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Escola Básica de Ribeirão

Português / 9º ano FICHA INFORMATIVA

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Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente


Análise da cena “O Fidalgo”
1
1. ELEMENTOS ALEGÓRICOS DA OBRA

CAIS BARCAS DIABO / ANJO

O cais representa o As barcas O Diabo e o Anjo


lugar onde chegam representam a representam a
as personagens após viagem para o condenação e a
a morte e o fim da Inferno ou para o salvação
vida terrena. Céu, conforme o mal respetivamente.
ou o bem feito na
Terra.

2. Símbolos caracterizadores do Fidalgo e seu simbolismo:


- Pajem: desprezo pelos mais pobres. Tirania
- Manto: vaidade.
- Cadeira: julgava-se importante e poderoso.

3. PERCURSO DO JULGAMENTO: ARGUMENTAÇÃO

O FIDALGO DEFENDE-SE O DIABO CONDENA

1º MOMENTO: Frente ao Diabo * Parece-me isso cortiço... * E também cá zombais?


* Que leixo na outra vida quem reze * E tu viveste a teu prazer,
sempre por mi. * do que vós vos contentastes.
* Que sinal foi esse tal?

O FIDALGO DEFENDE-SE O ANJO CONDENA

2º MOMENTO: Frente ao Anjo * ... parti tão sem aviso, * Não se embarca tirania
* Sou fidalgo de solar, * Pera vossa fantesia mui estreita é
* Que entr’a minha senhoria... esta barca
* Versos 94 a 105.

4. DESFECHO: A CAMINHO DA CONDENAÇÃO

O Fidalgo reconhece a condenação O Diabo orienta o condenado

* Venha essa prancha! Veremos esta barca de * Tomares um para de remos... e, chegando ao nosso
tristura. cais, todos bem vos serviremos
SENTENÇA

Desejos do condenado – Fidalgo Troça do acusador – Diabo

* ... tornarei à outra vida * Que se quer matar por ti?


Ver a minha dama querida * Ó namorado sandeu...
Que se quer matar por mi. * Pois estando tu espirando,
* Dá-me licença, te peço se estava ela requebrando
Que vá ver minha mulher. com outro de menos preço.

* Entremos, pois que assi é. * Ora senhor, descansai,


FIM

* Ó barca, como és ardente! passeai e suspirai.


* Maldito quem em ti vai! Entanto vinrá mais gente.

1 Representação simbólica de ideias ou conceitos.


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Português / 9º ano FICHA INFORMATIVA

5. A INTENÇÃO CRÍTICA DA CENA

Gil Vicente segue a máxima latina ridendo, castigat mores (“a rir, castigam-se os costumes”) e, por isso, a sua obra denuncia os
defeitos da sociedade do seu tempo, como se vê no quadro que se segue:

FAMÍLIA SOCIEDADE NOBREZA

Corrupção moral: infidelidade do Tirania e exploração dos mais Vaidade, presunção e poder
Fidalgo, da esposa e da amante. pobres. corrupto da classe.

6. O CÓMICO

Gil Vicente pretende, também, divertir o público e sabe, como ninguém, tirar partido dos diversos cómicos, como se exemplifica:

CÓMICO DE LINGUAGEM CÓMICO DE SITUAÇÃO CÓMICO DE CARÁCTER

* Pera lá vai a senhora? * Que leixo na outra vida quem reze * Parece-me isso cortiço...
* Senhor, a vosso serviço. sempre por mi. * Porque a vedes lá de fora.
* Que jiricocins, salvanor! * Dá-me licença, te peço, * Terra é bem sem sabor.
Cuidam que sou eu grou? Que vá ver minha mulher. * Quê? E também cá zombais?

7. A LINGUAGEM

Gil Vicente mistura, sabiamente, os vários níveis de língua e aproveita as capacidades expressivas da língua:

NÍVEIS DE LÍNGUA RECURSOS EXPRESSIVOS

CORRENTE: EUFEMISMO:
* Esta barca onde vai * Vai pêra a ilha perdida
ora
que assi está ANTÍTESE:
apercebida? * Achar-vos-ês tanto menos
quanto mais fostes fumoso.
CUIDADA:
* Vós ireis mais METÁFORA:
espaçoso * Oh! Que maré tão de
com fumosa senhoria, prata!

POPULAR: REPETIÇÃO:
* Par Deos, aviado * Ora, entrai! Entrai!
estou! Entrai!
Cant’a isto é já pior...
Que jiricocins, salvanor! IRONIA:
* Quem reze sempre por ti!

BOM ESTUDO!

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