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2.

Unidade 1 – Ruptura e Construção


Capítulo 1 – O Pré-Modernismo: Augusto
dos Anjos – Lima Barreto – Euclides da
Cunha
Capítulo 2 – O Modernismo – Marcel
Duchamp, Edvard Munch, Giacomo Balla,
Pablo Picasso, Salvador Dali, Anita Malfatti,
Monteiro Lobato.
As Vanguardas Europeias
O pré-modernismo é caracterizado por ser período de
transição entre os movimentos literários ao final do século XIX
e a escola modernista, criada ao início do século XX. Nesse
sentido, percebemos que o homem do século XX apresenta
uma nova visão de mundo, tentando desvincular-se de
aspectos conservadores, assim, em sua produção literária
observamos uma série de inovações no campo da temática e
na linguagem e, ao mesmo tempo, traços de conservadorismo
no campo estético.
CONTEXTO HISTÓRICO

O pré-modernismo tem início em 1900 e vai até


1922. Com a chegada do século XX, é inegável a
presença de várias mudanças sociais,
econômicas e políticas no contexto mundial.
Nesse sentido, percebemos uma série de
acontecimentos que marcaram não somente
novos pensamentos sobre a realidade daquele
momento, como a presença das classes mais
baixas, que lutavam para o reconhecimento de
seus direitos.
No cenário brasileiro, vivíamos um período republicano,
mas é pertinente lembrar de acontecimentos que
marcaram a chegada desse momento, como: Revolta
de Canudos (1896-97), A Revolta da Vacina (1904), O
ciclo da borracha (1870- 1920), A Guerra do
Contestado (1912- 1916), A Revolta da Chibata (1910),
a Greve dos Operários (1917) e o fim da República
Café com Leite (1894- 1930). No contexto mundial,
temos a presença da 1ª Guerra Mundial (1914- 1918), o
que influenciou diretamente no modo do viver do
homem contemporâneo e na sua visão conflituosa de
mundo.
CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO
Nesse período de transição, é nítido perceber que
os autores brasileiros tentam apresentar uma nova
perspectiva sobre a terra tupiniquim, assim, na
prosa, percebemos uma narrativa mais engajada e
de denúncia social. Embora algumas escolas
literárias anteriores tenham feito uma análise mais
crítica sobre a realidade, é somente no século XX
que há um destaque aos marginalizados pela
sociedade (os pobres, ex escravos, o trabalhador
operário, entre outros).
Além disso, os autores visam documentar a seu leitor o
atraso e a condição miserável de muitas regiões brasileiras
(como o Nordeste) e relatar a questão da subsistência
humana. Percebemos traços de regionalismo (como
características do sul brasileiro, por exemplo), que
contribuem para o conhecimento de nossa cultura e
valorização da identidade brasileira; romances de tese,
linguagem mais simples e coloquial, como também, a
presença do sincretismo literário.

Entre os autores de grande destaque, podemos citar: João


do Rio, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha,
Augusto dos Anjos e Monteiro Lobato.
AS VANGUARDAS EUROPEIAS

As vanguardas europeias são movimentos artísticos e


culturais que visam romper com o tradicionalismo,
incentivando, assim, a liberdade de expressão de cada
artista. Com isso, propunham inovações, pois acreditavam
que essas ideias poderiam, posteriormente, serem adotadas
como prática comum. Esse movimento foi a principal
influência para a criação da Semana de Arte Moderna, em
1922. Das vanguardas, as que mais se destacaram foram:
● Vanguarda ( início dos anos 1900) expressão que
deriva do francês Avant-guarde, termo militar que
designa aqueles que, durante uma campanha, vão à
frente da unidade.
No campo das artes e das ideias: aqueles que estão à
frente de seu tempo.

● Euforia exagerada diante do progresso industrial e


dos avanços científicos – como a eletricidade x
pessimismo característico do fim do século ,
representando o decadentismo simbolista.
a) CUBISMO: marcado pela valorização de formas
geométricas desvinculava-se da objetividade e
linearidade da arte mimética. Muitos artistas
consideram essa vanguarda uma das mais
significativas, pois apresenta uma nova perspectiva,
apresentada a partir de uma realidade fragmentada.
Pablo Picasso é um dos representantes dessa
expressão.
CUBISMO:
● Nascido a partir das experiências de Pablo Picasso
e Georges Braque;
● A pintura cubista surgiu em 1907;
● Proposta: centrar-se na liberdade que o artista deveria
ter para decompor e recompor a realidade a partir de seus
elementos geométricos;
● Segundo Picasso: “ O trabalho do artista não é cópia
nem ilustração do mundo real, mas um acréscimo novo e
autônomo.”
● O trabalho mais revolucionário de
Picasso foi a tela Les Demoiselles
d’Avignon influenciado pela cultura
africana e ibérica, Picasso retrata cinco
mulheres de um bordel francês em
poses sensuais ( braços levantados
realçando as formas do busto): as duas
mulheres ao centro têm expressões de
andaluzas ( sul da espanha,
onde nasceu o pintor); as outras três
têm feições que lembram máscaras
africanas. A ruptura com a forma de ver
o mundo por uma única perspectiva
exemplificada com a mulher sentada à
direita: seu corpo é visto de costas e
seu rosto, de frente.
b) DADAÍSMO: representa uma negação à
arte tradicional e foi criada a partir da chama
de instabilidade, medo e revolta provocada
pela 1ª Guerra Mundial. Na literatura, a
vanguarda caracteriza-se pela agressividade,
rejeição ao racional. Nas artes, percebemos
o tom irreverente dos artistas, marcados pela
ironia, deboche e o niilismo (vazio).
1916 – Dadaísmo em plena guerra;
O importante era criar palavras pela sonoridade, quebrando as barreiras
do significado , importante era o grito, o urro contra o capitalismo burguês e
o mundo em guerra.
Obra mais famosa de
Marcel Duchamp – na obra
Releitura Moderna
foram rabiscadas
obscenidades.
O fim do Dadaísmo:

Considera-se que o Dadaísmo morreu em 1922, depois que um


dos seus precursores, Tristan Tzara, realizou uma palestra
dizendo que, como tudo na vida, o Dadaísmo era inútil. Em
1924, o Dadaísmo converteu-se ao Surrealismo com o manifesto
de André Breton.

O Dadaísmo não teve representação no Brasil, mas estudos


indicam que o livro Macunaíma, de Mario de Andrade, contém
características desse movimento.
c) FUTURISMO: essa vanguarda nega
qualquer relação com o passado e valoriza a
exaltação do progresso, da modernidade. No
campo literário, ganha enorme destaque ao
fazer alterações na estrutura sintática e na
pontuação. Fillippo Marinetti é o grande nome
desta vanguarda.
●Primeiro manifesto foi publicado
em 20 de fevereiro de 1909;
● Exaltação da vida moderna, da
eletricidade, da velocidade;
● Queriam mostrar a vida
moderna através de pinturas
cheias de movimento, dinamismo
e força.
●1912: Manifesto Técnico da
Literatura Futurista: propõe a
“destruição da sintaxe, dispondo
os substantivos ao acaso, uso de
símbolos matemáticos e
musicais e o menosprezo pelo
adjetivo, advérbio e pontuação.
Pontos Importantes:

● Identificação entre o movimento e o seu líder


(Marinetti);
● Adesão de Marinetti ao FASCISMO de
Mussolini;
● Artistas brasileiros: aceitavam suas ideias
artísticas, mas repudiavam seu posicionamento
político;
● Owsvald de Andrade chegou a saudar Mario de
Andrade com um artigo intitulado: “ O meu poeta
futurista”, mas Mario temendo ser identificado
com o fascismo, foi a público negar tal
comparação.

“ Não sou futurista ( de Marinetti). Disse e


repito-o. tenho pontos de contacto com o
futurismo. Oswald de Andrade, chamando-me de
futurista, errou.”
d) EXPRESSIONISMO: Relacionada a uma visão
mais subjetiva, às sensações do artista no
momento de sua criação, a partir do modo de
expressar seu ponto de vista. Desvincula-se da
forma, conteúdo e traços artísticos tradicionais,
dando maior liberdade ao artista em sua
produção.
Pontos importantes:

● Desenvolveu-se mais na pintura;


● São mais afetados pelo sofrimento humano do que pelo triunfo;
● Sentiam tão fortemente o respeito do sofrimento humano,
pobreza, violência e paixão, que estavam inclinados a pensar que
a insistência na harmonia e beleza em arte nascera de uma recusa
em ser sincera;
● Queriam expressar sua compaixão pelos deserdados e os feios;
● No Brasil: Anitta Malfatti e Augusto dos Anjos manifestaram o
expressionismo em suas obras.
Livro páginas 48 e 49 - Conexões
Van Gogh afirmou que nessa
pintura de
Edvard Munch , ao distorcer uma
imagem para expressar a visão
do artista, assemelhava-se à
caricatura.
A expressão de angústia do ser
humano: a figura que grita não
tem os traços do rosto bem
definidos; pelo contrário, é um
rosto distorcido, uma máscara,
uma caricatura.
e) SURREALISMO: Associada a um
mundo mais fantasioso, o surrealismo se
aproxima do campo irracional da mente,
valorizando o subconsciente, o
sobrenatural. O artista Salvador Dalí é o
grande destaque dessa vanguarda.
EXERCÍCIOS
1. (UFRRJ) Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma
“Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro.
Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. ( … ) o
que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( … ) Não se sabia bem
onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará.
Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo
brasileiro.”
(BARRETO, Lima. “Triste fim de Policarpo Quaresma”. São Paulo: Scipione, 1997.)

Este fragmento de “Triste Fim de Policarpo Quaresma” ilustra uma das características mais
marcantes do Pré-Modernismo que é o:
a) Desejo de compreender a complexa realidade nacional.
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo.
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo.
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo.
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista.
R: A
Comentário: No trecho da obra de Lima Barreto, devemos depreender o
caráter nacionalista de seu personagem e observar a dificuldade de
“enquadrá-lo” em uma categoria a partir de aspectos regionais, neste
sentido, o autor visa avaliar o que é ser brasileiro, o que confirma a letra A.
As alternativas B, C, D e E estão incorretas, pois embora o pré-modernismo
seja um período de transição entre movimentos ao final do século XIX e a
escola modernista, não apresenta traços românticos e, no trecho em
destaque, não há relação com o campo da transcendência, muito abordado
no Simbolismo. Além disso, na letra D, o movimento Parnasiano se
desvincula de referências do contexto social e histórico, sendo um
movimento mais voltado para a própria arte e, na letra E, o trecho não
apresenta uma linguagem subjetivada.
2. (PUC-RS) Para responder à questão, leia o fragmento do conto
“Negrinha”, de Monteiro Lobato.

“Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha
escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe
escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha,
sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa
não gostava de crianças.
(...)
E tudo se esvaiu em trevas.
Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de
terceira – uma miséria, trinta quilos mal pesados…
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica,
na memória das meninas ricas.
– “Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?”
Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia.
– “Como era boa para um cocre!…”
(...)
Considerando o fragmento anterior, é correto afirmar:

a) Em “Negrinha”, conto-título de livro de Monteiro Lobato, editado em 1920, o


autor apresenta, de forma crítica e mordaz, o tratamento cruel a que é
submetida a pequena escrava, maltratada até a morte.
b) Para o pré-modernista Monteiro Lobato, a infância é um período a ser
celebrado pela alegria e vontade de viver, tema que anima o conto “Negrinha”.
c) Como escritor romântico, Monteiro Lobato cria a personagem Negrinha
como aquela que dá alegrias a Dona Inácia, sua patroa, por estar sempre a
seu lado.
d) Negrinha é uma das personagens mais marcantes da literatura infantil de
Monteiro Lobato, o autor que inaugurou o gênero no Brasil.
e) No conto “Negrinha”, Monteiro Lobato relembra uma pequena companheira
de infância, vizinha das terras de seu avô.
R:A
Comentário: No conto “Negrinha”, o autor Monteiro Lobato relata a
dolorosa relação da menina com sua patroa e a presença de uma
visão determinista, advinda do movimento naturalista durante o século
XIX, o que confirma a letra A. A alternativa B está incorreta, pois o
narrador descreve os maus tratos que a menina sofreu durante a
infância, além disso, Monteiro Lobato não é um escritor romântico e,
sim, pré-modernista, o que também torna a letra C incorreta. As letras
D e E também contém erros, pois Monteiro Lobato possuía um vasto
número de obras e uns de seus personagens que mais marcaram foi o
interiorano Jeca Tatu. Ademais, Negrinha é uma personagem fictícia.
3. (ENEM) Psicologia de um vencido

“Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas –


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!”
(ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. )
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição
designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática
presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como:
a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas, o vocabulário
requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no
Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas
como “Monstro de escuridão e rutilância” e “Influência má dos signos do zodíaco”.
c) a seleção lexical emprestada do cientificismo, como se lê em “carbono e
amoníaco”, “epigênesis da infância”, “frialdade inorgânica”, que restitui a visão
naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do
Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética e o desconcerto
existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo
filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos
modernistas.
R: D

Comentário: O poema mantém a forma clássica do soneto e a presença de


características de movimentos anteriores, como o parnasianismo e o
simbolismo, dessa maneira, tornam as alternativas A, B e C incorretas, visto que
o enunciado expressa que deseja encontrar marcas da literatura desse período
de transição, ou seja, traços desse sincretismo literário produzido naquele
momento, a partir do contraste das escolas ao final do século XIX e a mudança
que seria provinda do movimento modernista. A alternativa D é a única que
marca esse conjunto de características nesse momento de mudanças, pois une
o Parnasianismo (culto à forma), Simbolismo (subjetividade e expressionismo),
ligadas ao desconcerto existencial do eu lírico e novidades nos recursos
poéticos. Já na alternativa E, não há a referência à incorporação de valores
morais na obra de Augusto dos Anjos.
Para as próximas aulas: Livro páginas:
17, 21, 22, 39, 43, 44, 47 e 50
Somente respostas no caderno.

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