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O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS

de
José Saramago

PROPOSTAS DE ANÁLISE E DIDATIZAÇÃO - 2

Oficina de Formação
Vanda Gouveia, 2017
Eu não invento, só olho por detrás do que já existe.

José Saramago
Representações do século XX:
o espaço da cidade, o tempo histórico e os acontecimentos políticos.
Estrutura circular e simbólica do romance
• "Eis aqui, quase cume da cabeça
De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa,
E onde Febo repousa no Oceano.”
Os Lusíadas, C. III, est. 20, Gama ao rei de Melinde

• “Aqui o mar acaba e a terra principia.” p. 11


(Chegada de Ricardo Reis a Lisboa.)

• “Aqui, onde o mar se acabou e a terra espera.” p. 407


(Morte de Ricardo Reis)

Visão pós-colonial e pós épica do romance de Saramago


Tempo: balizas temporais do romance

• Entre duas mortes: a de Fernando Pessoa (30 novembro de 1935), o


criador, e a de Ricardo Reis (setembro de 1936), a criatura;

• Necessidade de completar a biografia de Reis (que Pessoa deixou


incompleta…)

• Ficção da ficção (postura interventiva e crítica do autor que faz


dialogar a arte – Pessoa, Camões, Cesário, …)
1935 e 1936
• Lisboa é revisitada sob o olhar crítico e sarcástico de Saramago:

- ditadura salazarista;

- tempo de grandes perturbações políticas e sociais;


Salazar e Franco
1936
• 23 de abril – o Governo do Estado Novo cria no Tarrafal, em Cabo
Verde, uma colónia penal (campo de concentração) para presos
políticos e sociais; ficou conhecido como Campo da Morte Lenta.

• abril-outubro – através de um conjunto de medidas legislativas, o


ministro da Instrução Pública, António Faria Pacheco, protagoniza um
esforço decisivo no sentido da “regeneração” do sistema educativo
português (aumento da sua eficácia enquanto estrutura de
reprodução do Estado Novo). Os ensinos primário e liceal sofrem
profundas reformas.

• Nota: os professores primários são substituídos por regentes;


encurtamento da duração, simplificação e ideologização dos
conteúdos. (conduz ao obscurantismo do povo português)
• São criadas:

- Junta Nacional de Educação

- Mocidade Portuguesa

- Obra das Mães pela Educação Nacional


Legião Portuguesa
• 11 de maio – Salazar assume interinamente e em acumulação a pasta
da Guerra ( a fim de depurar politicamente as Forças Armadas)

• 18 de julho – eclosão de um levantamento militar de direita, liderado


por Francisco Franco, que levará à guerra civil de Espanha. Este
conflito (1935-1939) levou à implantação do regime fascista.
• Este conflito envolveu e marcou a comunidade internacional: regimes
fascistas de Portugal, Itália e Alemanha, entre outros.

• 28 de agosto – Comício de apoiantes do Estado Novo


• 8 de setembro – Tendo como objetivo denunciar o apoio de Oliveira
Salazar aos nacionalistas espanhóis e criar condições para a eclosão
em Portugal de uma revolução popular, socialista e democrática,
marinheiros da PRA (estrutura clandestina ligada ao PCP) ocupam os
navios de guerra Dão, Bartolomeu Dias e Afonso de Albuquerque,
fundeados no rio Tejo.
• Com o apoio da aviação, a revolta é anulada. Dez dos revoltosos
morrem durante os combates, sessenta são presos e deportados.

• 14 de setembro – através do Decreto-Lei 27003, o governo do Estado


Novo procura impor a quase todos os indivíduos e entidades (públicas
e privadas) a aceitação dos princípios da ditadura fascista, a recusa
das ideias “comunistas” e a denúncia de todos os cidadãos que
professem “doutrinas subversivas”.
• Setembro – agravamento da situação política externa.

• 30 de setembro - Salazar cria a Legião Portuguesa para reforço da ditadura.

• 23 de outubro – Salazar suspende oficialmente as relações diplomáticas


com o governo republicano e democraticamente eleito de Madrid.

• 29 de outubro – chega ao campo de concentração do Tarrafal a primeira


leva de presos políticos (157).
• É a esta Lisboa (e a este país) que chega Ricardo Reis, o médico poeta.
Trabalho prático
• Como é feita a descrição da cidade/País?
• De que artifícios se serve o narrador para realçar a tristeza, o
obscurantismo, o trabalho árduo e mal remunerado, o isolamento de
Portugal face à Europa e ao mundo, a coscuvilhice portuguesa, a
dimensão intertextual?
• Quais as metáforas da ditadura?

Grupo 1 – pp. 11 a 13 até “(…) se houve inundação.”


Grupo 2 – p. 13 “Descem os primeiros passageiros .” à p. 16 (…) a ter
notícias dele.”
Grupo 3 – p. 18 “A porta do hotel (…)” até à p. 21 “(…) Experiência de
carregar.”
Grupo 4 – p. 21 “Ricardo Reis senta-se..” até à p. 24 “(…) Passava um
pouco das sete horas.”
Grupo 5 – p. 24 “Pontual, (…)” até à p. 27 “(…) solidão”.
Grupo 6 – p. 27 “O sofá é confortável (…) até à página 30 “(…) ninhada”.
Trabalho autónomo – 3h

• Lançar na plataforma Moodle as reflexões do grupo sobre o excerto


(ou excertos) analisado(s).

Nota:
• Podem levantar questões, suscitar abordagens, tecer comentários ao
romance, relacionar com outras obras e autores, etc.
• Podem sugerir imagens, poemas ou excertos que facilitem ou
complementem a leitura analítica efetuada na sessão presencial.
FIM

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