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Contextualização
O presente texto de Apoio foi produzido no âmbito do módulo que se denomina Gestão
Escolar, a ser leccionado na Modalidade de Ensino à Distância para os estudantes dos cursos
de Português e de História no ISCED. Os conteúdos foram selecionados didaticamente, no
sentido de garantir que os estudantes tenham informação de base sobre a Gestão Escolar,
ficando recomendado a consulta de outras materiais adicionais que serão disponibilizado em
paralelo ao presente texto.
Importa referir que a disponibilização deste material não ofusca a necessidade do estudante
buscar outras fontes bibliográficas, lembrando que na modalidade de Ensino á Distância a
responsabilidade do estudante para a aprendizagem é acrescida.
Deste modo a apresentação do texto inicia com a apresentação da Unidade Temática I, sobre
a Administração e Organização aonde se desdobram os conceitos e as suas perpectivas. Na
Unidade Temática II abordaremos sobre a Organização Educacional e Gestão da
Comunicação nas Escolas. Na sequência, temos a Unidade Temática III, que se refere à
Descentralização da Educação, e por conseguinte a Unidade Temática IV, sobre a
Planificação Educacional e de seguida no capítulo V, sobre Carreira, Gestão de Carreira e
Sistemas de Recursos Humanos. Na Unidade Temática VI, falaremos sobre Avaliação de
Desempenho Docente e sua potencialidade na Gestão de Carreiras. Não menos importante,
traremos também para o debate, no final do módulo, a Unidade Temática VII que versa sobre
a Supervisão Pedagógica dos Serviços Educacionais.
Deste modo apresentaremos a seguir, um pouco sobre Administração e Organização.
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1.Introdução
A partir do momento que o ser humano nasce ele se junta a um grupo de pessoas e a um meio
social de onde irá interiorizar um conjunto de regras, valores e costumes daquela sociedade e
é por isso que se afirma que o homem é iminentemente social. Deste modo, fica exposto a
ideia de que para que o homem atinja maior parte dos seus Objectivos ele junte a outras
pessoas para formarem uma Organização, aonde ao mesmo tempo que exista um objectivo
comum, a mesma organização deverá ser capaz de promover a satisfação dos objectivos
individuais dos seus colaboradores para que haja o equilíbrio organizacional. Porém, é quase
que impossivel far de organização sem abordadar os contrornos da Administração. É neste
sentido que abordaremos neste capítulo, alguns conceitos sobre a administração e de
organização. Trataremos também dos principios da administração e a sua evolução histórica,
no sentido de compreendermos de onde ela surgiu, os caminhos que percorreu e qual é
abordagem mais contemporrânea sobre a mesma. Vejamos a seguir, os objectivos deste
capítulo.
2. Objectivos
3. Conceitos
A administração é um processo de trabalho com pessoas para determinar, interpretar e
alcançar os objectivos organizacionais através do desempenho das funções de planeamento,
organização, preenchimento de vagas, direcção e controlo.
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A administração pode ser vista como ciência, técnica e arte, organização, pessoa e disciplina.
▪ Como ciência, a administração trata de estabelecer a filosofia, leis, teorias, princípios,
processos e práticas que podem ser aplicadas em várias situações das organizações;
▪ Como organização, a administração trata da criação de estruturas formais e de
estabelecimentos baseados numa missão, objectivos, metas e tarefas;
▪ Como técnica e arte, a administração trata da realização de funções e tarefas
organizativas através de pessoas, o que implica a utilização de técnicas em relações
humanas e públicas, delegação de poderes, comunicação, gestão de mudanças, etc.
▪ Como pessoa, trata de olhar a administração como um grupo de pessoas; e
▪ Como disciplina, a administração é um campo de estudo com áreas e tópicos
específicos.
4. Objecto de estudo
O objecto de estudo da Administração, entanto que ciência, são as organizações.
6. As Funções do Administrador
De entre várias abordagens dos autores na matéria de funções da Administração / dos
administradores, Chiavenato (2000, 11) nos sugere as seguintes:
▪ Planeamento: significa visualizar o futuro, definir os objectivos e as metas, e traçar o
plano de acção para alcançá-los;
▪ Organização: significa estruturar os órgãos e os cargos da empresa, definir as
relações de autoridade e responsabilidade, e estabelecer métodos e processos de
trabalho, bem como regras e regulamentos necessários para a actividade
administrativa;
▪ Direcção: conduzir e orientar o pessoal, proporcionar os meios de comunicação e
liderança para o alcance dos objectivos e resultados e;
▪ Controlo: avaliar as operações e seus resultados e verificar se o que foi planeado,
organizado e dirigido foi executado adequadamente e quais as acções correctivas
necessárias.
7. Objectivos da Administração
A administração busca dois objectivos principais: a eficiência e a eficácia.
▪ A eficiência refere-se aos meios: métodos, processos, regras e regulamentos sobre
como as coisas devem ser feitas, a fim de que os recursos sejam utilizados
adequadamente;
▪ A eficácia refere-se aos fins: objectivos e resultados a serem alcançados.
a) A contribuição da Filosofia
▪ Na China, cerca de 500 anos ac. O filósofo Mencius propôs a constituição de
Chow, com os seus oito regulamentos para governar o Império;
▪ Na Grécia, há a destacar os trabalhos de 3 filósofos, nomeadamente:
➢ Sócrates (470-399 ac), que sustentou a ideia da administração como uma
habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e na experiência;
➢ Platão (429 – 343 ac), na sua obra “A República”, expôs o seu ponto de
vista sobre a forma democrática de governo e da administração nos
negócios públicos, e enunciou o princípio da divisão do trabalho;
➢ Aristóteles (384 - 322 ac), na sua obra “ A Política”, distinguiu 3 formas
de administração: Monarquia, Aristocracia e Democracia.
▪ Na Europa renascentista, estudos de Leonardo da Vinci e dos irmãos Roger e
Francis Bacon, baseados na observação dos factos, experiência e aplicação da
razão, construíram uma base sobre a qual se edificou posteriormente o aspecto
científico da administração.
Com a contribuição das ciências sociais e humanas e outras áreas científicas, novas
contribuições forma e continuam a ser feitas em volta do conceito de Administração.
9. A Administração Moderna
A administração surge como ciência no início do séc. XX, quando dois engenheiros
publicaram as suas experiências, a saber:
▪ Frederick Winslow Tayor (1856 – 1915), americano que desenvolveu a escola da
Administração científica, com a preocupação de aumentar a eficiência da indústria por
meio da racionalização do trabalho dos operários (organização do trabalho de cada
operário);
▪ desenvolveu a escola da Administração científica, com a preocupação de aumentar a
eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho dos operários
(organização do trabalho de cada operário);
▪ (1841 – 1925), francês que desenvolveu a escola clássica da administração, com a
preocupação de aumentar a eficiência da empresa por meio da sua organização e da
aplicação de princípios gerais da administração (organização da empresa como um
todo).
d) Teoria da Burocracia
Foi desenvolvida na década de 50 a partir das ideias de Max Weber (1864 - 1920), sobre as
características do modelo burocrático e teve como principais teóricos: Robert Merton, Phillip
Selznick, Alvin Gouldner, etc.
Segundo Weber, a burocracia é uma organização humana que se baseia na racionalidade e na
eficiência por excelência.
O tipo ideal da burocracia ou modelo burocrático proposto por Weber apresenta as seguintes
dimensões:
▪ formalização: todas as actividades da organização são definidas por escrito (rotinas e
procedimentos) e a organização opera de acordo com um conjunto de leis ou regras
(regras, regulamentos internos, estatutos), que são aplicáveis a todos os casos
individuais, sem excepção.
▪ Divisão do trabalho: cada participante tem um cargo ou posição definidos com
esfera específica de competência, com deveres oficiais, atribuições estritamente
aplicadas e delimitadas.
▪ Princípio da hierarquia: cada funcionário é submetido a ordens impessoais que
guiam suas acções de modo a assegurar sua obediência.
▪ Impessoalidade: o funcionário ideal desempenha com impessoalidade no
relacionamento com outros ocupantes de cargos.
▪ Competência técnica: a selecção e escolha dos participantes é baseada na
competência técnica e qualificação profissionais dos candidatos e não em preferências
de ordem pessoal.
▪ Separação entre propriedade e administração: os recursos utilizados pela
organização para a execução das suas tarefas são propriedade dos burocratas.
▪ Profissionalização do funcionário: os funcionários da burocracia são profissionais,
pois são especialistas em face da divisão do trabalho.
Sendo assim, as consequências da burocracia seriam a previsibilidade do comportamento
humano e a padronização do desempenho dos participantes; e o objectivo seria a
racionalidade e a máxima eficiência da organização.
f) Teoria da Contingência
Foi desenvolvida nos fins da década de 1970 sob influência da teoria dos sistemas. Segundo
essa teoria, a empresa e sua administração são varáveis dependentes do que ocorre no meio
ambiente externo, por isso, à medida que o meio ambiente muda, também ocorrem mudanças
na empresa e na sua administração.
11.2.2.A Organização
A organização é a função administrativa que se incumbe do agrupamento dos órgãos e
das actividades necessárias para atingir os objectivos da escola.
Numa escola, a organização desdobra-se em três áreas, a saber:
a) organização da vida escolar: compreende a organização das estrutura organizacional, da
legislação escolar, das normas administrativas, da organização do espaço físico, dos
recursos humanos, materiais e financeiros, dos procedimentos e rotinas administrativos,
condições de higiene e segurança.
b) Organização dos processos de ensino e aprendizagem: compreende o suprimento dos
suportes didáctico-pedagógicos necessários à organização do trabalho escolar, como:
plano curricular, programas, organização dos níveis escolares, horários, distribuição das
aulas por classes, etc.
c) Organização das actividades de apoio técnico-administrativo: compreende as
actividades da secretaria (assistência administrativa à direcção e secção pedagógica;
provimento de comunicações e informações a alunos, professores e pais; expedição dos
documentos; controlos funcionais do pessoal docente e funcionámos) e limpeza e
conservação do património da escola.
11.2.3. A Direcção
A direcção é a função administrativa que conduz e coordena o pessoal na execução das
actividades planificadas e organizadas. Os meios de que se serve o administrador para
dirigir são: emissão de ordens e instruções, comunicação, liderança, motivação, tomada
de decisões, gestão de conflitos, coordenação, etc.
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11.2.4. A Supervisão
A supervisão é uma acção de assistência e apoio técnico aos funcionários (docentes e não
docentes). Compreende actividades como:
a) verificação dos esquemas de trabalho e planos de aulas dos professores;
b) verificação das presenças e pontualidade de todos os funcionários, incluindo as
observações, discussões e informações escritas;
c) organização das assistências mútuas entre professores, bem como outras actividades
pedagógicas.
11.2.5.A Avaliação
É a função administrativa que mede e avalia o desempenho da escola, em função do que foi
planificado. Compreende actividades como:
a) preparação do relatório anual da escola
b) análise do desempenho da escola em todas as actividades dentro e fora da sala de
aulas
c) análise do desempenho de todo o pessoal
d) análise dos resultados de todas as avaliações, incluindo os exames
e) apresentação de relatórios e informações financeiras aos órgãos da escola
Resumo
Após a abordagem sobre a administração e organização: conceito e perspectivas, importa
sublinhar alguns aspectos fundamentais:
Sobre a Teoria Clássica, verifica-se uma obsessão pelo comando - tendo como ótica a visão
da organização a partir da gerência administrativa, Fayol centrou seus estudos na unidade do
comando, na autoridade e na responsabilidade. Em função disso, é normalmente visto como
obcecado pelo comando gerencial. A empresa é vista como sistema fechado e, esta é uma
crítica freqüentemente endereçada à administração clássica.. Ora, a partir do momento em
que o planejamento é defendido como sendo a pedra angular da gestão empresarial, é difícil
imaginar que a organização seja vista como uma parte isolada do ambiente.
Não menos importante, está a Manipulação dos trabalhadores: assim como a administração
científica, a administração clássica foi tachada de tendenciosa, desenvolvendo princípios que
buscavam, em última instância, explorar os trabalhadores. Entretanto, cabe diferenciar a
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elaboração e o estudo dos princípios e funções defendidos por Fayol da aplicação, muitas
vezes deturpada, que alguns empresários fizeram (e fazem) dos mesmos.
Contrapondo as funções gerenciais de Fayol (estudava da administração para baixo -
privilegiando as tarefas da organização) e Taylor (estudava a empresa do ponto de vista do
chão de fábrica para cima privilegiando as tarefas da produção).
Administração Científica Administração Clássica
percursor Frederick Taylor Henri Fayol
Origem Chão de fábrica Gerência administrativa
Ênfase Métodos racionais e Estrutura formal da empresa;
padronizados. Máxima adoção de princípios
divisào de tarefas administrativos baseados em
altos escalões
Enfoque Produção Gerência
No que tange à escola das Relações humanas, a busca de uma maior eficiência nas empresas
exigiu a reconsideração das relações e aspirações dos elementos humanos na organização. A
humanização dos conceitos administrativos se apresentou como mais adequada às novas
exigências. Paralelamente, desenvolveram-se vários campos das ciências humanas, que
permitiam compreender melhor o funcionamento da psicologia do trabalhador.
Assim, os pesquisadores e estudiosos da psicologia do trabalho e industrial ressaltavam a
importância da consideração conjunta dos fatores humano e material para a avaliação da
produtividade no trabalho.
As pesquisas de Elton Mayo propiciaram um cenário favorável à introdução de uma nova
abordagem na solução dos problemas de administração, focalizada no processo de motivar os
indivíduos para o atingimento das metas organizacionais
Sobre a Burocracia, vale a pena ressaltar que Max Weber foi um dos fundadores da
sociologia moderna. Contemporâneo das teorias científica e clássica, estudou a organização
como parte de um contexto social, influenciada pelas mudanças sociais, econômicas e
religiosas da época. O modelo burocrático surgiu então como uma proposta de estrutura
administrativa para organizações complexas, dotada de características próprias, eficiente na
sociedade industrial emergente. A teoria burocrática surgiu como paradigma de gestão,
regulada pelas normas e inflexibilidade hierárquica e ela segue preceitos rígidos e
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Bibliografia
1. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução teoria geral da administração. 3ª ed. São Paulo,
1983
2. Objectivos
a) Definir o conceito de Comunicação;
b) Identificar a importância da comunicação
c) Descrever a comunicação como factor da mudança nas organizações escolares.
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3. Conceito de Comunicação
Os conceitos de Comunicação Organizacional têm evoluído desde a década de 1970. Esta
evolução está estreitamente ligada à cultura organizacional.
Marchiori (2006, p.27) entende que “a comunicação deve produzir conhecimento, definindo
caminhos que levem a organização a um processo de modernização, na busca de sua
percepção e conseqüentemente consciência comportamental. Sendo assim, a comunicação
deve agir no sentido de construir e consolidar o futuro da organização. As organizações
devem se preocupar com o monitoramento de informações e a abertura de diálogo com seus
diferentes grupos de interesse, entendendo que seu comportamento deve ir muito além de
informações. Um novo conhecimento possibilita a realização de novas experiências e o
crescimento de seu público e da própria organização.
A comunicação tem sido utilizada pelo ser humano desde os tempos mais remotos, como um
instrumento de troca de informações. A família é o primeiro grupo de convívio onde se
aprende a se comunicar e se constrói padrões culturais dos quais se leva por toda vida em sua
comunicação, seja na escola, grupo de amigos ou no ambiente de trabalho.
Santos (2011, p.4) acredita que a comunicação é a responsável por reduzir possíveis
insucessos “precoces nas escolas”, sendo que a maioria dos riscos são previstos na elaboração
das situações operacionais, permitindo flexibilidade no trabalho, porém essa comunicação
precisa ser clara e objetiva, caso contrário pode resultar em diversos problemas econômicos,
sociais e políticos.
No dia a dia de uma escola, são várias as ocorrências que podem surgir, e percebemos que se
há o diálogo e orientação feita pela equipe de gestão, todos exercem suas funções sem
sobrecarregar um único profissional. Dessa forma, a escola como um todo (professores,
direção, equipe pedagógica, agentes educacionais, alunos e pais) pode aos poucos criar uma
identidade própria.
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No ambiente escolar, a participação de todos é essencial, seja nas discussões coletivas, nos
diálogos, mas sempre com foco no objetivo principal que é promover as transformações
necessárias dentro do ambiente profissional e político-social.
No ambiente de trabalho se faz necessário que quem comunica seja claro e direto para que o
seu desejo seja atendido a contento e assim as transformações no ambiente escolar possam
acontecer. O profissional da educação precisa não só de orientação, mas também estar em
contato direto sobre quem é seu aluno, onde vive, como são seus costumes e cultura, bem
como um feedback de seu trabalho e ter a oportunidade de expor suas opiniões, participando
ativamente do processo de ensino aprendizagem.
Moran (1994, p.1) percebe que os meios de comunicação podem ser de grande contribuição
para a comunicação nos ambientes escolares, seja em sala de aula, no contato com a direção,
equipe pedagógica, professores e comunidade em geral procurando desenvolver processos de
comunicação “menos autoritários e mais participativo”, gerando um ambiente realmente
democrático.
Dentro dessa análise, podemos pensar nos meios de comunicação como uma forma de sanar
falhas existentes no ambiente escolar com o processamento das informações. Vários são os
instrumentos de comunicação que podem ser utilizados, porém é necessário o cuidado com a
objetividade e a clareza do que se quer informar, tornando assim a comunicação mais
eficiente. É fundamental elevar a qualidade do diálogo, promover a integração entre
profissionais, informar os acontecimentos e ocorrências no ambiente escolar, relatar uma
dificuldade ou necessidade que um aluno vem enfrentando, deixar os interessados cientes de
uma falta de profissional para que o bom andamento do trabalho possa continuar
acontecendo, entre outros problemas que podem ser resolvidos através de uma comunicação
eficaz.
A teoria da estruturação demonstra, a este respeito, que é pela comunicação que se realizam
as acções individuais, com base nas quais se criam e se recriam as estruturas e os sistemas
(Giddens, 2000). Aqui, o papel da comunicação não se limita apenas aos padrões sistémicos
de produção de sentido, é ela que viabiliza a partilha de significados nas sucessivas
interacções que compõem as práticas quotidianas. É este o sentido com que afirmamos que a
comunicação tece o contexto da mudança, influenciando o seu ritmo, receptividade e
legitimidade, razão pela qual temos vindo a afirmar que os processos comunicacionais
estabelecem a mediação entre a visão de futuro prometida pela mudança e a realidade
presente.
Assim como a mudança nas instituições escolares está longe de ser unívoca, também a
comunicação tende a assumir contornos híbridos em cada escola, revelando a influência de
múltiplas forças, internas e externas. Da mesma forma, há que reconhecer que a comunicação
não favorece, necessariamente, a mudança, e que uma comunicação participada e corporativa
pode até constituir-se como um obstáculo a essa mudança. O que a comunicação favorece,
enquanto elemento estruturante da mudança nas organizações escolares, é o que Scott e
Meyer (1994) designam como processo de institucionalização, desinstitucionalização e
resinstitucionalização, essenciais na dinâmica de transformação identitária que, no entanto,
podem emergir num registo conservador.
Resumo
Podemos considerar que as comunicações veiculadas nas organizações não atingem
totalmente seus objetivos, pois existem muitos fatores que interferem na interpretação dessas
comunicações. As barreiras na comunicação são as mais diversas. Qualquer fator que
provoque ruído no processo de comunicação, ou seja, qualquer elemento que perturbe,
confunda ou interfira, certamente alterará o resultado. Essas barreiras precisam ser
identificadas e trabalhadas de forma a facilitar o processo de comunicação. Portanto, é
preciso muita habilidade para perceber os processos mentais e os micros sinais
comportamentais. Uma dificuldade existente é que as organizações muitas vezes sabem que
existem as barreiras, no entanto, não sabem quais são. Elas provavelmente variam de
organização para organização. Recebemos e emitimos tantas mensagens durante o nosso dia
que nem nos damos conta de que estamos nos comunicando.
Para que essas mensagens sejam lembradas vários cuidados devem ser tomados tanto na
elaboração e emissão como no recebimento delas.
Segundo Bowditch e Buono (1992, p.85), o objetivo da comunicação eficaz é o
entendimento, no entanto, nem sempre isso é concretizado. As causas são as mais variadas
possíveis.
A comunicação entre as pessoas está presente na interação humana. A apreensão de si mesmo
e do outro só é possível com a comunicação, quer seja verbal ou não verbal. Este processo
permite perceber o que as pessoas querem comunicar durante uma relação.
Quando uns desses elementos, disposição verbal e não verbal, deixam de ser usados
corretamente ou quando há interferências no meio externo como crenças e valores do emissor
ou do receptor, a comunicação pode ser falha e gerar um resultado oposto ao esperado:
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As organizações precisam ter por hábito promover reuniões entre seus colaboradores,
principalmente quando novas mudanças estão sendo implantadas. A participação dos recursos
humanos em processos decisórios garantirá maior envolvimento dos mesmos.
Bibliografia
1. FIRMINO, Manuel Brazinha; - Gestão das Organizações, Conceitos e Tendências
Actuais, 4ª Edição, Editora Escolar, S/D
2. OLIVEIRA ROCHA, J. A. Gestão de Recursos Humanos na Administração Pública.
Lisboa, Escolar Editora, 2004.
3. BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: Teoria e pesquisa. São Paulo:
Manole, 2003.
4. BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: Políticas e Estratégias. São
Paulo: Saraiva, 2009.
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2. Objectivos
a) Definir o conceito de descentralização
b) Descrever as diferentes perspectivas sobre a descentralização em Educação
3. Conceitos da descentralização
É possível encontrar diferentes perspectivas sobre o uso do termo descentralização.
Descreveremos, a seguir, algumas formas ou tipos de descentralização a partir da literatura
relativa à educação. Ressaltamos, todavia, que pode haver possíveis controvérsias acerca das
diversas perspectivas encontradas e utilizadas pelos autores.
Essas responsabilidades, todavia, são controladas e reguladas pelo governo central. O autor
acrescenta que a delegação não representa a transferência de poder nem de autoridade real.
Representa apenas um tipo de descentralização que se expressa como retórica. Na visão de
Hanson (1997), a delegação pressupõe a transferência de autoridade para a tomada de decisão
na cadeia da hierarquia, embora a autoridade se mantenha sobre o controle da unidade que a
delegou. Ressalta, todavia, que a transferência de autoridade pode ser retirada pela unidade
que a delegou.
Novaes e Fialho (2010, p. 587) indicam que o termo descentralização vem, nos últimos anos,
ganhando grande ênfase nas pesquisas educacionais e que na área de gestão/administração
educacional ao conceito vem sendo atribuído à capacidade de “resolver muitos e diferentes
problemas que afetam a instituição de ensino”. Entretanto, tais autores evidenciam que
medidas de descentralização nem sempre contribuem com a resolução de problemas
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cotidianos do espaço escolar, tão pouco contribuem com a construção da autonomia das
escolas, em alguns casos, há que se levar em conta que medidas de centralização podem
beneficiar a unidade escolar.
Partindo das discussões de Souza (1997 apud Novaes e Fialho, 2010) eles indicam que o
conceito de descentralização é “vago e polissêmico e por essa razão pode ser interpretado e
utilizado de maneiras distintas” em um mesmo contexto. Apontam para o cuidado ao “tentar
entender ou definir o termo como um conceito oposto ou antitético à centralização”, pois isso
pode levar a uma analise “enviesada, ou mesmo limitada”.
A partir do final da década de 1980 e inicio da década de 1990, o Estado passa a propor uma
reforma de âmbito geral, que emerge internacionalmente da ideia de que “o Estado sobretudo
nos países periféricos – deveria focar sua atuação nas relações exteriores e na regulação
financeira, com base em critérios negociados diretamente com os organismos internacionais”
(MARTINS, 2001, p. 29).
Na área de educação, tal reforma teve como uma das ideias centrais a politica de
descentralização do ensino, ou seja, o compartilhamento das responsabilidades de
administração dos recursos para que se atinjam os fins das propostas das politicas sociais.
Martins (2001, p. 29) indica que a necessidade da descentralização pelo Estado não foi
apoiada apenas no compartilhamento ou passagem da responsabilidade para os municípios,
mas na “urgência de se instaurar, nesses sistemas, critérios de excelência, de eficácia e
eficiência, de competitividade e de outros aspectos do campo da racionalidade econômica”.
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Aponta que as discussões sobre descentralização podem ser classificadas em três vertentes:
a) “da administração direta para indireta” – marcada pelo clientelismo e pela
construção de empresas “mistas, autárquicas e/ou publicas” que propiciaram a
“formação de uma estrutura paralela” de suporte o que garantiria presteza na
administração direta.
b) “entre níveis de governo” – caracterizada como sendo uma possibilidade de
articulação entre os níveis de governo em que a União confia aos estados e municípios
a responsabilidade pela gestão/administração dos recursos, garantindo que as politicas
sociais sejam de fato viabilizadas.
c) “Estado para sociedade civil” – transferência direta e indireta de funções do setor
público para o privado. (MARTINS, 2002, p. 281).
Todas essas classificações que foram sendo estruturadas desde o regime militar se imbricam
de forma a conceber o que hoje pode ser caracterizado como sendo descentralização
processo no qual ao longo do tempo se configurou com a passagem de responsabilização do
Estado/União para a ponta do sistema, mas não retirando do mesmo a possibilidade de
controlar e culpabilizar aqueles que agora possuem a obrigação de colocar em prática e fazer
valer as diretrizes das politicas sociais, especificamente, educacionais.
Martins (2002) afirma que a consolidação da descentralização veio com a abertura para
outras instancias governamentais de administrar os recursos da educação, e do encontro de
movimentos políticos que prezavam pela redistribuição do poder e pela possibilidade da
participação via autonomia das instituições.
Entretanto, tal politica foi vista como algo simples que, certamente, traria a “qualidade” à
educação, já que o poder de decisão estaria dentro do contexto cultural dos sujeitos
diretamente envolvidos com o processo educacional. Porém, segundo Sobrinho (1995, p. 5), a
simplicidade com a qual tal temática foi e vem sendo discutida traz muitos equívocos tais
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Partindo de tais equívocos,o pesquisador alerta para o fato de que é necessário compreender o
que é a municipalização, pois não se trata de um processo simples que é marcado apenas pela
descentralização - que não pode ser caracterizada como municipalização, pois pode ser
implementada em outras instancias – é necessário levar em conta diversos fatores: espaço
qualificado, contexto econômico, contexto cultural, planejamento gerencial e problemas
institucionais.
Na área acadêmica, sobretudo nos estudos sobre políticas educacionais, percebe-se uma
intensa discussão em torno das avaliações em larga escala, compreendidas por Werle (2010,
p.22) como sendo “um procedimento amplo e extensivo, envolvendo diferentes modalidades
de avaliação, realizado por agencias reconhecidas pela especialização técnica em testes e
medidas, abrangendo um sistema de ensino”, ela indica que essas avaliações possuem como
objetivo “obter resultados generalizáveis ao sistema”, tais resultados são obtidos por meio da
aprendizagem dos alunos, com isso, a avaliação em larga escola é “sempre uma avaliação
externa as instituições escolares avaliadas”.
No caso das avaliações em larga escala realizadas, essas se caracterizam por “serem
planejadas, implementadas e seus dados serem interpretados e divulgados por agencias
externas”, os dados a serem interpretados levam em “consideração os resultados da
aprendizagem, não os processos de aprendizagem, os recursos disponíveis e as condições de
trabalho dos professores” (WERLE, 2010, p.24).
Resumo
Conforme podemos perceber, é muito raro identificar posições contrárias quanto à
importância de se adotar medidas de descentralização na gestão educacional. Em geral,
quando o termo descentralização é utilizado no campo da gestão educacional lhe é atribuído
uma condição instrumental, capaz de resolver muitos e diferentes problemas que afetam as
instituições de ensino. Tal condição, todavia, não se apresenta de forma clara e precisa. Por
isso, adotar medidas de descentralização pode representar uma estratégia capaz de resolver
problemas na gestão; no entanto, não se pode generalizar. Em alguns casos, a centralização
pode responder melhor. Sem sombra de dúvidas, a descentralização como processo, ou como
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Bibliografia
1. ARRETCHE, Maria Tereza da Silva. Mitos da descentralização – mais democracia e
eficiências nas políticas públicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo,
ano 11, n. 31, 1996.
2. CASASSUS, Juan. Descentralização e desconcentração dos sistemas educacionais na
América Latina: fundamentos e crítica. Cadernos de Pesquisa, n. 74, p. 11-19, ago.
1990.
3. _____. A centralização e a descentralização da educação. Cadernos de Pesquisa, n.
95, p. 37-42, nov. 1995
4. DOUGLAS, Harl. Administração Moderna de escolas Secundárias. Rio de Janeiro,
Editora Fundo de Cultura, 1963.
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Falar da Planificação educacional parece ser um assunto tão desgastado, porém, com o passar
do tempo é importante perceber que a maneira de se planificar hoje não é a mesma que há anos
anteriores. Percebe-se, assim, que o passar dos tempos altera o modo de planificar a vida.
2. Objectivos
a) Definir Conceito de Planificação
b) Descrever as etapas da Planificação Educacional
c) Reconhecer a importancia da planificação educacional
3. Conceito de Planificação
A planificação (ou o planeamento) refere-se à ação e ao efeito de planificar ou planear, isto é,
organizar-se ou organizar algo de acordo com um plano (Anónimo, 2011). Implica definir um
ou vários objetivos, juntamente com as ações requeridas para que esses objetivos possam ser
alcançados (Ibid., 2011).
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Apesar das controvérsias existentes está comumente aceite a necessidade dos planificadores
estabelecerem os seus planos com base num diagnóstico detalhado, claro e pertinente do
sistema educativo. Seguindo o exemplo dos médicos quando efectuam um diagnóstico a um
paciente, os planificadores devem poder determinar o modo de funcionamento dum sistema
educativo e a medida em que não parece ter atingido os objectivos que lhe tinham sido
fixados.
Neste sentido, o diagnóstico dos sistemas educativos, observados nas suas condições reais de
operação, representa a primeira etapa absolutamente necessária no processo de planificação
da educação. Por isso, os conceitos e técnicas utilizados para formular esse diagnóstico
devem ser considerados essenciais.
I. PRÉ-PLANIFICAÇÃO
.1. Organizar a unidade de planificação.
2. Formar o pessoal técnico e criar linhas
de comunicação com outras instituições.
3. Criar um banco de dados estatísticos com
actualização permanente.
II. DIAGNÓSTICO
SISTEMA DE
INFORMAÇÃO COM O
RETORNO DE
INFORMAÇÃO
IV .ELABORAÇÃO DO PLANO
1. Traduzir o plano em grandes programas
2. Preparar projectos específicos
3. Elaborar os sub-projectos regionais
4.. Microplanificação.
Há duas conclusões que podemos retirar, no que diz respeito à organização dum diagnóstico
do sistema educativo:
No entanto, tal natureza não significa laxismo no processo de planeamento educativo e bem
assim na execução dos planos. Pelo contrário! Para que o planeamento educativo cumpra o
seu papel, não só se deve aprimorar, em termos de rigor no estabelecimento dos objectivos e
metas dos planos como também se deve esmerar na pilotagem do processo de execução dos
mesmos planos, para que sejam atempadamente introduzidos os ajustamentos e as correcções
pertinentes, nomeadamente através de planos operativos ou de implementação.
um “guia para a acção” e não um exercício burocrático e formal, destinado a exibir aos
outros, quando não para meter nas gavetas.
Porém, quando se trate, sobretudo, de planear para o médio e o longo prazos, o planeamento
educativo tem de ser, necessariamente, flexível. Os “planos imperativos”, enquanto autênticas
“camisas-de-forças”, que chegaram a fazer escola, não podem ter lugar, hoje em dia, face à
aceleração das mudanças socio-económicas, políticas, científicas e tecnológicas e,
consequentemente, às incertezas quanto ao futuro.
Por isso mesmo, o Planeamento Educativo, como qualquer outro exercício de planeamento,
torna-se de evidente complexidade, exigindo dos planificadores e dos decisores uma grande
capacidade de análise dos contextos, de antevisão das perspectivas e de arbitragem das
prioridades na afectação de recursos.
Resumo
Fica exposta a ideia de que a planificação é o lado racional da acção. Tratando-se de um
processo de reflexão, abstracto, explícito que escolhe e organiza acções, antecipando os
resultados esperados. Esta reflexão busca alcançar, da melhor forma possível, objectivos pré-
definidos. Dito, de outro modo, significa que a planificação é um processo de previsão de
necessidades e racionalização de emprego dos meios materiais e dos recursos humanos
disponíveis, a fim de alcançar objectivos concretos, em prazos determinados e em etapas
definidas, a partir do conhecimento e avaliação científica da situação original.
Em outras palavras, podemos ainda dizer que a planificação é um processo que consiste em
preparar um conjunto de decisões visando atingir alguns objectivos; é um processo de
racionalização, organização e coordenação da acção do docente articulando a actividade
escolar e a problemática do contexto social.
a) Alcançar maior coerência interna na determinação dos objectivos e nos meios mais
adequados para atingi-los.
b) Conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do sistema.
33
O planeamento é uma actividade que está dentro da educação, visto que esta tem como
características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que
possam nortear mais apropriadamente a execução da acção educativa, prever o
acompanhamento e a avaliação da própria acção. Planear e avaliar andam de mãos dadas.
Referências
2._________ . Planeamento como prática educativa. 7.ed. São Paulo: Loyola, 1994.
5. PILETTI, Claudino. Didáctica. São Paulo: Cortez, 2004VOLPI, José Henrique, Psicologia
Corporal, Curitiba – Centro Reicheano, 2004.LIBANEO José Carlos didáctica velho e novos
temas são Paulo Brasil 1990.
34
1. Introdução
Antigamente era comum a empresa administrar a carreira do colaborador mais do que ele
próprio e quanto mais tempo permanecia na empresa, este era supervalorizado e bem visto
por todos a sua volta. Mas as profundas mudanças no mercado o no âmbito corporativo, o
futuro profissional e o direcionamento da carreira passa a ser responsabilidade do indivíduo,
não somente da empresa. Cada vez mais as pessoas precisam refletir sobre seus desejos,
expectativas, suas habilidades e sobre onde querem chegar e como. Este
autodesenvolvimento é importante, pois pessoas capacidades são o diferencial competitivo
para as organizações trazendo benefícios para ambos. Nesta unidade temática iremos abordar
inicialmente sobre os diferentes conceitos de carreira, de seguida, falaremos sobre as
diferentes perspectivas sobre a carreira e, na sequência, para terminar, explicaremos a
influencia dos comportamentos individuais na gestão da carreira, conforme se afiguram os
objectivos a seguir.
2. Objectivos
a) Definir o conceito de carreira;
b) Identificar as diferntes perspectivas sobre a carreira; e,
c) Explicar a influência dos comportamentos Individuais na gestão de carreira.
3. Conceito de carreira
Particularmente no que respeita ao conceito de carreira, este varia de acordo com várias
perspectivas assumidas, que parecem girar à volta de duas questões fundamentais: a
modificação das escolhas de carreira ao longo do tempo (modificam-se ou não) e se estas são
processos gerados interna ou externamente.
35
Assim, o conceito de carreira engloba diferentes vertentes e pode ser encarado segundo várias
perspectivas. Uma primeira perspectiva liga-se à noção de progressão hierárquica do
trabalhador, dentro do contexto da sua vida profissional e, normalmente, mas não
necessariamente, dentro de uma mesma organização, onde são consideradas as posições
crescentes que abarcam maior responsabilidade e/ou visibilidade. A segunda perspectiva liga
carreira ao exercício de uma profissão, onde a movimentação de um estatuto para outro,
dentro de uma ocupação profissional e independentemente da organização em que tal
movimentação tem lugar, é o critério de sucesso deste tipo de noção de carreira. Numa
terceira perspectiva, a carreira é vista como uma sequência de empregos/funções durante a
vida, valorizando-se aqui mais o ponto de vista do indivíduo e do seu percurso profissional,
do que as expectativas organizacionais.
Finalmente, as carreiras podem ser encaradas como sequências de experiências adquiridas ao
longo da vida, quer dentro de um contexto organizacional e de trabalho, quer fora dele
valorizando-se as mudanças nas aspirações, concepções e atitudes dos indivíduos perante a
sua vida profissional (Adams, 1991; Dewhirst, 1991; Greenhaus e Callanan, 1994; Passos,
2000; Baruch, 2004 e 2006).
Resumindo, pode-se encarar a carreira sob quatro perspectivas diferentes: a) carreira como
desenvolvimento profissional; b) carreira como ocupação profissional; c) carreira como uma
sequência de empregos e funções ao longo da vida; e d) carreira como uma sequência de
experiências profissionais ao longo da vida (Passos, 2000). Estas várias perspectivas diferem
quanto à maior ou menor responsabilidade tida, pela organização ou pelo próprio indivíduo,
no controlo da carreira (Adams, 1991; Hirsh e Jackson, 1996; Baruch, 2004).
Alguns autores procuraram criar um modelo de carreira mais ou menos unificador, de modo a
que uma abordagem plural possa ser feita no estudo das carreiras. Driver (1994) e Brousseau,
Driver, Eneroth e Larson (1996) descreveram quatro vias de experiência de carreira que
diferem em termos de direcção e frequência de movimentações dentro e através de variados
tipos de trabalho ao longo do tempo:
a) Perito: a escolha de carreira ocorre uma vez na vida e concentra-se numa única ocupação
profissional. É um tipo de carreira que é preferida por pessoas apreciadoras de especialização
e de segurança;
36
Este modo de pensar e sistematizar a carreira evidencia o paralelo que se pode fazer entre
carreira ao nível do indivíduo e carreira ao nível da organização. Literalmente, numa
estrutura organizacional mais clássica, burocrática, prevalecente e eficaz em tempos de
estabilidade, indivíduos com carreiras lineares ou de perito encontram um ambiente propício
às suas necessidades. Actualmente, contudo, o contexto é diferente e serão, provavelmente,
os indivíduos com carreiras transitórias ou em espiral que melhor se adaptarão às
necessidades organizacionais actuais. Aliás, o número de indivíduos com padrões não
tradicionais de carreira parece aumentar à medida que também as organizações evoluem das
suas estruturas piramidais, para estruturas mais flexíveis e planas (Sullivan, Carden e Martin,
1998).
Obviamente, esta evolução estrutural nas organizações também requer uma evolução nas
competências necessárias, provocando um novo conjunto de oportunidades para os
indivíduos (Allred, Snow e Miles, 1996). Por parte das organizações há necessidade de
indivíduos cada vez mais flexíveis e adaptáveis às condições de mudança constante dos
ambientes externo e interno das organizações. Por parte dos empregados procura-se
empregabilidade, de forma a sobreviver, se não numa organização, pelo menos em várias ou
recorrendo ao auto-emprego (Whymark e Ellis,1999).
e outras experiências para ter a ideia da direcção, oportunidade e sequência dos passos a
tomar para atingir um dado objectivo de carreira; e
b) a gestão da carreira – processo de preparação, implementação e monitorização dos planos
de carreira individualmente ou em conjunto com os sistemas de carreira da organização.
Todos estes factores estão presentes e deverão ser tidos em conta (dentro do possível,
obviamente) quando se pretende gerir uma carreira, seja por parte do indivíduo, seja por parte
da organização.
A questão da carreira, quer ao nível individual quer organizacional, só pode ser plenamente
entendida considerando as mudanças que vão tendo lugar nas sociedadescontemporâneas. Há
uma pressão mundial para competir, controlar custos, inovar e aumentar a produtividade. Tal
tem implicado reestruturações, achatamentos organizacionais, desnivelamentos das
hierarquias, que aliadas aos avanços na tecnologia e à maior diversidade da força de trabalho
têm acarretado uma maior ênfase, por parte da organização, em estratégias de outsourcing
que, entre outras coisas, podem levar a uma menor possibilidade de progressão vertical,
acrescendo o desenvolvimento de contratos flexíveis de trabalho, a eventual perda de
emprego e a insegurança mais ou menos permanente (Greenhaus e Callanan, 1994;
Appelbaum e Santiago, 1997; Arnold, 1997; Sullivan, Carden e Martin, 1998; Thomas e
Dunkerley, 1999; Wilson e Davies, 1999; Passos, 2000).
Todas estas mudanças criaram um estado de confusão na natureza das carreiras que
destabilizam cada vez mais as relações entre os indivíduos e as organizações (Brousseau,
39
Driver, Eneroth e Larson, 1996). Igualmente estas mudanças têm alterado a natureza do
trabalho de gestão, sendo o poder do gestor agora cada vez mais construído na base da sua
competência e respeito ganho, em vez da posição hierárquica conseguida.
A força de trabalho dos últimos anos alterou-se ao nível da sua composição (paridade
homens/mulheres, média etária elevada da força de trabalho, maior variedade cultural e
étnica). Igualmente, parece ter desenvolvido novos valores e interesses, pretendendo trabalho
com significado, autonomia, um estilo de vida minimamente saudável e a possibilidade das
orientações de carreira serem bem mais diversificadas (Greenhaus e Callanan, 1994; Arnold,
1997).
40
As organizações, claro, também não estão imunes a todas estas alterações nos interesses das
pessoas. Assim, para serem eficazes necessitam entender a sua força de trabalho, as suas
necessidades, para seleccionarem os que são compatíveis com os seus objectivos. Igualmente,
o desenvolvimento e utilização eficaz dos recursos humanos de uma organização implica que
ela conheça as necessidades e perceba as dificuldades por que passam as pessoas (Greenhaus
e Callanan, 1994).
A carreira deixa de estar confinada a uma organização específica, para passar a incluir várias
organizações, experiências de trabalho e ocupações do indivíduo, inclusive fora do contexto
laboral, tornando os critérios de análise e de avaliação da carreira tanto objectivos – conjunto
de ocupações, promoções, progressão salarial e hierárquica, etc., como subjectivos –
aspirações de trabalho, expectativas, valores, etc. (Greenhaus e Callanan, 1994; Baruch,
2004). O indivíduo cria e gere a sua carreira tendo em conta o seu valor no mercado de
trabalho, os seus contactos e informações, as suas necessidades pessoais e familiares.
Este tipo de carreira contém as várias experiências de uma pessoa relativamente à sua
educação, formação, trabalho/ocupação em diversas empresas, sendo que as escolhas de
carreira e a auto-realização do indivíduo são os elementos integradores da sua vida. Alguns
dos aspectos caracterizadores das “novas” carreiras são as competências “portáteis” (válidas
em várias organizações ou contextos de trabalho), conhecimento e capacidades adquiridas
pela experiência em várias empresas, identificação pessoal com trabalho com significado,
aprendizagem no trabalho, desenvolvimento de várias redes de contactos e de relações de
aprendizagem com colegas, e responsabilidade individual pela gestão de carreira (Sullivan,
1999).
Os últimos desenvolvimentos nesta área têm evidenciado, então, que o controlo da carreira
se encontra, agora, mais do lado do indivíduo do que da organização (Hall, 1991; Hirsh e
Jackson, 1996; Hall e Moss, 1998; Martin, Staines e Pate, 1998; Baruch, 2004 e 2006). Num
significado mais tradicional, a carreira de uma pessoa encontrava-se ligada à organização
onde trabalhava, ao empregador. O sucesso da carreira de um trabalhador era essencialmente
medido, por exemplo, pela quantidade de promoções (verticais), aumentos salariais e estatuto
interno (critérios externos/objectivos), sendo que agora o sucesso passa a ser visto também
como interno (psicológico), onde a auto-realização é um importante critério de avaliação do
êxito do indivíduo (Arnold, 1997) e onde promoção vertical não é sinónimo de sucesso
(Appelbaum e Santiago, 1997). Assim, há necessidade de considerar, no significado da
carreira e na sua gestão, vários factores.
Estasmesmas razões são válidas para as organizações quererem que sejam os seus membros a
cuidar das suas carreiras:
42
Igualmente, Baruch (2004) argumenta que esta tendência para a individualização da gestão de
carreira pode trazer vantagens para as organizações e indivíduos. Relativamente às vantagens
para as organizações, este autor refere a possibilidade de fazerem outsourcing em vez de
despedimentos colectivos e de contratarem antigos empregados como consultores. Para os
indivíduos a vantagem maior é a de terem variadas opções de escolha de carreira.
King (2001 e 2004), num contexto da psicologia vocacional, define os comportamentos que
ajudam o indivíduo a atingir os seus objectivos de carreira como pertencendo, também, à de
44
auto-gestão de carreira. Para esta autora, a auto-gestão de carreira é vista como um processo
dinâmico que envolve a execução de um conjunto de comportamentos destinados
essencialmente a “manipular”, dentro do possível e desejável, a acção de pessoas em posição
de influenciar as suas carreiras (gatekeepers), após a avaliação de oportunidades e
identificação desses gatekeepers (King, 2001 e 2004).
Numa revisão da literatura da área, Greenhaus e Callanan (1994) identificaram sete tipos
genéricos destes comportamentos, a que apelidaram de estratégias de gestão de carreira, que
um indivíduo pode utilizar para aumentar as suas possibilidades de êxito de carreira:
competência na actual função, envolvimento intensivo no trabalho, desenvolvimento de
competências, desenvolvimento de oportunidades, desenvolvimento de alianças para apoio,
gestão de imagem e comportamento político.
Cada um destes comportamentos tem um significado específico e podem ser utilizados em
determinadas situações não havendo, no entanto, um mais adequado do que outro, uma vez
que a opção do seu uso é contingencial a vários factores:
a) Competência na actual função: significa a tentativa, por parte do indivíduo, de
esempenhar bem a sua actual função. Sendo necessária, mas nem sempre suficiente para
atingir a maior parte dos objectivos, este comportamento pressupõe que as competências
adquiridas numa função podem ser úteis para outras funções. Feldman (1996) refere a
importância para o indivíduo de um desempenho excelente, nomeadamente em situações de
reestruturações organizacionais.
b) Envolvimento intensivo no trabalho: implica a devoção de tempo, energia e emoção ao
trabalho, sendo observável na realização de horas extra e no levar de tarefas para casa.
45
Resumo
Chegados aqui, podemos afirmar que a gestão de carreira é o planejamento, a ação, o controle
e a avaliação da carreira, partindo, se necessário, para as adequações. Assim, da perspectiva
do indivíduo, engloba o entendimento e avaliação de sua experiência profissional, enquanto,
da perspectiva da organização, engloba políticas, procedimentos e decisões ligadas a espaços
ocupacionais, níveis organizacionais, compensação e movimento de pessoas. Alguns autores
ressaltam ainda que a carreira é a trajetória profissional percorrida por uma pessoa podendo
ser realizada em uma empresa, em várias ou realizando projetos pessoais.
Normalmente as pessoas apresentam resistência para planejar a vida profissional, tanto pelo
fato de encararem a carreira como algo dado, quanto pelo fato de não terem tido estímulo
nenhum ao longo da vida. Deste modo, a gestão de carreira é uma gestão de planos e
expectativas individuais frente aos planos e demandas organizacionais. É importante, pois
mantém seus colaboradores motivados e alinhados aos objetivos da empresa. Enquanto a
empresa, pelo seu lado, procurará identificar as características de profissionais necessários
para o alcance dos resultados previstos, através de competências e demais requisitos
avaliados dentro de seu quadro de pessoal, aqueles que atendem de forma adequada aos perfis
traçados.
Referências
1.DUTRA, Joel Souza. Administração de carreiras: uma proposta para repensar a gestão de
pessoas. São Paulo: Atlas, 1996.
As tendências atuais de autonomia das escolas e do ensino trazem para a ribalta a questão de
avaliação das escolas (interna e externa) a par da avaliação dos professores. Contudo, ainda
não foi possível identificar um modelo de avaliação “coroado” de êxito, o que tem
contribuído para acentuar o descontentamento e a insegurança resultantes deste processo.
Nesta Unidade temática iremos abordar a avaliação de desempenho docente e pontecialidades
na gestào de carreira, mais concretamente no que tange ao conceito de avaliação de
desempenho; Construção do Profissionalismo Docente; Fontes e métodos de avaliacao de
pessoal; Erros que distorcem a avaliação de desempenho; e a formação profissional,
conforme se apresentam os objectivos seguintes.
2. Objectivos
a) Definir o conceito de avaliação de desempenho
b) Caracterizar a Construção do Profissionalismo Docente
c) Identificar as Fontes e métodos de avaliacao de pessoal
d) Apontar os Erros que distorcem a avaliação de desempenho
e) Relacionar a Avaliação de desempenho e a formação profissional
f) Caracterizar a Formação profissional
50
3. Conceito de avaliação
A literatura neste domínio tem demonstrado a complexidade e também a controvérsia da
avaliação de professores tendo em conta os seus propósitos, os processos e os efeitos.
Para Natriello (1990), as razões do processo de avaliação e o respectivo resultado, quer
estabelecendo ou não qualquer relação com os propósitos iniciais, deverão estabelecer relação
com as práticas e as actividades empreendidas no processo.
De um modo geral, tem-se identificado a tensão entre propósitos formativos, orientados para
o desenvolvimento profissional e propósitos sumativos, baseados na prestação de contas e
orientados para decisões de gestão de carreira (Day, 1999; Chow, Wong, Yeung & Mo, 2002;
Avalos & Assael, 2006; Stronge, 2006).
No entanto, desde o final dos anos 80 que as conquistas realizadas têm vindo a perder terreno,
por sujeição a um mercado livre e concorrencial, a uma sociedade economicista em que o
conhecimento se vê transformado numa mercadoria negociável e em que os valores se gerem
em função dos interesses. A escola ganha importância crescente na promoção da identidade
cosmopolita (Hargreaves, 2003; Morgado, 2004). Aliam-se os conceitos de qualidade e
competitividade.
Avaliação pela chefia directa, em que Chiavenato (1998) considera que a avaliação do
desempenho é da responsabilidade da chefia directa, ou seja, do indivíduo mais bem
posicionado para acompanhar e verificar o desempenho de cada colaborador, sendo
assessorado pelo órgão de recursos humanos, no desenvolvimento de um plano sistemático;
Auto-avaliação, que surgiu conceptualmente com McGregor (1957) e que oferece vantagens
por permitir uma auto-análise para o próprio melhor definir no seu desempenho os seus
pontos fracos e fortes, bem como apontar as principais necessidades de formação, tornando-
se num colaborador activo, possibilitando um fim construtivo voltado para o futuro. Meyer
(1991) salienta que a auto-avaliação satisfaz tanto o avaliador como o avaliado no processo
de avaliação, o que se repercute no aumento da probabilidade de desenvolvimento de planos
de acção e objectivos resultantes de um acordo entre ambos; Avaliação pelos colegas da
mesma área e do mesmo nível hierárquico e com quem se trabalha directamente.
Este tipo de avaliação não é consensual segundo Murphy e Cleveland (1991), podendo trazer
desvantagens pois as relações pessoais podem influenciar de forma positiva ou de forma
negativa as avaliações.
Conforme Fernandes (2008), a avaliação pelos pares pode gerar tensões quando os avaliados
não reconhecem competência aos avaliadores e como resultado não ouvem ou não aceitam as
55
suas opiniões. Pode tratar-se de um problema que poderá estar ligado à formação dos
avaliadores, tendo este de ser considerado e resolvido no âmbito de iniciativas a planear e a
desenvolver pela organização; avaliação pelos subordinados, que segundo Latham e Wex
(1981), pode retirar poder às chefias, pois pode haver a possibilidade de distorções das
avaliações por receio de represálias;
Avaliação por múltiplas fontes ou avaliação de ´360 graus´, em que teoricamente a
avaliação é realizada pelos superiores hierárquicos, pelo próprio, pelos colegas, pelos
subordinados e também pelos clientes e fornecedores, ou seja, pelo círculo de actores que
afectam e são afectados pelo desempenho do avaliado na organização, daí a metáfora de 360
graus. Tem como vantagem o facto de receber feedback do desempenho tendo em
consideração diversas perspectivas e podendo melhorar, mas existe a desvantagem da
possibilidade de constrangimentos do contexto organizacional, por chocar com um estilo de
gestão tradicional. Podem advir desconfianças, fraca comunicação e limitação na exploração
das potencialidades.
Conforme alguns autores (Caetano & Fernandes, 2002; Sousa, Duarte, Sanches & Gomes,
2006), existem vários métodos de avaliação, sendo comum a coexistência numa mesma
organização de vários métodos distintos, a saber:
Tendência central, tendência para atribuir uma nota média em todos os aspetos, ou seja, o
avaliador adota duas posições: evita classificações baixas com receio de prejudicar o
trabalhador, ou evita classificações elevadas temendo comprometer-se futuramente.
Para além destes erros outros autores nomeadamente Hampton (1992), Sousa et. al. (2006) e
Cunha et. al. (2010), apresentam outros, designadamente:
57
Efeito Horn, tendência para classificar aspetos negativos desse desempenho. Se o avaliador
tem uma opinião desfavorável relativamente ao comportamento de um trabalhador irá
considera-lo negativamente em todos os aspetos;
Efeito de recenticidade, tendência de dar maior relevância a acontecimentos e
comportamentos mais recentes do avaliado, quer positivos quer negativos e que exercem
maior impacto sobre a avaliação;
Erro constante (Complacência /Rigor excessivo), o avaliador condescendente estabelece
padrões de avaliação baixos e o avaliador exigente estabelece padrões elevados de atingir;
Erro de “primeira impressão”, a primeira impressão que o avaliador tem do avaliado tem
tendência a manter-se e irá sobrepor-se ao desempenho real.
Erro de semelhança (projeção pessoal ou auto-identificação), tendência a avaliar o
trabalhador à sua semelhança;
Erro de fadiga/rotina, tendência a não prestar muita atenção ao processo de avaliação,
quando se tem de avaliar muitos trabalhadores ao mesmo tempo;
Incompreensão do significado dos fatores, o avaliador não compreende ou distorce o
verdadeiro significado dos fatores de avaliação.
Quando ocorrem distorções na avaliação, e estas são percecionadas pelo avaliado, destroem a
credibilidade do sistema e impedem que o mesmo desempenhe o papel para que foi criado:
motivar e estimular os trabalhadores (Camara et al. 2007).
Neste sentido, vários são os autores (Camara et al., 1998; Sousa et al. 2006; Seixo, 2007) que
remetem efetivamente a existência de uma relação da avaliação de desempenho com a
formação profissional, com as carreiras profissionais e a remuneração/recompensa.
9. Formação profissional
Relativamente à formação Sousa et al. (2006), Cunha et al. (2010) e Camara (2012) referem
que a avaliação de desempenho é a principal fonte de diagnóstico de necessidades de
formação, pois através desta é possível detetar desempenhos a melhorar nos trabalhadores,
permitindo a estes, acesso à formação profissional. É necessário ter em conta o aumento de
competências a melhorar específicas ligadas à função do trabalhador.
Na opinião de Cunha et al. (2010) a identificação das necessidades de formação passa pela
análise a três níveis: organizacional, operacional e individual. Se por um lado é necessário
verificar indicadores organizacionais e de produção, tais como absentismo, incumprimento de
prazos, baixa produtividade, conflitos interpessoais, por outro lado, é necessário considerar
aspetos relacionados com as decisões estratégicas, tais como a introdução de novas
tecnologias, mudanças organizacionais, novos produtos e serviços.
Ao nível operacional prende-se sobretudo com a natureza das tarefas, ou seja, é necessário ter
em conta o tipo de trabalho, as tarefas a realizar e os requisitos que os trabalhadores devem
cumprir para executar as tarefas corretamente. Ao nível individual é imprescindível a
identificação das necessidades de formação de cada individuo, por forma a ultrapassarem
eventuais lacunas atuais e/ou futuras. O levantamento de necessidades de formação deverá ter
subjacentes os objetivos e as prioridades da organização a curto, médio e longo prazo, mas
também as necessidades sentidas por cada trabalhador (Cardim & Miranda, 1998). 20
Para Penim (2008) as organizações que investem no desenvolvimento profissional dos seus
trabalhadores, não promovem ações de formação, promovem projetos, isto é, têm como
preocupação os resultados do desempenho dos trabalhadores e não se o itinerário pedagógico
foi cumprido. Nesta perspetiva, o planeamento desempenha um papel fundamental de
suporte, permite à organização administrar os ajustamentos necessários da tecnicidade
inerente aos diferentes postos de trabalho. Deste modo, Nascimento (2015) refere que em
termos de planeamento de desenvolvimento profissional e de aperfeiçoamento, a formação
assume três modalidades distintas (formação de atualização, de reciclagem, de reconversão),
com um carater de curta duração.
Neste sentido, Rocha (1997) indica que o processo de formação envolve quatro fases,
nomeadamente: 1. Diagnóstico da situação; 2. Programação; 3. Implementação; 4.
Avaliação.
O mesmo autor sustenta que o diagnóstico de situação pretende determinar as necessidades
de formação dos trabalhadores, exigida a cada tipo de função e comparação com os
resultados pretendidos, por forma a direcionar ou não a necessidade de formação adequada à
melhoria do desempenho.
Em termos de programação há que escolher os meios adequados de forma a sanar as
deficiências (entre outros aspetos, será importante saber identificar o numero de participantes,
os métodos de controlo da ação, feedback e de avaliação de resultados, a definição do
orçamento e custos gerais).
A implementação diz respeito à descrição do problema que se pretende ver resolvido, saber
se pode ser formação interna, com pessoas da própria organização detentora de
conhecimentos na área que se pretende desenvolver, ou externamente com formandos de
entidades formadoras especializadas em determinadas áreas. A avaliação da formação
pretende medir a eficácia da ação de formação, que depende segundo Cardim (2012) da boa
execução das diversas fases do respetivo processo e que é essencial para haver uma noção
exata da sua valia.
Para o efeito, Kirkpatrick (1959, cit in Gomes, et. al, 2008) apresenta uma tipologia, onde
identifica quatro níveis de avaliação: 1. Reação pretende saber a opinião dos formandos,
sobretudo os materiais, o formador, metodologias pedagógicas, conteúdo; 2.
Aprendizagem, que princípios e técnicas foram aprendidas para a melhoria de
conhecimentos e competências dos formandos; 3. Comportamento, que competências
técnicas ou sociais adquiridas do programa de formação são transferidas para o contexto
do posto de trabalho; 4.Resultados, quais são os resultados concretos do programa em
termos financeiros ou operacionais da formação na organização. As medidas são
essencialmente sobre a qualidade dos serviços, produtividade, custos, erros, acidentes,
entre outros.
Neste âmbito Peretti (1997), refere que a formação assume dois objetivos, nomeadamente:
permitir adaptar os trabalhadores às mudanças estruturais e às condições de trabalho, por
motivo de evolução tecnológica e de contexto económico e permitir determinar e assegurar as
61
Resumo
Após exposto nesta unidade temática, importa salvar alguns aspectos:
Desempenho é a maneira ou forma de executar um cargo, tarefa ou função, ou ainda é a ação
ou efeito de desempenhar algo, e na concepção de Martins (2002) o interesse pela mediação
do desempenho surgiu primeiramente, como forma de avaliar os resultados financeiros, e a
partir de uma constatação de que somente a mediação destes não eram suficientes para relatar
os resultados de uma organização, este sistema foi adaptado e disseminado para outras áreas.
Segundo Chiavenato (2008), avaliar consiste em comparar entre o real e o esperado, entre o
quê foi planejado e o que se concretizou, a avaliação de desempenho é uma apreciação
sistemática do desempenho de cada pessoa, em função das atividades que ela desempenha,
das metas e resultados a serem alcançados, das competências que ela oferece e do potencial
de desenvolvimento. É um processo que serve para julgar ou estimular o valor, a excelência e
as competências de uma pessoa e, sobretudo, qual sua contribuição para o negócio da
organização.
Para Chiavenato (2003), a avaliação do desempenho é um procedimento que avalia e estimula
o potencial dos funcionários na empresa, e seu caráter é fundamentalmente orientativo, uma
vez que redireciona os 13 desvios, aponta para as dificuldades e promove incentivos em
relação aos pontos fortes. Já para Bergamini (1998), a avaliação de desempenho é uma
ferramenta desenvolvida para avaliar o resultado apresentado pelo colaborador que vai
identificar necessidades de desenvolvimento e correção de problemas bem como fornecer
dados que auxiliam processos de promoções e adequações salariais.
Chiavenato (1999), diz que avaliar o desempenho humano é uma via de mão dupla, onde
tanto organização como colaboradores necessitam saber sobre as potencialidades de seus
colaboradores e também sobre suas atividades, respectivamente. Portanto um bom programa
de avaliação de desempenho deve beneficiar tanto a organização como um todo como as
pessoas.
Para Chiavenato (2003), os principais motivos que levam uma organização a avaliar o
desempenho de seus colaboradores são:
a) Proporcionar informações para aumentos salariais, promoções, transferências,
necessidade de treinamento e algumas vezes demissões;
b) Proporcionar retroação aos colaboradores sobre suas atividades;
c) c) Proporcionar um conhecimento para o colaborador de como o líder da sua equipe
de trabalho pensa a seu respeito, para facilitar o aconselhamento e condução dos
membros da equipe;
d) d) Conhecer as potencialidades de seus colaboradores, como suas deficiências para
que possa trazer benefícios para ambas as partes. Segundo Milkovich e Boudreau
(2008), o processo de avaliação é uma prática intrínseca à vida do ser humano, seja na
área pessoal, profissional ou familiar. Para as empresas, tal rotina não é diferente, ou
seja, constantemente as organizações estão avaliando as suas estratégias, o
comportamento dos concorrentes, os resultados obtidos, os seus recursos humanos e
vários outros aspectos.
Bibliografia
1.CHIAVENATO, I. Gerenciando Pessoas: o passo decisivo para a administração
participativa. São Paulo: Makron Books, 1994.
3.____________. Gestão de Pessoas – o novo papel dos recursos humanos nas organizações.
Rio de Janeiro: Campus, 1999.
2. Objectivos
a) definir o conceito de Supervisão Pedagógica
b) descrever a figura do supervisor e o seu perfil no contexto pedagógico
c) explicar os Modelos de supervisão pedagógica
d) apontar os Papéis e as funções do Supervisor Pedagógico
escola como organização aprendente, estende-se a toda a ação pedagógica, podendo ser
considerada como uma peça fundamental na gestão escolar.
No dizer de Alarcão e Tavares (1987: 34), “ensinar os professores a ensinar deve ser o
objectivo principal de toda a supervisão pedagógica”, devendo a mesma ser levada a cabo por
professores com experiência e competência demonstrada ao longo do seu percurso
profissional, com vista à promoção do desenvolvimento profissional dos professores. A
supervisão pedagógica parece ficar, aqui, limitada à formação de professores. Alarcão (2002)
situa, entretanto, a supervisão na capacidade de agir sobre os elos essenciais do sistema, de
modo a manter a articulação/ligação entre todas as partes da escola.
Contudo, a supervisão pedagógica pode globalmente ser, também, entendida como teoria e
prática da monitorização e regulação dos processos de ensino e aprendizagem, desenvolvida
no quadro de uma visão de educação, como espaço de transformação pessoal e social, assente
na reflexividade profi ssional e conducente à autonomia do aluno (Vieira, 1993, 2006, in
Moreira, 2009). Segundo Vieira (idem: 28), a supervisão é entendida como uma ação de
“(…) monitorização sistemática da prática pedagógica, sobretudo através de procedimentos
de refl exão e de experimentação”.
al., 2008). Neste contexto, os percursos de carreira dos trabalhadores na organização são
considerados por ambas as partes, como necessários à adaptabilidade e à flexibilidade
(Correia & Passos, 2015).
Outro subsistema da Gestão de Recursos Humanos, que se encontra relacionado com a
avaliação de desempenho são as remunerações e recompensas, que à semelhança da gestão da
formação, visa alinhar os comportamentos individuais com os objetivos organizacionais
recompensando o alcance dos objetivos desejados, visa igualmente alcançar e/ou manter a
equidade interna, externa e individual, reforçando os bons comportamentos, retendo os
melhores trabalhadores e manter os custos sob controlo, garantindo a capacidade de
adaptação dos custos da organização a variações da envolvente (Gomes et al.,2008).
Wallance (1991), define supervisor, em sentido amplo, como alguém que “tem o dever de
monitorar e melhorar a qualidade do ensino desenvolvido por outros colegas, numa
determinada situação educativa”. Oliveira (2002), apresenta o conceito de supervisor como
“alguém responsável por assegurar que outra pessoa desempenhe bem as suas funções”.
Medina (1997, p.31) acrescenta que “o trabalho do supervisor, centrado na acção do professor
não pode ser confundido com assessoria ou consultoria, por ser um trabalho que requer
envolvimento e comprometimento”.
Para Medina (1995, p.153), “o supervisor tem como objecto de trabalho a produção do
professor – o aprender do aluno – e preocupa-se de modo especial com a qualidade dessa
produção”.
Portanto, das definições anteriores encontram-se dois critérios que ajudam a clarificar o
conceito do supervisor: primeiro, o facto de trabalhar com professores, na sua qualidade de
pessoa e não de técnicos ou profissionais de ensino e, segundo, sua colocação no exercício da
liderança profissional na orientação e organização do PEA para o seu desenvolvimento e da
própria instituição educativa; visto que, o objecto de trabalho do supervisor é a aprendizagem
do aluno através do professor. Considera-se o papel fundamental do supervisor: ser o maior
colaborador do ambiente da escola para a qualidade e o desenvolvimento do Processo de
Ensino e Aprendizagem.
Sendo assim, com o objectivo de exercer bem as suas funções e de acordo com o perfil do
supervisor (MINED, 2003), deve mostrar condições específicas, características, postura e
formas de actuação, é importante que este seja:
✓ Competente, experiente, idóneo, social e cooperativo;
✓ Criativo, crítico, dinâmico, responsável, comunicativo, respeitável;
✓ Capaz de apoiar os gestores educacionais, técnicos e professores na identificação e
busca de soluções dos problemas que afectam o desempenho do sistema educativo;
✓ Capaz de dominar as políticas, estratégias, documentos orientadores, normativos e da
principal legislação do sector de educação;
✓ Conhecedor dos princípios elementares de gestão, planificação e administração do
sistema educativo;
✓ Capaz de incentivar os gestores, técnicos e professores a melhorar cada vez mais a
qualidade de seu trabalho para o alcance dos objectivos previamente traçados;
Alarcão e Tavares (2003), falam em vários cenários de supervisão, onde se podem destacar os
seguintes: imitação artesanal; behaviorista; clínico; psicopedagógico; reflexivo e
ecológico. No entanto, os autores alertam que todos estes cenários mais virtuais que reais,
não devem ser entendidos como compartimentos estanques que se excluem mutuamente na
medida em que poderão coexistir em simultâneos vários destes processos.
A estes cenários subjazem diferentes conceções relativas à relação entre teoria e a prática;
à formação e investigação; à noção de conhecimento como saber constituído e transmissível
ou construção pessoal de saberes; aos papéis do supervisor ou professor; às noções de
educação e de formação de professores ou supervisores; à assunção da escola como centro
de formação ou como mera estação de serviço à formação.
No modelo Científico de que fala John McNeil (1982), é utilizada a supervisão para se
verificar o nível e a qualidade do ensino. O modelo Clínico de Garman (1982), enfatiza um
ensino eficaz, propondo uma interacção colaborativa do professor e supervisor utilizando
critérios de confiança e de utilidade prática. Este modelo foi posteriormente desenvolvido por
vários outros especialistas.
Com Goldhammer (1982), referido também por Tracy (2002) in Oliveira- Formosinho
(2002), referenciamos cinco passos que giram à volta da supervisão clínica, que são:
A assistência direta do supervisor;
- A supervisão de pares;
- O desenvolvimento do currículo;
- A formação contínua;
- A investigação-acção.
Nestas formas de desenvolvimento do processo é reconhecido um bom método de supervisão.
Com McGreal (1983), referido por Tracy (2002) in Oliveira-Formosinho (2002), que traça
outras hipóteses, todas elas ricas em conteúdo, com alguns aspetos muito positivos, que se
passam a referir: o modelo de normas comuns que valoriza a avaliação das escolas e o
processo de ensino, cujo controlo pertenceria quase exclusivamente ao supervisor e que o
professor participante teria um papel relativamente passivo no processo de supervisão.
Este autor fala também da sua visão sobre a supervisão clínica em que desta vez se concentra
mais no processo de ensino do que nos seus resultados e considera-o um modelo eficaz para
melhorar a instrução em geral, embora não muito adequado para a avaliação.
Com o mesmo autor, existe ainda uma confrontação com os modelos artísticos ou
naturalistas, cujo enfoque reside mais na teoria do que na prática, traduzindo-se em
resultados não especificados, utilizados para ajudar os professores a desenvolver os seus
próprios talentos e aptidões.
No modelo de supervisão preconizado por Stones (1984) designado por psicopedagógico e
baseado na psicologia do desenvolvimento dos adultos, o supervisor é o sujeito que facilita a
aprendizagem do professor. Afirma que a supervisão é uma atividade bastante complexa
porque exige ― super-visão.
O termo ― super-visão advém de capacidades preceptivas que o supervisor deve possuir,
capacidades essas relacionadas com a observação em contexto de sala de aula. Nas palavras
do próprio: ―visão apurada para ver o que acontece na sala de aula. Depois, necessitaria de
introvisão para compreender o significado do que lá acontece, antevisão para ver o que
poderia estar a acontecer, retrovisão para ver o que deveria ter acontecido mas não aconteceu
e segunda-visão para saber como fazer acontecer o que deveria ter acontecido mas não
aconteceu.
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Pajak (1993), referido por Tracy (2003) in Oliveira-Formosinho (2002), apresenta-nos ainda
os modelos técnico - didáticos, centrados na assistência e não na supervisão, em que se
enfatiza o aumento de capacidades cognitivas e de tomada de decisões dos professores
utilizando, para tal, técnicas e estratégias específicas.
Ainda este autor, fala também do modelo de desenvolvimento reflexivo, que recolhe o
parecer de muitos autores, referindo que a prática profissional tem origem na capacidade do
professor para aprender a partir da experiência, refletindo criticamente sobre as suas próprias
ações.
Para Tracy (2002), a filosofia dominante que rege a prática profissional, refere-se ao processo
ensino-aprendizagem. São abordados assim os modelos originais, em que é fulcral a relação
de confiança entre supervisor e professor, que estimula o debate aberto e o desenvolvimento
da partilha de significados do que ocorre na sala de aula.
exemplo, Combs (1974), Fuller (1972, 1974), Glassberg e Sprinthall (1980); todas, têm um
ponto em comum: contemplam o desenvolvimento do professor enquanto pessoa. Enquanto
Combs defende um programa de formação baseado nos valores humanistas, onde se
privilegia o auto-conhecimento e o auto-desenvolvimento, Fuller foca-se nas necessidades e
preocupações do professor em formação. Para Glassberg e Sprinthall, o comportamento
humano é determinado pela maturidade psicológica do sujeito. Como tal, os programas de
formação de professores devem ter em conta o estádio de desenvolvimento em que se 14
Encarando o supervisor como uma pessoa adulta, com mais experiência da prática, que ajuda
o professor a progredir e, através dele, as crianças com quem trabalha. Deste modo, a
supervisão deve consistir:
…numa visão de qualidade, inteligente, responsável, experiencial, acolhedora, empática,
serena e envolvente de quem vê o que se passou antes, o que se passa durante e o que se
passará depois, ou seja, de quem entra no processo para o compreender por fora e por
dentro (Alarcão e Tavares, 1987, p. 47).
Para conseguir tudo isto, terá de existir essa relação de empatia, de que a citação nos fala, e
ainda de cumplicidade, uma vez que ambos se esforçarão por se conhecerem cada vez melhor
e trabalharem em conjunto. Aprofundando conhecimentos, percebendo cada vez melhor a
realidade que os acolhe, traçando prioridades de ação, formulando intenções, refletindo sobre
as práticas, ajustando estratégias, analisando as reações e o desenvolvimento das crianças,
para com tudo isto progredir no crescimento como pessoa e profissional e assim ajudar as
crianças a crescerem também na sua individualidade.
Atento à riqueza ou inibições provenientes das suas experiências passadas, aos seus
sentimentos, às suas percepções e à sua capacidade de auto-reflexão, o supervisor não será
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aquele que dá receitas de como fazer, mas aquele que cria junto do professor, com o professor
e no professor um espírito de investigação-acção num ambiente emocional positivo, humano,
desencadeador do desenvolvimento das possibilidades do professor, pessoa, profissional
(Alarcão e Tavares, 1987, p.47).
Franco (2003) quando diz que o Supervisor Escolar é aquela pessoa que sabe ver além das
evidências do quotidiano, colocando-se em diferentes ângulos para distinguir várias e muitas
faces da realidade da Educação, procurando estudá-las, confrontá-las e aprofundá-las pelo
estudo, pelo diálogo, num processo de acção-reflexão, que alimenta continuamente a
caminhada de toda a comunidade educativa, com vista á construção de pessoas-sujeitos da
própria história.
O Supervisor é, ainda, aquela pessoa que sabe ouvir o inaudível, porque é sensível e
perspicaz, e, na humildade, sabe trabalhar junto com o grupo, envolvendo todos no mesmo
processo, valorizando e maximizando a participação de cada um na vivência dinâmica da
proposta pedagógica. É ele que coordena, que articula a vida escolar no seu todo, para que na
interacção de pessoas, vivências e acontecimentos, o ensino-aprendizagem, a educação e a
vida se desenvolvam com sabor e sentido que a comunidade educativa lhe pretende dar, na
linha da proposta pedagógica.
Segundo Moreira (2005), o papel do supervisor consiste em mergulhar na complexidade, ir
ao fundo das questões que cada situação coloca e mesmo interrogar a situação caso as
questões não surjam naturalmente. O papel do supervisor atualmente, é visto como o
principal fator de sucesso escolar e fundamental para o crescimento do bom ambiente
educacional. O seu trabalho na escola, deve basear-se num projeto pedagógico elaborado a
partir de propostas de todos os que fazem a escola, para que se possam resolver problemas e
necessidades da mesma. É um agente educativo que constrói com os professores e outros, o
seu trabalho diário.
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No seu desempenho profissional, o seu cariz de orientação evoca uma diversidade de cenários
(Alarcão e Tavares, 2003), em que vão ser referenciados apenas dois, por serem aqueles que,
a nosso ver, poderão ser dos mais importantes para o tipo de supervisão que estamos a tratar:
o cenário clínico e o reflexivo. Quanto ao primeiro, o supervisor apoia o professor como
agente dinâmico, na introspeção das suas práticas, aperfeiçoando-as. No segundo cenário,
existe uma imprevisibilidade na prática pedagógica do professor. Assim ele tem que ser
preparado para que a sua atuação seja mais inteligente, flexível e justa. É aqui que o papel do
supervisor é fundamental para que o professor sistematize conhecimentos que derivam da
interação entre ação e pensamento. Neste cenário, o supervisor deverá encorajar à reflexão na
ação, à reflexão sobre a reflexão na ação, beneficiando deste modo o supervisionado e para
ele próprio que desenvolverá em si a capacidade de auto-supervisão (Schön 1987, in Alarcão,
1996)
A função do supervisor deve ser, antes de mais, a de ajudar o professor a fazer a observação
do seu próprio ensino, a analisar, interpretar e refletir sobre os dados recolhidos e a procurar
melhores soluções para as dificuldades e problemas que vão surgindo. O problema da
avaliação não se coloca e, com o desvanecimento da figura do supervisor, o modelo de
supervisão clínica de que já se falou atrás, afigura-se mais viável. A avaliação não deve
condicionar o processo, mas sim promover uma relação espontânea, de entreajuda, não
dificultando o objetivo essencial, o desenvolvimento humano e profissional do professor.
Sobretudo, como afirmam Alarcão e Tavares (2003), porque a promoção gradual da
descoberta, o comprometimento, a colaboração e a reflexão sobre a ação e sobre o processo
de ensino e aprendizagem eventualmente transportarão para a escola aquilo de que esta
também necessita: a inovação. Assim, a atitude do supervisor em qualquer atividade
orientada, deve:
- Sensibilizar toda a comunidade escolar para um desempenho mais confiante, construtivo,
democrático e consciente;
- Desenvolver ações baseadas na reflexão sobre o processo pedagógico em que está
empenhado;
- Facilitar, liderar ou dinamizar as comunidades no interior da escola;
- Estimular e direcionar o trabalho docente;
- Melhorar a sua atuação enquanto profissional;
- Contribuir para a formação de professores, articulando a teoria e a prática;
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Resumo
Chegado aqui, importa sublinhar alguns aspectos fundamentais sobre a supervisão
pedagógica dos seerviços educacionais:
Deveremos ainda realçar e citando Alarcão e Canha (2013, pp. 46-47) que a colaboração está
intimamente ligada à natureza das relações entre as pessoas que compreendem,
necessariamente, dimensões emocionais e afetivas. Isto porque, para que exista uma
supervisão colaborativa, é necessário que a responsabilidade sobre o processo de realização
dos propósitos que a justificam seja equilibradamente assumida e partilhada por todos os que
nela intervém, independentemente dos papéis diferenciados que possam assumir.
Supervisionar a prática docente, comporta a ideia de entreajuda, de monitorização, de
encorajamento, num contínuo processo de interação consigo próprio e com os outros,
incluindo estratégias de observação, reflexão e ação do e com o professor.
A supervisão colaborativa é uma área que visa a mudança e a abertura do sistema de ensino a
novas metodologias educacionais, capazes de promover o diálogo reflexivo interpares, o
crescimento profissional, a autonomia e a responsabilidade, integrados num trabalho conjunto
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Bibliografia
1.ALARCÃO, I. (org).(1996). Formação reflexiva de professores – estratégias de
supervisão. Porto: Porto Editora.
4.VIEIRA, F. (1993). Supervisão: uma prática reflexiva de formação. Rio Tinto: Edições
Asa.