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Analise das personagens:

Na peça teatral “O auto da barca do inferno” de Gil Vicente, é notório o


papel das personagens para constituir o caráter educador da encenação. Cada
personagem tem sua maneira de ser, e essa maneira de ser acaba por fazer
aquele que lê a peça repensar a vida que leva. Do ponto de vista moral cada
personagem peca em algum aspecto, trazendo a comicidade para a peça. Mas
é a própria comicidade que traz a contemplação de nossos próprios defeitos.
Do ponto de vista das criações de Gil Vicente o livro “Auto da barca do
inferno” da editora L&PM, descreve as personagens como podendo ser:
“humanos (o povo, o fidalgo, o juiz...); os fantásticos (frutos da imaginação, a
personificação das estações, os deuses pagãos...); os alegóricos (a virtude, o
pecado, Roma, a mentira); e, ainda, os teológicos (anjo, diabo, alma).”.
Segundo este ponto de vista, temos nesta peça os seres teológicos e os
tipos humanos. E cada um representa uma característica humana.

Fidalgo:
Dom Henrique já de início parece não ter respeito pelo arraz do inferno,
tanto que chama o Diabo de “senhora” logo em suas primeiras falas. Não se
pode justificar esse ato como engano, visto que as outras personagens
reconhecem facilmente o Diabo como sendo do sexo masculino.
A primeira impressão que o fidalgo tem da barca do inferno é a de que
parece um cortiço, e tudo isso o fidalgo diz esbanjando soberba. O fidalgo traz
consigo um pajem e uma cadeira de espaldas.
Antes que o fidalgo chegue à barca o Diabo avisa a seu ajudante que
organize toda a barca, em tom de ironia, como se quisesse indicar que aí vinha
alguém que em vida havia sido rico e importante, acostumado ao luxo. O
fidalgo por sua vez, além de fazer pouco da barca, também humilha o inferno,
chamando de lugar “sem-sabor” em tom de zombaria, e novamente com muita
soberba.
O fidalgo afirma que deixou alguém rezando por ele, e que por isso
pretende ir para o céu. Quando fala ao Anjo, aparentemente, Dom Henrique
tenta intimidá-lo dizendo, logo que chega perto da barca, quem era em vida:
“Sou fidalgo de Solar, / é bem que me recolhais.” (p.25, editora L&PM). E ainda,
quando o anjo diz que ele não entrará, ele tenta intimidá-lo novamente, e
apesar de usar um tom doce, é perceptível a sua intenção: “Pêra senhor de tal
marca / non há aqui mais cortezia?” (p. 25, editora L&PM) e dá a ordem,
dissipando seu tom gentil: “Venha a prancha e atavio! / Levai-me desta ribeira!”
(p. 26, editora L&PM). Ou seja, tenta dar ordens na barca do Anjo,
representando bem as pessoas que detém o poder, que acham que podem
destratar todos os outros, e agem com soberba com os demais.
Quando percebe que irá mesmo para o inferno, o fidalgo parece se
arrepender dos pecados que cometeu em vida, dando um tom moralizante à
sua aparição na peça. “Ó triste! Enquanto vivi / não cuidei do que i havia.”
(p.27, editora L&PM).
Antes de ir para o inferno, o fidalgo pede para ver sua esposa que
deixou em vida, e é surpreendido ao saber que ela o traía e que seu amor era
falso. Assim ele entra na barca se amaldiçoando.

Onzeneiro:
O onzeneiro é o que hoje se conhece como agiota e já vem ao barqueiro
do inferno perguntando aonde vai a barca. Quando o demônio diz que ele
demorou, ele afirma que mais gostaria de demorar e que morreu bem na hora
de cobrar os impostos. Diferentemente do fidalgo ele não tenta intimidar o Anjo,
mas fala como desesperado por se salvar. Porém quando vê que não pode
mesmo ir à barca do Anjo, diz ao barqueiro do inferno que quer voltar à terra
para buscar seu dinheiro, para poder pagar ao Anjo sua passagem para o céu,
mostrando sua verdadeira face gananciosa, e seus costumes como agiota.
O onzeneiro foi utilizado na peça para mostrar que não apenas os ricos
fidalgos exploram o povo, mas também o próprio povo arrecada riquezas de
maneira vil e desonesta, visando apenas seu próprio lucro. O onzeneiro era um
homem rico, isto fica claro quando fala da fazenda que ficou na terra. O fato de
querer subornar um Anjo também mostra a face de um homem que já se
acostumara às maneiras da terra e que não gostaria de perder esse costume.
Parvo:
O Parvo fala uma série de desaforos ao Diabo, mostrando que sob a
carapaça do homem deficiente mental, é, entre os que já chegaram às barcas,
o único ser realmente sincero, que fala o que pensa, sem medos mundanos. O
linguajar chulo do Parvo comprova isso também.
Durante todo o curso da peça ele fala sobre os outros que surgem para
seguir nas barcas, mostrando, de certa forma, que os loucos, algumas vezes,
são muito lúcidos e podem até ter uma concepção da vida mais clara que os
ditos normais. Apesar de não ter responsabilidade pelos seus atos, ele serve
de julgador para as ações humanas. Como se aquele que está à margem da
sociedade pudesse melhor observá-la e descrevê-la.
O Anjo permite que o parvo entre na barca do céu, pois sua falta de
consciência do que fazia o tornava incapaz de medir as conseqüências de seus
atos. Há uma palavra-chave na fala do Anjo quando este permite a passagem
do Parvo: “Malícia”, pois o parvo em suas ações não agiu com malícia ao
contrário dos outros que agiam sempre de má fé.

Çapateiro (Sapateiro):
O sapateiro representa em seu diálogo com o Diabo aquela pessoa que
freqüenta a igreja, mas que não respeita suas normas no dia-a-dia. Diz ele ao
Diabo: “Quantas missas eu ouvi, / nom me hão elas de prestar?” (p.40, editora
L&PM) E ainda afirma que era confessado e comungado e por isso gostaria de
saber onde é a barca que conduz ao paraíso, porém o Diabo se mostra mais
esperto que ele e lembra-lhe que foi excomungado.
O sapateiro tem em mente quase que um suborno à igreja, diz que em
vida pagou dízimo e esperava que isso cobrisse sua passagem para o céu. Ao
contrário dos demais não mostra arrependimento e sim conformismo. Após
falar com o Anjo que lhe diz que ele vai para a barca do inferno, ele volta a esta
barca e diz que desçam a prancha, para acabar logo com aquela história.

Frade:
O frade já chega dançando, ao que parece despreocupado, certamente
imaginando que iria para o céu. Também não tem nenhum pudor, traz consigo
uma moça que exibe como sua, e canta musicas que não parecem ser
aprendidas em lugares religiosos, pois o Diabo mostra conhecê-las.
Quando vê a moça com o frade o Diabo pergunta se no convento onde
ele mora não ficavam contra ele, ao que o frade responde: “E eles fazem outro
tanto” (p.43 editora L&PM), denunciando a falta de pudores dentro da igreja. O
frade tal como o sapateiro busca mostrar sua importância dentro da igreja,
pergunta se o habito não lhe vale.
O frade representa fielmente a figura dos que estavam na igreja, mas
não respeitavam seus dogmas, e viviam de aparências, porém na hora do
julgamento as aparências não enganam e cada um vai para o lugar que lhe é
devido.
Quando se dirige à barca do céu ele logo diz que entrará e que a moça
também irá por estar com ele.
O frade também traz consigo uma espada e um escudo, o livro “Auto da
barca do inferno” da editora L&PM traz o seguinte apontamento quanto a essa
característica: ”Frei Babriel traz nas mãos os símbolos do poder terreno:
escudo e espada e capacete, traz também consigo sua mulher, e se apresenta
como cortesão - dessa forma critica a devassidão e os abusos da igreja.” (p.48)
Também o frade não se arrepende apenas se conforma em ir para o
inferno.

Alcoviteira:
A alcoviteira de nome Brísida Vaz parece já reconhecer o Diabo, pois
quando ele pede a ela que entre, ela logo diz que busca outra barca. Brísida é
a que traz mais objetos: poções e outras coisas que serviam ao seu trabalho,
mas ela afirma que a carga mais pesada são as meninas que trabalhavam para
ela.
Brísida não conversa muito com o Diabo, como fazem os outros, e
segue para a barca do Anjo dizendo que cuidava das meninas e era ela quem
as mandava para a sé. Ela afirma que salvou mais meninas que Santa Úrsula
(que é interessantemente a protetora das virgens) e se considera mártir por ter
cuidado das garotas.
Brísida também não se arrepende e de tanto ela dizer que era boa na
sua vida, o Diabo faz um comentário irônico: “se viveste santa vida / vós o
sentirês agora.” (p.53, editora L&PM)
Brísida, mesmo sabendo ser mentira, afirmava cuidar das meninas que
prostituía. Talvez Brísida Vaz seja o mais claro caso de todas as personagens,
o que se condena é o abuso que ela praticava contra as meninas, que
retornava em lucros para ela mesma.

Judeu:
Este já surge como alguém que acha que o dinheiro pode comprar tudo.
O Diabo, incrivelmente, não parece contente com a chegada do Judeu, e
inclusive é grosseiro. O Judeu quer comprar passagem na barca do inferno.
Quando o Diabo afirma que ele não entrará, ele oferece mais uma moeda. Este
personagem nem chega a falar com o Anjo, pois não é digno de tal coisa, e
acaba por falar com o parvo que o acusa de diversas atitudes contra a igreja.
O próprio Diabo afirma que o Judeu ficará à toa, pois nem na barca do
inferno ele é digno de entrar. Por fim, o Diabo o aceita, muito a contra gosto.
Note-se neste trecho do Judeu o pensamento da época com relação aos que
seguiam o judaísmo, que eles não respeitavam Cristo e que, além disso, eram
muquiranas e gostavam de reunir sua riqueza. Neste trecho fica claro o anti-
semitismo da época de Dom Manuel, onde se notava grande perseguição aos
judeus.

Corregedor e Procurador:
O seguinte diálogo entre Diabo e Corregedor já deverá exibir o que se
mostra com relação a esta classe: “Dia: Oh, amador de perdiz, / gentil carrega
trazeis! / Cor: No meu ar conhecereis / que non é ela do meu jeito.” (p. 56-57,
editora L&PM), este trecho mostra que o corregedor não se sente feliz com seu
trabalho, e não carrega seus processos por desejo, como os outros
carregavam seus objetos.
Tão injusto em seus processos, era o corregedor, que o Diabo chega a
chamá-lo de “descorregedor” (p.57, editora L&PM). Quando percebe em que
barca vai, o corregedor passa a falar latim, tentando impressionar, porém, o
Diabo também fala latim, e é extremamente irônico em seus argumentos. O
Corregedor tenta ainda proclamar o jus magistatis que o tornaria imune como
representante do rei.
O corregedor tenta imitar o ato de Cristo pedindo a Deus que se lembre
dele, mas o Diabo lhe diz que já não é hora, e que o corregedor deveria ter
pensado nisto antes.
O Corregedor é acusado pelo Diabo de ser injusto e aceitar, muitas
vezes, roubo. Este é o personagem que além de representar os juristas
corruptos, representa toda aquela parte da população que aceita suborno. Ele
ainda faz recordar que depois da morte é tarde para se arrepender.
O procurador chega com grande afinidade ao corregedor. O corregedor
pergunta se o procurador se confessara antes de morrer, o procurador
responde que não e quer saber do corregedor, este afirma que se confessou,
mas não contou ao confessor o quanto havia roubado.
É interessante o fato de que quando ambos vão ao barco do Anjo, este
os chama de “filhos da ciência”, denotando o pensamento medieval sobre os
avanços científicos.
O corregedor reconhece a alcoviteira quando entra na barca do inferno,
mostrando que além de corrupto, freqüentava lugares como a casa de Brísida
Vaz, e mostrando ainda, como a alta sociedade estava intimamente ligada com
pessoas como ela.

O enforcado:
Este surge querendo a redenção através da sua punição. Disseram a
ele em vida que quando morresse enforcado, seus pecados (certamente roubo,
ou algo do gênero) seriam perdoados, e com São Miguel ele jantaria pão e mel.
Mas o Diabo lhe diz que isto é tudo mentira e que ele vai para a terra dos
condenados.
Nota-se que apesar de ter morrido de forma a se libertar de seus
pecados, o arrependimento do enforcado não é verdadeiro, pois ele mesmo
afirma que o sermão que se dava antes da execução era demasiado
desagradável e chato.
Os 4 cavaleiros:
Estes são a total prova do pensamento medieval. Morreram nas batalhas
contra os mouros (p. 71, editora L&PM), levando a bandeira católica e a cruz
de Cristo. Recebem, estes que morrem assim, a redenção por terem morrido
pela igreja.
Os 4 cavaleiros falam com autoridade ao Diabo e seguem direto para a
barca do Anjo.

Anjo:
O anjo não se mostra como uma criatura que perdoa, antes disso é um
ser justo, que não permite a passagem para a sua barca daqueles que não
merecem.
Parece cumprir à risca o que Deus lhe ordenou e só dá passagem aos
que em vida foram corretos. Mostra ser o contrário de todos aqueles que
seguem nas barcas e para firmar o conceito de criatura perfeita não se permite
receber suborno nenhum, nem faz concessões. Os objetos que os mortos
trazem não são permitidos pelo Anjo, que afirma serem esses objetos pesados
demais para entrar, chegando a travar o seguinte diálogo com o onzeneiro:
“Anj: pois cant’eu mui fora estou / de te levar para lá / essa barca que lá está /
vai pêra quem te enganou. / onz: porque? / anj: porque esse bolsão tomará
todo o navio / onz: Juro a Deos que vai vazio! / anj: não já no teu coração”
(p.32-33)
Este trecho traz o que pode ser a grande lição este Auto: aquilo que
fazemos em vida, se acumula também em nossos corações, e é este fardo
invisível que não podemos carregar no caso de desejarmos ir para o paraíso.

Diabo:
Esta é a figura mais curiosa desta peça, é interessante notar que o
Diabo chega a ser a personagem mais moralizante de todo o Auto, pois é ele
quem aponta os defeitos naqueles que chegam. Podemos exemplificar de
diversas maneiras, visto que ele é a todo o momento o acusador dos
pecadores afirmando todas as situações impunes em que estes se envolveram
em vida. É ele quem acusa o sapateiro de ter sido excomungado e recorda que
o corregedor, apesar de ser um homem da lei, aceitava subornos e em diversas
vezes agiu injustamente. É através das falas do Diabo que conhecemos todas
as práticas que podem levar alguém para o inferno.
Quando trava diálogo com o Onzeneiro o Diabo encara as coisas que o
pecador traz e afirma: “e que cousas pera mi!” (p.31, editora L&PM), podemos
analisar este comportamento do Diabo como significando que as coisas que
juntamos em vida, através de nossa ganância, acabam por servir de presente
para o Diabo, pois são estas coisas terrenas que nos fazem cair em pecado.

Análise dos símbolos em Auto da barca do inferno

O primeiro símbolo a ser explicado nesta peça é certamente o símbolo


das duas barcas, a que conduz ao céu e a que conduz ao inferno. As barcas de
Gil Vicente são parte da tradição medieval, e retomam a barca de Caronte. Diz
este mito grego que quando a pessoa morria sua alma deveria atravessar o
Aqueronte na barca de Caronte, só eram transportadas as almas que tivessem
dinheiro para pagar a passagem. É esta a simbologia das barcas.

Agora analisamos a peça tomando por base as aparições de cada


personagem e os objetos que trazem.

Fidalgo:
 Pajem: o fato de trazer consigo, para a morte, um pajem, pode
representar um homem que mesmo depois de morto não quer perder a
nobreza. Segundo Vanessa Pereira, no site nota positiva, este pajem
pode também representar falta de consideração e respeito pelas
pessoas de classe inferior.
 Cadeira de espaldas: essa cadeira era usada na igreja, segundo fala o
Diabo. Segundo o site wikipédia “Durante o período da idade média, as
cadeiras passaram a ser artigos de luxo da nobreza e possuiam
armações e construções diversas”, ou seja, o fato de o fidalgo trazer
consigo esta cadeira, quer representar a sua origem nobre.
Onzeneiro:
 Bolsão: O bolsão representa o trabalho do próprio onzeneiro, visto que
ele trabalhava com cobranças. Também representa o apego que ele
tinha em vida ao dinheiro.

Sapateiro:
 Avental e formas: também representa o trabalho deste homem, mas os
objetos que representam o trabalho também representam o dinheiro que
ele ganhava com seu trabalho, e à custa também de enganar e extorquir
pessoas com seu ofício. Vanessa Pereira diz também que as coisas que
ele carrega podem representar seus pecados.

Frade:
 Moça: Essa moça representa claramente os desmandos da igreja
católica no período da Idade Média, mostrando que por trás da carapaça
forte que tinha a igreja os padres, frades e todos os representantes do
clero cometiam os pecados mais absurdos.
 Escudo, espada e capacete: diz o livro “Auto da barca do inferno” da
editora L&PM: “Frei Babriel traz nas mãos os símbolos do poder terreno:
escudo e espada e capacete.” O livro também o classifica como valente
e mundano.

Alcoviteira (Brísida Vaz):


 Diz Brísida que traz: seiscentos virgos postiços, três arcas de feitiços, três
armários de mentir, cinco cofres de loucuras, alguns furtos alheios (que se
converteram em jóias) guarda-roupa de cobertas, casa movediça, estrado
de cortiça e duas colchas. Traz ainda as meninas que trabalhavam para
ela: todas essas coisas são utilizadas no trabalho que ela desempenhava,
representando apego à vida terrena e ao trabalho que ela não gostaria de
abandonar. É interessante quando ela afirma trazer “casa movediça”, pois
a impressão que dá é de que ela fala em lares desfeitos, certamente por
ela (ou as mulheres que trabalhavam para ela) se envolver com homens
comprometidos.
Judeu:
 Bode: (Auto da barca do inferno, L&PM, 2005)

“A presença do bode, certamente, é uma referencia ao azazel ou emissário, o


animal da cerimônia do bode emissário. Nessa cerimônia, o sacerdote
colocava as mãos sobre o bode e confessava os pecados de Israel,
transferindo-os simbolicamente para ele. O animal era, então, conduzido ao
deserto e, como levava junto os pecados, esses não seriam mais lembrados.”

A repulsa demonstrada com o animal (nem o Diabo quer o bode em sua


barca) seria, então, pela representação da cultura judaica que se dá, na
peça, através dele.

Corregedor e procurador:
 Processos e livros: mais uma vez, objetos representando o trabalho e o
apego à vida.
 O corregedor ainda traz sua Vara (insígnia dos magistrados): este objeto é
importante porque ressalta a importância do corregedor, note-se que o
objeto que revela quem ele é, apenas de olhar, não foi deixado para trás,
foi uma das coisas que ele trouxe para a pós-morte. Como se
representasse soberba e orgulho de seu cargo.

Enforcado:
 Forca: o que este traz não representa, como os outros apego à vida, mas
sim apego a hora de sua morte, porque lhe disseram que aquele bandido
que morresse enforcado seria salvo e com São Miguel jantaria pão e mel,
assim ele se apega à sua salvação. A promessa se mostra mentira no
decorrer da encenação.

O parvo e os 4 cavaleiros:
Como ficou claro, os outros personagens trazem objetos que representam
sua vida antes da morte, assim podemos perceber que o parvo não traz nada, e os
cavaleiros trazem a cruz de Cristo. Podemos verificar a ausência de símbolos que
representem a sua vida terrena, suas profissões e seus pecados, como a natural
ausência de pecado. O parvo não traz esses símbolos porque não era responsável por
seus atos, e como disse o Anjo não agia com malícia. Os 4 cavaleiros tiveram seus
possíveis pecados perdoados porque aqueles que morriam em batalhas pela igreja,
em tese eram salvos e seguiam para o céu. A única coisa que estes trazem é a cruz,
que não representa nada em si mesmos, mas o motivo pelo qual viveram.

Referencias bibliográficas:

VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno. Porto Alegre: editora L&PM, 2005.

KITZINGER, F. a barca de Caronte. Recanto das letras, 06 nov.1996. Disponível em:


<<http://recantodasletras.uol.com.br/resenhas/284094>> acesso em: 12 jun 2010.

Cadeira.Wikipédia.org, 11 jun 2010. Disponível em:


<<http://pt.wikipedia.org/wiki/Cadeira>> acesso em 13 jun 2010.

PEREIRA, V. O auto da barca do inferno. Nota positiva, 20 jan 2007. Disponível em:
<<http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_
trabalhos/autobarcainferno.htm>> acesso em 12 jun 2010.

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