, a oferta desse projeto, em âmbito nacional, revelava vários desafios, como instituições com
quadro docente sem o preparo necessário para dar conta de tal demanda, em termos de formação
acadêmico-pedagógica adequada à modalidade. Apesar dos seus problemas estruturais, o Proeja
tem seus alicerces reforçados como forma de educação emancipatória, crítica e de qualidade voltada
para os trabalhadores jovens e adultos, com um modelo de currículo integrado, que atendia à
formação para o trabalho e garantia o direito constitucional dos estudantes ao conhecimento
sistematizado.
Em 2007, o MEC cria o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica – Fundeb. A partir desse
momento, todas as modalidades de ensino passam a tomar parte dos recursos financeiros destinados
Valorização do Magistério – Fundef, a Educação de Jovens e Adultos, ainda ficou de lado pois os
investimentos desse fundo, não previu qualquer favorecimento à expansão do Ensino de Jovens e
Em 2008, a EJA passa a fazer parte da LDB, ganhando mais aceitação do que a posição marginal
que ocupava anteriormente. No governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva fora criado, como já
mencionamos, o Programa Brasil Alfabetizado, que contribuiu assim para se diminuir o analfabetismo
e se buscar universalizar a alfabetização de jovens e adultos, a partir dos 15 anos ou mais, com
financiamento próprio para isso. Houve ainda uma outra grande conquista para a EJA, quando ela
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passou a ser contemplada com recursos do Fundeb, ainda que menores que as outras modalidades
da educação.
No ano de 2009, foram investidos milhões na compra de obras do Programa Nacional do Livro
Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos – PNLA, obras essas direcionadas para as redes
Emprego – Pronatec, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional
e tecnológica – EPT para pessoas que quisessem estudar e ao mesmo tempo ter uma carreira
profissional sólida, principalmente jovens e adultos que deixaram de estudar há um tempo e
Com a Lei n. 13.005/2014, foi aprovado o PNE para o decênio 2014/2024, propondo elevar a
escolaridade média da população como um todo e elevar a taxa de alfabetização da população com
15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo
absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional no país. A EJA, como política pública
educacional, consta nesse PNE, obrigando estados e municípios a cumprirem suas metas, estratégias
e diretrizes até o ano de 2024 (Brasil, 2014). De acordo com Haddad e Pierro (2015): “A ênfase na
qualificação profissional da mão de obra marca também a abordagem conferida à EJA no segundo
Plano Nacional de Educação (PNE), finalmente consignado na Lei n. 13.005/2014 após longos debates
no Congresso.”
Nasce então a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, já prevista no PNE e na Constituição
Federal de 1988. Sua primeira versão foi redigida em 2014 e em 2015 o documento foi aberto para
consulta pública, permitindo assim que a sociedade pudesse contribuir com a elaboração da sua
segunda versão. Em 2017, o MEC conclui a sistematização das contribuições e encaminha uma versão
final do texto ao CNE, responsável por regulamentar e implementar a BNCC no sistema de educação
em nosso país. Com isso, o texto introdutório da BNCC e as suas partes referentes à educação infantil
e ao ensino fundamental foram aprovadas pelo CNE e logo oficializadas pelo MEC, sendo que o texto
correspondente ao ensino médio restou ainda em processo de elaboração. Em 2018, ocorre a
entrega de parte da BNCC do ensino médio ao CNE, sendo que, em dezembro do mesmo ano, essa
ensino médio de acordo com a BNCC – o novo currículo precisava então chegar à sala de aula (Brasil,
1988, 2018).
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A BNCC foi criada para ser referência para elaboração dos currículos escolares, porém o
documento contempla diretrizes para a educação de crianças e adolescentes, não abrangendo a EJA.
Isso deixa uma lacuna, já que as necessidades de uma criança de 8 anos são totalmente diferentes
das necessidades de um jovem ou adulto fora do seu nível de escolaridade, pois os caminhos
percorridos por alunos da EJA são bem diferentes dos de um aluno que está no ensino regular.
Lembremos também que, na maioria dos casos, o retorno desses alunos ao estudo se dá por causa
de uma exigência do mercado de trabalho.
Outro ponto que merece destaque é que sejam adotadas práticas curriculares que motivem tais
pessoas. Sabemos que uma boa parte dos alunos da EJA trabalha durante o dia e precisa estudar à
noite para melhorar o seu curriculum vitae e, assim, conquistar uma renda melhor. Com essa rotina
diferente, para que o aluno da EJA realmente aproveite o período escolar, é necessário que haja aulas
práticas e um currículo adaptado, diferentemente do ensino regular. Isso ajudará no aproveitamento
e também no combate à evasão escolar. Sendo assim, esses discentes da EJA precisam ser motivados
Consideramos, assim, importante se conhecer o breve histórico da EJA no Brasil, pois só assim
podemos entender os vários desafios que ainda devem ser enfrentados pelas políticas públicas em
nosso país. Faz-se necessário, com base nessas políticas públicas, uma concepção ampliada de EJA
que compreenda a educação como algo de oferta gratuita e um direito universal que todos têm de
avançar para minimizar as principais causas das mazelas da nossa sociedade. É emergencial se prover
o acesso de jovens e adultos a um bom programa de governo que lhes permita a continuidade de
NA PRÁTICA
Falar em EJA, no Brasil, implica conhecer o contexto histórico de avanços em busca de uma
educação mais democrática e inclusiva, em nosso país. Assim, esperamos que você use seus
conhecimentos e anote as principais vivências dos seus alunos, suas construções históricas e sociais,
seus aprendizados e depois crie e aplique novas metodologias de formação que sejam mais próximas
da realidade desses alunos, auxiliando, dessa forma, para que sua prática pedagógica seja mais
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relevante para eles. Dessa forma, utilize suas anotações para trabalhar a leitura e a interpretação de
textos, a pontuação, os sinônimos e antônimos, fazendo com que seus alunos reconheçam, nesse
FINALIZANDO
Nesta etapa, você pôde conhecer um breve histórico da EJA no Brasil ao longo dos períodos
colonial, imperial e finalmente no republicano, quando essa modalidade de educação passou a ser
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Decreto/D5840.htm>.
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 31. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
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MOURA, D. H.; HENRIQUE, A. L. S. Proeja: entre desafios e possibilidades. Holos, Natal, v. 28, n. 2,
adultos no Brasil. 208 f. Tese (Doutorado em Políticas Públicas e Formação Humana) – Faculdade de
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Educação de
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