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José Saramago

O Ano da Morte de Ricardo Reis


SÍNTESE DA UNIDADE

Encontros – 12.o ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Miguel Magalhães


“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279

Friso cronológico
IDADE Séc. XV-XVI Séc. XVII Séc. XIX Séc. XX LITERATURA
MÉDIA RENASCIMENTO BARROCO ROMANTISMO REALISMO MODERNISMO CONTEMPORÂNEA

José Saramago (1922-2010)


O Ano da Morte de Ricardo Reis
1984
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279

Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e


os acontecimentos políticos

Deambulação geográfica e viagem literária

Personagens mais relevantes

Representações do amor

Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário


Verde e Fernando Pessoa

Linguagem, estilo e estrutura

Em síntese
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os
acontecimentos políticos

Espaço da cidade

LISBOA

Espaço físico
• Baixa
• Rossio
• Alto de Santa Catarina
• Hotel Bragança
• Tejo
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os
acontecimentos políticos
Cidade retrógrada, oprimida, miserável
Espaço da Ex.: bodo do Século
cidade Espaço-alvo de propaganda política
Ex.: espetáculo da Marinha, comício político
Espaço em que se movimentam as forças do poder
Ex.: PVDE – Victor
Palco da tentativa de revolução comunista
LISBOA Ex.: grupo de revoltosos em que se encontra Daniel
Espaço Cidade pitoresca, onde se movimentam as classes
social populares
Ex.: criados de hotel (Lídia, Salvador, Ramon),
velhos do jardim, vizinhas bisbilhoteiras,
padeiro, leiteiro, ardina, taxista
Palco de acontecimentos socioculturais
Ex.: passagem de ano, festejos de Carnaval
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os
acontecimentos políticos

Tempo histórico
e acontecimentos políticos

• Ditadura de Salazar
Leitura de • Guerra Civil Espanhola Manipulação
jornais • Expansão nazista na Alemanha da imprensa
• Ascensão de Mussolini na Itália
• Guerra da Etiópia

Leitores
• Ricardo Reis
• Velhos do jardim do Alto de Santa Catarina
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os
acontecimentos políticos

A
Salazar
guerraforja
Panorama civilhistórico
em
espanhola
Portugaldoagita
a exaltação
anoPortugal.
de 1936 À luta antifascista aderem
nacionalista:
milhares de pessoas.
cria a “mocidade
Marinheiros,
portuguesa”,
militantescópia
da Organização
da juventude nazi,
eA nela
Revolucionária
“paz”faz
em inscrever
Espanha “Este ano trágico
da Armada
osconvém
estudantes;
(ORA), fundada
imita osdepor
ao Governo “camisas
comunistas,
Salazar. negras”
Mas asem
forças
italianos
1935, sublevam-se
e institui
reacionárias aem
“Legião
Lisboa,
Portuguesa”,
são democraticamente prendem osforça
vencidas oficiais,
militarizada,
pela apoderam-se
Frente que se
Popular,de
propõe
dois navios
que agrupacolaborar
de
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numa[1936] é o
defensoresnacruzada
intenção anticomunista,
de seejuntarem
da liberdade defender
às tropasaquilo
da emancipação dos que
chama
republicanas
“o património
espanholas.
ganha espiritual
Quando dagerais
os
nação”
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saem doo Estado
Tejonosão
trabalhadores,
Corporativo.
bombardeados; Pelas
verdadeiro
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as eleições
revoltosos
das cidades,
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presos
e tem
a “Mocidade”
a maioria
e deportados desfila
paraemo e
Parlamento. O regime português influências desta vitória
parada.
campo-prisão
permite […]em Força protagonista do
do Tarrafal
de legionários
território (CaboaVerde),
nacional fascistas,
que
conspiração “Os
começa
Viriatos”
que a receber
preparaseguem ospara
a guerra
Espanha,
primeiros vão
presos
civil de Espanha. apoiar
políticos.
as tropas de Franco: morrem 6000.
livro.”
MORASHASHI, M. (2002). “História-História(s) –
O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago”, in Atas do VI Congresso Luso-Afro-
SARAMAGO, José (2002). O Ano da Morte
Brasileiro de Ciências Sociais, Vol. 2.
de Ricardo Reis. Porto: Público Comunicação
Porto: FLUP, p. 281 [com supressões]
Social, SA [sobrecapa]
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“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Deambulação geográfica e viagem literária

Deambulação Brasil → Portugal


• Lisboa
geográfica • Lisboa → Fátima

Cemitério
dos Baixa Rossio
Prazeres • Rua do Alecrim
• Rua dos
Sapateiros
• Terreiro do Paço
Alto de • Praça Luís de
Santa Camões
Catarina • …
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Deambulação geográfica e viagem literária

Deambulação Viagem
geográfica literária

Diálogos entre Fernando Pessoa e


Ricardo Reis sobre a obra pessoana.
Evocação da obra de Ricardo Reis.
Intertextualidade com Fernando Pessoa,
Camões, Cesário Verde…
Valor simbólico das estátuas de Eça de
Queirós, Camões, Adamastor.
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Personagens mais relevantes

Ricardo Reis Heterónimo de Fernando Pessoa que se


autonomiza, tornando-se uma figura
independente no romance, mas mantendo
as características do heterónimo pessoano
(contemplativo e distante).
O contacto com o mundo faz-se através da
leitura de jornais – incapaz de compreender
cabalmente o tempo histórico e os
acontecimentos políticos, Reis revela-se um
espectador da realidade ditatorial
implantada no seu país (“Sábio é o que se
contenta com o espetáculo do mundo”).
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Personagens mais relevantes

Fernando Motor dos acontecimentos (a sua morte


Pessoa desencadeia a ação).
Personagem histórica, mas com natureza
fantasmagórica (que participa na ação depois
de morta), dialogando com Ricardo Reis sobre a
sua vida e conduta.
Tece comentários irónicos sobre o contexto
social e a postura de Ricardo Reis relativa à vida.
Valor simbólico: “tutor de uma língua e de uma poética,
resposta da modernidade portuguesa ao mito secular
camoniano, como a querer provar que, da glória passada
ao tempo presente, Portugal deixou acesa a aura de um
discurso modelar para sempre relido”.
SILVA, Teresa (1999). “Do labirinto textual ou da escrita como lugar de
memória”, Colóquio Letras, nºs 150-151, p. 169
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Personagens mais relevantes

Lídia Personagem autêntica, real, verdadeira, que se


distingue das outras personagens do romance.
Mulher do povo, criada de hotel, humilde,
torna-se amante de Ricardo Reis, vivendo de
forma completa a sua feminilidade – cede
completamente ao prazer do gozo do amor.

Consciente, lúcida e crítica, questiona o


contexto social e político que a rodeia e rejeita
os códigos sociais.

≠ Musa etérea e distante


das odes de Ricardo Reis

Inversão de dados preexistentes na literatura
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Personagens mais relevantes
Jovem pertencente à alta sociedade, com a mão
Marcenda esquerda paralisada; oprimida pelo pai, assume
uma atitude passiva perante o mundo,
política e afetivamente.
Encara o não comprometimento amoroso como
menos doloroso – prefere não se entregar ao
gozo do amor.
Nome que apresenta semelhanças com
marcescível (que murcha) e que aponta para o
carácter etéreo da personagem (“são palavras
doutro mundo, doutro lugar, femininos mas de
raça gerúndia”).
Invenção do romancista
Pontos comuns com as musas etéreas e
Voltar distantes das odes de Ricardo Reis
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Representações do amor

Ricardo Reis
Duas experiências
afetivas, dois caminhos

Ricardo Reis / Lídia Ricardo Reis / Marcenda


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Representações do amor

Ricardo Reis / Lídia


Relação carnal, marcada pelo
envolvimento físico:
• Lídia apaixona-se por Ricardo Reis,
provocando nele um duplo efeito
de atração e de menosprezo;
• Lídia sofre por amor, consciente de que a relação
não tem futuro, devido a preconceitos sociais/
diferença de classes sociais (doutor vs. criada);
• Lídia engravida.

COMPROMETIMENTO AMOROSO
“Enlacemos as mãos”
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Representações do amor

Ricardo Reis / Marcenda


Envolvimento poético-afetivo/misto
de atração espiritual e física:
• Marcenda exerce sobre Ricardo Reis
um efeito de fascínio, devido à sua
fragilidade (mão paralisada); inexperiente mas desejosa de
conhecer o amor, Marcenda aproxima-se de
Ricardo Reis;
• A relação assume contornos predominantemente
platónicos/espirituais (é consumada por dois beijos);
• Ricardo Reis pede Marcenda em casamento, mas
esta recusa a proposta.

DESCOMPROMETIMENTO AMOROSO
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“Desenlacemos as mãos”
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Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Intertextualidade

“todos os caminhos Cesário Fernando


portugueses
Verde Pessoa
vão dar a Camões”

Outras referências
Luís de intertextuais
Camões
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Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Início da narrativa:
“Aqui o mar acaba e a terra principia”

Inversão do sentido do intertexto camoniano


(“Onde a terra se acaba e o mar começa” –
José Os Lusíadas, Canto III), que remete para a
Saramago, mudança de perspetiva (viagem de regresso,
leitor de Luís virada para a terra – ano de 1936,
de Camões ditadura de Salazar).
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Intertextualidade com o episódio do Adamastor


(estátua do Adamastor)
Em O Ano da Morte de Ricardo Reis, o privilégio das
referências intertextuais cabe, é claro, ao complexo
José pessoano […], mas a épica camoniana também
comparece na inversão do célebre verso do Canto III –
Saramago, “[…] aqui […] / onde a terra se acaba e o mar
leitor de Luís começa” – que ilustra de forma magistral uma certa
de Camões visão de Portugal enquanto cais de partida que
alimentou fantasmaticamente a glória portuguesa
muito tempo depois de já ter sido reconhecido como
falacioso. […] A proposta de Saramago, num tempo
em que o país se esforçava por recordar o delírio da
grandeza, tinha de forjar-se nos antípodas dessa
imagem.
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Referência a figuras da poesia de


Camões (ex.: Natércia)
A frase emblemática do romance, tanto no epigráfico
da cena primeira – “Aqui o mar acaba e a terra
José principia” […] como na variante chave de ouro da
Saramago, narrativa – “Aqui, onde o mar se acabou e a terra
espera.” –, marca de vez a mudança do olhar para a
leitor de Luís terra. É sintomático que o romance abra com uma
de Camões viagem de retorno a Portugal, a de Ricardo Reis, por
mares agora longamente navegados […], a bordo do
Highland Brigade, um vapor inglês da Mala Real
Britânica, o que desfaz definitivamente a possibilidade
de evocação das naus gloriosas de outrora.
SILVA, Teresa (1999). “Do labirinto textual ou da
escrita como lugar de memória”, Colóquio Letras,
nºs 150-151, p. 255 [com supressões]
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

José Saramago, Deambulação pela cidade de Lisboa.


leitor de Descrição minuciosa e pormenorizada da
Cesário Verde cidade enquanto espaço físico e social –
Lisboa oprimida e miserável.
José Saramago, Poesia do ortónimo
leitor de Ex.: “O poeta é um fingidor”
Fernando Odes de Ricardo Reis
Pessoa Ex.: “Sereno e vendo a vida à distância…”
“A palidez do dia é levemente dourada”
Referência a figuras clássicas da poesia de Reis
Ex.: “Lídias, Neeras e Cloes”
Referência a estéticas da poesia pessoana
Ex.: paulismo, intersecionismo
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Outras The god of the labyrinth


FUNÇÃO DAS ALUSÕES
referências A referência ao escritor fictício Herbert Quain (recuperado de
intertextuais
INTERTEXTUAIS
um conto da obra Ficções, de Jorge Luis Borges) congrega o
Em geral,
universo recriampessoana
da heteronímia ironicamente e em
e da própria ideia tom de
de ficção.
A intercalação entre a realidade que Ricardo Reis lê nos
paródia passagens conhecidas de textos da
jornais, no ano de 1936, e a recuperação da história policial de
literatura
Borges simbolizamportuguesa e da literatura
este aspeto labiríntico da fragmentação de do
sujeitotradição
poético. Temos,
oralportanto, um jogo de espelhos,
(ex.: provérbios e ditosque
reflete uma personagem inventada, num tempo histórico
(1935/1936), que lê um populares).
livro de um escritor fictício, que surge
numa obra real.

Jornais da época: O Século, Diário de Notícias…


Cantigas, provérbios e ditos populares
Afirmações históricas famosas
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Bíblia
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Linguagem, estilo e estrutura
Cap. I •Chegada de Ricardo Reis a Lisboa no Highland Brigade.
•Deambulação de táxi pela cidade.
•Alojamento no Hotel Bragança.
•Ricardo Reis vê Marcenda na sala de jantar do hotel.
•Leitura de jornais: notícias nacionais (comemorações nas colónias) e
internacionais (avanço do fascismo).
Cap. II • Deambulação pelas ruas da cidade: mudanças arquitetónicas.
• Leitura de jornais: forma como foi noticiada a morte de Fernando Pessoa.
• Ida de elétrico ao Cemitério dos Prazeres e regresso de táxi.
• Primeiro encontro com Lídia, a criada do hotel.
• Leitura do jornal: demissão do governo espanhol; emergência da
ditadura de Mussolini em Itália.
A ESTRUTURA DA OBRA

Cap. III • Segundo encontro com Lídia.


• Último dia do ano de 1935.
• Passeio pelas ruas da cidade: passagem pelas estátuas de Eça de Queirós
e de Camões.
• Visão de uma cidade vigiada, oprimida e em ruína.
• O bodo do Século: degradação social e autoridade policial.
• Festejos de Ano Novo a que Ricardo Reis assiste na rua.
• Ricardo Reis regressa ao Hotel Bragança; ao jantar, pensa em Marcenda.
• Primeiro encontro com Fernando Pessoa.
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Linguagem, estilo e estrutura

Cap. IV • Publicação pelos jornais de notícias nacionais e estrangeiras: anúncio da


afirmação da força do Estado Português aquando da futura derrocada
dos grandes Estados.
• Segundo encontro com Fernando Pessoa: diálogo existencial.
• Ricardo Reis elogia a beleza de Lídia (primeira noite juntos).
• Preconceitos de Ricardo Reis face à diferença de classe social.

Cap. V • Ida de Ricardo Reis ao teatro.


• Primeira conversa com Marcenda, no final do espetáculo.
• Deambulação e observação do rio Tejo: presença militar naval.
• Terceiro encontro com Fernando Pessoa: crítica de Pessoa ao
envolvimento de Ricardo Reis com Lídia devido às diferenças sociais.
• Lídia e Ricardo Reis voltam a passar a noite juntos.
A ESTRUTURA DA OBRA

Cap. VI • Leitura de jornais: avanço do nazismo na Alemanha; demissão do


governo francês; instabilidade política em Espanha.
• Conversa com Marcenda na sala de estar do hotel: situação de saúde da
jovem.
• Troca de ideias políticas com o Dr. Sampaio, pai de Marcenda.
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Linguagem, estilo e estrutura

• Referência aos antecedentes da Guerra Civil Espanhola e ao estado


Cap. VII
caótico da Europa; política expansionista e militarista alemã; Portugal
favorecido pelas colónias.
• Preparação de golpe militar pelo general Franco.
• Refugiados de Espanha começam a chegar a Lisboa.
• Festejo do Carnaval.
• Doença de Ricardo Reis; Lídia assume o papel de enfermeira.
Cap. VIII • Ricardo Reis recebe uma contrafé.
• Marcenda tem conhecimento da contrafé pelo pai.
• Quarto encontro com Fernando Pessoa no Alto de Santa Catarina:
diálogo sobre Lídia e Marcenda.

A ESTRUTURA DA OBRA

Marcenda e Ricardo Reis encontram-se no mesmo local.


• Acontecimentos históricos: oficiais do exército japonês querem declarar
guerra à Rússia.

Cap. IX • Ida à polícia a propósito da contrafé: clima de medo e repressão.


• Interrogatório policial.
• Impotência de Ricardo Reis face à situação.
• Aluguer de casa no Alto de Santa Catarina.
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Linguagem, estilo e estrutura

Cap. X • Comunicação da decisão de permanência em Portugal.


• Quinto encontro com Fernando Pessoa na nova casa de Ricardo Reis.

Cap. XI • Visita de Lídia à casa do Alto de Santa Catarina: amor sensual.


• Lídia anuncia que irá visitar Ricardo Reis às sextas-feiras, dia de folga,
para estar com ele e fazer limpeza à casa.
• Leitura da imprensa: títulos de carácter nacional e internacional.
• Marcenda visita Ricardo Reis na sua casa.
• Beijo entre Ricardo Reis e Marcenda: atração física e espiritual.

Cap. XII • Ricardo Reis escreve uma carta a Marcenda.


• Ricardo Reis começa a dar consultas, em substituição de um médico, na
Praça Luís de Camões, e escreve nova carta a Marcenda, dando conta
A ESTRUTURA DA OBRA

disso.
• Aclamação de Hitler na Alemanha.
• Sofrimento dos portugueses: fome e privação.
• Festejo da Páscoa: bodo geral pelo país oferecido pelo Governo.
• Receção de carta de Marcenda.
• Deambulação de elétrico até ao cemitério.
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Linguagem, estilo e estrutura

• Sexto encontro com Fernando Pessoa: conversa sobre o amor, a


Cap. XIII
situação do país e a obra Mensagem.
• Visão enaltecida de Salazar, o ditador português, e propaganda política
em jornais estrangeiros.
• Marcenda visita Ricardo Reis no consultório; o médico pede a jovem em
casamento, mas esta rejeita-o.

Cap. XIV • Marcenda despede-se por carta.


• Ricardo Reis vai a Fátima com a expectativa de encontrar Marcenda.
• Propaganda do regime ditatorial português.
Cap. XV
• Diálogo com Lídia sobre o seu irmão Daniel.
• Sétimo encontro com Fernando Pessoa.
A ESTRUTURA DA OBRA

• Simulacro de ataque aéreo na capital.

Cap. XVI • Notícias dos jornais: revoluções na Europa; sofrimento dos portugueses
– fome e privação.
• Lídia revela a Ricardo Reis a sua gravidez.
• Oitavo encontro com Fernando Pessoa.
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Linguagem, estilo e estrutura

• Participação de Victor num filme de propaganda política, de Lopes


Cap. XVII
Ribeiro.
• Instabilidade política pela Europa.
• Golpe militar em Espanha.

Cap. XVIII • Ricardo Reis escuta as notícias pela rádio.


• Ricardo Reis vê comício político de exaltação ao Estado Novo.

Cap. XIX • Revolta dos


Marinheiros (8 de
setembro de
1936).
• Cruzamento da
A ESTRUTURA DA OBRA

História com a
ficção: Daniel,
irmão de Lídia,
participa na
revolta.
• Ricardo Reis parte
com Fernando Voltar
Pessoa.
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Linguagem, estilo e estrutura
Tom oralizante
Diálogo entre personagens
• Visível,
“É mulher, Bravo, vejo que você se cansou de
sobretudo, nos idealidades femininas incorpóreas, trocou a Lídia
diálogos das etérea por uma Lídia de encher as mãos, que eu
personagens e bem a vi lá no hotel, e agora está aqui à espera
nos comentários doutra dama, feito D. João nessa sua idade,
do narrador. duas em tão pouco tempo, parabéns, para mil
• Marcado pela e três já não lhe falta tudo, Obrigado, pelo que
presença do vou aprendendo os mortos ainda são piores que
os velhos, se lhes dá para falar perdem o tento
registo informal
na língua.”
(popular), ao
nível do léxico e
da sintaxe Discurso do narrador
(construção “Este aqui sou eu, dirão depois em casa à querida
frásica). esposa e os da frente enchem o papo de ar, não
os mordeu o gato raivoso mas têm aquele
mesmo ar esparvoado.”
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Pontuação Reprodução do
discurso no discurso
• Supressão de quase todos os • Uso peculiar do discurso
sinais de pontuação, com direto – não seguimento das
exceção da vírgula e do convenções associadas à
ponto final. formatação gráfica do
• Intencionalidade do uso da discurso direto; marcação do
pontuação: incumbir o leitor discurso direto com inicial
da tarefa de pontuar os maiúscula (início de fala) e
textos. vírgula (fim de fala).

“Já Lídia não saiu, dócil voltou atrás e veio explicar, foi sol de
pouca dura o bote fulminante, Meu irmão está na marinha,
Qual marinha, A marinha de guerra, é marinheiro do Afonso
de Albuquerque, É mais velho ou mais novo do que tu, Fez
vinte e três anos, chama-se Daniel, Também não sei o teu
apelido, O nome da minha família é Martins.”
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Antítese
Comparação

Enumeração
RECURSOS EXPRESSIVOS

Ironia

Metáfora
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Linguagem, estilo e estrutura

Antítese
Oposição entre o significado de duas ou mais palavras ou
expressões, com a finalidade de destacar o contraste
entre ideias.
Com as antíteses “mar”/ “terra” e
“acaba”/ “principia” realça-se a
“Aqui o mar acaba localização geográfica de Portugal e
e a terra principia.” estabelece-se uma relação de
intertextualidade com a epopeia
RECURSOS EXPRESSIVOS

camoniana, por meio da subversão


(“Aqui onde a terra se acaba e o mar
começa”).

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Comparação
Relação de analogia entre dois termos com o objetivo de
assinalar as suas diferenças ou semelhanças, recorrendo
a uma palavra ou expressão comparativa.

“um vulto que parece Com esta comparação


ruína de castelo” sugere-se o clima de
opressão vivido na cidade
de Lisboa.
RECURSOS EXPRESSIVOS

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Linguagem, estilo e estrutura

Enumeração
Apresentação ou listagem sucessiva de elementos
relacionados entre si e, geralmente, da mesma classe
gramatical, de forma a intensificar uma ideia.

“tudo isto é ilusão, Com esta enumeração


quimera, miragem descreve-se Lisboa de
criada pela movediça forma negativa, sugerindo-
RECURSOS EXPRESSIVOS

cortina das águas que se a opressão vivida no


país.
descem do céu fechado.”

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Linguagem, estilo e estrutura

Ironia
Expressão em que se sugerem ideias ou sentimentos
contrários ou diferentes do que se diz. A interpretação
correta da ironia depende do contexto e do
entendimento do interlocutor.

“o nosso [Estado] afirmará A ironia é o recurso


a sua extraordinária força utilizado pelo
e a inteligência refletida dos narrador para criticar
RECURSOS EXPRESSIVOS

o regime salazarista.
homens que o dirigem”

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Linguagem, estilo e estrutura

Metáfora
Utilização de um termo para designar algo diferente
daquilo que designa habitualmente, a partir de
elementos que são comuns a esse termo e ao que ele
refere.

“tudo isto é ilusão, Esta metáfora remete


quimera, miragem para as condições
RECURSOS EXPRESSIVOS

criada pela movediça climatéricas,


cortina das águas que acentuando o
desconforto trazido
descem do céu fechado.” pela chuva.

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“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279

Em síntese
José Saramago | O Ano da Morte de Ricardo Reis
 Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo
histórico e os acontecimentos políticos.
 Deambulação geográfica e viagem literária.
 Representações do amor.
 Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões,
Cesário Verde e Fernando Pessoa.
 Linguagem, estilo e estrutura:
– a estrutura da obra;
– o tom oralizante e a pontuação;
– recursos expressivos: antítese, comparação, enumeração,
ironia e metáfora;
– reprodução do discurso no discurso.

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