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INTRODUÇÃO

A administração é uma ciência nova, se comparada, por exemplo, à astronomia, que é a


ciência mais antiga de todas, com mais de cinco mil anos de registros. São pouco mais de cem anos de
estudos e pesquisas específicos sobre gestão de empreendimentos e seus impactos na vida das pessoas.
No entanto, o ato de administrar é ainda mais antigo que a astronomia, pois está presente
evidentemente na vida humana desde as primeiras civilizações, há cerca de seis mil anos, isso porque
diversos aspectos da administração foram necessários para a organização das primeiras comunidades e
cidades, conforme este conteúdo apresentará.
Ao evoluir com o ser humano, o ato de administrar foi adquirindo mais ferramentas e
aprendizados, integrando mais elementos para lidar com civilizações, cidades, países, organizações e
instituições formais (como exército e igreja, por exemplo), até chegarmos à Revolução Industrial e
suas mudanças na história do mundo, representando a necessidade da administração, principalmente
com o surgimento de empresas de maior porte e com mais elementos de tecnologia e produção em
massa.
Durante essa jornada, o pensamento administrativo foi sendo ampliado e modificado,
adquirindo características, linguagem e significados próprios. Por conta disso, temos hoje modelos e
metodologias variados, que se aplicam aos mais diversos tipos de organização. Neste conteúdo, você
vai conhecer as origens do pensamento administrativo e como o homem foi aprendendo a arte de
administrar ao longo do tempo.
Para Maximiano (2015), objetivos e recurso são conceitos centrais na definição de
organização. Administrar consiste em tomar decisões sobre o uso do recurso para realizar objetivos.
As decisões são agrupadas em quatro processos principais: planejar, organizar, liderar e controlar. Um
quinto processo (executar) seria o efeito prático dos anteriores. Essa é uma adaptação da definição
feita por Henri Fayol, divulgada em 1911. Fayol é um dos teóricos que estudaremos neste conteúdo.
Também aprenderemos sobre o fordismo e sua linha de montagem, sobre Fayol e a administração
científica e sobre a burocracia de Max Weber.

Tenha ótimos estudos e bom aprendizado!


OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
 conhecer os influenciadores históricos que marcaram o desenvolvimento do pensamento
administrativo;
 conhecer a influência dos Fatos e Acontecimentos Históricos ocorridos no Egito, na Babilônia
e Assíria, na China, Grécia, Roma Antiga (Democracia, Ética, Método, Qualidade,
Administração Financeira) para a atual prática da Administração nas Organizações;
 conhecer a influência dos Fatos e Acontecimentos Históricos relativo as contribuições das
Forças Armadas, da Igreja para a atual prática da Administração nas Organizações;
 conhecer a influência do Renascimento, do Mercantilismo, das Grandes Navegações e da
Reforma Protestante na atual prática da administração nas organizações;
 conhecer os principais vetores que impulsionaram a Revolução Industrial, a mudança de
sistema de produção artesanal para o sistema de produção fabril, as condições de trabalho e os
processos de sociabilização dos operários para formação dos sindicatos de trabalhadores, a
mudança de uma sociedade rural para uma sociedade urbana e demais fatores que compõem o
atual modelo de administração nas organizações.
 compreender a teoria da burocracia, a administração científica e a teoria clássica da
administração, bem como suas principais características e contribuições para o
desenvolvimento do pensamento administrativo;
 compreender os preceitos que balizaram a administração científica de Frederick Winslow
Taylor: estudo dos tempos e movimentos; padronização das ferramentas e dos movimentos;
cartões de instrução do sistema de pagamento conforme desempenho; cálculo dos custos;
 compreender os preceitos que balizaram o modelo de produção fordista: linha de montagem;
inovação; economia de escala; dentre outros;
 compreender os preceitos que balizaram a administração clássica de Henri Fayol: processos
administrativos; princípios e funções da administração; estrutura das organizações; princípios
da administração; papel dos gerentes; dentre outros;
 compreender os preceitos que balizaram a teoria da burocracia de Max Weber: processos
burocráticos; formalidade; impessoalidade; profissionalismo; poder nas organizações;
hierarquias; unidade de comando; normas para as organizações.
A Administração na Antiguidade
Para chegarmos ao que temos hoje, em relação a estudos organizacionais, muitas civilizações
praticaram e aprenderam sobre gestão. Segundo Maximiano (2015), os antecedentes da administração
atual são os seguintes:

a.C e d.C. são siglas que abreviam as expressões “antes de Cristo” e “depois de Cristo”, sendo
utilizadas para apresentar as datas considerando o nascimento de Jesus Cristo como marco divisório na
história. O calendário adotado no Brasil, assim como na maioria dos países do mundo, considera que
estamos no ano de 2018 depois de Cristo.
Vamos agora aprender sobre cada um desses antecedentes, começando pela Revolução Urbana, por
volta de 4000 anos a.C., na região da Mesopotâmia, hoje conhecida como Oriente Médio, quando se
instalou a primeira civilização da qual se tem registro: os sumérios.
SUMÉRIA
Os sumérios viveram entre os rios Tigre e Eufrates. Segundo Chiavenato (2014), os sumérios
foram um dos primeiros povos a se fixar em um território, pois antes deles as comunidades eram
nômades, ou seja, ficavam acampadas em algum espaço enquanto ali havia alimento disponível e
depois se mudavam para outro local, vivendo em constante mudança de habitação. Ao se estabelecer
em um espaço fixo, os sumérios desenvolveram técnicas de agricultura, pois começaram a escolher
onde plantar os alimentos, e não apenas colher e partir para outro lugar. Também é deles a autoria da
primeira urbanização, com a criação de cidades na região da Mesopotâmia.
Um fator que contribuiu muito para o sucesso administrativo dos sumérios foi a abundância de
água em seu território. Tal condição possibilitou a esse povo formar pequenas comunidades
autossuficientes, interligadas pelo sistema de irrigação que inventaram na época. Sua escrita, a
cuneiforme, também é considerada a mais antiga já registrada na história da humanidade. Na história
dos sumérios, podemos perceber alguns aspectos de gestão que são muito conhecidos hoje por nós,
como a coordenação das atividades laborais realizada pelos sacerdotes, sediados em templos que eram
verdadeiros centros administrativos. Eles comandavam a gestão das comunidades em suas
necessidades gerais (MAXIMIANO, 2015).
Uma das características da administração é a formalização, ou seja, o registro de fatos e atos, e
os sumérios iniciaram essa prática, tanto que foi possível conhecer sobre essa civilização devido aos
registros deixados em placas de argila que resistiram ao tempo, nas quais estão lapidados livros
primitivos de contabilidade, onde registravam a entrada, a armazenagem e a saída de materiais de seus
locais de armazenagem.
Foi esta transição – de uma sociedade nômade para uma sociedade fixa – que exigiu novas
modalidades de gestão e administração social. Junto da escrita e a contabilidade primitiva, os sumérios
criaram a administração pública, com funcionários e procedimentos burocráticos que continuam sendo
estudados por nós (MAXIMIANO, 2015). Com o declínio do império sumério, houve a ascensão da
Babilônia e da Assíria. Suas histórias e legados serão abordados a seguir.
Babilônia

A história da Babilônia registra um grande desenvolvimento social, econômico e político.


Maximiano (2015) relata que herdamos dos babilônios o princípio de que a responsabilidade não se
delega. A prova disso pode ser vista em uma mensagem do rei, ordenando que dez homens
construíssem uma ponte e, caso o serviço não fosse satisfatoriamente executado, a responsabilidade
seria do mestre de obras.

Falar da Babilônia é também falar do famoso rei Hamurabi, um habilidoso homem que
conquistou várias cidades ao redor. Para governá-las, criou severas leis conhecidas como o Código de
Hamurabi. Uma das leis mais famosas é a chamada lei de talião, baseada na máxima “olho por olho,
dente por dente”, ou seja, a pessoa que cometia um crime era punida da mesma forma e com a mesma
intensidade.

Durante o governo de Hamurabi, a Babilônia tornou-se uma das regiões mais ricas daquele
período. São também dessa época algumas das construções mais luxuosas do mundo antigo e as
cidades babilônicas, a exemplo das sumérias, administradas pelos sacerdotes, que também tinham a
função de tomar conta das finanças do governo.

Após a morte de Hamurabi, a Babilônia foi invadida e conquistada por diversas tribos da
região. Em 605 a.C., os babilônicos, sob o comando do rei Nabucodonosor, voltam a ampliar suas
áreas de domínio e influência. O rei ordenou a construção de muralhas em volta da cidade e de
luxuosos templos e palácios. Conta a história que, para sua esposa, Nabucodonosor mandou construir
os famosos Jardins Suspensos da Babilônia, considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo.

EGITO

O Egito era formado por diversos povoados espalhados pelo nordeste da África e somente por
volta do ano 3100 a.C. foi unificado em um poderoso império sob a direção de um único comando. Da
unificação até os primórdios da Era Cristã, quando foram dominados pelos romanos, em 30 a.C., os
egípcios mantiveram um modo de vida estável, fundamentado no ciclo da inundação, cultivo e seca do
Rio Nilo. Essa época foi caracterizada como um período de paz (MAXIMIANO, 2015).

Em termos de gestão dos recursos naturais, os egípcios foram exemplares. Em função da


regularidade das inundações do Nilo, desenvolveram uma linha de raciocínio prático, orientada para o
planejamento de longo prazo. O ciclo das inundações era calculado pelos egípcios com o auxílio da
estrela Sirius. Como os intervalos entre o surgimento de Sirius eram separados por 365 dias, os
egípcios criaram um calendário solar de 12 meses, com 30 dias cada, e mais cinco dias de festa
(MAXIMIANO, 2015) – o calendário solar que, praticamente, é utilizado até hoje no Brasil.
A organização social dos egípcios dá-nos uma ideia de como eles faziam a gestão de seu
território, forma que influenciou a teoria da administração que você está estudando. A sociedade
egípcia era organizada por meio de fundamentos religiosos e econômicos. O faraó ocupava o topo da
hierarquia na condição de chefe de Estado e era considerado a encarnação de um deus. Em seguida, na
hierarquia, encontravam-se os sacerdotes, responsáveis pelos cultos e festividades religiosas. Depois,
vinham os nobres e os escribas, que realizavam as tarefas burocráticas para a manutenção do Estado
egípcio. Na base da hierarquia, ficavam os soldados, mantidos pelo Estado para proteger o poder
faraônico. Abaixo dos soldados ficavam os camponeses e os artesãos, responsáveis pelas plantações e
colheitas. Eles também serviam de mão de obra para as construções públicas necessárias ao
desenvolvimento agrícola e comercial.

hierarquia: estrutura das relações de subordinação entre os membros de um grupo, com graus
sucessivos de poderes, de situação e de responsabilidades.

As pirâmides do Egito são outra fonte de inspiração para as modernas ferramentas de gestão.
Chiavenato (2014) afirma que as pirâmides são os mais fabulosos testemunhos das aptidões
administrativas dos egípcios. Para construir as pirâmides, os egípcios precisaram lidar com grandes
problemas de gestão que até hoje são enfrentados por nós, tais como a administração de mão de obra
numerosa e um planejamento logístico para aquisição e transporte dos materiais necessários.

Outra prova da excelência administrativa dos egípcios encontra-se em sua organização militar.
Pensando na segurança do império, eles criaram um exército profissional, formado por soldados
assalariados, e construíram uma rede de fortalezas, com muros de pedras e grandes celeiros,
suficientes para alimentar centenas de homens durante um ano.

CHINA

A China é um grande exemplo de sociedade que empregava soluções inovadoras na


administração de seu território. Prova disso é que foram os chineses os primeiros a utilizarem o
princípio de assessoria para obter mais eficiência na administração das vastas terras de seu império: o
imperador nomeava, em cada região do império, uma pessoa responsável por analisar a situação
econômica sob sua responsabilidade e relatar suas conclusões aos funcionários do imperador. Essa
técnica de assessoria tornou-se tradicional na administração pública da China.

A China se notabilizou também pelas grandes guerras que travou para expandir suas fronteiras
e manter sob seu domínio os territórios conquistados. Para tanto, desenvolveu estratégias bem
fundamentadas de ataque e defesa, que podem ser estudadas no livro “A arte da guerra”, de Sun Tzu,
muito utilizado nas escolas de administração. Esse livro é um manual de recomendações militares que
sobreviveram por séculos e que abordam temas de planejamento, comando, controle e doutrina,
reconhecidos como úteis à administração dos mais variados tipos de organizações (MAXIMIANO,
2015).
GRÉCIA

A Grécia foi o berço da filosofia, uma forma de conhecimento fundamental para nós
atualmente. As indagações dos filósofos levaram ao desenvolvimento das ciências, tão importantes
hoje. Prova disso é que estamos estudando uma delas, a ciência da administração. Conforme
Maximiano (2015), o século V a.C. foi o período mais produtivo da Grécia, em termos de
conhecimentos que viriam a influenciar a administração de organizações de todos os tipos. Foi quando
se desenvolveram conceitos como democracia, igualdade de todos perante a lei, ética na
administração, planejamento, raciocínio metódico etc.

A democracia grega orientava-se pelo princípio de que todos são iguais perante a lei e que o
povo tem o direito de governar a si mesmo. Por isso, a democracia é conhecida como o governo do
povo. Vale destacar que esses direitos eram válidos apenas para o cidadão grego. Os escravos, por
exemplo, não eram considerados cidadãos e não tinham esses direitos.

cidadão grego: homens livres e nascidos nas cidades-estados. Possuíam boa condição
econômica e social e eram os únicos que possuíam direitos políticos.

Dessa forma, os cidadãos gregos podiam participar das chamadas assembleias, expondo suas
ideias sobre assuntos como paz e guerra, impostos, obras públicas etc. Outro princípio que
fundamentava a democracia grega era o da representação direta: todo cidadão tem o direito de dar
pessoalmente sua opinião nas assembleias.

assembleia: é o conjunto dos representantes de uma comunidade que detêm o poder


legislativo; também pode ser uma reunião de pessoas no mesmo local para discutir um assunto de
interesse em comum.

Além da democracia, a ética também é um forte legado dos gregos – tanto em nossa forma de
pensar, como na forma de gerenciar atualmente. Segundo Maximiano (2015), Platão acreditava que a
responsabilidade fundamental dos políticos era promover a felicidade dos cidadãos; e, para isso, era
fundamental, então, administrar a cidade com ética absoluta, de acordo com os interesses destes.

A ética normativa – aquilo que é estabelecido como norma, que deve ser seguido pelas pessoas
– tem impacto na vida social, ou seja, o dever ético cabe a todos, para que a sociedade fique em paz e
para que as pessoas sejam felizes. A ética diz respeito ao comportamento do ser humano nessa
sociedade.

Os gregos também deixaram como contribuição importante o método de investigação


sistemática, isto é, em vez de aceitarem as explicações da mitologia, crença muito forte dos povos
anteriores, buscaram o conhecimento por meio da natureza e do ser humano (MAXIMIANO, 2015).

Outro conceito grego que é muito reforçado até hoje nos estudos da administração é o da
qualidade. Para os gregos, a qualidade reflete o melhor que se pode fazer em qualquer campo de
atuação (MAXIMIANO, 2015) Qualidade e excelência caminham juntos e tal ideia vem de Platão até
nossos dias, provocando o sujeito a ser melhor a cada dia e aproveitar seus talentos para melhorar
também os ambientes por onde passa. Também é atribuído aos gregos o conceito de estratégia como a
“arte dos generais”, a forma de se planejar para alcançar a vitória, hoje com diversos métodos e
ferramentas. Esses e outros aspectos da sociedade grega influenciaram muito nossas formas atuais de
viver em sociedade e de gerir os negócios.

ROMA
Conforme Maximiano (2015), a história do Império Romano cobre o período que vai do
século VIII a.C. até IV d.C. Seu fim marca o começo da Idade Média. Roma precisou desenvolver
eficientes formas de administração para manter o poder e a ordem durante os 12 séculos de sua
existência. O domínio do Império Romano compreendeu as terras da Inglaterra, do Oriente Próximo –
região da Ásia próxima ao mar Mediterrâneo, a oeste do rio Eufrates e do norte da África. Assim,
podemos perceber que a capacidade dos romanos em construir e manter o império é uma evidência de
suas impressionantes habilidades administrativas (MAXIMIANO, 2015).

A experiência romana constituiu-se no primeiro caso no mundo de organização e


administração de um império multinacional. Outras civilizações também conquistaram vastos
territórios e incorporaram múltiplos povos, mas os romanos o fizeram de uma maneira diferente. Para
conseguir administrar um império tão extenso, os romanos desenvolveram formas eficientes de
controle dos territórios anexados, como coleta de impostos, implantação de sistemas de transporte e
manutenção de funcionários burocráticos e militares.

Os romanos criaram várias hierarquias e cargos que foram distribuídos pelos territórios
conquistados e todos tinham que se reportar a Roma. Era um sistema de gestão que exigia
organização, planejamento, comando e controle, detalhes que veremos nos próximos conteúdos.

Após analisar o impacto dos modelos administrativos da antiguidade na administração atual,


vamos ver como a estrutura das organizações militares e religiosas acabaram por ser absorvidas no
âmbito empresarial.

ADMINISTRAÇÃO NA IGREJA E NAS FORÇAS ARMADAS


Ao dominar um território, o Império Romano levava o catolicismo como religião oficial, o que
permaneceu depois de sua dissolução. Sem uma coordenação única, os nobres se fecharam em castelos
e fortalezas, cada um com sua propriedade, servos e guerreiros, para defender-se dos bárbaros e
saqueadores. No campo político, nesse período, a administração geográfica herdada dos romanos
transformou-se em sistema feudal. Para se proteger, as pessoas se agrupavam em torno dos chamados
senhores feudais, que, por sua vez, agregavam-se ao redor dos soberanos. Para Maximiano (2012), o
principal aprendizado desse sistema para a ciência da administração é a importância do interesse
comum, princípio que faltou aos senhores feudais. Isolados, tornaram-se frágeis para manter seu
domínio.

O período que se estende da queda do Império Romano até o fim do século XV, chamado de
Idade Média, foi marcado pelas crenças da Igreja Católica e pela forma de produção econômica
conhecida como feudalismo.
Vejamos alguns princípios que vêm da organização militar, segundo Chiavenato (2014):

unidade de comando
Cada subordinado só pode ter um superior;

hierarquia
Escala de níveis de comando de acordo com o grau de autoridade;

direção
Ordens e normas para que todo soldado saiba o que se espera dele e o que deve fazer.

A seguir, veremos as mudanças de pensamento que ocorreram no fim da Idade Média e sua
influência na administração.

CONTRIBUIÇÕES DO RENASCIMENTO, MERCANTILISMO E


PROTESTANTISMO PARA A ADMINISTRAÇÃO
Após o fim da Idade Média, emerge o Renascimento, sob o qual artes e ciências humanistas
florescem. O Renascimento é o período que marca a transição da Idade Média para a chamada Idade
Moderna. A Idade Moderna apresenta grandes avanços em relação ao conhecimento que temos sobre o
mundo. Isso fica evidente se você olhar o período que ficou conhecido como Iluminismo.
O Iluminismo representou a defesa da razão como a verdadeira forma de chegar-se ao
conhecimento, opondo-se às crenças de todos os tipos, colocando em cheque o domínio que a Igreja
Católica tinha sobre todos os aspectos da sociedade. São expoentes dessa época grandes filósofos que
influenciaram o desenvolvimento das ciências sociais e das ciências da administração, tais como
Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, Montesquieu, Adam Smith e Immanuel Kant.

Com essas mudanças de pensamento, o espaço de compra e venda de mercadorias – chamado


mercado – foi ampliando e dando oportunidade de enriquecimento não só aos senhores feudais, mas a
outras pessoas que não eram de origem nobre. A reforma protestante e o surgimento de outras
religiões cristãs na Europa também auxiliaram a enfraquecer a tradição de concentração de riqueza em
heranças familiares, trazendo a prosperidade para todos.

Um dos teóricos marcantes do chamado período mercantil foi Adam Smith, que mostrou
grande interesse por questões de natureza administrativa. Suas ideias exerceram grande influência
sobre a burguesia europeia, fundamentando-se “no princípio de que o mercado transforma o egoísmo
de cada um em um bem coletivo” (GIL, 2016, p. 206).

Adam Smith disseminou o liberalismo econômico, no qual defendia total liberdade econômica
para que a iniciativa privada pudesse se desenvolver de forma autônoma e sem a intervenção do
Estado. Assim, o mercado se regularia sozinho pela livre concorrência, o que levaria à queda de preços
e à busca por inovações tecnológicas para melhorar a qualidade dos produtos e potencializar o ritmo
de produção.

Assim, do Renascimento à Revolução Industrial, houve grande desenvolvimento do


conhecimento humano sobre matemática, mecânica, física e eletricidade, que mudaram para sempre a
história da humanidade.
ADMINISTRAÇÃO E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Conforme relatado por Maximiano (2015), a Revolução Industrial foi fortemente marcada por
dois eventos: o surgimento das fábricas e a invenção das máquinas a vapor. As organizações, a partir
de então, tornaram-se centrais na sociedade. Antes, quem ocupava lugar de destaque eram os impérios,
países, cidades, governantes, exércitos e organizações religiosas. Após o século XVIII, o
desenvolvimento das forças produtivas concedeu à organização, do tipo empresa industrial, papel
fundamental na modernidade.

A Revolução Industrial representou uma enorme mudança nas formas de produção de


mercadorias. Inicialmente, os comerciantes reuniam os trabalhadores em galpões para poder exercer
maior controle sobre seu desempenho, visando ao aumento da produtividade. Com produtividade
maior, conseguiriam baratear os preços do produto final. Embora o controle sobre os trabalhadores
tenha contribuído para o nascimento do sistema fabril, o que marca o início da Revolução Industrial é
a invenção da máquina a vapor, que possibilitou o avanço do ritmo de produção, impactando em toda
economia da época.

A necessidade de mão de obra tornou-se um assunto urgente: no fim do século XVIII, os


trabalhadores eram continuamente trazidos da zona rural para as fábricas. Essa migração da área rural
para os centros industriais fez crescer as cidades e, consequentemente, a necessidade de infraestrutura
(MAXIMIANO, 2015).

No início da Revolução Industrial, as práticas de gestão eram precárias e a qualidade dos


produtos variável: vigorava o princípio de que cabia ao comprador inspecionar o que adquiria. Os
salários eram baixos e os capatazes garantiam a produtividade com uso de força bruta. Com o tempo,
no entanto, novos caminhos foram trilhados e a administração encontrou as condições ideais para se
transformar em um corpo organizado de conhecimentos, alcançando a estatura de uma disciplina tal
qual conhecemos atualmente, com destaque para a busca da eficiência (MAXIMIANO, 2015). A
Revolução Industrial criou a demanda necessária por conceitos e técnicas que pudessem ser utilizados
por um contingente de pessoas que precisavam de treinamento especializado: os administradores
profissionais de organizações (CHIAVENATO, 2014).

Conforme Maximiano (2015), os Estados Unidos reuniram as condições mais favoráveis para
essa tendência, uma vez que sua tecnologia industrial se desenvolveu mais do que em outros países.
Assim, em 1881, a Universidade da Pensilvânia criou a primeira escola de administração do mundo.
Na passagem para o século XX surge, então, a administração científica, uma abordagem sobre as
diferentes funções necessárias para a boa gestão, que você estudará a partir do próximo conteúdo.
PRIMEIRAS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO DO SÉCULO XX
No início do século XX, dois importantes engenheiros desenvolveram os primeiros trabalhos a
respeito da administração: o americano Frederick Winslow Taylor, considerado pai da administração e
criador da escola da administração científica, com ênfase no estudo dos tempos e movimentos; e o
francês Henri Fayol, que desenvolveu a chamada teoria clássica, com a aplicação de princípios gerais
da administração em bases científicas.
Taylor foi responsável pela proposição dos chamados princípios da administração científica e
pelo estudo dos tempos e movimentos para a melhoria do processo produtivo, a redução de custos e o
aumento de produtividade. Por sua vez, Fayol preocupou-se em melhorar o processo administrativo,
por meio da formulação de seus famosos princípios: planejar, organizar, comandar e controlar.

Segundo Maximiano (2015), Taylor defendeu que sempre haverá um método mais fácil e
rápido de executar uma tarefa. Para tanto, esse engenheiro empreendeu o estudo dos tempos e
movimentos na produção. Tal fato evidenciou que, com observação e análise de dados, a organização
poderia produzir mais para o “patrão”, bem como melhorar, ao máximo, a prosperidade do empregado.
Essa abordagem de Taylor ficou conhecida como organização racional do trabalho, transformando os
métodos de trabalhos empíricos em métodos científicos.

De acordo com Chiavenato (2014), essa tentativa de substituir métodos empíricos e


rudimentares por métodos científicos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT),
que se fundamenta nos seguintes aspectos:

a) Estudo dos tempos e movimentos: o trabalho é metodicamente analisado, em sua totalidade,


visando à eliminação de movimentos desnecessários. Nesse estudo, os movimentos úteis são
simplificados, a fim de diminuir o tempo médio que o operário leva para desenvolver uma tarefa.
Nesse tempo médio, são acrescentados os tempos considerados mortos, como, por exemplo, o tempo
de espera pela matéria-prima (com finalidade de padronizar o método de trabalho) e, também, o tempo
destinado à execução desse trabalho.

Conforme Chiavenato (2014), Taylor observou as seguintes vantagens no desenvolvimento de


um método padrão de produção:

 elimina desperdício de esforço humano e movimentos inúteis;

 facilita e racionaliza a seleção e o treinamento de operários e melhora a eficiência e o


rendimento da produção pela especialização das atividades;

 distribui uniformemente o trabalho e evita períodos de falta ou de excesso de trabalho;

 define métodos e estabelece normas para execução do trabalho;


 estabelece base uniforme para salários equitativos e prêmios de produção.

b) Estudo da fadiga humana com base na anatomia e na fisiologia humana: possui dupla
finalidade:

 evita movimentos inúteis na execução de tarefas, do ponto de vista fisiológico;

 reduz a fadiga para aumentar a eficiência.

c) Divisão do trabalho e especialização do operário: há eliminação de movimentos


desnecessários, economizando, assim, energia e tempo, consequentemente, elevando a produtividade
do operário.

d) Desenho de cargos e de tarefas: tem como finalidade criar, projetar e combinar cargos para
que uma tarefa seja executada com os demais cargos existentes dentro da organização. A simplificação
no desenho de cargos permite algumas vantagens, tais como:

 admissão de empregados com qualificações mínimas, o que reduz os custos de


produção;

 minimização de custos de treinamentos;

 redução de erros na execução do trabalho.

e) Incentivos salariais e prêmios de produção: o operário é estimulado a produzir mais e


também a ganhar mais pelos seus serviços, uma vez que a remuneração é baseada na produção.

f) Condições ambientais de trabalho: a eficiência depende não somente do método de trabalho


e do incentivo salarial, mas de um conjunto de condições que garantam o bem-estar do trabalhador, o
que inclui:

 a adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e equipamentos de produção


para minimizar o esforço do operador;

 o arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo de produção.

g) Padronização: o objetivo é minimizar a variabilidade no processo produtivo e,


consequentemente, eliminar desperdícios, aumentando, assim, a eficiência.

Cabe observar, conforme Chiavenato (2014), que a Organização Racional do Trabalho, maior
contribuição de Taylor à teoria administrativa, é, sobretudo, uma forma de executar melhor as tarefas,
tendo como referência a observação no chão de fábrica. Ao desenvolver esses princípios, Taylor, de
acordo com Chiavenato (2014), tinha como objetivo tornar a empresa mais eficiente e mais produtiva,
algo que, para a época, era impensável.

Foi também uma preocupação de Taylor desenvolver uma forma de aplicar esses princípios na
prática administrativa das fábricas, porque, para ele, a ferramenta administrativa era uma prática
estruturada que ajudaria a desenvolver não só o processo de administração, mas também a qualidade
decisória das organizações.

Chiavenato (2014) define que a preocupação de racionalizar, padronizar e prescrever normas


de conduta ao administrador levou os engenheiros da administração científica a pensar que tais
princípios pudessem ser aplicados em todas as situações possíveis. Dentre a profusão de princípios
defendidos pelos autores, os mais importantes são:

 princípios de planejamento: substituir a improvisação por métodos baseados em


procedimentos científicos, por meio de planejamento;

 princípio de preparo: os trabalhadores são selecionados de acordo com suas aptidões


e, então, é necessário prepará-los e treiná-los para produzir mais e segundo o método
planejado;

 princípio do controle: controlar o trabalho para certificar que esteja sendo executado
de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto;

 princípios da execução: distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução


do trabalho seja disciplinada.

Posteriormente, o século XX foi marcado por grandes mudanças no ambiente econômico e


social das organizações. Um exemplo disso foi o grande desenvolvimento econômico dos Estados
Unidos, no início do século, em virtude do sucesso do modo de produção fordista, idealizado por
Henry Ford. Também, em meados desse século, Max Weber, nos seus estudos sobre a ação social,
descreveu as formas de autoridade e de legitimidade que lhe permitiram refletir sobre as características
da burocracia que se encaixariam em um tipo de autoridade racional-legal e que contemplariam alguns
princípios centrais, como a impessoalidade, o profissionalismo, a hierarquia, o formalismo etc.
Observe no quadro a seguir as principais ideias da administração no século XX.
Quadro 1 - Principais ideias da administração no século XX

Fonte: Maximiano (2015).


A LINHA DE MONTAGEM E O FORDISMO
Segundo Chiavenato (2014), Henry Ford nasceu em 30 de julho de 1863, na cidade norte-
americana Springwells. Em 1903, superando inúmeras adversidades, fundou a “Ford Motors
Company”, com mais 11 acionistas, ficando com 25% das ações. Com o passar dos anos, comprou as
ações dos demais investidores e, em 1919, passou a ser o controlador da companhia. Sua grande
ambição sempre foi construir um carro para o povo e, então, em 1913, inaugurou a primeira fábrica
com linha de produção em série.

Figura 2 - Linha de produçãoFonte: Plataforma Deduca (2018).

Figura 2 - Linha de produção


Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Ford foi pioneiro no que ficou conhecido como linha de montagem e produção em série.
Produzir em série significa fabricar produtos iguais, em grande quantidade, fato que reduz os custos de
produção e aumenta sua velocidade. Pensando nisso, Ford entendeu que seria vantajosa a fabricação
de automóveis padronizados.

O fordismo

O processo produtivo inventado por Henry Ford ficou conhecido como fordismo e funcionava
da seguinte maneira: o automóvel passava por uma esteira de montagem em movimento, e os
operários colocavam as peças. Isso era possível em função da especialização dos funcionários, ou seja,
cada um executava uma função específica (ou única) no processo. Por exemplo: alguns operários
trabalhavam com a pintura; outros colocavam os pneus; alguns retificavam os motores, e assim por
diante. Em apenas 98 minutos, o automóvel ficava pronto.

O modelo de automóvel “T” foi o mais famoso produzido por Henry Ford. Também
conhecido como “Ford Bigode”, esse veículo foi o mais vendido no fim do século XIX. Desse tempo,
é famosa a frase de Ford a seus clientes, de que poderiam pedir a cor que quisessem para seus
automóveis, desde que fosse preta (MAXIMIANO, 2015).

Figura 3 - Modelo Ford “T”Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Figura 3 - Modelo Ford “T”

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Segundo Chiavenato (2014), foi utilizando as abordagens da administração científica que


Henry Ford aplicou de forma intensiva o novo conceito de linha de montagem na sua indústria “Ford
Motors Company”. Esse sistema revolucionou o mercado, em virtude da produção em massa, tornando
os automóveis mais baratos.

Cabe destacar que as inovações de Ford permitiram eliminar quase todos os movimentos
desnecessários às atividades dos trabalhadores. Para Ford, era importante organizar o trabalho de
forma a requerer o mínimo possível de força e de esforço físico dos trabalhadores.

O sucesso do invento de Ford foi tão grande que, na década de 1920, chegou a produzir dois
milhões de automóveis por ano. O sistema de produção de Ford foi muito importante para a sociedade,
uma vez que democratizou o acesso à aquisição de automóveis. A estratégia de negócio no fordismo
era produzir o automóvel o mais rápido possível e vendê-lo no mercado no menor prazo.
A rapidez nesse processo é um fator importante, pois, quando a linha de montagem está
parada, não gera lucros, o que deve ser evitado. Isso também requer um estoque de peças de reposição
indispensáveis para que a linha de montagem não pare. Com essa forma de produção, Ford
desenvolveu um sistema de pagamento com base em bônus, que crescia à medida que a produtividade
aumentava.

O taylorismo e o fordismo são sistemas de trabalho que visavam à racionalização extrema da


produção e, consequentemente, à maximização da produção e do lucro. O sucesso desses dois modelos
fez com que várias empresas adotassem as técnicas desenvolvidas por Taylor e Ford, sendo utilizadas
até hoje por algumas indústrias. O fordismo se baseou nas propostas do taylorismo e desenvolveu
alguns avanços. Assim, enquanto Taylor focava a divisão eficiente e racional das tarefas dentro da
fábrica, Ford buscava colocar seus trabalhadores em posições fixas no sistema produtivo.

Conforme Maximiano (2015), cabe destacar, ainda, que o fordismo era visto como um modelo
de gestão da produção; mas, a partir de 1930, passou a ser concebido como um modelo técnico-
econômico, irradiando-se pelo mundo no pós-guerra. Antes do fordismo, a produção de veículos era
artesanal, dependente da habilidade técnica da mão de obra disponível e sem padronização.

Outro fator importante que contribuiu para as ferramentas de gestão diz respeito à aplicação
dos princípios da administração científica no sistema fordista de produção, que levou à redução da
complexidade das tarefas e à padronização e ao controle do processo produtivo: o processo saiu das
mãos dos trabalhadores e passou para a gerência, levando até às últimas consequências a ideia de
separação entre o planejamento (engenheiros) e a execução (operário).

A administração clássica de Taylor e o fordismo recuperaram o ideário do homem


“economicus”, ou seja, o homem é um ser racional que toma suas decisões com base no conhecimento
de todas as possibilidades de ações viáveis, bem como de suas consequências.

Segundo Maximiano (2015), esse modelo de homem, reduzido e simplificado, serviu de


fundamento para a construção de uma teoria da administração que tinha como base a concepção de um
homem racional e previsível, que se satisfazia com incentivos financeiros, vigilância e treinamento.
Investir nesses quesitos, portanto, auxiliaria a aumentar a produtividade esperada.

Como consequência dessa visão de homem, os pensadores clássicos – Taylor, Fayol e Ford –
compartilhavam da ideia de que o comportamento humano não era um problema em si. Isso quer dizer
que, quando os gerentes percebiam nos trabalhadores um comportamento inadequado, deduziam que o
problema decorria de defeitos na estrutura da organização ou no processo produtivo.
APORTES DE FAYOL À ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
Henri Fayol nasceu em 1841, em Istambul, e faleceu em 1925, em Paris. Ele foi um
importante pesquisador da chamada escola clássica da administração. Fayol dedicou-se a disseminar
os princípios da administração, com base em seus anos de aprendizado prático na indústria. Para esse
engenheiro, a administração compreende, basicamente, cinco funções:

 planejamento;

 organização;

 Comando;
 coordenação;
 controle.

De acordo com Maximiano (2015), para Fayol, a administração é uma atividade que pode ser
encontrada em todos os empreendimentos humanos, como a família, os negócios, as religiões e os
governos, exigindo, mesmo que não nos demos conta, o uso de, pelo menos, alguma das cinco funções
supracitadas.

Fayol propôs a divisão das organizações em seis estruturas de operações específicas, mas que
se relacionam mutuamente:

 técnica: produção, manufatura;

 comercial: compra, venda, troca;

 financeira: empréstimos, capital de giro;

 segurança: proteção da propriedade privada e das pessoas;

 contabilidade: registro de estoques, custos, estatísticas;

 administração: planejamento, organização, comando, coordenação e controle,

Observe, na figura a seguir, as funções da empresa.

Perceba que, para Fayol, o conceito de administração está ligado ao ato de administrar,
englobando as funções de administrador, as quais estão descritas a seguir, de acordo com Maximiano
(2015):

 prever o futuro e traçar o programa de ação;

 organizar, isto é, constituir o duplo organismo material e social da empresa;

 comandar, o que significa dirigir e orientar o pessoal;

 coordenar: ligar, unir e harmonizar todos os atos e esforços coletivos;

 controlar compreende garantir que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas
e as ordens dadas.

Chiavenato (2014) acha importante informar que nenhuma organização pode fazer mais do
que permitem seus principais administradores, afinal de contas, o gargalo está sempre na parte
superior da garrafa. De todas as tarefas de uma organização, a mais difícil, mas também a mais
importante, é estruturar sua alta administração.

O nível gerencial

As atividades para o nível gerencial são a essência da administração. Sua característica


principal é conseguir resultados por meio de terceiros.

Chiavenato (2014) afirma que as atividades gerenciais são divididas em três níveis, cada um
com responsabilidades específicas, conforme apresentamos a seguir.

gerência geral
Comando geral do processo produtivo e acionamento dos recursos disponíveis para a
realização dos objetivos fixados pelo nível de direção. Gerencia unidades complexas, englobando mais
de uma função. Às vezes, esses gerentes são responsáveis por empresas subsidiárias;

gerência média (ou funcional)


Comando das atividades de operações especializadas, como: finanças, marketing, recursos
humanos, manutenção etc;

supervisão imediata
Comando da realização propriamente dita e das tarefas, implicando contato direto com os
executores. São os supervisores de primeira linha.

Ainda de acordo com Chiavenato (2014, p. 34-35):

O papel dos gerentes é fundamental para obter a cooperação dos subordinados, para os quais
ele representa a empresa e deve ser capaz de motivá-los e fazê-los “vestir a camisa”. Por outro lado,
deve ser capaz de levar aos níveis superiores as aspirações, os desejos e as necessidades do seu
pessoal. Um gerente que não prestigia os subordinados não consegue mantê-los dedicados.
A BUROCRACIA DE WEBER
Max Weber nasceu no dia 21 de abril de 1864, na Alemanha. Foi um sociólogo que se
preocupou com o estudo da organização burocrática e, por isso, propôs a teoria da burocracia.
(CHIAVENATO, 2014).

Conforme Maximiano (2015), o ponto central dos estudos de Weber é a investigação sobre a
ação social. Para esse sociólogo, as normas que compartilhamos na sociedade só se tornam concretas
quando se manifestam em cada um de nós, sob forma de motivação. Cada sujeito age levado por um
motivo, orientando-se pela tradição, por interesses racionais ou pela afetividade.
Para Weber, a ação social consiste na conduta humana, dotada de sentido e orientada pela ação
de outros, apresentando quatro formas distintas:

 ação racional com relação a fins: determinada pela expectativa de alcançar os


objetivos racionalmente avaliados e perseguidos;

 ação racional com relação a um valor: definida pela crença consciente no valor (moral,
religioso e estético) de uma determinada conduta;

 ação afetiva: ditada por afetos ou por estados sentimentais e emocionais;

 ação tradicional: ditada pelos hábitos, pelos costumes e pelas crenças.

Chiavenato (2014) afirma que a aplicação da burocracia de Weber levou, em muitos casos, a
um excesso de normas e de regulamentos impessoais, não condizentes com a agilidade e a
flexibilidade das organizações modernas. No entanto, ainda é empregada em grandes administrações
públicas, por falta de substitutos eficazes para alguns casos.

Para Weber, a burocracia deveria ter as seguintes características:

organização contínua de cargos, limitados por normas escritas, às quais estão subordinados os
detentores de poder, o sistema administrativo e os dominados;

 divisão de trabalho definida e sistemática, com áreas específicas de competência;

 cargos organizados segundo o princípio hierárquico;

 regras e normas técnicas claramente definidas por escrito;

 separação entre propriedade e administração, ou seja, as atividades administrativas


deverão ser exercidas por profissionais contratados em virtude de suas qualificações
técnicas.

 Ainda na visão de Weber, as ênfases da burocracia serão as seguintes:

 formalização (obediência a normas, rotinas, regras, regulamentos etc.);


 divisão do trabalho;

 hierarquia;
 impessoalidade;

 profissionalização e competência técnica dos empregados.

De acordo com Chiavenato (2014), a descrição de Weber sobre a burocracia não levou em
conta a chamada organização informal nem o excesso de formalismo, que é fonte das denominadas
disfunções da burocracia. Vamos verificar quais são as características das disfunções da burocracia.

Disfunções da burocracia

Quando as características da burocracia são levadas ao extremo, o excesso de rigidez e a falta


de flexibilidade fazem surgir as disfunções da burocracia: no lugar de propiciar segurança e qualidade,
acaba por emperrar o andamento dos serviços e a produção de bens, ou seja, é como se o sistema
criasse vida própria. É a burocracia pela burocracia, que perde sentido e finalidade, beirando o
absurdo, ao exigir carimbos e comprovantes desnecessários.

Confira a seguir as principais características e disfunções da burocracia, conforme colocado


por Chiavenato (2014).

Conclusão
Neste conteúdo, aprendemos que a administração acompanha o ser humano há séculos e que
as teorias que hoje estudamos têm origem nas civilizações antigas e vêm evoluindo com a
humanidade.

Desde os sumérios (3000 a.C) à Revolução Industrial (1800 d.C), o homem vem mudando sua
forma de viver e produzir. Saindo da vida nômade, fixou-se em comunidades e aldeias, necessitando
administrar as famílias, organizar as rotinas e aprender a cultivar a terra. A partir desse aprendizado e
estudando os astros e as águas, começou a desenvolver técnicas de agricultura e irrigação, o que
possibilitou a instalação das primeiras cidades, gerando uma necessidade de hierarquia e ordenação
social.
Essas escolhas de comando surgiram com base na religião e/ou na força física e foram se
solidificando ao longo do tempo (lembre-se do faraó que acreditavam ser encarnação de um deus),
passando de geração em geração. As lideranças das comunidades também queriam proteger seu poder
e, para tanto, foram criando organizações militares para manter o comando, desenvolvendo também
diversas técnicas gerenciais para controlar as forças armadas.

No conflito entre os povos, invasões e dominações ocorreram, dando origem a impérios


poderosos, como o egípcio e o romano, que tinham lideranças únicas para muitas pessoas, ou seja,
precisavam de ferramentas administrativas para coordenar tudo isso. Tanto isso é verdade que a queda
do Império Romano se deu justamente pela perda de controle das fronteiras e pela invasão de terras
por parte dos bárbaros germânicos.

Sem um comando central, os mais ricos cercaram suas propriedades para se proteger das
invasões e levaram consigo servos e guerreiros. Nessas propriedades, chamadas de feudos, a atividade
rural era a principal. Vendas e trocas eram realizadas em espaços separados, chamados de mercado.

Com a evolução do pensamento sobre a ciência, a liberdade do mercado e o questionamento


de ideias religiosas, os comerciantes passaram também a fabricar produtos em maior quantidade e a
contratar pessoas para suas pequenas fábricas. Dessa forma, começaram a enriquecer e a dominar os
meios de produção, tornando as organizações formais as principais referências na sociedade, não mais
as famílias ou a igreja.

Essa nova estrutura, somada a avanços na tecnologia de produção, deu origem à Revolução
Industrial: a indústria é o novo império. Para gerenciar esse novo mundo, com empresas e
empregados, máquinas e produtos, técnica e ciência, surgem os estudos da administração científica no
início do século XIX, que veremos no próximo conteúdo.

 Estudamos a abordagem clássica da administração, com ênfase nos seguintes tópicos:

 as primeiras teorias da administração do século XX;

 a administração científica de Frederick Winslow Taylor, com destaque para os


conceitos relacionados à padronização das ferramentas e ao estudo dos tempos e
movimentos;

 o modelo de produção fordista, entendido e aplicado por Henry Ford, com sua linha de
montagem e de inovação;

 os processos administrativos liderados por Henri Fayol, por meio da abordagem da


estrutura das organizações, dos princípios da administração e do papel dos gerentes
nas organizações;

 a teoria da burocracia de Max Weber e suas disfunções.

EXERCÍCIOS

01°) Segundo Chiavenato (2012), muitas foram as contribuições das organizações militares para os
estudos da administração, como: unidade de comando, hierarquia e direção. Diante dessa informação,
assinale a alternativa que melhor explica a aplicação da prática de direção na administração:

a) Descrição das funções do diretor da empresa

b) Suporte logístico com a rota correta para guiar a tropa.

c) Cada subordinado só́ pode ter um superior.


d) É importante ter claro o cargo de cada pessoa.

e) Ordens e normas para que o funcionário saiba o que se espera dele e o que deve fazer.

02°) Para Fayol, a administração é uma função distinta das demais funções da empresa. Assim, a
administração compreende quais das funções a seguir?

I. Planejamento. III. Comando.

II. Marketing. IV. Finanças.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente as assertivas III e IV estão corretas.

b) Somente as assertivas II e III estão corretas.

c) Somente as assertivas I e III estão corretas.

d) Somente as assertivas I e II estão corretas.

e) Somente a assertiva IV está correta.

03°) A Organização Racional do Trabalho (ORT) foi criada por Taylor e influenciou todos seus
seguidores. Diante dessa informação, assinale a alternativa que indique algum dos aspectos estudados
pela ORT:

a) Comandar, dirigir e orientar o pessoal.


b) Prever o futuro e traçar o programa de ação.
c) Desenho de cargos e tarefas.
d) Organizar construindo o duplo organismo material e social da empresa.
e) Controlar de maneira a verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as
ordens dadas.
04°) Na história da humanidade, são cinco os períodos mais relevantes: Revolução Urbana, Grécia,
Roma, Renascimento e Revolução Industrial. De acordo com Maximiano (2015), em todos esses
períodos, sempre houve a presença de elementos da administração. Com base nessas informações,
assinale a alternativa que melhor descreve o porquê de o primeiro período ser intitulado “Revolução
Urbana”:

a) Porque, nesse período, os sumérios se rebelaram contra o império da Babilônia.


b) Porque foi a época da construção das grandes cidades romanas e gregas, com arquiteturas até
hoje admiradas.
c) É também conhecido como êxodo rural e descreve o período em que as pessoas saíram do
campo para trabalhar nas fábricas das cidades.
d) Porque se refere ao período em que Moisés liderou os hebreus para saírem do domínio dos
egípcios.
e) Porque, nesse período, surgiram as primeiras comunidades que se estabeleceram em local
fixo, para cultivar a terra, deixando os hábitos nômades e fundando as primeiras cidades.
05°) A ação racional com relação a um valor definido pela crença consciente no valor de uma
determinada conduta é uma das características de qual teoria administrativa? Assinale a alternativa
correta:
a) Teoria comportamental.
b) Teoria da burocracia.
c) Teoria neoclássica.
d) Teoria da contingência.
e) Teoria das relações humanas.
06°) Maximiano (2012) aponta que alguns conceitos utilizados nos dias atuais, em todos os tipos de
empreendimentos, nasceram com os militares de um passado bem distante. Diante dessa informação,
quais os maiores legados das organizações militares apresentados para o estudo da administração?
Assinale a alternativa correta:

a) Planejamento, vitória e domínio do inimigo.


b) Planejamento, execução, verificação e controle.
c) Fortificações, reconhecimento civil, logística e estratégia.
d) Estratégia, planejamento, logística e hierarquia.
e) Comando, unidade, hierarquia e armamento.
07°) No período do Iluminismo, muitas coisas foram questionadas, e a mudança do sistema feudal
para o sistema de mercado alterou toda a dinâmica social da época. Segundo Maximiano (2014),
Adam Smith foi um dos principais pensadores, com a proposta de liberalismo econômico, base do
capitalismo até os dias atuais. Qual das alternativas abaixo melhor explica o liberalismo econômico?

a) O mercado se regula pelas grandes empresas, que fornecem o petróleo, a gasolina e os


minérios. Quanto maior a oferta desses itens, maior a demanda.
b) O mercado se regula pela livre concorrência, sem interferência do Estado. Quanto maior a
oferta, menores os preços.
c) A demanda e a oferta caminham juntas. Quanto mais clientes, mais as empresas podem lucrar
e crescer.
d) Os preços são regulados pela concorrência. Quanto maior o preço de uma empresa, maior a
demanda para as outras.
e) Nessa lógica, as empresas podem crescer livremente. Quanto maior a demanda, maior a oferta.

08°) Para consolidar seus grandes feitos, como os sistemas de irrigação e as pirâmides, por exemplo, o
povo egípcio contava com uma organização logística e projetos de alta qualidade. Considerando toda a
complexidade dessas empreitadas, surgiu, nessa civilização, uma organização hierárquica nunca antes
vista (CHIAVENATO, 2014). De acordo com o que foi apresentado, aponte a alternativa que melhor
explica o conceito de hierarquia:

a) É um desenho dos cargos da empresa, com o nome dos ocupantes.


b) Era a linguagem dos egípcios, que desenhavam nas paredes internas das pirâmides para que os
espíritos dos faraós pudessem encontrar o caminho do nirvana.
c) É a escala das necessidades humanas: começando por necessidades básicas e culminando com
autorrealização.
d) É uma estrutura de comando que estabelece responsabilidades e graus de poder e
subordinação.
e) De origem militar, designa os departamentos que cada oficial vai atuar.
09°) Ford disseminou a produção em massa contando com três aspectos que suportam o sistema.
Quais assertivas a seguir indicam alguns desses três aspectos?

I. A progressão do produto é aleatória.

II. O trabalho é entregue ao trabalhador em vez de deixá-lo com a iniciativa de ir buscá-lo.

III. As operações são divididas em seus elementos constituintes.


IV. O trabalhador desloca-se durante o processo produtivo.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente a assertiva III está correta.


b) Somente as assertivas II e III estão corretas.
c) Somente a assertiva II está correta.
d) Somente as assertivas III e IV estão corretas.
e) Somente a assertiva I está correta.
10°) O estudo ordenado da burocracia demarcou qual seria o tipo ideal de burocracia. No entanto, não
foram previstas as consequências que esse sistema poderia causar, somente as virtudes. As
características imprevisíveis da burocracia foram denominadas posteriormente de “disfunções da
burocracia”. Diante dessas informações, assinale a alternativa que apresenta uma dessas disfunções:

a) Existem a profissionalização e a competência técnica dos empregados.


b) Existe o engessamento das normas.
c) A impessoalidade no trabalho é atendida.
d) Existe o entendimento das regras.
e) Existe a divisão do trabalho.

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