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Revisão Textual:
Profa Vera Lidia de Sa Cicaroni
A Educação no Século XX: O Pensamento Pedagógico e as
Políticas Educacionais
Esta unidade faz uma contextualização da educação brasileira, mostrando, entre tantos
aspectos importantes, a aparição da figura feminina como elemento atuante no cenário
educacional do Brasil. Apresenta, também, a visão de uma educação longe de abordagens
religiosas, porém extremamente influenciada por pensamentos positivistas e pragmatistas.
Durante este estudo, veremos que se desenrolou, no país, uma discussão ampla sobre vários
aspectos educacionais, fundamentada em pensamentos, ideias, teorias pedagógicas
significativas que propunham uma educação livre, gratuita e pública, direcionada a todos os
cidadãos brasileiros. Nesse sentido conheceremos algumas ações que trouxeram mudanças
para o processo de educação vigente, como, por exemplo, a elaboração do Manifesto dos
Pioneiros da Educação e a discussão sobre a necessidade de planos educacionais e de uma
Lei com diretrizes e bases específicas para a Educação brasileira.
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As mudanças e o ideal de democracia na Educação Brasileira
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Esse documento é um marco na história da Educação Brasileira, pois é um dos
primeiros momentos em que a educação é trabalhada de forma consciente, visando à
educação para todos.
A Primeira República
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Influenciado pelos ideais positivistas, Benjamim Constant realizou uma reforma que
estabeleceu a prioridade dos estudos científicos, sobrepondo-os aos estudos das letras. Essa
reforma introduziu as ciências físicas e naturais no currículo das classes elementares, nível de
estudo que hoje corresponde ao Ensino Fundamental I. Benjamim Constant, nasceu em Paris,
em 1767, foi escritor, pensador e político e acreditava em um mundo moderno.
Caetano de Campos assumiu esse encargo e criou a primeira Escola Normal de São
Paulo, inspirado nos métodos do educador americano John Dewey. Influenciou outros
intelectuais brasileiros aos quais transmitiu a visão americana a respeito do ensino.
A nova burguesia, que reivindicava uma educação acessível a todos, começou a ter,
como aliados, alguns pensadores que priorizavam uma educação mais acadêmica sobre a
formação técnica, pois a educação defendida por Rangel Pestana e Caetano de Campos
necessitava de reformas, uma vez que os índices de analfabetismo, na época, eram
alarmantes.
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Partindo desse contexto, alguns intelectuais, educadores e profissionais ligados à
educação discutiam uma forma de reverter o quadro vigente. Como resultado dessas reflexões
e com a influência de pensamentos mais liberais, como os de John Dewey, ganhou força a
ideia de uma educação pública e laica para todos, ou seja, procurava-se a democratização do
ensino. Os intelectuais envolvidos nesse movimento foram chamados de escola novistas, pois
queriam uma escola nova, que contemplasse o ideal de uma educação sem caráter dualista,
que não estabelecesse a separação entre uma classe e outra por meio da educação.
Dentre eles está Anália Emília Franco, nome de solteira, que passou a se chamar, após
o seu matrimônio com Francisco Antônio Bastos, Anália Franco Bastos. Nascida em Rezende
(RJ), em 1856, mudou com seus pais para São Paulo aos cinco anos de idade. Ajudava sua
mãe no magistério em diversos colégios, foi educadora, escritora, teatróloga e um exemplo de
vocação bem direcionada e de completo êxito. Formou-se como professora aos 15 anos,
dedicou-se ao magistério público, fundou associações, colégios e o liceu feminino. Após a Lei
do Ventre Livre, chegou ao seu conhecimento que os filhos dos escravos estavam destinados à
"Roda" da Santa Casa de Misericórdia, e que as crianças mais velhas perambulavam como
mendigos pela cidade. Diante desse fato, Anália procurou auxílio para abrir uma escola ou um
abrigo para essas crianças. Com ajuda da esposa de um fazendeiro rico, conseguiu uma casa
para sua escola, porém foi-lhe imposta a condição de que crianças brancas e negras não
compartilhassem o mesmo espaço. Achando uma afronta, Anália não aceitou a casa que lhe
foi oferecida gratuitamente e pagou aluguel para inaugurar a primeira casa maternal.
Começou a receber todas as crianças que lhe batiam à porta, levadas por parentes ou
apanhadas nas moitas e desvios dos caminhos. Não tinha dinheiro para pagar o aluguel e foi
pedir esmolas junto com as crianças, as quais chamavam de “meus alunos sem mães”. Sua
fama, definitivamente, não era das melhores sem uma a sociedade formada por católicos,
escravocratas e monarquistas.
Anália sofreu todo o preconceito da época, pois sua obra era voltada aos pobres, tinha
como meta a erradicação do analfabetismo e o combate à miséria e à pobreza. Morreu em
1919, na cidade de São Paulo.
Os temas tratados por Maria Lacerda de Moura abordavam assuntos como educação,
direitos da mulher, amor livre, combate ao fascismo e antimilitarismo, tornando-se conhecida
não só no Brasil, mas também no Uruguai e na Argentina, onde esteve convidada por grupos
anarquistas e de sindicatos locais. Entre os seus numerosos livros destacam-se: Em torno da
educação (1918); A mulher moderna e o seu papel na sociedade atual (1923); Amai e não vos
multipliqueis (1932); Han Ryner e o amor plural (1928) e Fascismo: filho dileto da Igreja e do
Capital (s/d).
Poderíamos acrescentar uma quarta contribuição, que foi a sua importante participação
no processo de fundação da Universidade de São Paulo (1934),destacando-se como um
lutador incansável pela implementação do verdadeiro espírito universitário, plenamente
identificado com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, como anima mater da
Universidade. Fernando de Azevedo morreu em São Paulo em 1974.
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Manifesto dos Pioneiros da Educação
Pela primeira vez afirmava-se, em alto e bom som, que era impossível desenvolver
forças econômicas ou de produção sem o preparo intensivo das forças culturais e sem o
desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa, que são fatores fundamentais à
riqueza de uma sociedade.
Outra figura importante dentro do cenário educacional brasileiro é Anísio Teixeira, que
nasceu em Caetité, Rio de Janeiro, em 1900, e faleceu na mesma cidade, em 1971. Sua
morte traz um suspense até os dias de hoje. Sua formação inicial foi concretizada em um
colégio de jesuíta, e, em 1922, formou-se na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de
Janeiro. Foi convidado pelo Governador Góes Calmon para ocupar o cargo de Inspetor Geral
de Ensino da Bahia - cargo equivalente, hoje, ao de Secretário da Educação. Em 1927, teve
contato com as ideias do filósofo e pedagogo John Dewey e, no ano seguinte, 1928, fez pós-
graduação nos EUA. De volta ao Brasil traduziu dois trabalhos de Dewey, que tiveram, pela
primeira vez, versão em língua portuguesa. Entre os anos de 1929 e 1930, difundiu os
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pressupostos do movimento da Escola Nova, enfatizando a importância do desenvolvimento
do intelecto e da capacidade de julgamento; teve participação efetiva na elaboração do
Manifesto dos Pioneiros, defendendo o ensino público, gratuito, laico e obrigatório. Em 1931,
ocupou a Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, em cujo cargo instituiu a
integração da "Rede Municipal de Educação", do fundamental à universidade. Diversas
melhorias e mudanças foram feitas. Na década de 1940, foi Conselheiro da UNESCO. Em
1946, Anísio foi convidado para ser o Secretário de Educação e Saúde. O tema “autonomia”
na Educação foi mencionado desde 1950, época da criação da Escola-Parque, de Anísio
Teixeira, em Salvador, também conhecida como Centro Educacional Carneiro Ribeiro.
Dirigiu, nos anos 50, o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, que, no governo do
presidente Fernando Henrique Cardoso, passou a se chamar Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP.
Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos chega sempre como algo de
imprevisto e terrível, talvez devido a seu carater definitivo: a vida é
permanente transição, interrompida por estes sobressaltos bruscos de morte.
Anísio revoltava-se em saber que, dos cinco milhões de brasileiros que frequentavam a
escola, apenas 450.000 conseguiam chegar àquarta série, permanecendo todos os demais
frustrados intelectualmente e incapacitados para se integrarem a uma sociedade industrial e
alcançarem um padrão de vida decente.
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Outro representante das ideias sociais foi Lourenço Filho (1897 — 1970), um educador
brasileiro conhecido, sobretudo, por sua participação no movimento dos pioneiros da Escola
Nova. Sua obra mostra diversas facetas do intelectual educador extremamente ativo e
preocupado com a escola em seu contexto social e com as atividades de sala de aula. Realizou
um importante trabalho de reformulação do ensino no Brasil e em outros países da América
Latina, pelo que mereceu o título de Mestre das Américas.
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Também foi importante para a educação no Brasil a atuação de Paschoal Lemme
(1904- 1997). A discussão promovida por esse educador sobre os problemas educacionais
destacou questões relacionadas à necessidade da construção de um sistema nacional de
ensino e à luta pela defesa da escola pública e pela democratização do ensino.
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Não se pode deixar de mencionar, aqui, a importância de Mário Raul de Moraes
Andrade (1893- 1945), poeta, romancista, crítico de arte, musicólogo, que exerceu grande
atividadeno movimento modernista no Brasil e produziu um grande impacto no processo de
renovação literária e artística do país.Participou ativamente da Semana de Arte Moderna, de
1922.Trabalhando como diretor do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, criou
vínculos fortes com outros grandes artistas do país,dentre os quais destacam-se Manuel
Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Fernando
Sabino e Augusto Meyer. Embora escrevesse poesia desde muito jovem, já que o seu primeiro
poema é datado de 1904, sua primeira vocação foi musical; em 1911 foi matriculado no
Conservatório de São Paulo.
Com a morte precoce de seu irmão Renato, em 1913, ainda muito jovem, Mário sofreu
um profundo choque eabandonou o conservatório, retirando-se com sua família para uma
fazenda em Araraquara. Esse incidente marcou o fim de sua carreira como pianista, pois
produziu um tremor em suas mãos que o impediu de tocar seu instrumento. Por esse motivo,
decidiu tornar-se professor de música, e começou a ter um interesse mais sério pela literatura.
Nos parques infantis, havia jogos, brincadeiras e folclore como atividades principais,
fazendo com que as crianças participassem da construção da cultura nacional.
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Algumas de suas obras: Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, (1917); Paulicéia
Desvairada,(1922); A Escrava que Não É Isaura, (1925); Losango Cáqui, (1926); Primeiro
Andar, (1926); O clã do Jabuti, 1927; Amar, verbo intransitivo, (1927); Ensaios Sobra a
Música Brasileira, (1928); Macunaíma, (1928); Compêndio Da História Da Música, (1929);
Modinhas Imperiais, (1930); Remate de Males, (1930); Música, Doce Música, (1933);
Belasarte, (1934); O Aleijadinho de Álvares De Azevedo, (1935); Lasar Segall, (1935); Música
O Movimento Modernista, (1942); O Baile das Quatro Artes, (1943); Os Filhos da Candinha,
(1943); Aspectos da Literatura Brasileira (1943); O Empalhador de Passarinhos, (1944); Lira
Paulistana, (1945); entre outras obras póstumas.
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Segue abaixo a indicação de um
material complementar muito elucidativo
para o aprofundamento de sua
aprendizagem.
Enfatizamos sempre que é importante a
leitura da obra original, por isso a
indicação da bibliografia.
Artigos
Sites importantes:
http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/cartas/fernando5.html - Carta a Fernando de
Azevedo – Fundação Carlos Chagas- arquivo Anísio Teixeira.
Bibliografia:
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ARANHA, M.L. A história da educação e da pedagogia: Geral e Brasil.3.ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
XAVIER, M. E.S.P. História da educação: A escola no Brasil. São Paulo, FDT, 1994.
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