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Prova – Modelo - 9.

º ano de escolaridade
GRUPO I
Para responderes aos itens que se seguem, vais ouvir um texto sobre as “Obras do Fidalgo”, um solar português cuja
construçã o nunca foi concluída. Para cada item (1. a 4.), seleciona a opçã o que permite obter uma afirmaçã o adequada
ao sentido do texto.

1. A “Obra do Fidalgo” é descrita no texto, a propó sito


(A) do Festival Eurovisã o da Cançã o.
(B) de um concerto de Salvador Sobral.
(C) do fidalgo Antó nio de Vasconcelos Carvalho e Meneses.
2. A fachada da “Obra do Fidalgo” impressiona por
(A) nã o estar concluída e ser de grandes dimensõ es.
(B) estar situada em Marco de Canaveses.
(C) ser obra de um arquiteto espanhol.
3. Relativamente à data de construçã o,
(A) sabe-se que teve início em 1988.
(B) presume-se que terá sido entre 1740 e 1760.
(C) foi, com certeza, em 1760.
4. Quanto ao facto de as obras do solar nã o terem sido terminadas, o autor do texto
(A) afirma que isso se deveu à morte do fidalgo Antó nio de Vasconcelos.
(B) defende que teve a ver com a monumentalidade1 da obra.
(C) refere que nã o há certeza da verdadeira razã o.
1
monumentalidade: grandiosidade, enormidade.
GRUPO II
Lê o texto. Se necessá rio, consulta as notas.

Na exposiçã o Maria Moisés e outras Histórias (2000-2001), exibida na Galeria 111, no Porto, em 2001, Paula
Rego apresentou cinco trabalhos sobre papel intitulados “Maria Moisés”, dois desenhos a tinta da China, dois
desenhos a lápis e um a pastel. Os desenhos a lá pis e o pastel sã o variaçõ es sobre a figura moribunda de Josefa, a
mã e de Maria Moisés, e os desenhos a tinta da China sã o dois magníficos frescos centrados na primeira das duas
partes que constituem a novela, exatamente aquela que conta as vá rias hipotéticas1 versõ es sobre a morte de
5 Josefa. Quer dizer, na leitura que fez da novela camiliana, a atençã o de Paula Rego reteve-se apenas na referida
primeira parte, que conta afinal o episó dio passional que levou Josefa a experienciar uma gravidez indesejada,
vivida na solidã o e na clausura, e que a conduziu, no meio de uma atmosfera de adversidade e violência, a perder a
filha e a morrer exangue2.
Como é fá cil adivinhar, desde já , os temas da gravidez e da natividade, do parto e da maternidade, das
relaçõ es de crueldade e de domínio, tã o frequentemente visitados pela pintora, voltam a ser motivadores da
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criaçã o, continuando a ser centrais na interrogaçã o sobre a identidade feminina que Paula Rego sistematicamente
persegue na sua pintura. Mais uma vez, nesta série inspirada por uma obra literá ria, a pintora nã o ilustra,
interpreta, nã o revela uma preocupaçã o seguidista relativamente à novela, permite-se derivaçõ es se nã o mesmo
versõ es alternativas da histó ria camiliana, de modo a ler o seu mundo pessoal. E o facto de Paula Rego valorizar
apenas a primeira parte da novela vale desde logo como uma forma de afirmaçã o da subversã o e de subversã o da
15 histó ria que Camilo nos conta, porque afinal é nessa primeira partida que as forças da desordem, decorrente da
conceçã o româ ntica e trá gica do amor em Camilo Castelo Branco, irrompem. A segunda parte, contando-nos o
destino de Maria Moisés, a criança que ficara ó rfã , é afinal uma histó ria româ ntica de fatalidade, exemplo e
mistério, que tem por objetivo tã o só repor alguma ordem num mundo momentaneamente subvertido pela
desordem do amor, do sexo, da maternidade. Nã o era prová vel que esta parte da novela interessasse Paula Rego,
como ao fim e ao cabo nã o interessou grandemente o pró prio Camilo, que nã o consegue de modo nenhum aqui o
20 momento excecional que criara na primeira parte e que escolhe fechá -la auto-parodiando o “sublime lance” ao
gosto româ ntico do pai e da filha até entã o desconhecidos [...].

Isabel Pires de Lima, Revista da Faculdade de Letras, “Línguas e Literaturas”, Porto, XIX, 2002

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hipotéticas: possíveis exangue: sem sangue

Para responderes a cada item (1. a 4.), seleciona a opçã o que permite obter uma afirmaçã o adequada ao sentido do
texto.
1. Segundo Isabel Pires de Lima, na exposiçã o Maria Moisés e outras Histórias, as pinturas de Paula Rego foram
inspiradas
(A) apenas em episó dios da primeira parte da novela Maria Moisés. (B) em momentos das duas partes da novela.
(C) em episó dios da segunda parte da novela camiliana. (D) no encontro entre pai e filha.

2. Nesta exposiçã o sobre a novela Maria Moisés, de Camilo Castelo Branco, Paula Rego pinta quadros que
(A) sã o o retrato exato de episó dios da histó ria.
(B) refletem a leitura de outras obras literá rias.
(C) seguem de perto o que Camilo lhe pediu.
(D) refletem uma interpretaçã o pessoal da histó ria.
3. Paula Rego, na exposiçã o de 2001, aborda um tema
(A) novo na sua pintura, a identidade feminina.
(B) que nã o lhe interessa, mas que a novela sugere.
(C) que é recorrente na sua pintura.
(D) que interessa ao pú blico em geral.
4. Para Isabel Pires de Lima, a segunda parte da novela Maria Moisés
(A) é o momento excecional desta obra de Camilo.
(B) vale pelo belo momento de encontro entre pai e filha.
(C) repõ e a ordem que havia sido perturbada na primeira parte.
(D) mostra que Camilo é um grande escritor româ ntico.
GRUPO III
Lê o texto e as notas.
Nota prévia: Maria Moisés era filha do Sr. General Queiró s e Meneses e de uma rapariga pobre, Josefa, que morreu
quando a filha nasceu. Maria, encontrada a flutuar no rio, em bebé, dentro de um cesto de vime, foi educada com amor
por uma família abastada que lhe deixou em herança a Quinta de Santa Eulá lia. Aí, a jovem dedicou-se a educar crianças
ó rfã s. Devido à s muitas despesas com os seus protegidos, Maria Moisés é obrigada a vender a quinta. O comprador é o
pai que ele desconhece.

Maria Moisés

Pouco depois que entraram à sala, apareceu Maria Moisés. Ergueram-se todos; mas o general apenas fez um
gesto. Nã o pudera, e sentara-se, balbuciando palavras que nã o se perceberam.
Maria era alta, refeita, loura e bela como Josefa de Santo Aleixo; mas de uma beleza mais senhoril, menos
rica do colorido da saú de e das insolaçõ es tépidas, e do ar puro das serras. Tinham passado por ela alguns anos
de convento, e uma vida longa de domesticidade, que desmaia a epiderme compensando-a nas graças mó rbidas
5 da beleza aristocrá tica.
Mas, como quer que fosse, era o retrato de sua mãe, favorecido pela palheta de artista caprichoso que
desadorasse as fortes e vivas cores das formosuras do campo; era Josefa de Santo Aleixo, depois de respirar em
dez invernos o ar do Teatro de S. Carlos, e em dez estios o ar latriná rio dos Passeios de Lisboa.
E aí está a razã o por que o general, colhido de sobressalto quando esperava a filha sem presunçã o
antecipada da sua figura, entreviu a mã e. O desembargador 1, para encher o vá cuo do silêncio que se fez, disse que
10 o seu amigo, o Sr. general Queiró s e Meneses, desejava comprar a Quinta de Santa Eulá lia.
- Sã o dez mil cruzados – repetiu Francisco Bragadas que já estava encostado à ombreira da porta.
- Visto que aqui está a dona, esta senhora dispensa procurador – observou o tabeliã o.
- O meu caseiro diz a verdade – confirmou Maria Moisés com tristeza e irresoluçã o. – Eu nã o dou a quinta
por menos de dez mil cruzados. [...]
- Preciso ver os títulos – disse o funcioná rio.
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- Vou buscá -los ... Entã o – perguntou ela ao general com hesitaçã o e visível má goa – vossa excelência quer
ocupar a quinta imediatamente?
- Nã o é forçoso isso. Quero comprá -la simplesmente... Depois...
- É porque eu tenho uma numerosa família de crianças que por aqui se criaram e estã o educando.
- Desejo vê-las – disse o general com os olhos cheios de lá grimas.
20 - Pois nã o, senhor general! – acudiu Maria alegremente. – tio Bragadas, diga à sua Joaquina que mande cá
os pequenos.
- A canalha toda? – perguntou o velho. – Oh! Que ingranzéu2 eles aí vã o fazer! - tornou o Bragadas, indo
cumprir as ordens de má vontade.
- Parece-me que está com saudades da sua quinta, senhora Dona Maria – disse Antó nio de Queiró s.
- Pode-se dizer que nasci aqui, ou pelo menos aqui vi a luz e o amor de uma madrinha que me criou e me
25 deixou esta propriedade por esmola, porque eu nada tinha... Fui enjeitada, e tenho querido dar aos infelizes que
nã o têm mã e nem pai o bem que recebi dos meus benfeitores Infelizmente os recursos nã o chegaram. Empenhei
a quinta, e agora sou obrigada a vendê-la porque os juros sã o grandes e mais tarde ou mais cedo as confrarias
hã o de tomar conta disto tudo. Vendendo eu a quinta por dez mil cruzados, pago cinco e tanto que devo, e
poderei com o restante amparar alguns anos mais estes pobrezinhos.
Nesse instante, entrou um rancho de treze meninos e meninas. Os rapazes vestiam uniforme de cotim
30 escuro, e as meninas de riscadinho azul. [...]
- Se vossa excelência há de ter caseiro nesta quinta, peço-lhe que conserve aquele velhinho, que tem
muitos filhos e netos.
- Sim, minha senhora – respondeu ele com a voz tremente das lá grimas.
- Devo a vida a este homem... Foi ele quem...
35 - Está bom, está bom – atalhou Bragadas, limpando as lá grimas com a manga da jaqueta.
- Foi ele quem a encontrou no rio... acrescentou o general.
- É verdade.
- Num berço de vime – ajuntou Antó nio de Queiró s.
- Que eu ainda conservo – disse ela sorrindo – porque é a herança de meus pais; pelo menos, é possível que
a minha mã e tivesse aquela canastrinha3 na mã o...[...]
40 - Aqui está a quantia estipulada – disse Queiró s. – A renda desta quinta continua o senhor Francisco
Bragadas a pagá -la à mã e carinhosa dos enjeitados.

Camilo Castelo Branco, Maria Moisés e outras novelas, 2.ª ed., Editorial Verbo, Livros RTP, s.d.

1
desembargador: juiz. 2
ingranzéu: barulho, algazarra, confusã o. 3
canastrinha: cestinho.
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1. O texto diz que o general nã o se conseguiu manter de pé quando Maria entrou na sala. (l.2)
Relaciona o que sentiu o general com a aparência de Maria.
2. Explica a razã o pela qual Maria mostra “hesitaçã o e visível má goa”. (l.18)
3. Refere duas atitudes que mostram que Maria é uma mulher caridosa.

PARTE B

4. Na obra Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente põ e em cena um fidalgo, com a intençã o de criticar a sua classe social.
Comprova a afirmaçã o,
- referindo os símbolos do seu estatuto social;
- explicitando os vícios da personagem que sã o alvo de crítica.
A resposta deve ter entre 40 e 70 palavras.

GRUPO IV

1. Associa a palavra ou expressã o destacada nas frases da coluna A à classe e subclasse que lhe correspondem na coluna
B.
Coluna A Coluna B
(a) Os alunos estavam tã o entusiasmados que nã o (1) Conjunçã o subordinativa completiva
queriam parar de ler o Auto da Barca do Inferno. (2) Conjunçã o subordinativa causal
(b) O livro que lemos era muito interessante. (3) Conjunçã o subordinativa comparativa
(c) Os alunos dizem que adoram ler as peças de Gil (4) Conjunçã o subordinativa consecutiva
Vicente. (5) Pronome relativo
2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.4.), seleciona a opçã o que completa cada afirmaçã o.
2.1. Identifica o processo fonoló gico presente na evoluçã o da palavra “ipsu(m)”, para “isso”.
(A) metá tese.
(B) epêntese.
(C) assimilaçã o.
(D) paragoge.

2.2. Identifica a relaçã o semâ ntica que a palavra “livro” estabelece com a palavra “folha”, na frase seguinte:
Alguém arrancou uma folha deste livro.
(A) hiperonímia.
(B) holonímia.
(C) antonímia.
(D) sinonímia.

2.3. Identifica a frase que apresenta “sujeito composto”.


(A) Muitos escritores gostam de trabalhar de noite.
(B) Gil Vicente e Garrett foram bons dramaturgos.
(C) Nã o se sabe ao certo quando nasceu Gil Vicente.
(D) Luís de Vaz de Camõ es imortalizou-se com a sua obra Os Lusíadas.

2.4. O conjunto constituído apenas por formas que pertencem ao mesmo modo verbal é
(A) li – teria lido – tivéssemos lido
(B) tivesse educado – tenho educado - educa
(C) escrevesse – tivesse escrito – tenha escrito
(D) brincava – brincasse – tenho brincado

3. Identifica todas as frases em que o elemento destacado desempenha a funçã o sintá tica de complemento indireto.
Escreve o nú mero do item e as letras que identificam as opçõ es escolhidas.

(A) Levei os meus alunos ao teatro.


(B) Enviei-te o livro pelo correio.
(C) Fiz-lhe um elogio merecido.
(D) Às crianças temos de falar com serenidade.

3.2. Reescreve a frase, substituindo as expressõ es destacadas pelas formas adequadas do pronome pessoal.
Gil Vicente escreveu muitas peças de teatro e, quando escrevia essas peças, pretendia dar ensinamentos aos seus
leitores.

GRUPO V

Imagina que participas numa visita de estudo a um palá cio ou solar inacabado, no meio de uma floresta.
Escreve um texto narrativo em que relates essa aventura. Deves incluir um momento de descriçã o do espaço no qual
decorre a açã o.
O teu texto deve ter entre 160 a 240 palavras.

(Um desvio dos limites de extensã o implica uma desvalorizaçã o parcial até dois pontos; um texto com extensã o inferior
a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos).
FIM

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