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TEORIAS DA

ADMINISTRAÇÃO

Ligia Maria
Fonseca Affonso
Bases históricas da
administração
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar as origens da administração.


 Identificar a evolução administrativa do capitalismo mercantil até a
Revolução Industrial.
 Discutir os aspectos gerais da administração nos tempos atuais.

Introdução
São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros ad-
ministradores. Esses conceitos foram evoluindo ao longo do tempo, se
ajustando a cada momento histórico. Assim, muito do que você estuda
hoje sobre administração é resultado de ideias e técnicas de inúmeros
precursores que buscavam resolver problemas enfrentados pelas orga-
nizações. Apesar da semelhança entre os problemas, em cada período
histórico, as soluções sempre foram diferentes, uma vez que o contexto
era distinto.
Neste capítulo, você vai estudar as origens da administração e sua evo-
lução desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial. Além disso,
você vai conhecer os aspectos gerais da administração na atualidade.

Origens da administração
Você já sabe que a administração existe desde o início dos tempos. Você
mesmo, em seu dia a dia, administra seu tempo, sua casa, sua família, seus
estudos, seu trabalho, suas finanças, etc. Já reparou que quando você não
consegue, por exemplo, administrar seu tempo, sua vida fica complicada,
com tarefas que acabam se acumulando?
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Agora considere uma organização que lida com pessoas, materiais, equipa-
mentos, tecnologia, instalações, conhecimentos e informações. Sem a admi-
nistração, seria impossível fazer tudo isso funcionar, não é? Uma organização
só consegue atingir seus objetivos se for bem administrada.

Uma organização é uma unidade social, constituída por duas ou mais pessoas, cuja
finalidade é atender às necessidades da sociedade, gerar resultados (financeiros ou não)
e atingir objetivos estabelecidos por meio da divisão do trabalho e da coordenação
dos recursos e esforços (MAXIMIANO, 2012).

Referências históricas demonstram que conceitos administrativos de cerca


de 1200 a.C. ainda são utilizados hoje. Contudo, a administração surgiu ainda
com as primeiras comunidades primitivas. Os homens, em suas expedições de
caça e pesca, além de construírem suas próprias ferramentas, também tomavam
decisões, planejavam e dividiam o trabalho. Eles precisavam definir a rota de
caça, o local onde ficariam acampados, as armadilhas, etc. Assim, você pode
considerar que as expedições já tinham características de organizações, e seus
líderes, características de gerentes (MAXIMIANO, 2012).
Por volta de 3000 a.C., a arte de administrar já era exercida pelos
sumerianos, quando buscavam soluções para seus problemas práticos. A
administração foi utilizada, por exemplo, na formação de uma sociedade de
irrigação idealizada pelos primeiros colonizadores da Mesopotâmia. Como
a água era abundante, seu uso foi organizado por pequenas comunidades
autossuficientes e interligadas. Os coordenadores dessas comunidades
eram os sacerdotes, que transformaram os templos em centros adminis-
trativos, com funcionários que registravam as atividades de recebimento,
armazenagem e pagamento de produtos escassos, como madeira e metais,
que eram comercializados. Os funcionários e esses produtos eram pagos
com o que sobrava da agricultura irrigada. Além da escrita e da aritmé-
tica, os sumérios criaram a administração pública com funcionários e
práticas burocráticas. Assim, nessa época era realizada a escrituração de
operações comerciais e surgiram os primeiros funcionários e dirigentes
administrativos profissionais.
Em 3100 a.C., o Egito já praticava o planejamento em longo prazo quando
se preparava para o ciclo de inundação, cultivo e seca. Além disso, man-
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tinha uma rede de fortes com soldados assalariados e com suprimentos


suficientes para 12 meses. Outro exemplo de prática administrativa foi a
construção de suas pirâmides, que exigiram dos egípcios habilidades técnicas
e administrativas para resolver grandes problemas relacionados à mão de
obra, aos arquitetos e à logística. Dessa forma, essa época foi marcada pela
construção de grandes pirâmides, práticas de planejamento, organização e
controle sofisticadas.
Em 2000 a.C., a decadência dos sumérios abre espaço para o domínio dos
babilônios, cujo registro de transações comerciais era feito cuidadosamente
em placas de argila, mostrando sua preocupação com o controle. As cores
eram utilizadas para o controle da produção, dos estoques de tecidos e dos
celeiros. O código do rei Hamurabi, com 282 regras, é outro exemplo do uso
da administração pelos babilônios. Tal documento é um dos primeiros e talvez
o mais famoso conjunto de leis da história. Em algumas regras, é possível
identificar princípios de controle e de responsabilidade. Os babilônios foram
responsáveis ainda pela criação de um sistema de incentivos salariais, como
o pagamento destinado às mulheres encarregadas da fiação e da tecelagem,
que recebiam de acordo com a produção individual.
Destacam-se também os assírios, que contribuíram para o grande avanço
na área da organização militar, servindo de modelo para exércitos posteriores,
principalmente em relação a depósitos de suprimentos, colunas de transporte
e companhias para a construção de pontes, demonstrando grande preocupação
com a logística.
Entre os anos 2350 e 2256 a.C., na China, o imperador Yao empregou o
princípio de assessoria, que foi utilizado por outros governantes. Uma técnica
que se tornou tradicional na administração pública da China foi a de aconse-
lhamento com os assessores, delegando a eles autoridade para a resolução de
problemas. A constituição da dinastia de Chow (1100 a.C.) é outro exemplo
de prática de administração pelos chineses. Essa dinastia criou um manual
de administração com oito regulamentos e regras de administração pública
a serem seguidos por um primeiro ministro. Assim, fica clara a tentativa de
definir regras e princípios de administração.
Você pode considerar também Sun Tzu, que escreveu sobre estratégia militar
e que, no tratado A Arte da Guerra, apresenta teorias para evitar batalhas e
intimidar psicologicamente os inimigos utilizando o tempo, em vez da força,
para desgastá-los e atacá-los quando estivessem desprevenidos. As Muralhas
da China são outro exemplo da adoção de práticas administrativas. A obra
empregou milhares de pessoas para a construção de 1.500 quilômetros ao
longo de quase 10 anos.
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A Arte da Guerra é um manual de recomendações que trata dos princípios fundamentais


de planejamento, comando, doutrina e outros. Esse manual atravessou os séculos e é
muito utilizado na administração de todos os tipos de organização (MAXIMIANO, 2012).

A Grécia também marcou significativamente a administração de organi-


zações de todos os tipos. Fez isso por meio da produção de ideias e da solução
de problemas com debates e proposições sobre temas como democracia,
estratégia, igualdade de todos diante da lei, ética na administração pública,
planejamento urbano, entre outros.
Por fim, você pode considerar Roma, já que princípios e técnicas de admi-
nistração construíram e mantiveram o Império Romano por muitos anos. Entre
as contribuições dos romanos para a administração, estão: o planejamento e o
controle das finanças públicas; a autoridade formal e as regras de convivência
definidas legalmente; os diversos tipos de executivos, como senadores, ma-
gistrados e imperadores; a criação de empresas privadas; a divisão dos povos
para governar, entre outros (MAXIMIANO, 2012).
Grandes filósofos da Antiguidade também contribuíram para a administra-
ção moderna. Sócrates enxergava a administração como habilidade pessoal;
Platão, filósofo grego, expôs em sua obra A República sua percepção sobre
democracia e administração dos negócios públicos; Aristóteles, também
filósofo grego, em sua obra A Política, se preocupou com a organização do
Estado, dividindo a administração em monarquia, aristocracia e democracia;
Confúcio, pensador e filósofo chinês, defendia a ideia da meritocracia e do
ingresso na burocracia por meio do mérito; Mêncio, também filósofo chinês e
fiel seguidor de Confúcio, defendia a meritocracia e a democracia, o povo como
o elemento mais importante de uma nação e a sistematização para a condução
dos negócios públicos, além de que se preocupava com o profissionalismo na
administração pública (SILVA, 2013).
Nomes como Francis Bacon, René Descartes, Jean-Jacques Rousseau, Karl
Marx e Maquiavel também contribuíram significativamente para a ciência
administrativa, bem como a Igreja Católica Romana. Assim, grande parte da
história da administração é a história de cidades, governos, exércitos, países e
organizações religiosas. Foi somente a partir do final do século XIX e início do
século XX que a administração começou a ser tratada como ciência, tornando-
-se um corpo organizado de conhecimentos e teorias (MAXIMIANO, 2012).
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Teoria é uma palavra ampla. Além de compreender proposições que explicam a


realidade prática, compreende também princípios, doutrinas e técnicas que orientam
os administradores na solução de problemas práticos.
As teorias da administração estão organizadas em escolas ou enfoques, que significam
uma linha de pensamento sobre as organizações e a sua administração (MAXIMIANO, 2011).

Evolução da administração: do capitalismo


mercantil à Revolução Industrial
A administração passou por várias fases e vem evoluindo ao longo dos
tempos, influenciando o mundo todo. Como prática inerente ao homem, ela
sempre existiu. No entanto, conforme foram surgindo e se complexificando
as organizações, ela precisou ser estudada, estruturada e se tornou ciência.
Cada momento da história da administração se caracterizou por acrescentar
diferentes experiências ao processo de gerir as organizações. E, quando se
fala em evolução do estudo da administração, não pode ficar de lado a Re-
volução Industrial, fenômeno que revolucionou a produção e a aplicação de
conhecimentos administrativos.
Porém, antes de você estudar a Revolução Industrial, é importante conhecer
resumidamente outro momento que a antecedeu, o capitalismo mercantil ou
mercantilismo. Ele teve sua expansão a partir do século XV e influenciou
profundamente as práticas administrativas dos negócios.

O mercantilismo é um conjunto de práticas econômicas que surgiu na Europa a partir


do século XV, após o período feudal. Ele se caracteriza principalmente pelo fato de
a riqueza de uma nação ser obtida por meio da comercialização de ouro e prata
extraídos de suas colônias. Nesse processo, se destacaram Inglaterra, França, Portugal
e Espanha (MAXIMIANO, 2011).

O mercantilismo foi um momento de transição entre o feudalismo e o ca-


pitalismo que abriu o caminho para a Revolução Industrial. Os barões feudais
perdiam seu poder, fazendo com que muitas terras europeias ficassem livres
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de seu domínio e se transformassem em cidades, chamadas burgos — seus


habitantes eram chamados burgueses. Os burgueses começaram a se organizar
livremente, definindo seus papéis sociais na comunidade, o que fez surgir
uma atividade econômica e profissionais autônomos, que buscavam atender
às necessidades das cidades.
A liberdade dos burgueses fez o comércio se expandir e ultrapassar
as fronteiras europeias, dando início às grandes navegações, em busca
de novos mercados e fornecedores de matéria-prima. Isso estimulou a
exploração de novas terras; o descobrimento de novos povos e produtos;
o aparecimento de vendedores e agenciadores de matéria-prima e mão de
obra; e o acúmulo de metais oriundos de suas colônias, concedendo o status
de potência mercantilista à metrópole (MAXIMIANO, 2012; BRESSER-
-PEREIRA et al., 2016).
Nessa fase, as cidades-estado eram a base do comércio de longa distância,
ou seja, da compra e da venda de metais preciosos, especiarias e outros bens
de luxo, realizadas por meio de camelos, mulas e navios à vela. Apesar de o
comércio de longa distância possibilitar aos comerciantes o acúmulo de capital
e grande lucro, esses fatores eram instáveis, por isso eles começaram a investir
em manufatura. No entanto, o modo de produção era bastante rudimentar
e os produtos eram feitos de forma artesanal, ou seja, com a utilização de
ferramentas básicas, pois não havia máquinas complexas. Isso fazia com que
a produção fosse lenta e cara (BRESSER-PEREIRA et al., 2016).
Com o aumento da demanda, as antigas e tradicionais oficinas precisa-
ram ser ampliadas e aos poucos foram se transformando em fábricas, com
produção em uma escala maior e ritmo intenso. Isso criou a necessidade de
máquinas para aumentar a produtividade. Nesse contexto, muitas tarefas
realizadas de forma manual passaram a ser mecanizadas, ou seja, parte da
mão de obra foi substituída por máquinas, gerando a divisão no trabalho e
a criação de novas categorias de trabalhadores, uma vez que os artesãos,
além de serem poucos, eram limitados à produção em pequena escala. Os
capitalistas passam então a dominar a produção e a comercialização de bens,
bem como a tomar decisões sem a participação dos trabalhadores, como
era feito no período medieval. Dessa forma, além das mudanças nos meios
de produção e comercialização de bens, houve também uma mudança de
valores (MAXIMIANO, 2012).
Você deve estar se perguntando: e as práticas de administração, onde
estavam? Estavam no controle contábil-financeiro da movimentação de merca-
dorias entre regiões; na organização da demanda da produção artesanal e dos
ganhos e garantias resultantes da comercialização dos produtos; e na divisão
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e na especialização do trabalho. Pode-se dizer, então, que o mercantilismo


foi marcado pela supremacia naval, pela fartura de recursos naturais e pelo
acúmulo de capital.

Desde a Antiguidade até cerca de 1780 (início da Revolução Industrial), os produtos


eram fabricados em pequenas oficinas, de forma artesanal e sem padronização. Era
a chamada fase artesanal, marcada pelo artesanato rudimentar e pela mão de obra
intensiva e não qualificada na agricultura, com predomínio de oficinas, granjas e
agricultura e sistema comercial baseados em trocas nos mercados locais (SILVA, 2013).

Com o surgimento das primeiras fábricas, com a divisão do trabalho e a


invenção das máquinas a vapor, surge a Revolução Industrial no século XVIII.
A partir daí, o desenvolvimento da administração passa a ser influenciado
pelo surgimento de empresas industriais, com maquinários que possibilitavam
aumento acelerado do processo produtivo, com padronização e maior quali-
dade. Surgem também a hierarquia, a disciplina, a vigilância e o controle de
tarefas e dos trabalhadores.
Nesse período, muita riqueza foi gerada, novos empregos surgiram, houve
crescimento de cidades e regiões, tiveram início novas relações de poder e
foram criados novos interesses comerciais. Houve também o surgimento do
comércio exterior, da pesquisa e do desenvolvimento de novos produtos.
A Revolução Industrial teve duas fases (MAXIMIANO, 2012), como você
pode ver a seguir.

 Primeira Revolução Industrial (1780 a 1860): marcada pela mecani-


zação das oficinas e da agricultura, ou seja, foi o período de adaptação
das oficinas à nova tecnologia da máquina a vapor. O carvão como fonte
de energia e o ferro como material básico da indústria passam a ser os
principais recursos para o desenvolvimento dos países. As oficinas se
transformam em fábricas e usinas; as máquinas substituem o trabalho
humano e há o desenvolvimento do sistema fabril, o crescimento nos
setores de transporte e comunicação. Surgem as locomotivas a vapor
e o crescimento da navegação.
 Segunda Revolução Industrial (1860 a 1914): marcada pelo desenvol-
vimento da indústria. O aço e a eletricidade passam a ser os principais
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recursos para o desenvolvimento do país, substituindo o carvão e o


ferro. Há grande e crescente influência da ciência e da tecnologia na
indústria. Nessa época, surgem o automóvel, o avião, o telefone e o
telégrafo sem fio. Com o desenvolvimento crescente das indústrias,
surgem também os grandes bancos e instituições financeiras, substi-
tuindo o capitalismo industrial pelo capitalismo financeiro, provocando
grande ampliação do mercado. Houve também a invenção do motor a
combustão, a substituição do vapor pela eletricidade, o surgimento de
máquinas automáticas, etc.

A Revolução Industrial substituiu o artesão pelo operário; contribuiu


para a criação das fábricas e a evolução dos maquinários; fez surgir as
organizações sindicais; e contribuiu para o crescimento das cidades. Ou
seja, proporcionou mudanças econômicas, políticas, sociais, ambientais e
culturais que se refletem até hoje.

A Revolução Industrial trouxe também alguns transtornos, como o êxodo rural. As


pessoas que moravam no campo deixavam suas famílias e iam para as cidades, sedu-
zidas pela possibilidade de trabalhar nas indústrias. No entanto, isso nem sempre dava
certo, especialmente pela falta de qualificação da mão de obra e pela substituição
desta pelas máquinas (MOTTA; VASCONCELOS, 2008).

Administração nos tempos atuais


Após a fase da segunda Revolução Industrial, veio a fase do gigantismo in-
dustrial, de 1914 e 1945, época entre as duas grandes guerras mundiais. Nesse
período, a organização e a tecnologia eram utilizadas na indústria bélica. As
empresas encontravam-se em franca expansão, passando a atuar também no
mercado internacional. Houve uma significativa aplicação tecnocientífica nas
indústrias, principalmente com ênfase em materiais petroquímicos, o que
contribuiu para o aperfeiçoamento dos setores de transporte e comunicação
(SILVA, 2013).
Em seguida, começou a fase moderna, entre 1945 e 1980, com o apare-
cimento de produtos e processos mais sofisticados decorrentes dos avanços
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tecnológicos. Surgiram também as primeiras empresas de grande porte no


Brasil, bem como problemas econômicos, gerando incerteza e imprevisibi-
lidade no mercado. Após 1980, se inicia a fase da globalização ou incerteza,
marcada por grandes e novos desafios, dificuldades, oportunidades e ameaças,
gerando um ambiente complexo e dinâmico. Foi uma época caracterizada por
escassez de recursos, concorrência cada vez mais acirrada, dificuldade de
compreensão do mercado e de informações, mudança brusca no modelo de
gestão das organizações e revolução dos computadores, que passam a substituir
o ser humano em termos físicos e intelectuais (SILVA, 2013).
A globalização influenciou e continua influenciando a vida das socieda-
des e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Com as
mudanças cada vez mais rápidas, novas necessidades são geradas, fazendo
com que as organizações se tornem mais complexas e sem fronteiras, depen-
dendo de uma administração de qualidade que garanta seu crescimento e seu
sucesso no mercado. A globalização tornou o mercado altamente competitivo
e alvo de rápidas transformações políticas, sociais, ambientais e tecnológicas,
originando novos perfis de atores sociais, novos concorrentes, novos padrões
de consumo, etc. (SOBRAL; PECI, 2013).
Dessa forma, as organizações precisam estar preparadas para todo tipo de
mudanças. Elas devem adotar novas estratégias e novas formas de administrar
que as ajudem a enfrentar o mercado cada vez mais competitivo, encontrando
respostas para as exigências que se impõem e garantindo sua sobrevivência. Ou
seja, o mercado é dinâmico e está em constante transformação, fazendo com que
as organizações convivam permanentemente com a necessidade de adaptação.
Isso exige delas a capacidade de realizar mudanças em seus processos, relacio-
namentos, modelos de gestão, estruturas, cultura, etc. (SOBRAL; PECI, 2013).
O conhecimento e a informação são outros aspectos fundamentais na admi-
nistração atual. São considerados uma das principais vantagens competitivas da
organização. Saber administrá-los é fator crítico de sucesso para as empresas.

Os fatores críticos de sucesso (FCS) são aspectos fundamentais para a organização, que
precisam ser bem executados para garantir seu desenvolvimento, seu crescimento e o
alcance dos objetivos. São aspectos que, se mal executados, podem levar a organização
ao fracasso (MAXIMIANO, 2012).
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Na sociedade contemporânea, o acesso às informações é cada vez mais


amplo, e a comunicação independe do tempo e da distância. Por isso, as infor-
mações precisam ser administradas para que cumpram seu papel. É importante
compreender os fluxos de informação como processos que agregam valor à
informação e que podem ser explorados para promover melhorias. Uma das
funções do administrador é tomar decisões. Para tal, ele precisa estar bem
informado e conhecer o ambiente em que a organização está inserida, não
só o ambiente interno, mas os fatores externos que influenciam sua gestão.
Nesse contexto, a informação é essencial (SIQUEIRA, 2005).
O conhecimento, por sua vez, é o conjunto de informações valiosas da mente
humana (argumentos, reflexão e síntese), que precisa ser bem gerenciado. A
informação e o conhecimento são essenciais nas organizações, pois são a base
de todas as atividades desenvolvidas, desde o planejamento até a execução
das ações planejadas, assim como o processo de decisão. Por isso, devem ser
geridos para a busca de novas fontes de vantagem competitiva, melhorando o
funcionamento da organização e tornando-a mais eficiente (SIQUEIRA, 2005).

A gestão do conhecimento é um conjunto de atividades cuja finalidade é promover


o conhecimento dentro da organização, possibilitando que ela e seus colaboradores
utilizem as melhores informações e os melhores conhecimentos disponíveis. Nesse
sentido, são fundamentais uma visão estratégica e a promoção da aquisição, da criação,
da codificação e da transferência de conhecimentos para o alcance dos objetivos
organizacionais e a maximização da competitividade (ALVARENGA NETO, 2002).

Outros aspectos importantes para a administração nos dias atuais é a


mudança de estratégias de gestão e a adoção de práticas de descentralização,
que incentivem a criatividade e a inovação. Contar com trabalhadores esti-
mulados, comprometidos e envolvidos com a missão da organização de forma
a realizar as mudanças necessárias também é fundamental. É nesse contexto
que surge a necessidade de aprimoramento da gestão. Ou seja, além de possuir
conhecimentos técnicos e teóricos sobre a arte e a ciência da administração,
os administradores precisam estar atualizados, acompanhando as mudanças
que ocorrem não somente no ambiente que envolve as organizações, mas
nos conhecimentos produzidos no campo da administração. Além disso, é
necessário compreender o universo que envolve as relações interpessoais e
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as motivações das pessoas. Ou seja, o administrador precisa estar em cons-


tante processo de aprendizagem, uma vez que o mundo da administração é
altamente complexo.
Veja, a seguir, alguns dos desafios que se colocam à administração e aos
administradores (LACOMBE; HEILBORN, 2008).

 Desafios tecnológicos: necessidade e capacidade de introduzir no-


vas tecnologias para agilizar, flexibilizar e modernizar os processos
administrativos.
 Desafios sociais e humanos: dirigir pessoas e grupos com competên-
cias, experiências e culturas diferentes e particulares. Capacidade de
lidar com a diversidade.
 Desafios de mercado: conhecer os clientes, a concorrência, os clientes
potenciais, o ambiente interno e externo da organização. Satisfazer as
necessidades e desejos dos clientes, agregando valor ao produto ou serviço.
 Desafios de negócio: gerar lucros e dividendos para os stakeholders.
 Desafios comunitários: manter um bom relacionamento com a comu-
nidade em que está inserida e contribuir para o seu desenvolvimento.
 Desafios ambientais: adotar produção consciente, ou seja, respeitar
as leis e normas ambientais, não causando danos ao meio ambiente e
buscando a sustentabilidade do negócio.
 Desafios globais: administrar global e localmente ao mesmo tempo.
 Desafios de inovação: criar produtos, processos e sistemas inovadores,
agregando valor aos clientes e desenvolvendo produtos personalizados.
 Desafios da concorrência: buscar continuamente meios de alcançar
vantagem competitiva e superar a concorrência.
 Desafios éticos e sociais: dirigir o negócio com ética e transparência e ser
uma empresa socialmente responsável com seu público interno e externo.

A administração é uma combinação de arte e ciência. Ciência porque


tem por base princípios, técnicas e conhecimentos; e arte porque exige do
administrador a capacidade de lidar com o inesperado, usando sua intuição
e sua sensibilidade. Dessa forma, o administrador deve estudá-la cientifica-
mente, mas também estar atento a aspectos aos quais teorias não podem ser
aplicadas, como é o caso do relacionamento interpessoal. O maior desafio do
administrador é estimular a motivação nas pessoas para um desempenho de
excelência, criando um clima organizacional adequado para o trabalho em
equipe, incentivando comportamentos de cooperação, criando propósitos
comuns e transformando-os em ação (LACOMBE; HEILBORN, 2008).
12 Bases históricas da administração

ALVARENGA NETO, R. C. D. Gestão da informação e do conhecimento nas organizações:


análise de casos relatados em organizações públicas e privada. 2002. 235 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação, Escola de Ciência da informação, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2002.
BRESSER-PEREIRA, L. C.; NASSIF, A. FEIJÓ, C. A reconstrução da indústria brasileira: a
conexão entre o regime macroeconômico e a política industrial. Revista de Economia
Política 36 (3), p. 493-513, 2016.
LACOMBE, F.; HEILBORN, G. Administração: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2011.
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução
digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2008.
SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013.
SIQUEIRA, M. C. Gestão estratégica da informação. Rio de Janeiro: Brasport, 2005.
SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São
Paulo: Pearson, 2013.

Leitura recomendada
CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a infor-
mação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo:
Senac, 2003.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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