GONDRA, José Gonçalves. SCHUELER, Alessandra. Formas do Brasil e formas da
Educação. In: GONDRA, José Gonçalves. SCHUELER, Alessandra. Educação, Poder e sociedade no império. São Paulo: Cortez, 2008. P. 19-39
O objetivo do texto é problematizar os processos de circulação de modelos de
educação escolar e experiências históricas dos sujeitos da educação. Os autores já iniciam o texto dizendo que vão quebrar, e que precisam criticar essa perspectiva da historiografia da educação brasileira. Eles utilizaram a cronologia tradicional, colônia, império e república. Mais quando eles vão falar das experiências da educação e das formas de se educar no império brasileiro existem encontros e desencontros. Os autores exploram as formas do Brasil e da educação, analisando como elas se relacionam e influenciam mutuamente. Eles têm enfoque em questões contemporâneas, eles buscam promover uma reflexão sobre os desafios e oportunidades para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa através da educação. Eles vão fazer um recorte a partir das fontes, da bibliografia da historiografia da educação e da historiografia geral brasileira. Através de exemplos práticos e análises críticas. "Educação, poder e sociedade no Império brasileiro", os autores vão tratar de dois tópicos principais: o primeiro tópico é as formas do Brasil e as formas da educação. Os autores destacam como a história da educação no Brasil está intimamente ligada à história política, social e econômica do país, e como a compreensão dessas conexões é fundamental para uma análise crítica do sistema educacional brasileiro. A primeira ideia que os autores vão tratar no texto é o abandono de explicações generalizantes sobre o insucesso da história da educação brasileira, os autores estão se colocando dentro do campo historiográfico da educação do Brasil. Ainda nesse ponto eles vão dizer que não adianta acharmos que a história da educação no Brasil principalmente no império teve um marco de prejuízo ou não foi bem sucedido, pois vamos acabar tendo uma visão anacrônica do hoje, essa maneira generalizante total de investigar a história da educação brasileira faz com que a gente não foque nossos olhares para as varias formas de educação que existiram, acabamos ficando presos ao que o Estado promoveu, isso em verbas, em regulamentos, em leis para a educação ou o que a igreja promoveu de catequização, de aberturas de colégios, de institutos de caridade, então para eles desde a década de noventa a educação brasileira esta sofrendo uma reformulação no avanço que não é enxergar de forma global a educação mais é enxergar as experiências educacionais, promovidas pelos sujeitos da educação, isso é negros, mulheres, mestiços, indígenas e também pelo Estado. Diante dessa característica do posicionamento dos autores eles colocam o objetivo do texto que é investigar e problematizar o que eles chamam de processos de circulação de vários modelos escolares, experiências históricas dos sujeitos da educação isso é, o que da nome ao titulo do capitulo, isso é, eles vão investigar as varias formas de educação dentro de um contexto histórico que queria construir o que era uma nação, o que era ser brasileiro, o que era uma nação independente em Portugal, eles vão investigar as experiências educacionais. Os autores também discutem as questões da formação de professores, mostrando como essa área foi negligenciada pelo governo imperial, que preferiu investir em instituições de ensino superior voltadas para a elite, como propôs Fonseca. A falta de formação adequada acabou afetando a qualidade do ensino e contribuindo para a perpetuação de práticas autoritárias e excludentes nas escolas. Os autores destacam as tensões e conflitos que marcaram o processo de implantação do sistema educacional imperial. Eles mostram como as lutas e resistências de diferentes grupos sociais, incluindo os negros, os indígenas, as mulheres e os trabalhadores urbanos, contribuíram para desestabilizar o projeto educacional das elites e abrir caminho para novas formas de pensar a educação e a sociedade brasileiras. Alguns dos principais marcos históricos abordados foram: a influência das ideias iluministas na educação brasileira; a adoção de modelos educacionais europeus, especialmente da França, como forma de modernizar o país; a criação das escolas primárias públicas prevista na Constituição de 1824, que acabou sofrendo entraves e tendo sua execução postergada por décadas; o projeto educacional das elites políticas e econômicas, que buscavam formar uma elite letrada e educada capaz de liderar o processo de modernização do país; a tendência elitista da educação, que acabou perpetuando desigualdades e exclusão social; a resistência e lutas de diferentes grupos sociais contra a visão elitista da educação e em prol de uma educação popular e libertadora. Tendo dito os principais marcos históricos, no âmbito da educação escolar, a reforma pombalina (1759 – 1822) que foi uma reforma feita pelo marquês de Pombal, que foi um marquês inclusive muito exaltado em Portugal, ele tinha laços estreitos com o rei e foi contratado pela coroa portuguesa para atuar no Brasil trazendo inclusive perspectivas iluministas para a educação, o Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu na Europa no século XVIII, defendendo a razão, a liberdade e a igualdade como valores fundamentais, retirando o poder dos jesuítas da dinâmica educacional, abrindo o que eles chamam de aulas régias, que eram aulas que tinham a função de formar uma elite local vinculada ao Estado Português. O marquês de Pombal criou algumas reformas na educação, essa reforma influenciou muito a logica de educar. Desde a criação das aulas régias essas aulas foram divididas em cadeiras elementares de ler, escrever e contar, isso para os meninos de classe popular, já para os meninos de classe mais favorecida ensinava- se além dessas matérias, ensinava-se gramática, latina, retórica, poética filosofia moral, desenho, entre outras. Os autores falam que no final do século XVIII essas ideias do depois do despotismo ilustrado conseguiu alavancar a noção pela primeira vez hoje Brasil, de uma educação pública, embora educação pública não queira dizer que era uma educação democrática. Para alguns historiadores a independência do Brasil não se firmou em 1822 ele se firmou com as aberturas dos portos em 1808, o que isso quer é que em termos econômicos isso impacta na política, pois isso foi uma ideia liberal do livre comércio. Os grupos que defendiam essas ideias eram as elites locais, principalmente Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, pois eram onde se estava localizado os maiores portos das cidades brasileiras como disse Amado e Figueiredo. Essas mesmas elites foram favoráveis para a independência em 1822, que já eram pequenos proprietários de terras, que já tinham pequenas fábricas e que começavam a lucrar com as aberturas dos portos. A política joanina se destacou pela criação de instituições educacionais, científicas e culturais, que visavam transformar a cidade do Rio de Janeiro em símbolo da civilização e sede do Império português. A política joanina indicava o interesse da corte em construir nos trópicos o novo império português como disse Lyra, 1994. p. 44. O que mudou na educação no aspecto cultural, foi que o D. João criou a Escola Politécnica e a Faculdade de Medicina. Essas escolas tinham como objetivo formar profissionais capacitados para atender às demandas da modernização do país. No fim do capítulo um eles já fazem uma pequena introdução do que vai ser falado no segundo tópico, que é a construção de um povo ou nação. Já no segundo tópico formas de educação na construção do povo e da nação os autores focam nas tensões e conflitos que permearam o processo de implantação do sistema educacional imperial. Eles destacam como a falta de investimento na educação popular e a negligência em relação à formação de professores contribuíram para a perpetuação de práticas excludentes e autoritárias nas escolas. Além disso, o autor mostra como a educação foi utilizada para difundir valores conservadores e elitistas que excluíam grupos marginalizados da sociedade. Os autores destacam o projeto político de "invenção do Brasil", que se iniciou com a Independência e ganhou força durante o período regencial e o Segundo Reinado. Esse projeto se manifestou no incentivo à criação de instituições educacionais, culturais e científicas, bem como no mecenato às artes e à produção cultural. Os autores destacam a importância da educação nesse projeto político, uma vez que ela foi vista como um instrumento fundamental para a construção de uma identidade nacional coesa e para o desenvolvimento econômico e político do país. Nesse sentido, foram criadas diversas instituições de ensino, incluindo escolas primárias, secundárias, técnicas e superiores, com o objetivo de formar uma elite intelectual capaz de conduzir o país rumo ao progresso e à modernidade. Além disso, o incentivo às artes e à produção cultural também teve papel importante nesse projeto político, pois elas foram vistas como meios de expressão da identidade nacional e de difusão dos valores e ideias que deveriam moldar a sociedade brasileira. Apesar disso, as hierarquias e distinções entre os cidadãos foram gradativamente estabelecidas no decorrer do século XIX, baseadas no processo de construção da identidade nacional e na diferenciação entre um "povo brasileiro" e os demais. Essa elite intelectual tinha como referência os modelos europeus, especialmente francês e alemão, e buscava adaptá-los à realidade brasileira. Mesmo assim, a educação teve um papel importante na construção da identidade nacional e na difusão dos valores que deveriam moldar a sociedade brasileira. Ainda que tenha havido exclusão social e racial na oferta educacional, a educação como instrumento de poder foi fundamental para a consolidação do Estado e da nação brasileira. O Ato Adicional de 1834 foi uma emenda à Constituição de 1824 que surgiu como resposta às demandas descentralizadoras resultantes das tensões e conflitos políticos ocorridos no período regencial do Império. Esses conflitos surgiram especialmente devido à resistência de algumas regiões do Norte e do Sul do Império às propostas centralizadoras dos grupos políticos do Centro-Sul, que buscavam impor sua hegemonia na direção do Estado e na construção da nação brasileira. O Ato Adicional de 1834 visava, portanto, atender essas demandas de descentralização, criando assembleias legislativas provinciais eleitas diretamente pelos cidadãos. Dessa forma, as províncias passaram a ter maior autonomia política e administrativa, o que permitiu uma maior participação das elites regionais no processo decisório do Império. Houve ainda a instituição do Poder Moderador, que ficaria a cargo do imperador e seria responsável por arbitrar conflitos entre os poderes executivo e legislativo. No entanto, apesar da tentativa de descentralização do poder, o Ato Adicional não foi capaz de superar as contradições e desigualdades existentes na sociedade brasileira. As assembleias legislativas provinciais eram compostas majoritariamente por membros das elites locais, que ainda mantinham o controle do poder político e econômico e reproduziam as desigualdades sociais e raciais já existentes. Além disso, o processo de construção da nação brasileira ainda estava em curso e enfrentava diversos desafios. A educação foi vista como um instrumento fundamental nesse processo, mas ainda havia desigualdades e exclusões no acesso à instrução. A educação na época era vista como um meio de difusão dos valores que deveriam moldar a sociedade brasileira, como a ordem, o progresso e a civilização. As escolas eram voltadas especialmente para a formação da elite intelectual que seria responsável por conduzir o país rumo ao desenvolvimento e modernidade, mas a maioria da população ainda se encontrava à margem desse processo. Dessa forma, apesar do Ato Adicional de 1834 ter atendido às demandas descentralizadoras do período regencial, os desafios na construção da nação ainda permaneceram e a educação continuou a ser um tema central nesse processo.
Considerações
O texto Formas do Brasil e formas da educação foi um texto que eu
particularmente gostei muito, considerando as formas do Brasil e da educação apresentadas ao longo do texto, é possível observar que ambos os processos são interdependentes e influenciam diretamente um ao outro. A construção da nação brasileira passou por uma série de desafios e contradições, como as desigualdades sociais e raciais, a centralização do poder nas mãos das elites e a exclusão educacional da maioria da população. Nesse contexto, a educação foi vista como um meio fundamental para difundir valores e moldar a sociedade brasileira. No entanto, ela também se mostrou como um instrumento de exclusão e manutenção das desigualdades. O acesso à instrução foi restrito, sobretudo para as pessoas mais pobres e negras. Hoje, ainda há desafios a serem enfrentados na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, como o acesso universal à educação de qualidade, a valorização dos profissionais da educação e a promoção de práticas pedagógicas que incluem e respeitam a diversidade cultural e social. Em resumo, a construção do Brasil e da educação nacional estão interligadas, sendo que os desafios de um refletem diretamente nos desafios do outro. É preciso reconhecer as contradições do passado e lutar por uma sociedade mais justa e democrática, na qual todos tenham acesso a uma educação de qualidade e possam contribuir para a construção de uma nação verdadeiramente inclusiva e desenvolvida.