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No Brasil, a República Velha chegava ao seu fim com os movimentos tenentistas no início da
década de 1920, comandados por militares descontentes com o governo. Em 1924, a Coluna
Prestes, de viés comunista, liderada por Luís Carlos Prestes (1898-1990), iniciava sua marcha,
que durou dois anos, para convocar o povo a revoltar-se contra as elites.
Em 1929, houve a quebra da Bolsa de Nova Iorque, o que prejudicou a economia brasileira,
baseada na exportação de café. No ano seguinte, quando Getúlio Vargas (1882-1954) perdeu as
eleições para Júlio Prestes (1882-1946), supostamente devido a uma fraude, o presidente
Washington Luís (1869-1957) foi deposto por um golpe de estado, e Vargas tomou posse
provisoriamente. Contudo, era o início da Era Vargas, que duraria até 1945.
Nesse momento, diversos artistas aproveitaram a agitação causada pela Semana de Arte Moderna
para romper com os modelos preconcebidos que, segundo eles, eram limitados e impediam a
criatividade.
Inspirado nas ideias das vanguardas artísticas europeias, os artistas buscam uma renovação
estética. Por esse motivo, ela é conhecida como a "fase heroica", sendo a mais radical de todas.
É também chamada de "fase de destruição", pois propunha a destruição dos modelos que
vigoravam no cenário artístico-cultural do país.
A consolidação de uma arte genuinamente brasileira possibilitou a valorização da cultura e do
folclore. Junto a isso, os artistas estabelecem a liberdade formal, rompendo com a sintaxe e
utilizando uma linguagem mais coloquial para se aproximar da fala cotidiana.
Muitas revistas e manifestos foram criados, o que fez surgir alguns movimentos, dos quais se
destacam:
· Movimento pau-brasil;
· Movimento antropofágico;
· Movimento regionalista;
· Movimento verde-amarelo;
· Manuel Bandeira (1886-1968) - Obras: A cinza das horas (1917), Carnaval (1919) e
Libertinagem (1930).
"Poética
Abaixo os puristas
(...)
Diferente da primeira fase, que apresentava um caráter mais destrutivo e radical, na segunda
geração, os artistas demonstram maior equilíbrio e racionalidade em seus escritos.
Além da prosa de ficção, a poesia brasileira se consolida, o que significa o maior êxito para os
modernistas.
Esse é um momento muito fértil da literatura brasileira onde encontramos uma vasta produção
de textos poéticos em verso e prosa.
· Graciliano Ramos (1892-1953) - Obras: Vidas Secas (1938), São Bernardo (1934),
Angústia (1936), Memórias do cárcere (1953).
· José Lins do Rego (1901-1957) - Obras: Menino do Engenho (1932), Doidinho (1933),
Banguê (1934) e Fogo morto (1943).
· Jorge Amado (1912-2001) - Obras: O País do Carnaval (1930), Mar morto (1936) e
Capitães da areia (1937).
· Rachel de Queiroz (1910-2003) - Obras: O quinze (1930), Caminho das pedras (1937) e
Memorial de Maria Moura (1992).
Veja abaixo um trecho da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, que retrata a vida de
uma família de retirantes no sertão brasileiro:
"Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o
dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado
bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma
sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Muitos críticos literários defendem que essa fase terminou em 1960, enquanto outros acreditam
que ela perdura até o presente.
Esse momento, que ficou conhecido como “Geração de 45”, reuniu um grupo de escritores,
muitas vezes chamados de neoparnasianos, que buscavam uma poesia mais equilibrada e
objetiva.
Assim, a liberdade formal, característica das fases anteriores, é deixada de lado para dar lugar
à métrica e ao culto à forma, com produções inspiradas no Parnasianismo e Simbolismo.
Além da poesia, há uma diversidade grande na prosa com a prosa urbana, intimista e
regionalista.
· Mario Quintana (1906-1994) - Obras: Rua dos cataventos (1940), Canções (1946) e Baú
de espantos (1986).
· João Cabral de Melo Neto (1920-1999) - Obras: Pedra do sono (1942), O cão sem plumas
(1950) e Morte e vida severina (1957).
Leia abaixo um trecho da obra mais emblemática de João Cabral de Melo Neto Morte e vida
severina:
"— O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de
romaria, deram então de me chamar Severino de Maria como há muitos Severinos com mães chamadas
Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias.
(...)
— Desde que estou retirando só a morte vejo ativa, só a morte deparei e às vezes até festiva só a morte
tem encontrado quem pensava encontrar vida, e o pouco que não foi morte foi de vida severina (aquela
vida que é menos vivida que defendida, e é ainda mais severina para o homem que retira).
Conclusão
O Modernismo foi um movimento literário de nivel mundial, que incluiu uma série de críticas artísticas,
culturais e sociais. Iniciou no o século XX, procurando romper com a arte acadêmica, dando maior
liberdade para a estética e para a experimentação. As Vanguardas européias se destacam neste contexto.
O modernismo vingou por um bom período, até também ser criticado por perspectivas contemporâneas de
arte e cultura. Muito de sua influência ainda pode ser vista nas exposições atuais na maior parte dos
museus de arte do mundo,o modernismo foi um momento fundamental da arte no mundo, e deve ser
lembrado como referência histórica quando o assunto é cultura.