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O perfil profissional do Animador Turístico em relação ao Animador Sociocultural: relações e diferenças

O PERFIL PROFISSIONAL DO ANIMADOR TURÍSTICO EM RELAÇÃO AO


ANIMADOR SOCIOCULTURAL: RELAÇÕES E DIFERENÇAS

Professor Doutor Victor J. Ventosa Pérez


Professor da Universidade Pontifícia de Salamanca
Presidente da RIA
Chefe da Sociedade de Juventude do Município de Salamanca

INTRODUÇÃO

O propósito desta comunicação centra-se em analisar o perfil do Animador Turístico com-


parativamente ao Animador Sociocultural, em relação aos seus respetivos contextos profissionais,
competências e formação.
Para isso tomarei por base o currículo estabelecido recentemente em Espanha para o Título
Superior de Animação Sociocultural e Turística, com o fim de identificar as convergências e as
diferenças existentes entre ambos os perfis, de forma a separar os componentes comuns e substan-
ciais que determinam o objetivo e a identidade básica da Animação, dos componentes diferenciais
que configuram as suas capacidades.
Para isso utilizaremos como documento de referência o texto oficial através do qual se es-
tabeleceu em Espanha o “título de Técnico Superior em Animação Sociocultural e Turística” (Real
Decreto 1684/2011 BOE de 27 de dezembro de 2011).
Este novo título- de Formação Profissional Superior de Nível 3 corresponde ao nível 1 de
Educação Superior, referente CINE 5b- veio substituir os anteriores títulos superiores em Ani-
mação Sociocultural e em Animação Turística, integrando-as numa só. Havendo um reconheci-
mento oficial do que ambos os perfis mantém os seus traços diferenciais, compartilham um mesmo
tronco disciplinar, uma mesma metodologia e um conjunto de técnicas e recursos comuns.
Sem embargo para esta integração largamente defendida por mim (não só por coerência dis-
ciplinar mas também por razões de empregabilidade) face ao Instituto Nacional de Qualificações
Profissionais (INCUAL) durante os meus anos como perito colaborador (Ventosa, 2008), agora há
o perigo de cair num outro extremo. Se antes com a separação de títulos se esqueciam os traços
comuns, agora com a sua integração numa só titulação corre-se o risco de esquecer os traços que
os diferenciam.
A análise comparativa que se segue pretende conseguir uma visão equilibrada dos compo-
nentes comuns e diferentes de ambos os perfis.
Esta análise comparada será feita a partir da seleção de 3categorias descritivas do título em
questão: as competências, o contexto profissional e a formação requerida para os dois perfis.

1. COMPETÊNCIAS.

Para analisar as competências do Animador tanto na sua modalidade sociocultural como tu-
rística, temos que ter em conta desde uma vertente transversal, a competência geral da qual derivam
as competêncas específicas profissionais, pessoais e sociais até uma perspetiva vertical, distinguindo
os componentes comuns a ambos os perfis (convergências) e os que os diferenciam (divergências).

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1.1.  Competência Geral

Programar, organizar, implementar e avaliar intervenções de animação sociocultural e turís-


tica, promovendo a participação ativa das pessoas e grupos destinatários e coordenando as atuações
dos profissionais e voluntários a seu cargo.
Esta competência, formula-se como algo compartilhado por ambos os perfis, podemos mes-
mo distinguir três traços ou dimensões de competências, dos quais dois são comuns (funcional e
metodológico) e outro que é diferencial (contextual).
Funcional: o conjunto de funções correspondentes ao seu nível profissional: programação,
organização, implementação e avaliação de intervenções por um lado e coordenação de profis-
sionais e voluntários a seu cargo. Este traço não só é comum a ambos os perfis como também é
transversal a todos os demais perfis profissionais correspondentes ao mesmo.
Metodológico e procedimental: promoção da participação ativa das pessoas e grupos des-
tinatários. Este traço, essencial e que define, é o que caracteriza todo o processo de Animação e
portanto é também comum a ambos os perfis.
Contextual: que delimita o âmbito de intervenção correspondente a cada um dos perfis ana-
lisados: o sector sociocultural por um lado e o turístico por outro. Ao contrário das duas dimensões
anteriores, esta não é comum a ambos, mas sim diferencial, delimitando assim o contexto que
caracteriza e distingue cada um dos perfis da Animação Sociocultural por um lado e turística por
outro.
A primeira conclusão que temos que tirar dos resultados desta análise é que a diferença
profissional mais evidente que distingue a Animação Sociocultural da Turística é mais de tipo
contextual que competencial. É o ambiente institucional e profissional (constituído basicamente
pela cultura das empresas que contratam e o perfil dos seus respetivos clientes) que distingue o
animador sociocultural do animador turístico e não tanto a competência geral das suas respetivas
ocupações.
Uma prova desta tese é encontrada na hora de definir as competências específicas que deri-
vam da competência geral.

1.2. Competências Específicas:

Da competência geral do animador sociocultural e turístico derivam uma série de compe-


tências profissionais, pessoais e sociais que no texto oficial da titulação aparecem justapostas e
indiferenciadas, pelo que podemos dividir em competências profissionais específicas (próprias da
profissão do animador) e competências instrumentais (comuns e transversais a diversas profissões).

Competências profissionais específicas da Animação:

● Obter informação, utilizando recursos, estratégias e instrumentos de análise da reali-


dade, com o fim de adequar a intervenção sociocultural às necessidades das pessoas
destinatárias e ao contexto.
● Elaborar projetos de intervenção sociocultural a partir da informação obtida do contexto
e das pessoas destinatárias, incorporando a perspetiva de género.

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● Dirigir a implementação de projetos de intervenção sociocultural, coordenando as atua-


ções dos profissionais e voluntários a seu cargo, supervisionando a realização das ativi-
dades co critérios de qualidade e facilitando o trabalho em equipa.
● Desenhar espaços, estratégias e materiais de promoção e difusão de projetos de inter-
venção sociocultural, aplicando os avanços tecnológicos do âmbito da comunicação.
● Organizar departamentos, programas e atividades de animação sociocultural e turística,
gerindo a documentação e os recursos assim como o financiamento e o controlo do pres-
suposto assinado.
● Criar, dinamizar e supervisionar equipas de monitores/as em projetos de intervenção
sociocultural, organizando-os em função das atividades.
● Desenhar, implementar e avaliar atividades lúdicas, culturais, físicas e recreativas, sele-
cionando as estratégias metodológicas, organizando os recursos e manuseando as equi-
pas e os recursos técnicos necessários para o seu desenvolvimento.
● Proporcionar apoio técnico, documental e logístico para a constituição e funcionamento
de grupos e associações, capacitando os participantes para a auto-gestão e facilitando as
relações entre os diferentes agentes sociais.
● Organizar e gerir os serviços de informação juvenil, realizando atividades de orientação,
informação e dinamização que atendam às necessidades e procuras das pessoas deste
sector.
● Desenhar, implementar e avaliar atividades socioeducativas dirigidas à população ju-
venil, favorecendo a igualdade de oportunidades e aplicando os princípios da educação
não formal.
● Dinamizar grupos, aplicando técnicas participativas e de dinamização, gerindo conflitos
e promovendo o respeito e a solidariedade.

Competências Instrumentais:
● Aplicar os protocolos estabelecidos em matéria de primeiros socorros em situações de
acidente ou emergência;
● Realizar o controlo e seguimento da intervenção com atitude auto-crítica aplicando cri-
térios de qualidade e procedimentos de retro-alimentação para corrigir os desvios dete-
tados;
● Dar resposta a possíveis solicitações, sugestões e reclamações para cumprir as suas ex-
petativas e ter satisfação, podendo usar uma língua estrangeira;
● Adaptar-se a novas situações laborais, mantendo atualizados os conhecimentos científi-
cos, técnicos e tecnológicos relativos ao seu ambiente profissional, gerindo a sua forma-
ção e os recursos existentes na aprendizagem ao longo da vida e utilizando tecnologias
de informação e comunicação;
● Resolver situações, problemas ou contingências com iniciativa e autonomia no âmbito
da sua competência, com criatividade, inovação e espírito de melhora no trabalho pes-
soal e no trabalho dos demais membros da equipa;
● Organizar e coordenar equipas de trabalho com responsabilidade, supervisionando o
desenvolvimento do mesmo, mantendo relações fluídas e assumindo a liderança, assim

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como trazer soluções aos conflitos grupais que surjam;


● Comunicar com os seus iguais, superiores, clientes e outras pessoas sob a sua responsa-
bilidade, utilizando vias eficazes de comunicação, transmitindo a informação e conheci-
mentos adequados e respeitando a autonomia e a competência das pessoas que intervêm
no âmbito do seu trabalho;
● Gerar retornos seguros no desenvolvimento do seu trabalho e da sua equipa, supervi-
sionando e aplicando procedimentos de prevenção de riscos laborais e ambientais, de
acordo com o estabelecido pelas normas e objetivos da empresa;
● Supervisionar e aplicar procedimentos de gestão de qualidade, de acessibilidade univer-
sal e de “desenho para todos”, nas atividades profissionais incluídas nos processos de
produção ou prestação de serviços;
● Realizar a gestão básica para a criação e funcionamento de uma pequena empresa e ter
iniciativa na sua atividade profissional com o sentido da responsabilidade social;
● Exercer os seus direitos e cumprir com as obrigações inerentes à sua atividade profis-
sional, de acordo com o estabelecido na legislação em vigor, participando ativamente na
vida económica, social e cultural.

Em relação ao nosso tema, interessa-nos centrarmo-nos especialmente nas competências


profissionais específicas, próprias da Animação para comprovar que praticamente todas elas se
podem aplicar a ambos os perfis: o sociocultural e o turístico.
Assim podemos apreciar as diferenças de competência quando agrupamos as mesmas em
torno das chamadas Qualificações Profissionais correspondentes a cada um dos nossos perfis anali-
sados. Uma Qualificação Profissional é um conjunto de competências profissionais com significa-
do próprio, existente no mercado de trabalho. Portanto, cada uma destas qualificações pode refletir
as diferentes ocupações laborais associadas no nosso caso ao animador sociocultural e turístico.

1.3. Qualificações Profissionais:

● Animação Sociocultural:
● Dinamização Comunitária
● Direção e coordenação de atividades de tempo livre educativo infantil e juvenil;
● Dinamização, programação e desenvolvimento de ações culturais;
● Informação Juvenil.
● Animação Turística:
● Gerir departamentos de animação turística
● Desenhar, promover e avaliar projetos de animação turística;
● Criar e dinamizar grupos em situações de ócio.

1.4. Competências específicas do animador turístico:

É a partir da Qualificação específica da Animação Turística, assim como da análise da práti-


ca profissional real dos seus profissionais (Chaves y Mesalles, 2001) donde podemos retirar o que
seriam as competências próprias do animador turístico que podemos agrupar do seguinte modo:

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Programação e organização de atividades de animação turística: tanto recreativas, como


desportivas, artísticas e culturais em função das características do grupo a que estão dirigidas
(tamanho, nacionalidade, idade, cultura e costumes) e os elementos e instalações disponíveis, me-
diante a utilização de técnicas de motivação e participação adequadas para implicar e satisfazer o
cliente.
Seleção, criação e preparação de espaços, instalações e instrumentos necessários em con-
dições suficientes de segurança: com o fim de poder realizar os diversos programas de animação
da forma mais idónea e prevenir os riscos associados à sua utilização.
Uso, manutenção e controlo dos meios técnicos e materiais utilizados nas atividades de
animação turística: tanto os de tipo audiovisual (Equipas e mesas de luz, som e imagem), como
os desportivos, artísticos e recreativos (), encarregando-se não só do seu uso mas também da sua
logística (organização, classificação e inventários, controlo de pedidos, manutenção e controlo do
seu estado).
Execução e desenvolvimento das atividades programadas: adaptando-as aos interesses e
características do cliente, assim como as possibilidades dos espaços e instalações disponíveis e
ainda dos possíveis desvios ao planificado por imprevistos ou acidentes (mudanças de tempo,
avarias…).
Domínio das habilidades sócio-grupais e de comunicação assim como das técnicas básicas
de animação grupal, desportiva, recreativa e artística mais utilizadas no ambiente turístico: ba-
seando-se fundamentalmente na dinâmica grupal e no domínio do idioma ou idiomas para se poder
comunicar com os clientes, assim como o manejo das técnicas de motivação e participação, do jogo
e das suas diversas modalidades e da expressão artística (especialmente a musical e a dramática).
Avaliação centrada no cliente e nos programas e atividades realizados: obtendo informação
de maneira direta, através de pesquisas e de observação, com o fim de conhecer as preferências dos
destinatários para melhorar o programa e favorecer a sua fidelização.

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2. AMBIENTE PROFISSIONAL:

O contexto ou ambiente profissional é o conjunto de elementos que nos ajudam a definir o


marco sociolaboral no qual se situam os perfis do animador sociocultural e do turístico. Compõe-se
dos setores produtivos e dos sub-setores ou serviços nos quais se exercem as ditas profissões e as
ocupações e postos de trabalho mais relevantes.
Neste sentido, podemos distinguir três níveis contextuais de análise:
● Macromedio: corresponde ao nível mais amplo, o setor ao qual pertence a animação
turística, é o setor dos serviços turísticos, do ócio e tempo livre e dentro deste o corres-
pondente às atividades lúdicas e recreativas, desportivas e ao ar livre. Este nível como
o mais amplo contém a análise da sociedade do ócio como potencial procurador da
animação turística.
● Mesomedio: nível estrutural que se corresponde com o contexto institucional e infra-
estrutural onde se realizam as atividades de animação turística: a empresa ou cadeia
hoteleira, o complexo turístico ou as instalações e espaços em que trabalham os anima-
dores turísticos.
● Micromedio: nível micro-estrutural, o mais próximo ao animador, cujas funções e ca-
racterísticas configuram e definem o seu posto de trabalho.
Estes três níveis estão intimamente inter-ligados e estarão igualmente presentes ao longo des-
tas páginas. Deste modo, por muito que o queiramos e proclamemos, não existirão postos de trabalho
para os animadores se o macromedio não o exige através do desenvolvimento de uma sociedade
e de uma cultura de ócio, mais ou menos definida em cada país. Só então poderemos decidir em
termos técnicos que o mercado está maduro. Em tempo devido, estes postos de trabalho (microme-
dio) deverão assumir uma série de competências em função das instâncias que no setor empresarial
(mesomedio) o procuram e das caraterísticas e possibilidades da infra-estrutura turística. De igual
modo, quanto mais cresce essa procura social (macromedio), mais crescerá o setor empresarial e
institucional turístico (mesomedio) e finalmente contribuirá para aumentar as saídas profissionais dos
animadores e acrescentar as exigências da sua formação e profissão (micromedio).
Este processo pode ser representado graficamente pelo seguinte esquema:

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Isto quer dizer que o desenvolvimento profissional da Animação, como o de qualquer outra
profissão, avança na medida em que se cria uma procura social (seja potencial ou real, auto-induzi-
da ou hétero-induzida) que por sua vez gera um tecido empresarial e uma infra-estrutura turística
suficiente para requerer profissionais.
Algo que as instâncias académicas e docentes tendem a esquecer, empenhadas em construir
a casa pelo telhado, sem se darem conta que são as competências profissionais requeridas pela
procura social e pelo mercado de trabalho que devem determinar a formação dos animadores e não
o contrário.
Comparemos agora os setores de ocupação correspondentes à Animação Turística em re-
lação à Animação Sociocultural, para prosseguir aprofundando as suas relações e diferenças.

● Setores de ocupação:
O animador sociocultural exerce a sua atividade no setor dos serviços à comu-
nidade (especialmente nos sub-setores do desenvolvimento comunitário e informação
juvenil), no setor dos serviços culturais (concretamente no sub-setores de leitura e in-
formação, tecnologias de informação e comunicação e de recursos e produtos culturais
diversos) e no setor do ócio e tempo livre (sub-setores de atividades lúdicas e desporti-
vas, ambientais e ao ar livre).
Por outro lado, o animador turístico exerce a sua atividade basicamente no setor
de serviços turísticos (tanto de âmbito urbano como rural).

● Ocupações e postos de trabalho mais importantes:

● Animação Sociocultural:
● Coordenador/a de tempo libre educativo infantil e juvenil;
● Diretor/a de tempo libre educativo infantil e juvenil;
● Responsável por projetos de tempo libre educativo infantil e juvenil;

● Coordenador/a de acampamentos, de albergues da juventude, de casas de colónias,


de escolas, de aulas de casas de juventude e escolas de natureza;

● Director/a de campamentos, de albergues de juventude, de casas de colónias, de


escolas, de aulas de casas de juventude e escolas de natureza.
● Monitor/a de tempo libre.
● Animador/a sociocultural.
● Dinamizador/a comunitário
● Acessoror/a para o setor associativo.
● Técnico comunitário.
● Gestor/a de associações.
● Técnico/a de serviços culturais.
● Animador/a cultural.
● Informador/a juvenil.

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● Animação Turística:
● Animador/a de hotel.
● Animador/a de espectáculos.
● Animador/a de actividades recreativas ao ar libre em complexos turísticos.
● Chefe/a de departamento em animação turística.
● Monitor/a infantil.

Provavelmente encontrar-se-á em falta alguma ocupação mais correspondente ao setor da


animação turística, concretamente no ámbito da animação rural, cultural ou patrimonial (Bote:
1988).Este defende principalmente que estes espaços, para além de não estarem suficientemente
maduros- pelo menos no caso español- estão já ocupados por outras profissões relacionadas, tais
como os animadores desportivos, guias turísticos e de natureza.

3. FORMAÇÃO:

Finalmente, o último componente que analisaremos para detetar as possíveis diferenças


entre os perfis do Animador Sociocultural e do Animador Turístico, é o formativo.
No caso das competências, na titulação oficial de referência, os chamados módulos forma-
tivos necessários para adquirir as mesmas, aparecem unidos e misturados.
Apresenta-se assim uma proposta formativa diferenciada distinguindo os conteúdos forma-
tivos que a meu entender são mais apropriados a cada perfil de animação, os que seriam comuns a
ambos os perfis e a formação instrumental ou transversal ao conjunto genérico de perfis profissio-
nais (sejam ou não de animação):

3.1. Formação associada ao perfil do Animador Sociocultural:


● Animação e gestão cultural.
● Metodologia da intervenção social.
● Desenvolvimento comunitário.
● Informação Juvenil.
● Intervenção socioeducativa com jovens.

3.2. Formação associada ao perfil do Animador turístico:


● Animação turística.

3.3. Formação comum aos dois perfis:


● Atividades de ócio e tempo livre.
● Dinamização grupal.
● Projeto de animação sociocultural e turística.
● Contexto da animação sociocultural.
● Primeiros auxílios.

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3.4. Formação instrumental ou transversal:


● Inglês.
● Formação e orientação laboral.
● Empresa e iniciativa empreendedora.
● Formação em centros de trabalho.

Pela análise realizada e tendo por base o que foi dito, podemos concluir afirmando que a
integração dos perfis do animador sociocultural e turístico dentro de uma mesma titulação profis-
sional que ponha fim à sua anterior e artificial separação, valorizamos isto precisamente por razões
tanto epistemológicas como de empregabilidade:
● Epistemologicamente, os dois perfis profissionais pertencem ao mesmo corpo disci-
plinar da Animação, compartilhando uma mesma metodologia e um corpo de técnicas
comuns (socio-grupais, artísticas, culturais, desportivas, de ócio e tempo livre).

● Do ponto de vista da empregabilidade, a integração dos dois perfis num único título
profissional aumenta a empregabilidade de quem a ele acede, ao abarcar a dita formação
não só no âmbito da Animação Sociocultural, mas também da Turística, assim como da
educação no tempo livre e a informação juvenil.

Em síntese, a Animação Turística, podemos considerá-la uma modalidade de animação que


partilha o mesmo corpo de conteúdos básicos, tanto teóricos como metodológicos que a Animação
Sociocultural, diferenciando-se os perfis pela prática e pelos contextos, o ambiente profissional
(constituído basicamente pelas empresas que contratam e pelos seus clientes) onde esta modalida-
de se exerce.
Esta conclusão leva-nos a outra mais ampla e de natureza epistemológica: não basta de-
finir a Animação como uma prática, já que esta muda em função dos contextos institucionais, os
ambientes profissionais e as diversas modalidades de animação existentes. A análise aqui realizada,
entre dois perfis e modalidades de animação diferentes mostra-nos como a natureza definitiva e
diferencial da Animação não é praxiológica mas sim metodológica ou de procedimentos, o objeti-
vo comum da Animação é a aquisição de um conjunto de habilidades de procedimentos orientadas
para o ensino e exercício da participação mediante a implicação dos interessados em projetos e
atividades socioculturais.

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