Você está na página 1de 7

Cena do Onzeneiro

• Símbolos cénicos:
• - bolsão: representa a avareza

• Grupo social representado:


• - burguesia

• Tratamento inicial / caracterização da personagem


• “Oh! Que má-hora venhais,/ onzeneiro, meu parente!”:
• indicia, desde logo, o destino da personagem : a condenação.
• - o Diabo sempre o ajudou a fazer o mal, a enganar os outros.
• Argumentos de defesa:
  ter morrido sem esperar
  não ter tido tempo de “apanhar” mais dinheiro
  jura ter o bolsão vazio
  precisa de ir à Terra para ir buscar mais dinheiro (para comprar a
passagem)
• Argumentos de acusação:
  Anjo: acusa-o de levar o coração cheio de pecados
  ser avarento («Onzeneiro, meu parente», diz o Diabo)
• O Onzeneiro interpreta a recusa do Anjo como:
 motivada por não ter dinheiro para pagar a entrada no
Paraíso, revelando, assim, o seu materialismo.
• Movimentação cénica
• Barca do Diabo

• Barca do Anjo Barca do Diabo


PROCESSOS de CÓMICO:
 Cómico de situação
ex: “Onze. Santa Joana de Valdês!
Cá é vossa senhoria?
Fidal. Dá ò demo a cortesia!
Diabo Ouvis? Falai vós cortês!
Vós, fidalgo, cuidarês
que estais na vossa pousada?
Dar-vos-ei tanta pancada
com um remo, que reneguês!”

Recursos estilísticos:
 Metáfora
ex: “Onze. Mais quisera eu lá tardar…
Na safra do apanhar”

 Ironia
ex: “Diabo Ora mui muito m’espanto
nom vos livrar o dinheiro!”
“ Diabo Oh! Que gentil recear,
e que cousas pera mi!”

 Eufemismo
ex: “Onze. … me deu Saturno quebranto.”
Resumo

• Depois do Fidalgo, é o Onzeneiro que, acabado de falecer, chega ao rio onde estão
ancoradas as Barcas.
• O Onzeneiro é uma personagem-tipo que representa todos aqueles que vivem da
prática da usura, ou seja, todos os que emprestam dinheiro, praticando juros
demasiado elevados. O nome "Onzeneiro" remete para a prática de juros de onze
por cento, taxa considerada injusta naquela época. O Onzeneiro traz consigo um
"bolsão" vazio que simboliza a sua profissão.
• No início da cena, o Onzeneiro interpela o Diabo perguntando-lhe qual o destino da
sua Barca. O Diabo pergunta-lhe ironicamente, chamando-o de seu "parente, porque
tinha ele tardado tanto em chegar. O Onzeneiro confessa que gostaria de ter vivido
mais para poder continuar a enriquecer com a prática da usura. O Diabo mantém o
mesmo registo irónico e finge-se espantado por saber que o dinheiro não o tinha
livrado da morte. O Onzeneiro não dá mostras de compreender a ironia do Diabo e
mostra-se desanimado por não ter sequer podido trazer consigo dinheiro para pagar
o Barqueiro. O Diabo interrompe-o e convida-o a entrar na Barca, mas o Onzeneiro,
ainda sem compreender com quem estava a falar, diz preferir escolher com mais
calma a Barca e volta a perguntar ao Diabo para onde se dirige.
• Pergunta-lhe três vezes até que o Diabo, por fim, lhe revela que a sua Barca
se dirige para a "infernal comarca".
• Perante esta descoberta, o Onzeneiro vai determinado até à outra Barca,
reclamando o seu direito de lá viajar. Porém o Anjo nega-lhe a passagem e
explica-lhe que o "bolsão" era demasiado grande para caber no seu navio.
• O Onzeneiro ainda argumenta, jurando-lhe que o "bolsão" estava vazio, mas o
Anjo é determinante na sua sentença e diz-lhe que é o seu coração que está
cheio de pecado pois a "onzena" é "feia e filha da maldição".
• O Onzeneiro volta, então, à Barca do Inferno, e, pensando ainda que a entrada
na Barca da Glória lhe tinha sido negada por não trazer dinheiro consigo, pede
ao Diabo que o deixe voltar à vida para o poder ir buscar.
• Com esta atitude, o Onzeneiro sublinha o seu carácter interesseiro. O Diabo já
não está interessado em conversar com ele e ordena-lhe que entre na Barca
explicando-lhe que terá de servir a Satanás que sempre o ajudou.
• O Onzeneiro entra desalentado na Barca, lamentando-se pelo seu destino.

Você também pode gostar