Você está na página 1de 9

Centenário da Semana de Arte Moderna 1922 – 13 à 17 de fevereiro

O movimento Modernista foi um dos mais importantes marcos da histórica cultural do Brasil.  A
Semana de Arte Moderna de 1922 revolucionou o mundo das Artes. A importância é tão grande
que o Modernismo foi a escola literária que mais caiu no Enem. Veja o que foi, como foi, e os
destaques de Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Mário de Andrade, e outros
artistas da época.

O Modernismo e a Literatura: O Modernismo foi um movimento literário e artístico do início do


séc. XX (1922), cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo,
simbolismo e a arte acadêmica), a libertação estética, a experimentação constante e,
principalmente, a independência cultural do Brasil.

Apesar da força do movimento literário modernista, a base dessa corrente estética se encontra
nas artes plásticas, com destaque para a pintura.

No Brasil, este movimento possui como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada
em 1922, na cidade de São Paulo, devido ao Centenário da Independência. Oswald de
Andrade e Mário de Andrade foram os líderes desta arrancada, ao lado de Manuel
Bandeira. No entanto, devemos lembrar que o Modernismo já se mostrava presente muito
antes do movimento de 1922.

As primeiras mudanças na cultura brasileira que tenderam para o Modernismo datam de 1913
com as obras do pintor Lasar Segall;
e no ano de 1917, a pintora Anita Malfatti , recém-chegada da Europa, provoca uma renovação
artística com a exposição de seus quadros.

A este período chamamos de Pré-Modernismo (1902-1922), no qual se destacam


literariamente, Lima Barreto, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos; nesse
período ainda podemos notar certa influência de movimentos anteriores como
realismo/naturalismo, parnasianismo e simbolismo.

O Modernismo e as rupturas estéticas

A partir de 1922, com a Semana de Arte Moderna tem início o que chamamos de Primeira Fase
do Modernismo, ou Fase Heróica (1922-1930). Este ciclo inicial se caracteriza por um maior
compromisso dos artistas com a renovação estética que se beneficia pelas estreitas relações
com as vanguardas europeias (cubismo, futurismo, surrealismo, etc.).

No campo da literatura há a criação de uma forma de linguagem, que rompe com o tradicional,
transformando a forma como até então se escrevia.
Algumas dessas mudanças são: a Liberdade Formal (utilização do verso livre, quase abandono
das formas fixas – como o soneto, a fala coloquial, ausência de pontuação, etc.), a valorização
do cotidiano, a reescritura de textos do passado, e diversas outras.

Outra característica deste período ocorre também pela formação de grupos nacionais ou
regionais do movimento modernista: Pau-Brasil, Antropófago, Verde-Amarelo, Grupo de Porto
Alegre, e Grupo Modernista-Regionalista de Recife.

Primeira Semana de Arte Moderna, em São Paulo

Manifesto Antropófago (excerto)
Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os
coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.

Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.


Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou
com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo
exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.
Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da
saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o
que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.
Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a
mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as


revoltas eficazes na direção do homem. Sem n6s a Europa não teria sequer a sua pobre
declaração dos direitos do homem.
A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha.” (Revista


de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)

Na década de 30, temos o início do período conhecido como Segunda Fase do Modernismo ou
Fase de Consolidação (1930-1945), que é caracterizado pelo predomínio da prosa de ficção.

A partir deste período, os ideais difundidos em 1922 se espalham e se normalizam, os esforços


anteriores para redefinir a linguagem artística se une a um forte interesse pelas temáticas
nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos autores da primeira fase, que
continuam produzindo, e também o surgimento de novos poetas, entre eles Carlos Drummond
de Andrade.

Carlos Drummond de Andrade é o autor que mais cai no Enem

Drummond é um destaque entre os modernistas. Seu poema de maior reconhecimento público


é o clássico ‘No meio do caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho’…

Carlos Drummond de Andrade é o destaque na poesia da Segunda Geração do Modernismo


no Brasil. Veja aula gratuita sobre este período para compreender a importância de Drummond.
Ele é o autor que mais cai nas provas do Enem:

Dentre os muitos poetas e escritores dessa segunda fase do Modernimo estão os seguintes
consagrados:

Na prosa:
– Graciliano Ramos
– Rachel de Queiros
– Jorge Amado
– José Lins do Rego
– Érico Veríssimo
– Dionélio Machado

Na poesia:
– Carlos Drummond de Andrade
– Murilo Mendes
– Jorge de Lima
– Cecília Meireles
– Vinícius de Morais.

Temos ainda a Terceira Fase do Modernismo (1945- até 1960); alguns estudiosos consideram
a fase de 1945 até os dias de hoje como Pós-Modernista, no entanto, as fontes utilizadas para
a confecção deste artigo, tratam como Terceira Fase do Modernismo o período compreendido
entre 1945 e 1960 e como Tendências Contemporâneas o período de 1960 até os dias de hoje.

Nesta terceira fase, a prosa dá sequência às três tendências observadas no período anterior –
prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista, com uma certa renovação formal; na poesia
temos a permanência de poetas da fase anterior, que se encontram em constante renovação, e
o grande destaque de Clarice Lispector.

O livro dela mais citado por todos os professores e que teve maior número de exemplares
vendidos é ‘A hora da estrela’, que narra o modo muito particular e de viver a vida de
Macabéia, e personagem central do romance.

Ela fez a sua estreia no mundo das letras com o romance Perto do Coração Selvagem. Clarice
(1920-1977) nasceu na Ucrânia, com origem judaica, e veio com a família para o Brasil aos
dois anos de idade. Naturalizou-se brasileira, e se declarava Pernambucana. Veja!

No romance A Hora da Estrela a personagem Macabéia é uma retirante nordestina que tem a
vida contada por um personagem masculino, Rodrigo, que faz o papel de narrador. O livro é
genial, uma obra-prima da literatura brasileira. 

Clarice Lispector fez parte da Terceira fase do Modernismo no Brasil (1945 – +/- 1960).
Clarice imprimiu em suas obras uma literatura intimista, de sondagem psicológica e
introspectiva.

As obras de destaque na Semana de Arte Moderna de 1922


“Abaporu”, de Tarsila do Amaral - Comecemos por um dos principais símbolos do
movimento modernista, a peça de arte brasileira mais cara do mundo. Curiosamente, o quadro
“Abaporu”, de Tarsila do Amaral (1886-1973), não está no pais de origem. Quem quiser ver o
trabalho de pertinho precisa se dirigir ao Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires
(Malba), na Argentina

“A estudante” de Anitta Malfatti - Já para conferir o quadro “A Estudante”, de Anita Malfatti


(1889-1964) – também exposto durante a Semana de 22 – o itinerário é um pouco mais curto.
A obra compõe o acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand (Masp)  No
trabalho, Anita faz uso de deformação moderada, procurando fugir de modelos clássicos. A
técnica, que contava com tintas diluídas aplicadas à tela, causou grande alvoroço na elite
provinciana paulista incluindo até mesmo o escritor Monteiro Lobato  (1882-1948). A pintura foi
feita nos Estados Unidos.

A MULHER DE CABELOS VERDES” E “O ROCHEDO”, DE ANITA MALFATTI - Dobradinha de


Anita Malfatti porque estas duas obras da pintora estão presentes em Fortaleza. “A Mulher de
Cabelos Verdes” pertence à coleção do chanceler Airton Queiroz (1946-2017) e está presente
no Espaço Cultural Unifor.
O Rochedo” também entrará em exposição no mesmo equipamento. A peça, de 1915, foi
elaborada em um dos períodos de maior produção artística de Anita Malfatti, quando residia
nos Estados Unidos. Lá, a pintora se isolou numa ilha de pescadores na Costa do Maine
chamada Monhegan Island – nome que serve de subtítulo à obra

RETRATO DE RONALD DE CARVALHO”, DE VICENTE DO REGO MONTEIRO

Pernambucano, Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) expôs no Teatro Municipal de São


Paulo o quadro “Retrato de Ronald de Carvalho”. Atualmente, a tela pode ser visitada
no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Além dela, Vicente exibiu outros sete
trabalhos na Semana de Arte Moderna.

Na própria produção pictórica, Rego Monteiro mostra-se sintonizado com um estilo bastante
específico do modernismo, o Art Déco, por meio do uso de curvas que buscam uma elegante
regularidade geométrica. 

Com isso – inspirado pela cerâmica marajoara e pela cultura indígena – o artista promove uma 
refinada e original estilização da temática indigenista brasileira, conferindo às telas densidade e
volume. Ao romper com o caráter plano da pintura, aproxima-a da escultura.

“AMIGOS (BOÊMIOS)”, DE DI CAVALCANTI“


Atualmente no acervo da Pinacoteca de São Paulo “Amigos (boêmios)” foi criado em 1921 por
Di Cavalcanti (1897-1976). O pintor carioca se destacou nas Artes Plásticas por retratar
aspectos populares da cultura brasileira, a exemplo das favelas, do samba e do carnaval.

Desde 1916, Cavalcanti já publicava charges políticas para a revista Fon-Fon. No mesmo ano,
expôs no Salão dos Humoristas uma série de ilustrações sobre a Balada do Cárcere de
Reading, de Oscar Wilde (1854 – 1900) Em 1917, começou a pintar sob a influência do estilo
Art Nouveau. Neste mesmo ano, fez a primeira individual para a revista “A Cigarra”. Em 1922,
foi presença confirmada na Semana de Arte Moderna

“RETRATO DO DESEMBARGADOR GABRIEL GONÇALVES GOMIDE”, DE JOHN GRAZ

Graz (1891-1980) participou da Semana de 22 por conta da amizade com Oswald de Andrade,
expondo sete obras. Também foi um dos sócios-fundadores da Sociedade Pró- Arte Moderna
(SPAM), em 1932.

Entre as obras escolhidas para fazer parte da exposição, estava a tela “Retrato do
Desembargador Gabriel Gonçalves Gomide”, de 1917. O quadro integra o acervo do Museu de
Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). John também exibiu a “Paisagem da
Espanha”, pintada em 1920. A obra está em exibição na Pinacoteca do Estado de São Paulo

Videos

Semana de Arte Moderna completa 100 anos em 2022; entenda a sua importância | NOVO DIA
- YouTube
Artistas de rua falam sobre a Semana de Arte Moderna | CNN PRIME TIME - YouTube

Semana de Arte Moderna de 1922 | Nerdologia - YouTube

SP l Agenda cultural celebra Semana de Arte Moderna de 22 - YouTube

Semana de Arte Moderna de 1922: 100 anos depois - parte 1 - YouTube

Você também pode gostar