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FUNDAMENTOS DA

ADMINISTRAÇÃO
fundamentos da
ADMINISTRAÇÃO

1ª edição
APRESENTANDO
A DISCIPLINA
Prezado aluno,
os objetivos da disciplina Fundamentos da Administração são:
• Compreender os conceitos fundamentais da administração.
• Reconhecer os tipos de organização.
• Classificar as empresas segundo porte e natureza.
• Identificar as áreas funcionais da administração.
• Familiarizar sobre o conceito de responsabilidades socio-
ambientais nas empresas.
• Analisar o processo administrativo e as suas variáveis à
funcionalidade da administração.
• Refletir sobre desempenho organizacional: eficiência e
eficácia.
• Identificar a importância das empresas para a sociedade.
• Conhecer as características da profissão do Administra-
dor: perfil profissional e mercado de trabalho.
Unidade 1
Introdução à Administração

OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM

• Apresentar a administração no Brasil e no mundo.


• Desenvolver uma visão ampla dos conceitos fundamen-
tais da administração.
• Definir as funções da administração (planejamento, orga-
nização, direção e controle).
• Proporcionar a compreensão da administração como ciência.
Fundamentos da Administração | Unidade 1 - Introdução à Administração
1.1 As antigas sociedades e a administração

A organização da sociedade humana contribuiu para que hu-


manidade se perpetuasse. A expansão do domínio territorial, bem
como a organização da estrutura social dos povos antigos e seus
primeiros registros de planejamento e organização são indícios de
que os princípios da administração estiveram presentes e foram uti-
lizados em diversas épocas da civilização humana.
A administração atualmente é a ciência localizada no campo
das ciências sociais aplicadas e que está em constante mudança,
evoluindo conforme a mudança dos aspectos sociais nos quais está
inserida.
Mas afinal o que é Administração?

A administração é o processo de tomar decisões sobre os


objetivos e utilização de recursos. (MAXIMIANO, 2012, p. 6)

A administração não é apenas formada pelo gerenciamento


dos recursos, mas também por um campo de estudo que se propõe
a conhecer a interação das organizações com o meio e a influência
que o meio exerce sobre elas.
Conforme Chiavenato (2014, p. 11):

A administração é o processo de planejar,organizar,


dirigir e controlar o uso de recursos e competên-
cias a fim de alcançar objetivos organizacionais.

A administração está presente desde os primórdios das so-


ciedades humanas, tendo como exemplo o Egito Antigo, Babilônia,
China, Grécia, Roma.

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1.1.1 Egito Antigo

O Egito Antigo foi construído com planejamento de longo pra-


zo. A extensão do Império Egípcio e a dominação do território e
dos povos, bem como o seu controle, foram possíveis por meio de
um governo centralizadorque desenvolveu, ao longo de sua história,
grande capacidade agrícola, principalmente às margens do rio Nilo.
O desenvolvimento da sociedade egípcia foi realizadopor
meio da agricultura e da capacidade de armazenagem de alimentos
(grãos) garantindo, assim, alimento para o seu povo e exército.
O conceito de planejamento esteve presente ao longo da his-
tória do Egito Antigo, de modo que os egípcios aprenderam a ad-
ministrar a escassez da entressafra, controlar os níveis de estoque,
os princípios de registros contábeis, o transporte e a armazenagem
dos alimentos, demonstrando grande capacidade de organização e
conceitos primários do que, hoje, denominamos de logística.
O desenvolvimento do transporte de carga e de pessoas é uma
das características do Egito Antigo, principalmente da navegação
realizada pelorio Nilo que abastecia as províncias e o exército em
pontos mais afastados.
A construção de monumentos é demonstração de superiori-
dade e grandeza para dentro da sociedade humana, tendo o Egito
construído grandes pirâmides que até hoje perduram como símbo-
lo da magnitude do Império Egípcio que trazia em sua construção
conceitos de geometria e matemática. Tais conceitos estão presen-
tes na engenharia civil, administração e logística contemporânea.

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Figura 1.1 – Esfinge e pirâmide

Fonte: 123rf. ID: 25233008

Em suas construções, os egípcios deslocavam recursos huma-


nos e materiais para regiões distantes e desérticas para dar sequ-
ência à construção de grandes monumentos que simbolizavam o
poder e o desenvolvimento.

1.1.2 Babilônia

A Babilônia também é considerada uma referência para a so-


ciedade contemporânea, pois instituiu um código durante o reinado
de Hamurabi que trazia alguns conceitos de organização e regras
sociais.
Umadas grandes construções da humanidade é o Jardim Sus-
penso da Babilônia, que foi uma demonstração de poder e grande-
za e que dominou toda a região da antiga Mesopotâmia.
Os babilônios já possuíam princípios do registro contábil, ten-
do como base o código de Hamurabi que tratavam de controles
patrimoniais e pagamentos.

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1.1.3 China

A China milenar possui exemplos das práticas da administra-


ção ao organizar o seu governo em departamentos da administra-
ção pública. Um outro registro da organização chinesa se constitui
na documentação dos objetivos do governo com os demais setores
da sociedade, das contas públicas, das punições e dos procedimen-
tos para eficiência durante a dinastia Chou (MAXIMIANO, 2012).
Outro relato chinês a respeito das estratégias é o manual de-
nominado A Arte da Guerra, que trata de planejamento, comando e
doutrina para a utilização no gerenciamento estratégico do exér-
cito. Esse manual perdurou por séculos, até os dias de hoje, sendo
utilizado e adaptado às questões empresariais.
Uma das demonstrações concretas da capacidade de gestão
chinesa ocorre no ano 221 a.C. com a unificação da China e a cons-
trução do empreendimento denominado Muralha da China, que ti-
nha como propósito a proteção das fronteiras do Norte, sendo esse
considerado um dos maiores projetos humanos da história.
Dentro do estado chinês, durante séculos, já eram utilizadas
avaliações por meiode burocracia e meritocracia para nomeação de
cargos públicos.

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1.1.4 Grécia

Os gregos influenciaram o campo da administração e a socie-


dade como um todo,por meioda democracia, estratégia e ética na
administração pública.
De acordo com Maximiano (2012), no século V a.C., a adminis-
tração e a organização da Grécia antiga foram constituídas com as
seguintes características:
• Democracia: administração participativa direta.
• Executivos:eleitos pela assembleia dos cidadãos.
• Ética: felicidade dos cidadãos como responsabilidade funda-
mental dos administradores da Polis.
• Método: busca do conhecimento por meio da investigação sis-
temática e da reflexão abstrata.
• Estratégia: encadeamento lógico de meios para a realização
de fins.
• Qualidade: ideal do melhor em qualquer campo de atuação.
Essas características se fazem presentes na atualidade, tanto
na administração pública como na administração de empresas, en-
tidades filantrópicas e de participação mista.

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1.1.5 Roma

Roma é considerada um dos maiores e mais antigos impérios


do mundo, que começou com a dominação de povos do seu entor-
no e se expandiu da Inglaterra até o Norte da África.
O Império Romano, durante 12 séculos e com sua capacidade
administrativa que foi se adaptando ao longo do tempo, conheceu
três principais formas de governo: realeza, república e império.

Figura 1.2 – Construções romanas

Fonte: 123rf. ID: 15401635

De acordo com Maximiano (2012), as principais características


da organização e administração em Roma eram:
• Administradores provinciais de um império multinacional, que
atendiam às demandas locais e nunca esqueciamdos interesses
do império.
• Estrutura executiva formada por: senadores, magistrados, côn-
sules e imperadores.
• Estradas e construções para facilitar a comunicação entre as
províncias e o império.

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• Formação de empresas privadas que atendiam, em grande


parte,ao interesse do império.
• Administração de projetos e engenharia de construção, princi-
palmente nas províncias, tais como coliseus e assistencialismo
àpopulação.
• Exército profissional remunerado e com uma classe de oficiais.
• Planejamento e controle das finanças públicas.
• Regras de convivência, decretos e leis regulamentadoras.
• Constituição e valorização da propriedade privada.
Para conseguir administrar e gerenciar os recursos em lugares
tão distantes, tiveram que utilizar técnicas de administração finan-
ceira e de gestão de recursos para as forças armadas como forma
de se perpetuarem no poder.
A administração financeira esteve presente em todos os séculos
do Império Romano, demonstrando a grande importância dos regis-
tros de controles de patrimônio e financeiro para o sucesso do impé-
rio.
A principal fonte de receita do império era originada das cida-
des e dos lugarejos conquistados que pagavam impostos a Roma,
que, por sua vez, delegava essa função a coletores de impostos de
empresas privadas que detinham o direito de explorar esse merca-
do e repatriar a Roma o que lhe era de direito.
A má gestão dos recursos públicos deu origem ao fim do Im-
pério Romano que, gradativamente, foi perdendo o território que
havia dominado, sendo esse o início da era medieval.

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1.1.6 Renascimento

No Renascimento, as ideias principais estão ligadas aos valores


humanistas. Segundo Maximiano (2012), as principais característi-
cas da administração e organização no Renascimento eram:
• a valorização do ser humano, colocado no centro de todos os
tipos de ação;
• grandes consórcios de empresas privadas;
• separação entre os papéis do empreendedor e do empregado;
• a invenção da contabilidade moderna;
• acumulação de capital como fator de motivação;
• arsenal de Veneza, primeira fábrica a utilizar o sistema de linha
de montagem;
• período em que a administração começa a tornar-se a área do
conhecimento;
• publicação de O Príncipe, de Maquiavel, primeiro manual para
executivos;
• surgimento da hierarquia enxuta do protestantismo.
A reforma protestante teve início no século XVI e trouxe as
ideias de João Calvino e Martinho Lutero, que enfatizavam o traba-
lho duro como forma de melhorar a situação pessoal tendo como
proposta a salvação no futuro para prosperidade no presente.
No campo da administração, Lutero aboliu a hierarquia da Igre-
ja Católica e propagou as ideias de que o sacerdócio poderia ser
praticado por todos os fiéis.

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Com a visão do trabalho duro como meio para aumento da


prosperidade, os protestantes se tornaram valiosa mão de obra que
impulsionaria o sistema capitalista, bem como a Revolução Indus-
trial e o desenvolvimento dos Estados Unidos, que receberam mui-
tos imigrantes que traziam essa nova religião.

1.2 A Administração e a Revolução Industrial

As organizações modernas passaram por transformações e re-


agiram ou se anteciparam àsnecessidades mercadológicas. Os gru-
pos sociais mais primitivos já adotavam regras e formas básicas de
organização para a própria sobrevivência.
A Revolução Industrial foi um ícone na história da humanidade,
pois os produtos, anteriormente confeccionados de forma artesa-
nal, ganharam velocidade e padronização por meio da produção
industrial.
Essa revolução teve seu início na Europa e, posteriormente, es-
palhou-se para o mundo. Foi denominada de industrial por causa do
surgimento das fábricas e das máquinas a vapor.
A Inglaterra foi precursora em adotar um sistema denominado
“fabricação para fora” (putting-out system), no qual os donos dos re-
cursos (capitalistas) entregavam as matérias-primas para as famílias
(pequenas oficinas), que recebiam o pagamento por peça. Esse sis-
tema apresentou grandes desvantagens para o dono dos recursos,
pois se perdia o controle do processo produtivo, da matéria-prima e
do tempo de reposição dos produtos acabados no estabelecimento
comercial (MAXIMIANO, 2012).

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Esta dependência gerada por deixar grande parte do proces-


so produtivo na mão de terceiros logo foi substituída por modelos
centralizadores de produção nos quais a maior parte dos processos
de fabricação era executada dentro das fábricas.
Com o crescimento da industrialização na Inglaterra, os traba-
lhadores do campo migraram para as grandes cidades industriais, o
que deu origem a uma nova classe social, denominada “operários”
que, posteriormente, de forma organizada, deu origem aos sindica-
tos para reivindicar melhores condições de trabalho, salário e jorna-
da máxima diária.
Os conceitos da administração e da contabilidade estão presen-
tes nas organizações mais antigas do mundo, porém, após Revolu-
ção Industrial e com o aumento do consumo mundial, suas técnicas
apoiadas por ferramentas foram fundamentais para dar o suporte
e a alavancagem, garantindo assim os níveis de serviço desejados.
A Revolução Industrial foi um marco na história da humanida-
de, pois pelo desenvolvimento da fabricação por meio de máquinas
e da divisão e padronização do trabalho, fomos capazes de produ-
zir produtos em larga escala, podendo atingir grande parte da po-
pulação mundial.
Antes da Revolução Industrial, os processos de transformação
eram realizados de forma artesanal e o ofício era ensinado ao apren-
diz por meioda figura do mestre artesão. Esse método de transfor-
mação era demorado e o aprendizado levava alguns anos até que o
aprendiz tivesse capacidade para se tornar um artesão e, posterior-
mente, um mestre artesão.

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Com a primeira Revolução Industrial (1780-1840), o homem do


campo e os artesãos foram obrigados a mudar sua forma de vida,
uma vez que o preço praticado pelas indústrias rudimentares era
menor do que o preço praticado pelos artesãos. A Revolução In-
dustrial foi responsável pela criação de grandes cidades industriais
e promoveuuma migração do campo para os centros urbanos.
O capitalismo ganhou força nesse período, pois os detentores
dos meios de produção, denominados capitalistas, cresceram fabri-
cando produtos e comercializando-os a um mercado formado por
consumidores que, em sua maioria, eram operários das indústrias
que recebiam salário como contraprestação de serviços prestados,
sendo estes denominados de proletários. Portanto, os meios de pro-
dução e o seu resultado deixaram de pertencer ao autônomo e ao
pequeno proprietário, dando origem agrandes fábricas e empresas.
A segunda Revolução Industrial (1840-1895) tem como carac-
terística a grande expansão do capitalismo britânico por meiode
suas ferrovias, livre comércio e mecanização do trabalho fazendo
com que a redução de custo por peça se tornasse a meta das em-
presas neste período.
A presença da administração se intensifica durante o perío-
do da segunda Revolução Industrial e,de acordo com Chiavenato
(2014, p.17), “A administração tornou-se fundamental na condução
da sociedade moderna. Ela não é um fim em si mesma, mas um
meio de fazer com que as coisas sejam realizadas da melhor forma,
com menor custos e com maior eficiência”.

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1.3 Frederick Winslow Taylor– Administração como Ciência

O norte-americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915) de-


senvolveu um estudo de divisão de tarefas e medição de tempo ao
utilizarconceitos de engenharia, e propôsrealizar uma máxima pro-
dução pelo menor custo. Para isso, defendia algumas ideias:

Figura 1.3 – Frederick Winslow Taylor.

Fonte: Wikimedia. <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frederick_Winslow_Taylor_


crop.jpg>.

• Seleção do trabalhador – o trabalhador deve realizar ativida-


des compatíveis com suas aptidões, para potencializar, assim,
sua produtividade e fazermais com menos esforço.
• Tempo – o trabalhador deve realizar suas atividades dentro de
um tempo padrão mínimo estabelecido pela empresa.
• Incentivo financeiro – o trabalhador deve receber proporcio-
nalmente ao número de peças produzidas e tero princípio da
motivação humana baseada na recompensa financeira. Quanto
maior a produção, maior a remuneração e, consequentemente,
a empresa aumenta sua produtividade.
• Hierarquia – os gerentes planejam e os operários executam,
cabendo aos operários obedecerem este princípio.
• Divisão do trabalho – o trabalho deve ser dividido em tarefas
e, até mesmo, em subtarefas, o que possibilita que qualquer
trabalhador realize tais atividades. Por meioda divisão do tra-
balho, Taylor conseguiu ganhos altíssimos de produtividade.

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• Supervisão por área – o supervisor tem a função de controlar o


trabalho, bem como o número de peças produzidas em relação
a um mínimo exigido de produção de área.
• Eficiência – Taylor acredita que existe uma única maneira certa
de se executar uma tarefa e, para descobri-la, é necessária a
realização de um estudo de tempos e métodos.

Figura 1.4 – Princípios da Administração Científica

Fonte: Adaptada de Maximiano (2012, p. 58).

Os aspectos importantes acerca da administração científica


são:
• O ser humano com enfoque mecanicista – o funcionário é ape-
nas uma engrenagem no corpo da empresa.
• O homem econômico – o homem é motivado pelo dinheiro ou
remuneração.
• Sistema fechado – a abordagem científica não menciona o
ambiente do qual a empresa faz parte, bem como suas rela-
ções.
• Operários especializados – a visão da especialização do operá-
rio é uma das principais características da administração cientí-
fica que entende que quanto mais especializado for um funcio-
nário ao longo do tempo, melhor executará suas tarefas.

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Frederick Winslow Taylor escreveu o livro Administração


científica que traz uma metodologia para otimização das
atividades laborais em função do estudo dos movimentos e
métodos executados por trabalhadores em suas atividades
e por meiode seu estudo propõe ganhos de produtividade
e redução de tempo. Taylor é considerado um dos grandes
mestres da administração, pois trouxe o cunho científico
por meiode sua metodologia.

1.4 Henri Fayol e os Princípios Gerais da Administração

Henri Fayol (1841-1925) era engenheiro de minas e contribuiu


muito para o campo da Administração. Seus princípios estão liga-
dos às questões gerenciais da empresa, tendo escrito a obra deno-
minada Princípios Gerais da Administração.
Fayol relacionou 14 princípios básicos da administração clássi-
ca, que são:
1. Divisão do trabalho – os funcionários devem ser especialistas
desde o nível executivo até o nível operário, pois por meioda
eficiência ganha-se velocidade e aumento de produtividade.
2. Respeito à hierarquia – a autoridade deve ser um direito dos
superiores e seus subordinados têm a responsabilidade de obe-
decer e executar o comando.
3. Estrutura de comando – o subordinado deve receber a ordem
apenas de um único superior imediato evitando, assim, proble-
mas de comunicação e execução.

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4. Direção – é importante que os colaboradores tenham um dire-


cionamento que pode ser realizado por meio de um plano de
integração de diversos grupos da empresa com atividades em
torno do mesmo objetivo.
5. Disciplina – as normas de conduta e trabalho são princípios
fundamentais para que a organização funcione sem problemas
de organização e controle.
6. Interesses da organização – os interesses da organização
devem sempre se sobressair aos interesses do indivíduo.
7. Remuneração – a remuneração deve ser suficiente para satisfa-
zer as necessidades básicas dos colaboradores.
8. Centralização – o planejamento e as atividades importantes
devem ser centralizados em uma única unidade de comando
que decidirá o futuro da organização.
9. Unidade de comando – a hierarquia deve ser respeitada segundo
a ordem das linhas de comando por área.
10. Ordem – a organização deve possuir ordem, a fim de preservar
a sua estrutura, processos e pessoas.
11. Igualdade – a justiça deve prevalecer no ambiente de trabalho,
fazendo com que os funcionários se tornem leais e devotos.
12. Estabilidade – promover a estabilidade dos funcionários se
torna positivo uma vez que a rotatividade se torna prejudicial
para recrutamento, seleção e treinamento dos funcionários.
13. Iniciativa – a iniciativa, dentro do modelo proposto, tem o sen-
tido de cumprir as metas preestabelecidas.
14. Espírito de corpo – o trabalho deve ser feito em conjunto.

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Fayol tinha como proposta que para ter uma boa gestão alguns
princípios denominados por ele de funções gerenciais ou adminis-
trativas deveriam ser seguidos, que são:
• Planejar – estabelecer os objetivos da organização e desenvol-
ver um plano para a execução de atividades na busca desses
objetivos.
• Comandar – o comando tem como premissa fazer com que os
subordinados executem a sua tarefa ou atividade.
• Organizar – a organização é entendida como a forma que o
gestor coordena os seus recursos, sejam humanos, sejam
financeiros,sejam materiais, conforme o plano e o objetivo da
empresa.
• Controlar – o processo de controle é entendido como a defi-
nição de metas e seu acompanhamento, bem como o controle
de todas as atividades e tarefas exercidas.
• Coordenar – a coordenação tem como propósito a junção e a
distribuição dos esforços na busca dos objetivos preestabele-
cidos.
Fayol entende que a administração é algo comum a todos os em-
preendimentos humanos e que os princípios de planejar, organizar, co-
mandar, controlar e coordenar são inerentes a ele. Para melhor estudar
e aplicar suas teorias, subdividiu as organizações em seis funções:
1. Técnica (produção e manufatura).
2. Comercial (compra, venda e troca).
3. Financeira (procura e utilização de capital).
4. Segurança (proteção de propriedade e das pessoas).
5. Contabilidade (registro de estoques, balanços, custos e estatís-
tica).
6. Administração (planejar, organizar, comandar, controlar e coor-
denar).

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Pela Figura 1.5 podemos visualizar como Fayol subdividiu as


empresas em funções e a função administrativa que tem a incum-
bência de planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar.

Figura 1.5 – Funções da empresa, segundo Fayol

Fonte: Maximiano (2012, p.74).

1.5 A administração no Brasil Colônia

Os conceitos da administração no Brasil estiveram presentes e


todo o período do Brasil colonial e o da República velha tiveram diver-
sos ciclos produtivos ou de exploração, sendo eles: pau-brasil, cana-de-
-açúcar, ouro, café e industrialização na economia brasileira.

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1.5.1 Pau-brasil

O início da exploração no território brasileiro começou a ser re-


alizado por portugueses que por meio de escambo faziam com que
os índios auxiliassem na exploração da árvore nativa denominada de
pau-brasil. A organização das atividades de exploração consistia em
trocar mercadorias de pouco valor, tais como roupas, pentes e espe-
lhos por trabalho indígena. Este tipo de atividade exigia organização
para garantir um ritmo de exploração da árvore nativa, bem como a
armazenagem e o transporte do pau-brasil para Portugal.

1.5.2 Cana-de-açúcar

Diferentemente do processo de exploração do pau-brasil, o ci-


clo da cana-de-açúcar se deu pelo plantio e beneficiamento nos
primeiros engenhos instalados na colônia.
A organização social e consequentemente produtiva se dava
por meio de donos de terras, escravos e pessoas que plantavam
de forma independente. A economia desse período foi baseada no
plantio da cana e na produção do açúcar que tinha grande aceita-
ção na Europa, porém a força que movia esta economia vinha dos
escravos africanos. O engenho era composto de canaviais, fábrica
de açúcar que continha uma moenda, casa da caldeira, casa de pur-
gar, casa-grande, senzala, capela, escola e residência dos trabalha-
dores que não eram escravos e plantações de subsistência.

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O traços da administração já estavam presentes no planejamen-


to de capacidade produtiva dos engenhos em função da quantida-
de de escravos, moenda, capacidade da caldeira e casa de purgar,
bem como no processo de armazenagem, transporte e distribuição
do açúcar para a Europa.
O processo de refino do açúcar em grande parte ocorria na
Holanda que, além do refino, auxiliava na montagem do engenho e
na distribuição e comercialização do açúcar na Europa.

1.5.3 Ouro

Com a queda significativa da produção da cana-de-açúcar no


Brasil em função da sua migração para os países da América Central
que estavam estrategicamente mais próximos dos mercados con-
sumidores, o Brasil passou por mudanças na economia, sendo des-
cobertas as primeiras minas de ouro localizadas na região de Minas
Gerais e Goiás.
Para controlar de forma mais intensa a exploração do ouro, o
governo português mudou a capital de Salvador para o Rio de Ja-
neiro. Os impostos sobre a exploração do ouro eram altíssimos, pois
20% do ouro explorado deveria ir para o rei de Portugal, e havia im-
postos sobre cada escravo que trabalhava nas minas, entre outras
taxas que foram criadas e modificadas ao longo do período.
O controle da exploração era realizado de forma muito estreita,
sendo este período marcado por uma administração pública rígida
e com fortes tendências ao controle excessivo de processos.

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1.6 A administração no Brasil (República Velha)

A república velha é o nome atribuído ao período histórico de


1889 até 1930, e possui grande relevância para a cafeicultura no Bra-
sil em sua segunda fase conhecida como república oligárquica que
corresponde ao período de 1894 a 1930, assim como serviu de es-
trutura para o financiamento do movimento industrial no Brasil.

1.6.1 A cafeicultura no Brasil

Os conceitos da administração e sua aplicabilidade começam a


ser observados não apenas no setor público, mas também no setor
privado. Por meioda república,conforme algumas liberações e regu-
lamentações comerciais, desenvolveu-se o mercado do café.
A produção de café no Brasil passou por algumas fases e foi
trazido em 1727 sendo utilizado, inicialmente, para consumo domés-
tico. A região do Vale do Paraíba, por causa do clima favorável, foi
escolhida para a implantação de fazendas. Porém a plantação do
café requer recursos e alto investimento inicial, uma vez que nesse
período a mão de obra era escrava, a terra era virgem e o café não
trazia lucro imediato, que leva cerca dequatro anos, inicialmente,
para que pudessemser produzidos.

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Para organizar a produção, o administrador da fazenda deveria


seguir alguns itens importantes, tais como:
• após a colheita, o café deveria secar de 30a 90dias ao sol;
• retirar os grãos de seus revestimentos (o processo era chamado
de beneficiamento);
• organização do transporte realizado por burros;
• as exportações, em sua maioria, eram organizadas por ingleses
e norte-americanos.
Todas essas características faziam com que os donos da ter-
ra, posteriormente chamados de barões do café, servissemde base
para a economia e apoio ao imperador que reinava neste período.
Os barões do café financiavam suas próprias lavouras, bem
como o transporte de mercadorias, porém, com o fim do império
e, consequentemente, da escravidão, a força de trabalho se tornou
dispendiosa e a saída encontrada foi estimular a imigração das fa-
mílias europeias.
O trabalho se tornou mais dinâmico em função da presença
dos imigrantes que acabaram aquecendo a economia interna, pois
os escravos não compravam.
No fim do império, o café respondia por, aproximadamente,
60% das exportações e a produção cafeeira trouxe outras ativida-
des econômicas relacionadas à venda do café e à logística, propor-
cionando o acúmulo de capital que, posteriormente, seria utilizado
no financiamento das indústrias.

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A ferrovia, símbolo do desenvolvimento e da modernidade na


época, promovia o desenvolvimento econômico, pois conseguia
transportar a produção até os portos e, consequentemente, faci-
litava o processo de exportação, bem como a movimentação de
insumos e de produtos no mercado interno, além do transporte de
passageiros.
A primeira ferrovia foi construída em 1854 com o objetivo de
agilizar o escoamento da produção do café e foi por meio do Iri-
neu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que a primeira ferrovia
paulista, conhecida como São Paulo Railway, que ligava Santos a
Jundiaí, contribuiu para a redução dos custos do transporte do café,
sendo aplicados conceitos de administração e engenharia para a
construção de outras ferrovias que surgiram em São Paulo, como a
Paulista, a Mogiana e a Sorocabana.
As ferrovias promoveram desenvolvimento para a indústria ca-
feicultora, que serviu de base para a industrialização do estado de
São Paulo principalmente em função do acúmulo de capital oriundo
do café e da mão de obra operária proveniente da Europa.

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1.7 Barão de Mauá e a industrialização no Brasil

Irineu Evangelista de Sousa (Barão de Mauá), foi industrial,


banqueiro, político e diplomata. Começou a trabalhar muito cedo,
desde os 11 anos de idade, pois com a morte de seu pai foi trazido
ao Rio e Janeiro e passou a exercer a função de balconista em uma
loja de tecidos.
Em razão de sua vontade de crescer e astúcia, começou a tra-
balhar em uma empresa de importação onde aprendeu inglês, con-
tabilidade e a arte de comercializar, tendo contato com os concei-
tos da economia contemporânea.
Aos 23 anos de idade tornou-se gerente e, posteriormente,
sócio da companhia. Seu sócio, Ricardo Carruther, era inglês e lhe
trouxe a visão do liberalismo econômico inglês, bem como lhe apre-
sentou à sociedade maçônica, o que trouxe a Irineu uma visão fi-
losófica acerca da liberdade, igualdade e fraternidade, somada à
visão do liberalismo econômico inglês.
Irineu mostrou seus principais talentos para administrar quan-
do, ao voltar da Inglaterra, resolveu investir na industrialização e
edificou, sozinho, os estaleiros da companhia Ponta da Areia e, pos-
teriormente, construiu a Indústria Náutica Brasileira.
Mauá era contra a escravidão e, em um ano, já possuía a maior
indústria do país, na qual empregou cerca de mil operários e inves-
tiu na fabricação de caldeiras para máquinas a vapor, engenhos de
açúcar, guindastes e diversos outros tipos de produtos.

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Fundamentos da Administração | Unidade 1 - Introdução à Administração

As atividades mais relevantes desse empresário foram:


• 1850 – Banco Mauá, McGregor e Cia, espalhadas pelas capitais
brasileiras e no exterior, tais como Londres, Nova Iorque, Bue-
nos Aires e Montevidéu.
• 1851 – Construção de companhia de gás para iluminação pública
no Rio de Janeiro.
• 1852 – Organizou as corporações de navegação no Rio Grande
de Sul e Amazonas.
• 1854 – Construção da primeira estrada ferroviária.
• 1874 – Assentamento do cabo submarino, sendo ele responsá-
vel por firmar uma sociedade com capitalistas da Inglaterra e
cafeicultores de São Paulo para a construção da Recife and São
Francisco Railway Company e da São Paulo Railway.

O melhor entendimento das contribuições de Irineu Evan-


gelista de Sousa poderá ser observadono filme brasileiro de
1999 com direção de Sérgio Rezende: Mauá - O imperador
e o rei.

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Fundamentos da Administração | Unidade 1 - Introdução à Administração

1.8 A ciência administrativa no Brasil

O Brasil possui alguns ilustres empreendedores que podem ser


conhecidos por meio da história desde o Brasil Colônia até os tem-
pos atuais, porém o nascimento da administração no Brasil, oficial-
mente, foi em 1931 com a fundação do Instituto da Organização
Racional do Trabalho (Idort), tendo como fundador o professor Ro-
berto Mange.
No mesmo ano, o Dr. Luís Simões Lopes fundou o Departamen-
to Administrativo do Setor Público (Dasp), que criou a escola e o
serviço público que enviava técnico de administração aos Estados
Unidos para se aperfeiçoar e tinha como conclusão de curso a de-
fesa de tese.
Em 1944, foi criada a Fundação Getúlio Vargas, tendo como man-
tenedora a Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Ea-
esp).
Em 1956 foi criada a Faculdade de Economia e Administração
(FEA) da Universidade de São Paulo (USP) que em seus primeiros
20 anos possuía apenas os cursos de Ciências Econômicas e Con-
tábeis. Contudo, os cursos já evidenciavam disciplinas que tratavam
de questões administrativas. Somente em 1964 passou a oferecer os
cursos de Administração de Empresas e Administração Pública.
A partir de 1960, com a mudança ocorrida na área econômica
que propiciou o desenvolvimento das grandes unidades produtivas
econômicas do país, a profissionalização do administrador foi regu-

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Fundamentos da Administração | Unidade 1 - Introdução à Administração

lamentada pela Lei n. 4.769, de 9 de setembro de 1965.


A administração brasileira sofre impacto direto em função das
questões culturais. Segundo Segundo Barros e Prates (1996, apud
SOBRAL e PECI, 2013, p. 19)

um estudo realizado por Barros e Prates demonstra os prin-


cipais aspectos culturais, tais como: concentração de poder,
personalismo, postura de espectador, aversão ao conflito,
formalismo, lealdade pessoal, paternalismo, flexibilidade
e impunidade que exercem influências significativas na
forma como as organizações são administradas no Brasil.

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da adminis-
tração. 9. ed. Barueri: Manole, 2014.

MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Teoria geral da adminis-


tração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática


no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2013.

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