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CINTHIA MARQUES MORAIS 

 
 
 
 
 
 

CAMINHOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

DUQUE DE CAXIAS, 28 DE MAIO DE 2023 


“O CONHECIMENTO HISTÓRICO AJUDA NA COMPREENSÃO DA
RAÇA HUMANA ENQUANTO SER QUE CONSTRÓI SEU TEMPO”  
MARC BLOCK  
 
A educação traz consigo sua historicidade. Desde o início da
humanidade o homem se educa de alguma forma. As tendencias
educacionais também caminhou com o momento histórico no
Brasil. Por aqui antes da chegada dos colonizadores, os
indígenas já se organizavam como sociedade, com educação
difusa, voltada principalmente para aspectos da sobrevivência
do dia a dia e a educação era transmitida de forma oral e por
imitação. Atividades como caça e pesca, fabricação de
utensílios de cerâmica e cerimônias especiais eram essenciais
nas vidas destes povos e a manutenção destes elementos até
os dias de hoje comprovam a importância da educação como
aspecto fundamental destas sociedades. 
Podemos dizer que a educação formal brasileira iniciou no
período do Brasil Colônia, com a chegada dos jesuítas, em 1549.
Eles defendiam que por meio da educação é que se integraria os
indígenas à sociedade. Foram eles que construíram as primeiras
escolas formais aqui no Brasil, criaram uma transcrição da
língua tupi para aprender a se comunicar e conservar as lendas
locais. Mas tinham como foco principal a catequização dos
indígenas. Essa Era Jesuíta se deu até o ano de 1759, quando
os colonos viram o modelo educacional Jesuítas como
um processo lento e ineficaz, pois esses visavam lucro com a
terra, e queriam o lucro rápido. Então, achavam que o tempo em
que os indígenas passavam estudando, era menos trabalho feito
e, consequentemente, prejuízo econômico. E por achar que o
modelo Jesuítico atrasava o progresso econômico e afetava o
monopólio da coroa, em 1759 o Marquês de Pombal expulsou os
Jesuítas, dando início a implantação de um novo modelo
educacional no Brasil, com suas famosas “aulas régias”.  
Enquanto a Metrópole estava buscando construir um sistema
educacional moderno e público, a colônia se afundava e
desmanchava a sólida estrutura educacional construída pelos
jesuítas. Apesar disso, as aulas régias instituídas por Pombal
constituíram a primeira experiência de ensino promovido pelo
Estado na história brasileira. A educação, a partir de então,
passou a ser uma questão de Estado.  
Com a chegada  da família Real no Brasil, em 1808, a educação
passa por uma nova reforma, um novo rumo. O então Principe
Regente D. João VI, para atender a necessidade do Império
português e da nova capital, reabriu a academia militar, criou
duas escolas de medicinas e também a imprensa oficial (Régis),
essa impressa criou o primeiro jornal impresso do Brasil. Essas
e outras ações mudaram a condição educacional e cultural do
Brasil. O surgimento da imprensa por exemplo, permitiu que
ideias e fatos fossem compartilhados e divulgados, mas não
podemos nos enganar e achar que essa era a tão sonhada
democratização educacional, pois apenas a população
letrada tinha acesso a essas informações, e esses eram poucos.
Sendo assim, não foi possível consolidar um sistema
educacional sólido, a educação ainda era de importância
secundária e não existiam universidades por aqui. Mas com a
abertura dos portos, os brasileiros deslumbraram e enxergaram
um novo mundo, novas oportunidades e descobriram que existia
outras sociedades, culturas e formas de educação.  
Em 1822 iniciando o Período Imperial e com a independência do
Brasil, D. Pedro I outorga a primeira Constituição brasileira,
onde o Art. 179 desta Lei Magna dizia que a “instrução primária
é gratuita para todos os cidadãos”. 
O ensino no período Imperial foi organizado em três níveis:
primário, secundário e superior. O primário era somente para
ensinar a ler e escrever, o secundário se manteve nas aulas
régias e o ensino superior voltado para as elites. O que era para
se constituir em avanço, acabou por manter os mesmos
objetivos do período colonial, ou seja, o de uma estrutura e
organização escolar voltado para atender os interesses das
elites.  
Passeando pela história, em uma República já proclamada, a
educação teve influência da filosofia positivista, com a Reforma
de Benjamim Constant, que tinha como princípios orientadores
a liberdade e laicidade do ensino. Onde uma das intenções
dessa reforma, era substituir a predominância literária pela
científica. Também nesse período, houve a  Reforma
Rivadávia Correa, de 1911 e na década de vinte a Reforma João
Luiz Alves, que foi marcada por diversos fatos relevantes no
processo de mudança tanto das características políticas,
quando educacionais brasileira. 
Já na década de 30, com o Brasil mergulhando na onda
capitalista, investindo no mercado interno e na produção
industrial, houve a exigência de mão de obra qualificada, o que
fez com que fosse preciso investir em educação. Criou a partir
daí o Ministério da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o
governo provisório sancionou decretos organizando o ensino
secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes.
Estes Decretos ficaram conhecidos como “Reforma Francisco
Campos”. Nessa época também nasceu o Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, assim como a nova Constituição
(a segunda da República) dispondo, pela primeira vez, que a
educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela
família e pelos Poderes Públicos. Também nessa década foi
criada a Universidade de São Paulo, a primeira a ser criada e
organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades
Brasileiras de 1931. E não menos importante, tínhamos Anísio
Teixeira como secretário de educação do Distrito Federal, e foi
ele que, em 1935 criou a Universidade do Distrito Federal, no
atual município do Rio de Janeiro. 
Avançando na história, vamos nos encontrar com o chamado
Estado Novo, ou com a Era Vargas, onde a educação enfatizou o
ensino pré-vocacional e profissional. Há quem diga que esse
disparato sistema educacional foi piramidal, pois o sistema
capitalista deixou mais uma vez explicito seus interesses,
inclusive na educação, separar as classes. Colocou no topo o
ensino vocacional, para as classes mais favorecidas, e o
trabalho manual, enfatizando o ensino profissional para as
classes mais desfavorecidas.  
A educação, dentre outros meios, foi sim uma forma de
propaganda e de afirmação de um regime, conhecido como a
“Era Vargas”. Mas olhando com os olhos da bondade e retirando
os julgamentos ideológicos, pode-se dizer que ao menos, não foi
uma total desgraça, foram colhidos frutos bons. Foi mantida a
gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário (1ª a 4ª
séries), foram criadas algumas entidades, autarquias,
agremiações e instituições, além de algumas mudanças na
legislação educacional. São dessa época a União Nacional dos
Estudantes (UNE) , o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos
(INEP), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e
o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). E foi
durante a Era Vargas que teve início o debate sobre a educação
para desenvolver um anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases.
Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para a
Educação Nacional foi o fato marcante, por outro lado muitas
iniciativas marcaram este período como, talvez, o mais fértil da
História da Educação no Brasil: em 1950, em Salvador, no
estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de
Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a
sua idéia de escola-classe e escola-parque; em 1952, em
Fortaleza, estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima
inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean
Piaget: o Método Psicogenético; em 1953, a educação passa a
ser administrada por um Ministério próprio: o Ministério da
Educação e Cultura; em 1961, tem início uma campanha de
alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano Paulo
Freire, propunha alfabetizar em 40 horas adultos analfabetos. 
 Nosso Sistema educacional parecia que estava caminhando pra
um futuro educacional mais evoluído, sólido e talvez mais justo.
Mas nosso povo se deparou com um golpe militar. E todas as
promessas, planos e esperança de um futuro mais digno, se viu
diante de um regime militar opressor, que mandou prender
professores, condenou as artistas, fechou universidades, sob o
pretexto de que as propostas eram “comunizantes e
subversivas”. E foi nesse periodo cruel que a Lei de Diretrizes
de Bases da Educação Brasileira foi instituída. 
 Com o fim do Regime militar e uma Nova República, as
questões educacionais perderam o sentido pedagógicos e
assumiram sua face politica. Se caminharmos mais um pouco
na historicidade da educação, vamos encontrar o trabalho do
economista e ex-ministro da educação Paulo Renato de Souza,
que tornou o Conselho Nacional de Educação menos
burocrático e mais político, executando diversos projetos na
area educacional, como a Universalização do acesso no Ensino
Fundamental, o ENEM e o SAEB. Souza foi ministro no governo
Henrique Cardoso. 
Como em todos os momentos da história, os reflexos do que a
sociedade vivia ditou as tendencias educacionais, e não foi
diferente com a tecnologia. Essa Era tecnológica deu um novo
sentido e e revolucionou a educação. Instituições de ensino
passaram gradualmente a adotar laboratórios de informática, a
internet tornou o acesso ao conhecimento mais rápido do que
as bibliotecas permitiam e a modalidade  EaD avançou e se
expandiu. O que parecia no primeiro momento algo impossível,
nos alcançou, a tecnologia controlando o mundo, ditando
tendências e fazendo o sistema educacional passar por mais
uma grande reforma. A Internet vem revolucionado as
instituições escolares, passando a focar o processo de ensino e
aprendizagem em habilidades requeridas pelo mercado dos dias
atuais, entre elas empreendedorismo, matemática, lógica e
conhecimentos digitais. O formato de sala de aula começa a ser
revisto, e muitos modelos são configurados para que o aluno
saia do papel de observador e passe a ter função colaborativa
ou até protagonista dentro do próprio ensino. 
Sendo assim, caminho para o fim desse passeio pela história da
educação Brasileira. Me fazendo lembrar que: pra chegarmos a
viver o que vivemos hoje, nossa educação passou por grandes
reformas, avanços; viveu períodos memoráveis e também
obscuros. Claro que nossa educação hoje não é a mais
excelente do mundo, e, diga-se de passagem, está longe de ser,
mas rompemos inúmeros desafios. Não podemos anular e
desfazer dos esforços dos que vieram antes, dos que abriram
caminhos e que lutaram para que a educação não perecesse. Se
chegamos até aqui é porque houve esforços de muitos, para
transferir o saber e o conhecimento. Termino dizendo: Seja oral,
escrita ou por vivência, enquanto um educador se mantiver de
pé e houver alguém disposto a aprender, a educação brasileira
irá resistir!

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