Este memorial descreve a história da educação brasileira desde o período colonial até a atualidade. Inicialmente, os jesuítas ensinavam os filhos da elite e os indígenas de forma diferenciada, com o objetivo de "civilizar" os últimos. No Império, a educação primária tornou-se gratuita para cidadãos, excluindo negros e indígenas. Nos anos 1930-1960, houve pressão por educação pública e gratuita devido à industrialização. A ditadura militar reprimiu a educação e Paulo Fre
Este memorial descreve a história da educação brasileira desde o período colonial até a atualidade. Inicialmente, os jesuítas ensinavam os filhos da elite e os indígenas de forma diferenciada, com o objetivo de "civilizar" os últimos. No Império, a educação primária tornou-se gratuita para cidadãos, excluindo negros e indígenas. Nos anos 1930-1960, houve pressão por educação pública e gratuita devido à industrialização. A ditadura militar reprimiu a educação e Paulo Fre
Este memorial descreve a história da educação brasileira desde o período colonial até a atualidade. Inicialmente, os jesuítas ensinavam os filhos da elite e os indígenas de forma diferenciada, com o objetivo de "civilizar" os últimos. No Império, a educação primária tornou-se gratuita para cidadãos, excluindo negros e indígenas. Nos anos 1930-1960, houve pressão por educação pública e gratuita devido à industrialização. A ditadura militar reprimiu a educação e Paulo Fre
CENTRO DE EDUCAÇÃO - CE CURSO DE PEDAGOGIA – DIURNO
Profº. Drº. Jorge Luiz da Cunha
Disciplina: História da Educação Brasileira A Acadêmica: Manuela Aparecida Andrade da Silva Turma: 11
Memorial
Este memorial tem como intuito sintetizar os conhecimentos acerca da
História da Educação brasileira, assunto esse que foi discutido e apresentado durante o semestre, desse modo, irá descrever e pontuar alguns momentos marcantes para a história da educação no Brasil. Dessa maneira, é necessário realizar uma linha cronológica para compreender todos os acontecimentos que culminaram na visão de educação brasileira que temos atualmente, assim, ao regressar na história do país e refletir sobre o momento em que o Brasil era uma colônia de Portugal, período de 1500 - 1822, em que os responsáveis pela educação no Brasil colônia eram os padres jesuítas, que a priori tinham como objetivo de ensinar a fé católica para os indígenas - de modo a “civilizar os exóticos” - mas logo depois, passaram a ensinar os filhos da elite brasileira, constituindo dessa forma o ensino de elite, instrução totalmente diferente da ofertada para os nativos. Ao analisar esse cenário, é perceptível a discrepância entre os ensinos, uma vez que ao ensinar os indígenas o objetivo era “controlar” e impor a cultura europeia, enquanto, o ensino para os filhos da aristocracia brasileira tinha o propósito de preparar esses jovens para o ensino superior fora do Brasil, normalmente realizados em Coimbra. Essa dualidade perdurou por muito tempo no contexto educacional do país e acredito que, infelizmente, ainda perdura, pois, ao ponderarmos as dificuldades que o ensino público vem passando, percebemos a desigualdade entre a educação pública e a privada. Foi no Brasil Império (período de 1822 - 1888), que as primeiras tentativas de se pensar a organização da educação nacional surgiram. Nesse período, a partir da Assembleia Constituinte Legislativa, foi discutida e aprovada a primeira lei acerca da instrução pública nacional do Império, assim, a “instrução primária é gratuita para todos os cidadãos”. Entretanto, o “para todos os cidadãos” na prática não era realmente assim, pois, não incluía os negros e indígenas, que na época não eram vistos como cidadãos. Isto me faz questionar mais a frente a ideia de democracia que vamos debater no período de redemocratização do Brasil, logo depois da Ditadura Militar. Mas, retornando para a época do Brasil Império, foi também nesse tempo que o Ato Adicional de 1834 delimitou que “o Estado ficaria responsável pela educação primária e o governo central pelo ensino superior”, desse modo, descentralizando a responsabilidade educacional. Com isso, “surgiu a primeira escola normal do país, em Niterói.” Vale pontuar/relembrar que o ensino superior brasileiro surgiu ainda no Brasil Colônia, pois, com o desenvolvimento colonial e a decadência metropolitana, o país teve um desenvolvimento econômico e social que culminou em um avanço cultural e educacional, assim, os primeiros cursos superiores no país foram criados no Rio de Janeiro em 1808 com a Academia Real da Marinha e em 1810 com a Academia Real Militar. É notório que ocorrem diversas mudanças no campo educacional brasileiro, entre o Brasil Colônia e o Brasil Império, mas foi nos anos de 1930 a 1960 que as transformações nas esferas econômica e social impactaram a educação brasileira. Assim, de modo a contextualizar o momento que o país estava passando, os anos de 1930 a 1960 foi marcado pela “transição da economia agrário - exportadora para uma economia fundamentada na indústria” e com a Revolução de 1930 houve uma “ruptura da sociedade agrária tradicional, por uma sociedade urbano - industrial”. Com o surgimento do capitalismo e a industrialização, foi necessário a disponibilidade de mão de obra e de consumidores, de modo que, para ter trabalhadores era preciso que eles soubessem ler e escrever, requisito esse que destacou o analfabetismo presente na sociedade brasileira. Logo, era imprescindível que esse problema fosse solucionado. Mas quando perceberam que era importante dar atenção para a educação no país e ofertar uma educação gratuita e pública para as camadas menos favorecidas da sociedade brasileira, houve o embate entre “os renovadores e/ou progressistas versus os conservadores tradicionais”. Pois, como ainda é hoje, o letramento e o acesso ao conhecimento por parte das classes mais baixas é uma ameaça para a dominância da elite. Por isso, que a ideia de que a “universidade não é para todos” ainda persiste na atualidade brasileira, porque o pobre não pode, ou não deveria, chegar ao nível superior, segundo esse pensamento. O perigo representado pela escola pública gratuita consistia no risco de esvaziamento das escolas privadas, mas consistia sobretudo no risco de extensão da educação escolarizada a todas as camadas, com evidente ameaça para os privilégios até então assegurados às elites.(Romanelli, 1998, p.144 apud QUADROS, 2010, p. 45) É a partir dessas discordâncias no âmbito educacional que alguns manifestos foram realizados, sendo eles: o manifesto de 1932 e o de 1959. Com isso, ficou evidente a pressão que os educadores fizeram para discutir sobre a “importância e a gravidade da educação brasileira” e diante disso, defender a educação pública e gratuita. Foi diante desse cenário, que no ano de 1961 a primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB) adveio, Lei nº 4.024/61. Mas, o que chama a atenção é que mesmo o ensino saindo de uma visão tradicional e de moral religiosa, ele acabou caindo em uma concepção tecnicista e de instrução, o que para nós, futuros(as) educadores(as), não é visto como algo benéfico, por não visar o pensamento crítico. Entretanto, para o momento estudado, foi um avanço. A partir da leitura da Unidade 3 do texto “História e organização da educação brasileira”, é exposto a educação brasileira no estado militar, sendo esse período de 1964 a 1985. Este momento, que é marcado por uma grande repressão, afetou fortemente o contexto educacional, pois, na época, a educação era baseada no não - diálogo - o que vai contra a pedagogia libertadora de Paulo Freire, que visa o diálogo e a consciência crítica. “Educação um ato político capaz de construir sujeitos autônomos e livres” (Paulo Freire, ) -, houve um "boom" nos índices de repetência e de evasão escolar, além de escolas com “deficiência de recursos, de materiais, professores mal remunerados” e uma elevada taxa de analfabetismo. A opressão naquela época foi tão acentuada que em 1969 foi sancionado o Decreto - lei n° 477 que proibia os professores, alunos e funcionários da educação a se manifestarem politicamente acerca dos acontecimentos. Foi nesse período que surgiram alguns movimentos de educação popular, sendo eles: o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) e a Cruzada de Ação Básica Cristã (Cruzada ABC). Ressalta-se que Paulo Freire estava bastante envolvido com o Mobral e era visto como perigoso por conta de suas ideias, por isso, foi perseguido e exilado no período militar. Ademais, como já foi dito, nos anos de 1964 a 1985 ocorrem várias mudanças significativas para a educação brasileira, sendo elas: - A Reforma tecnicista; - A LDBEN 5692/71, que acentuou a privatização e a profissionalização do ensino; - A Reforma Universitária, que delimitou que a universidade perderia parte da sua autonomia. Vale destacar a parte em que é discorrido que o governo possuía controle em algumas decisões como a seleção e nomeação de pessoal. Ação essa que, infelizmente, vemos acontecendo no governo atual, sendo que nos dias atuais vivemos em uma democracia e depois da Constituição de 1988 nos é garantida a autonomia das universidade; - O vestibular se torna unificado e classificatório. Além disso, foi nesse período que ocorreu a Reforma do Ensino Fundamental e do Ensino Médio a partir da lei n° 5. 692/71, que foi uma mudança muito bem recebida pelos professores. Nessa reforma o antigo 1º grau viraria o Ensino Fundamental e o 2º grau passaria a ser o Ensino Médio. Com a reforma, a obrigatoriedade escolar passou de 4 para 8 anos, ademais, também foi criado o ensino supletivo, que permanece na atual LDB 9394/96. Em seguida, logo no início da Unidade 4 do texto “História e Organização da Educação Brasileira”, onde fala sobre o processo de redemocratização, lembrei do que Paulo Freire debate em seu livro “Educação como prática da liberdade”, onde o patrono da educação brasileira discorre que o Brasil tinha uma “inexperiência democrática enraizada em verdadeiros complexos culturais'' e que “realmente o Brasil nasceu e cresceu dentro de condições negativas às experiências democráticas.” Com esse trecho do livro regresso ao questionamento já exposto, acerca da concepção de cidadão apresentada no Brasil Império, onde negros e indígenas não eram vistos como cidadãos, dessa forma, questiono a ideia de redemocratização logo após o Golpe de 64, pois, se desde o início não tínhamos a experiência da democracia, então, depois do Golpe a verdadeira noção de democracia teria surgido na sociedade brasileira, ao invés de uma redemocratização? O processo de redemocratização da educação e das ideias pedagógicas na Nova República, foi em decorrência da formulação da Constituição Federal de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, que em um dos seus artigos garante que a educação é para todos e que “é dever do Estado ofertá-la''. O § 1º do Art. 208 afirma que: “O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, e seu não-oferecimento pelo Poder Público ou sua oferta irregular implica responsabilidade da autoridade competente.” É a partir da Constituição de 88, que muitas transformações aconteceram na educação brasileira, como o destaque à importância da autonomia das universidades (Art. 207) e “o direito às pessoas com necessidades especiais receberem educação, preferencialmente, na rede regular de ensino” (Art. 208, III). Outrossim, a Carta Magna “determinou que se elaborasse uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. Com isso, a nova LDB 9394/96 proporcionou algumas mudanças, como o requerimento de que todo professor precisa ser formado no ensino superior, assim, solicitando que aqueles que realizaram o magistério possam complementar seus estudos, como também, a Educação Infantil e o Ensino Fundamental I passaram a ser responsabilidade dos municípios e foi incentivado a gestão democrática, além de promover a inclusão no ambiente educacional. É nesse período da história do Brasil que muitas transformações acontecem, tanto no contexto econômico - social, quanto no educacional, por isso, Paulo Freire denomina de “momento de transição”, muito debatido em seu livro “Educação como prática da liberdade”. Outrossim, houveram importantes mudanças no cenário educacional brasileiro, como a criação do Plano Nacional de Educação (PNE), a constituição dos fundos de manutenção da educação, mudanças no currículo e na formação de docentes e a criação de um sistema de avaliação nacional, além dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Contudo, ao refletir acerca dessas inúmeras e benéficas mudanças, me questiono a respeito da praticidade de algumas leis que foram apresentadas ao longo do semestre. Pois, em muitas ocasiões do momento atual me esbarro com atitudes totalmente contrárias às propostas da LDB de 1996, como por exemplo, segundo o Art. 3º da Lei de Diretrizes e Bases de 1996 é garantido “II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber [...] VII - a valorização do profissional da educação escolar", entretanto, vivenciamos, recentemente, situações que condizem com o contrário, como ao ouvir relatos, de colegas que já atuam em sala de aula, em relação à opressão quanto ao que se é ensinado e discutido em aula, ou ao analisarmos acerca da valorização dos docentes, percebemos que, infelizmente, não somos devidamente reconhecidos. Por fim, estudar e compreender as transformações que aconteceram durante todos esses anos, até o cenário atual da educação brasileira, foi extremamente importante, pois, contribuiu para o meu entendimento em relação a organização da educação no Brasil, além de me instigar a questionar sobre situações no âmbito educacional que são contrárias a concepção de educação que possuo, uma “Educação Problematizadora” e transformadora.
REFERÊNCIAS
QUADROS, Claudemir de. História da Educação Brasileira. 2010, Universidade
Federal de Santa Maria.
CUNHA, Jorge Luiz da. História e organização da educação brasileira.
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010.
SOARES, Marcelo; BERNARDO, Nairim. 20 anos da LDB: como a lei mudou a