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Cena: Fidalgo
2. Movimentação cénica
O Fidalgo chega ao cais e dirige-se à barca do Diabo, mas recusa-se a entrar.
Dirige-se, então à Barca do Anjo, mas não lhe é permitido embarcar. Regressa, por
fim, à barca do Diabo.
4. O Diabo começa por tratar o Fidalgo por senhor “Cá vindes vós”, mas mudou de
atitude porque o Fidalgo estava a julgar-se superior e disse-lhe que estava enganado
em relação ao seu destino. O Diabo perde os bons modos e começa a tuteá-lo (tratar
por tu): “Em que esperas ter guarida?”.
Argumentos de acusação
Diabo Anjo
“E também cá zombais” Não se embarca tirania/neste batel
“E tu viveste a teu prazer” divinal”
“Mandai meter a cadeira/que assi
passou vosso pai” “Pera vossa fantesia/mui estreita é esta
“Do que vós vos contentastes” barca”
Argumentos de defesa
“Que leixo na outra vida/quem reze “pois parti tão sem aviso”
sempre por mi” “Sou fidalgo de solar”
Pera senhor de tal marca/ non há i
mais cortesia?”
O Fidalgo é acusado de ter vivido a seu prazer, de ser presunçoso, vaidoso e tirana
para com o povo.
Gil Vicente pretende, com isto, criticar a prática errada da religião, levada a cabo
por aqueles que acreditavam que as orações, as missas e outras práticas
superficiais eram mais importantes que as obras e a fé.
6. O Fidalgo pede ao Diabo que o deixe voltar à terra para ver a amante e a mulher.
Quando o Fidalgo lhe pede que o deixe regressar à terra para ver a amante, o Diabo ri-
se dele, chama-lhe tolo e diz-lhe que ela lhe mentia nas cartas que lhe escrevia e que,
logo que ele morreu, ela se divertiu com outro de menor condição social. Em relação à
mulher, o Diabo diz-lhe que ela não o quer ver, que foi agradecer a quem a livrou do
marido, que o choro dela, na hora da morte do Fidalgo, era de alegria e os lamentos
tinham sido ensinados pela mãe, eram ensaiados e falsos. Deste modo, Gil Vicente
alarga a crítica às mulheres em geral, mostrando como o fingimento era
transmitido de mãe para filha. As mulheres são apresentadas negativamente
como falsas, hipócritas e infiéis.
8. Linguagem do Fidalgo
9. Caracterização do Fidalgo