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2º MOMENTO: Frente ao Anjo * ... parti tão sem aviso, * Não se embarca tirania
* Sou fidalgo de solar, * Pera vossa fantesia mui estreita é
* Que entr’a minha senhoria... esta barca
* Versos 94 a 105.
* Venha essa prancha! Veremos esta barca de * Tomares um para de remos... e, chegando ao nosso
tristura. cais, todos bem vos serviremos
SENTENÇA
Gil Vicente segue a máxima latina ridendo, castigat mores (“a rir, castigam-se os costumes”) e, por isso, a sua obra denuncia os
defeitos da sociedade do seu tempo, como se vê no quadro que se segue:
Corrupção moral: infidelidade do Tirania e exploração dos mais Vaidade, presunção e poder
Fidalgo, da esposa e da amante. pobres. corrupto da classe.
6. O CÓMICO
Gil Vicente pretende, também, divertir o público e sabe, como ninguém, tirar partido dos diversos cómicos, como se exemplifica:
* Pera lá vai a senhora? * Que leixo na outra vida quem reze * Parece-me isso cortiço...
* Senhor, a vosso serviço. sempre por mi. * Porque a vedes lá de fora.
* Que jiricocins, salvanor! * Dá-me licença, te peço, * Terra é bem sem sabor.
Cuidam que sou eu grou? Que vá ver minha mulher. * Quê? E também cá zombais?
7. A LINGUAGEM
Gil Vicente mistura, sabiamente, os vários níveis de língua e aproveita as capacidades expressivas da língua:
CORRENTE: EUFEMISMO:
* Esta barca onde vai * Vai pêra a ilha perdida
ora
que assi está ANTÍTESE:
apercebida? * Achar-vos-ês tanto menos
quanto mais fostes fumoso.
CUIDADA:
* Vós ireis mais METÁFORA:
espaçoso * Oh! Que maré tão de
com fumosa senhoria, prata!
POPULAR: REPETIÇÃO:
* Par Deos, aviado * Ora, entrai! Entrai!
estou! Entrai!
Cant’a isto é já pior...
Que jiricocins, salvanor! IRONIA:
* Quem reze sempre por ti!
BOM ESTUDO!