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E.B.

S Ponta do Sl
Ano Lectivo 2009 ৷ 2010

LÍNGUA PORTUGUESA – 9º ANO


Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.

GUIÃO DE LEITURA ORIENTADA 1 (pág. 140 a 141 do manual “Ser em Português 9”) [CORRECÇÃO]

II APROFUNDAMENTO DA LEITURA:

1.
1.1. Os preparativos do Diabo vão no sentido de aprontar a barca, criando muito espaço, pois era
sua convicção de que haveria muita gente para embarcar (“e despeja aquele banco/para a gente
que vinrá.”; “Despeja todo esse leito!”).

1.2. A linguagem do Diabo reflecte a sua preocupação com o arranjo da barca, sendo por isso,
abundante em:
- termos náuticos: ré, palanco, leito, verga, âncora, etc.;
- frases imperativas, correspondentes a ordens dadas ao companheiro: “Vai tu”; “atesa aquele
palanco”; “e despeja aquele banco”; “Despeja todo esse leito!”; “Abaixa má-hora esse cu!”, etc.;
- frases exclamativas e interjeições, ligadas à excitação do momento ou ao incitamento ao
trabalho: “À barca, à barca houlá!”; “Oh, que caravela esta!”, etc.

2.
2.1.O Fidalgo entra em cena com o manto comprido, fazendo-se acompanhar de um pajem e de
uma cadeira.

2.2. Estes elementos são adereços que reenviam para a condição social da personagem e para a
sua situação de privilégio na Terra.

3. O Fidalgo apresenta-se confiante, zombeteiro, escudando-se cinicamente no facto de ter


deixado na Terra quem reze por ele.

4.
4.1. O Fidalgo é acusado de tirania do povo (“Não se embarca tirania neste batel divinal”) e do
pecado da vaidade (“fantesia”) e da arrogância (“fumoso”). O Anjo refere, também, o facto de o
Fidalgo ter desprezado os mais pobres (“desprezastes os pequenos,”).

4.2. O Anjo anuncia ironicamente ao Fidalgo que não há espaço na barca divinal para os adereços
que ele traz consigo, símbolos da tirania, da vaidade e do privilégio.

5.
5.1.Os exemplos são os seguintes: “cá vindes vós?” e “Em que esperas ter guarida?”.

5.2. A forma de tratamento “vós” liga-se melhor à ironia do Diabo.

6.

1
6.1. Vendo-se perdido, o Fidalgo pede ao Diabo para voltar à Terra para ver a sua amante “que se
quer matar” por ele.

6.2. O Diabo desengana o Fidalgo dizendo que a amante não gostava dele e que já tinha outro
homem de menos valor (“Pois estando tu espirando,/se estava ela requebrando/com outro de
menos preço.”).

7. O Moço não entra na barca infernal porque, como criado, não tinha vontade própria, limitava-
se a obedecer às ordens do Fidalgo. Não é seu cúmplice.

8.

O Fidalgo visto
pelo Diabo pelo Anjo por ele próprio
zombeteiro; tirano; homem importante, de nobre linhagem;
pecador; explorador do povo; homem privilegiado;
namorado louco, pateta. vaidoso; homem adorado.
arrogante;
orgulhoso.

IV RECURSOS EXPRESSIVOS:

1.
1.1.
a) «Vai pera o Inferno»
b) «E passageiros achais/pera o Inferno?»
c) «Pois estando tu morrendo/estava ela namorando com outro de menos preço.»

1.2. A figura de estilo que está patente nos exemplos acima apresentados é o eufemismo.

1.3. Para inferno temos expressões, tais como: “fogo”, “ilha perdida”, “porto de Lúcifer”.
Quanto a diabo, podemos dizer “diabinho”, “diabrete” e “diabito”. Por fim, morte pode ser
substituída por “eterno descanso”, “hora derradeira”e “última viagem”.

2. «Ó poderoso Dom Anrique,


Cá vindes vós? Que coisa é esta?»

2.1. O recurso expressivo presente nestes versos é a ironia.

2.2. Outros exemplos de ironia podem ser os seguintes: «Embarque a vossa doçura, / que cá nos
entenderemos…»; «e, chegando ao nosso cais, / todos bem vos serviremos.» e «Assi vivas tu,
amem, como te tinha querer!».

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A docente: Ana Sousa

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