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Modernismo no Brasil – 1° Fase anos 20

O modernismo no Brasil foi um movimento artístico, cultural e literário que se


caracterizou pela liberdade estética, o nacionalismo e a crítica social.

Inspirado pelas inovações artísticas das vanguardas europeias (cubismo, futurismo,


dadaísmo, expressionismo e surrealismo), o modernismo teve como marco inicial
a Semana de Arte Moderna, que se realizou entre os dias 11 e 18 de fevereiro de
1922, no Teatro Municipal de São Paulo.
No país, o cenário era de insatisfação, pois muitas pessoas consideravam a política, a
economia e a cultura estagnadas. Parte disso estava relacionado com o modelo
político vigente baseado na política do café com leite.

Com o poder concentrado nas mãos de grandes fazendeiros, paulistas e mineiros se


revezavam no poder. Isso ocorreu até 1930, quando um golpe de estado depôs o
presidente Washington Luís, pondo fim à República velha.

Foi nesse cenário de incertezas que um grupo de artistas, empenhados em propor uma
renovação estética na arte, apresentam um novo olhar, mais libertário, contrário ao
tradicionalismo e ao rigor estético.

Assim, surge a Semana de Arte Moderna liderada pelo chamado “Grupo dos cinco”:
Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do
Amaral.

Esse evento, que reuniu diversas apresentações e exposições, colaborou com o


surgimento de revistas, manifestos, movimentos artísticos e grupos com
experimentações estéticas inovadoras.

Tudo isso permitiu consolidar as ideias modernistas e inaugurar o movimento no país.

FASES DO MODERNISMO NO BRASIL

O modernismo no Brasil foi um longo período (1922-1960), que reuniu diversas


características e obras, por isso, esteve dividido em três fases, também chamadas de
gerações:

 Primeira fase modernista (1922-1930) - a fase heroica ou de destruição


 Segunda fase modernista (1930-1945) - a fase de consolidação ou geração de 30
 Terceira fase modernista (1945-1960) - a geração de 45

Alguns autores que foram essências para essa fase no Brasil


Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira, Minas Gerais, no ano de 1902, foi
um grande poeta, contista e cronista brasileiro. Pelo conjunto de sua obra, tornou-se um dos
principais representantes da Literatura Brasileira do século XX. É considerado, por muitos
críticos literários, como um dos principais escritores do Modernismo no Brasil. Abaixo se
encontra um de seus poemas.

Destruição

Os amantes se amam cruelmente


e com se amarem tanto não se veem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados


pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.

Nada, ninguém. Amor, puro fantasma


que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.


Deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.

A forma como Drummond se expressa nesse trecho sobre o amor, é perfeita, ele mostra o
amor de uma forma de destruição, ele consegue mostrar o amor de outro ângulo, um ângulo
que poucos veem.

Oswald de Andrade
Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1890, foi um dos escritores
mais importantes do modernismo brasileiro. Com a ajuda do amigo e também escritor Mário
de Andrade, foi um dos fundadores do movimento modernista, iniciado oficialmente na
Semana de Arte Moderna em 1922. O evento contou com a presença ainda de Tarsila do
Amaral, Heitor Villa-Lobos, Anita Malfatti e Plínio Salgado. Alguns trechos do Manifesto
antropófago

Manifesto Antropófago

A antropofagia nos une. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os


coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question

Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968) foi um poeta brasileiro. "Vou-me
Embora pra Pasárgada" é um dos seus mais famosos poemas. Foi também professor de
literatura, crítico literário e crítico de arte.

Os temas mais comuns de sua obra são: a paixão pela vida, a morte, o amor, o erotismo, a
solidão, o cotidiano e a infância. Foi um dos maiores representantes da primeira fase do
Modernismo.

É na sua obra Libertinagem uma coletânea de poemas que Bandeira se consagra um poeta
modernista brasileiro, nesse livro a valorização de temas ligados ao cotidiano, liberdade de
criação, liberdade de linguagem, uso de versos livres, marcas de oralidade e tom coloquial
todas essas características muito valorizadas e pertinentes á estética modernista. Alguns
trechos de poemas de sua obra Libertinagem.

Vou me embora pra Pasárgada

“Vou-me embora prá Pasárgada


Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora prá Pasárgada” (...)

Andorinha

Andorinha lá fora está dizendo:


- "Passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...

Pneumotórax

FEBRE, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.


A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
– Respire.
– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

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