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JOVENS E ADULTOS
ISBN 978-85-9502-052-8
CDU 37.022
Introdução
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil vem percorrendo uma
trajetória histórica muito recente. Com foco inicial na alfabetização, seu
propósito principal era ensinar alunos adultos a ler e a escrever. Entretanto,
como a EJA se fundamenta no cenário social e político, houve mudanças
paradigmáticas significativas, promissoras e amparadas pela legislação
vigente, que buscam respeitar as especificidades do educando jovem/
adulto e a sua diversidade cultural. Neste capítulo, você vai saber mais
sobre a resolução que sustenta o pensamento pedagógico da EJA, bem
como suas funções e as especificidades dos alunos que buscam essa
modalidade de ensino.
No livro “O direito à educação: lutas populares pela escola em Campinas” (SOUZA, 1998)
analisa as formas de escolarização estatal voltadas para as crianças das camadas
populares na primeira metade do século XIX. Vale a pena conferir!
“Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo, todos nós sabemos alguma
coisa, todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.”
(FREIRE, 2001, p. 34).
São jovens e adultos de camadas populares que, ao interromperem sua
trajetória escolar, repetem histórias, muitas vezes coletivas e familiares, de
negação dos direitos. Negar o enraizamento dessa negação, dessa identidade
coletiva, social e popular, compromete a percepção da própria identidade
da EJA, correndo o risco de a modalidade ser encarada como mera oferta
individual de oportunidades pessoais perdidas.
Para discutir o problema da educação e chegar a considerações capazes de
orientar uma solução para o analfabetismo adulto, é preciso um olhar justo e
verdadeiro, que só pode vir do ponto de vista social: um olhar de direitos e não
de caridade. É necessário enxergar o analfabetismo como um aspecto social,
e não como um conceito abstrato, e partir do fato real, concreto, existencial,
isto é, o homem adulto analfabeto.
A educação é um direito assegurado pelas leis que regem o Brasil, logo,
precisamos traçar um caminho efetivo para fazer uma nova história no contexto
educacional brasileiro, a fim de que essas leis prevaleçam e sejam cumpridas,
em especial na EJA, com a perspectiva de acabar com o analfabetismo e/ou
sanar a problemática de crianças e adolescentes que não conseguem terminar
o ensino regular na idade própria.
Para melhor conhecer as peculiaridades desta modalidade de educação
voltada para adultos, é preciso pesquisar profundamente as razões pelas quais
esses sujeitos buscaram os estudos novamente. A EJA foi estabelecida pela
LDB nº 9.394/96, no Art. 37, que diz que a “[...] Educação de Jovens e Adultos
será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no
ensino fundamental e médio na idade própria.” (BRASIL, 1996).
A EJA trata de alunos com características diversificadas e diferenciadas das
crianças e adolescentes do ensino em idade regular. Antes de conhecer essas
características, precisamos antecipar que, hoje, a educação voltada para adultos é
conhecida como andragogia. Com a mesma raiz linguística do termo pedagogia,
andragogia diferencia-se apenas porque é inicialmente formada pela palavra
andrós, que significa homem; logo, andragogia designa a educação dos homens
e, é claro, das mulheres (TAMAROZZI; COSTA, 2007). Sua formulação marca
a diferença dos processos educativos de crianças e adultos, já que historicamente
as pesquisas sobre aprendizagem estiveram muito mais direcionadas ao público
infanto-juvenil. Conforme Oliveira (1997, p. 60), em relação à construção do
conhecimento, os processos de aprendizagem de adultos são menos explorados
dos que as teorias que apresentam considerações sobre crianças e jovens.