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Ficha Informativa – Português 9ºAno


Cena do Onzeneiro

¶ Símbolo cénico:
- Bolsão: representa o dinheiro; a usura; a ambição desmedida e avareza (apego ao
dinheiro).

¶ Percurso Cénico: cais -> Barca do Diabo -> Barca do Anjo -> Barca do Diabo (embarca aí)

¶ Esta personagem pertence: à burguesia.

¶ “Oh! Que má-hora venhais,/ onzeneiro, meu parente!”:

 o Diabo revela, com este tratamento, que o Onzeneiro tem semelhanças com ele, é como se fossem
membros da mesma família;
 o Diabo sempre o ajudou a fazer o mal, a enganar os outros;
 agora os papéis invertem-se: é a vez de o Onzeneiro ajudar o Diabo.

¶ Argumentos de defesa:
 ter morrido sem contar;
 não ter tido tempo de “apanhar”/ amealhar mais dinheiro (esta queixa mostra que para esta personagem
o dinheiro era importante);
 jura ter o bolsão vazio;
 precisa de ir à Terra para ir buscar dinheiro (para comprar a viagem para o Paraíso/a salvação).

¶ Argumentos de acusação
 Anjo: acusa-o de levar um bolsão que ocuparia todo o navio e o coração cheio de pecados (de cobiça,
apego ao dinheiro);
 ser avarento, materialista;
 sempre foi ajudado por Satanás.

¶ O Onzeneiro é condenado pelo Anjo ao Inferno, porque:

- leva o coração cheio de pecados, cheio de amor pelo dinheiro e o bolsão representa esse dinheiro.

¶ O Onzeneiro interpreta a recusa do Anjo como:

- por não ter dinheiro não pode entrar no Paraíso;


- ele pensa que com o dinheiro pode comprar tudo e resolver tudo.

¶ A vida do Onzeneiro: avareza (só pensa em dinheiro).

¶ Gil Vicente dá esta pobre caracterização à vida da personagem, porque:


- todas as personagens são personagens-tipo;
- não podem representar características pessoais.

¶ Desenlace: Inferno

¶ Intenção crítica: Gil Vicente pretende criticar a prática da usura, denunciando o enriquecimento rápido
e fácil à custa dos mais necessitados.

Resumo – Cena do Onzeneiro

Depois do Fidalgo, é o Onzeneiro que, acabado de falecer, chega


ao rio onde estão ancoradas as Barcas do Inferno, conduzida pelo Diabo
e pelo seu Companheiro e da Glória, conduzida pelo Anjo.
O Onzeneiro é uma personagem-tipo que representa todos
aqueles que vivem da prática da usura, ou seja, todos os que
emprestam dinheiro às pessoas que se encontram em situações muitas
vezes de desespero praticando juros demasiado elevados, daí o nome
"Onzeneiro" que remete para a prática de juros de onze por cento, taxa
considerada injusta naquela época.
O Onzeneiro traz consigo um "bolsão" vazio que simboliza a sua profissão.
No início da cena, o Onzeneiro interpela o Diabo perguntando-lhe qual o destino da
sua Barca. O Diabo pergunta-lhe ironicamente, chamando-o de seu "parente, porque tinha ele
tardado tanto em chegar. O Onzeneiro confessa que gostaria de ter vivido mais para poder
continuar a enriquecer com a prática da usura. O Diabo mantém o registo irónico e finge-se
espantado por saber que o dinheiro não o tinha livrado da morte. O Onzeneiro não dá mostras
de compreender a ironia do Diabo e mostra-se desanimado por não ter sequer podido trazer
consigo dinheiro para pagar o Barqueiro. O Diabo interrompe-o e convida-o a entrar na Barca,
mas o Onzeneiro, ainda sem compreender com quem estava a falar, diz preferir escolher com
mais calma a Barca e volta a perguntar ao Diabo para onde se dirige. Pergunta-lhe três vezes
até que o Diabo, por fim, lhe revela que a sua Barca se dirige para a "infernal comarca".
Perante esta descoberta, o Onzeneiro vai determinado até à outra Barca, reclamando o seu
direito de lá viajar, porém o Anjo nega-lhe a passagem e explica-lhe que o "bolsão" era
demasiado grande para caber no seu navio. O Onzeneiro ainda argumenta, jurando-lhe que o
"bolsão" estava vazio, mas o Anjo é determinante na sua sentença e diz-lhe que é o seu
coração que está cheio de pecado pois a "onzena" é "feia e filha da maldição". O Onzeneiro
volta, então, à Barca do Inferno, e, pensando ainda que a entrada na Barca da Glória lhe tinha
sido negada por não trazer dinheiro consigo, pede ao Diabo que o deixe voltar à vida para
poder ir buscar o seu dinheiro. Com esta atitude, o Onzeneiro sublinha o seu carácter
interesseiro, concentrado apenas no dinheiro. O Diabo já não está interessado em conversar
com ele e ordena-lhe que entre na Barca explicando-lhe que terá de servir a Satanás que
sempre o ajudou. O Onzeneiro entra desalentado na Barca, lamentando-se pelo seu destino.

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