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 Modernismo: 1.

ª geração
bana, a Rebelião Tenentista e o aparecimento da
Introdução Coluna Prestes, de uma forma mais envolvente
dentro da sociedade.
Fatos históricos aconteceram no período
de 1922 a 1930, fase heroica do Modernismo Em 1929, concretiza-se a quebra da Bolsa
brasileiro: Revolução Russa, Crack da Bolsa de de Valores de Nova York, o que influenciou a
Nova York, Coluna Prestes, Revolta do Forte de economia brasileira.
Copacabana, Rebelião Tenentista, entre outros. Vamos notar, nessa primeira fase moder-
Segundo Massaud Moisés, em seu livro A nista, que esses acontecimentos marcaram o
Literatura Através dos Textos, “o ano de 1921 fim de uma época, ou seja, quebrou de certa
presencia a completa maturação do processo maneira, aquela “exuberância” que havia na so-
revolucionário. Faltava apenas um acontecimento ciedade, que aparecia pelas suas futilidades.
que deflagrasse o estopim. Com efeito, anunciada
em 1922, a Semana de Arte Moderna instalou-se
no Teatro Municipal de São Paulo [...]. Apesar da
Características
forte reação do público, o novo ideário vingou,
fixou-se numa série de revistas e difundiu--se
da 1.ª geração
pelo resto do país. Ao longo de seu percurso, o
Modernismo atravessou as seguintes fases: a Podemos dizer que o período de 1922 a
destruição, entre 1922 e 1928, caracterizada 1930 foi o mais radical da literatura modernista
pela irreverência iconoclasta ( o “poema piada”), no Brasil, pois foi marcada por uma situação de
o nacionalismo desenfreado, o primitivismo, o oposição em relação às velhas estruturas, contra
repúdio total do nosso passado histórico [...]”. as fórmulas já determinadas pelas academias, 25
contra o passado, enfim, era uma geração que
Essa primeira geração de poetas é consi-
buscava novidades, que queria apresentar coi-
derada heroica, pois se expuseram às críticas
sas novas.
da sociedade intelectual da época, por apresen-
tarem rupturas com o que estava estabelecido Surgiram muitas polêmicas em torno des-
como arte, como literatura, como tendências ses artistas; por isso se enfatiza a coragem
artísticas. desse grupo.
Essa fase foi marcada, sobretudo, pelo anar-
Abordagem teórica quismo, que se pode observar nas próprias pala-
vras do escritor Mário de Andrade – representante
desse primeiro momento modernista – quando diz,

Fatos históricos
em um discurso que proferiu avaliando a Semana
de Arte Moderna, – “Nós não sabemos o que que-
remos, sabemos o que não queremos”.
Em 1917, a questão da Revolução Russa Mário de Andrade diz, ainda: “Nós, moder-
mostrou ao mundo as diferenças sociais gritan- nistas, não devemos servir de exemplo para
tes que haviam e, de certa maneira, incutiu no ninguém. Mas podemos servir de lição”.
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povo o medo do comunismo. Além disso, o espírito polêmico marcou as


Aqui no Brasil, tivemos acontecimentos obras desses poetas. O que eles apresentavam
marcantes, como a Revolta do Forte de Copaca- causava furor à crítica da época.

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Uma outra característica marcante dessa Vamos dar ênfase, sobretudo, a esses in-
fase foi a valorização do que era moderno. Os telectuais, que deixaram para nós uma herança
poetas gostavam de fazer poemas que falassem desse nacionalismo crítico.
do cotidiano, das coisas simples do dia a dia, até
então ignorada pelos intelectuais, pelas pessoas
que se dedicavam à arte da literatura.
Oswald de Andrade (1890-1954)
Também vamos observar, nessa primeira
Nasceu em São Paulo, de família tradicio-
geração, a liberdade criadora.
nal e abastada. Curiosidade: o escritor sempre
Eles não queriam nada que já estivesse
insistiu para que a pronúncia de seu nome fosse
estabelecido. Era muito valorizado aquilo que
“Oswáld”. De volta de uma viagem à Europa, em
se apresentava como novidade, mesmo que
1912, trouxe na bagagem as ideias do Manifesto
causasse polêmica.
Futurista, com o qual entrara em contato. Co-
Também buscavam, através dessa criação, nheceu Mário de Andrade e, juntos, lideraram a
a originalidade, sem dúvida. articulação da Semana de Arte Moderna.
O primitivismo – busca de inspiração no
nosso homem primitivo: o índio no seu estado
mais puro e natural, pré-cabralino, que ainda não
teve contato com o homem branco – é também
observado nessa fase.
Além do primitivismo, encontramos o colo-

Domínio público.
quialismo da linguagem. Vamos observar que
os poetas da 1.a geração buscaram fazer uma
ruptura com aquela linguagem encontrada nas
gramáticas. Esses intelectuais queriam que os
textos literários refletissem a fala brasileira, isto
é, que a linguagem fosse mais próxima daquilo
26 que o homem falava nas ruas. Deram à lingua-
gem uma coloquialidade até então não admitida
em um texto literário.
Oswald de Andrade foi uma das figuras
mais dinâmicas e controvertidas do Modernismo.
Representantes da Sempre irreverente, polêmico e revolucionário,
foi jornalista, poeta, romancista, teatrólogo e
1.ª geração modernista memorialista.
Suas viagens à Europa o mantiveram em
É preciso lembrar que, após a Semana de contato com escritores e movimentos artísticos
Arte Moderna, os intelectuais que dela fizeram de vanguarda. Em 1931, aderiu ao comunismo
parte se dividiram em dois grupos em que impe- e, de parceria com a escritora Patrícia Galvão
rava um único sentimento: o nacionalismo. (Pagu), lançou o jornal de esquerda o Homem
Um grupo visava ao nacionalismo crítico do Povo. Mesmo tendo depois se desligado do
(Movimento Pau-Brasil), com uma visão mais Partido Comunista, continuou considerando-se
ampla da realidade brasileira; o outro, valoriza- um homem de esquerda.
va aquele nacionalismo cego, cujo pensamento Em 1924, publicou o Manifesto da Poesia
estava mais próximo de uma filosofia de ultra- Pau-Brasil e, em 1928, com Tarsila do Amaral
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direita (Movimento Verde-Amarelo). e Raul Bopp, fundou o grupo da Antropofagia:

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sempre propondo uma revisão crítica da nossa
formação sociocultural e histórica e a articulação Características da obra
entre a cultura primitiva e popular e a cultura de Oswald de Andrade
intelectualizada.
Sem dúvidas, a questão que melhor identi-
Vamos conhecer um texto autobiográfico,
fica a obra de Oswald de Andrade é a da lingua-
escrito pelo poeta em questão:
gem, a ruptura com aquilo que é estabelecido
Viajei, fiquei pobre, nas gramáticas.
fiquei rico, casei, O poeta fazia questão de incorporar, em
enviuvei, casei, sua obra, aquilo que se pode considerar como
divorciei, viajei, erros da fala, como neste poema:
casei... já disse
O capoeira
que sou conjugal,
gremial e ordeiro. Oswald de Andrade

O que não me – Qué apanhá sordado?


impediu de ter – O quê?
brigado diversas – Qué apanhá?
vezes à portuguesa Pernas e cabeças
e tomado parte em na calçada.
algumas diversas
Observe que ele escreve “qué” e “apanhá”,
batalhas campais.
reproduzindo a fala do brasileiro. Toda a obra de
Nem ter sido
Oswald de Andrade é marcada por uma lingua-
preso 13 vezes.
gem absolutamente coloquial.
Tive também grandes
Vamos conhecer, agora, um outro poema
fugas por motivos
para caracterizar, de certa maneira, a aversão
políticos. Tenho
que o poeta demonstrava pela língua culta.
três filhos e três netos 27
e sou casado, em Pronominais
últimas núpcias com Oswald de Andrade
Maria Antonieta
Dê-me um
d’ Alkimim.
cigarro
Sou livre docente de literatura na Diz a gramática
Faculdade de do professor
Filosofia da E do mulato
Universidade de sabido
São Paulo. Mas o bom negro
e o bom branco
(Oswald de Andrade)
Da nação
brasileira
Como se pode observar, o próprio Oswald
Dizem todos
confessa os seus vários casamentos. Ele se
os dias
considerava um monogâmico sucessivo.
Deixa disso
Teve uma vida de “altos e baixos”. Quando camarada
da ocasião da quebra da Bolsa de Nova York,
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Me dá um
perdeu toda a sua fortuna. cigarro.

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A gramática proíbe iniciar frases com pro- branco, intertextualidade: reescrita poética de
nomes pessoais oblíquos átonos. Segundo as textos da literatura de informação, paráfrases e
regras da norma culta da língua, deve-se dizer paródias de outros escritores.
“dê-me um cigarro”, mas o povo brasileiro diz •• Cântico dos Cânticos para Flauta e Vio-
todos os dias “me dá um cigarro”. Sendo assim, lão – feliz integração entre o eu lírico e
o poeta critica ou usa a sua obra para eviden- o eu coletivo, ao celebrar, de um lado, a
ciar essa sua aversão por regras que não são mulher amada (perseguida por pessoas
aplicadas na fala cotidiana. e convenções) e, de outro, a heroica
Uma outra característica da obra desse Stalingrado (cidade russa que resiste ao
autor são seus flashes cinematográficos. cerco nazista); o livro é de 1942.
Oswald de Andrade admirava os avanços •• O Escaravelho de Ouro – “é um poeta que
tecnológicos da modernidade. O cinema, nessa se dirige à filha, procurando adivinhar-lhe
época, começou a surgir e ele ficou alucinado o futuro à luz de sua própria experiência
com a técnica cinematográfica. de vida e, no fundo, meditando sobre a
Ele tentou incorporar, na escrita, a técnica marginalização do artista numa socieda-
empregada no cinema: flashes. Portanto, quando de dominada por imposições mercanti-
Oswald faz uma narrativa, ele não faz de forma listas [...]”.
linear, mas coloca esses fatos em forma de fla- (CAMPOS, Haroldo de. Oswald de Andrade –
shes, de lances. Por essa razão, seus romances trechos escolhidos. Rio de Janeiro: Agir, 1967, p. 13.)
e narrativas são considerados caleidoscópicos,
ou seja, ele conta, fragmentadamente, o objeto Entre os seus romances, merecem desta-
a ser narrado. que:
Além dessa característica, encontra-se na •• Memórias Sentimentais de João Miramar
obra de Oswald de Andrade a inclusão do humor •• Serafim Ponte Grande
e da ironia, visto que possuía uma veia satírica/
Romances experimentais não se dividem
crítica muito acentuada.
em capítulos, mas em fragmentos. Linguagem
28 Ele dizia que queria fazer de um instante uma elíptica, sintética, alusiva, cheia de humor e de
poesia, então podemos associar à obra poética paródia estilística. Os protagonistas de ambos,
de Oswald o poema-piada ou poema-pílula. verdadeiros anti-heróis, narram suas vidas e
fazem crítica e sátira aos valores sociais e cul-
Principais obras turais tipicamente burgueses do meio em que
•• Pau-Brasil (1925) vivem. São inconformistas e estão em busca
da liberdade.
•• Primeiro Caderno do Aluno de Poesia
Das suas peças de teatro, a mais famosa
Oswald de Andrade (1927)
é O Rei da Vela. Conforme esclarece o espe-
Nesses dois livros de poemas ocorre uma cialista em teatro, Sábato Magaldi: “O texto
leitura crítica e bem humorada da nossa histó- caçoa dos intelectuais que servem ao regime,
ria sociocultural e o resgate poético da pureza da delinquescência aristocrática que procura re-
primitiva do índio e da criança. sistir ao naufrágio pela aliança com a burguesia
Promove verdadeira revolução artística: financeira, da subordinação do capital indígena
linguagem concisa, incorporação estética do aos monopólios internacionais (sobretudo norte-
falar coloquial popular, expressão livre, direta, -americanos), da psicanálise, das aberrações
bem-humorada, quebra de linearidade discursiva sexuais, dos mandamentos éticos e de tudo o
que se afigura valor estabelecido.”
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mediante o jogo da fragmentação e associações,


planificação gráfico-visual do poema na folha em (MAGALDI, Sábato. Panorama do Teatro Brasileiro. MEC, s/d.)

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(musicalidade, tensão, ironia, intensificação de
Mário de Andrade (1893-1945) um sentimento...); imagística, ou seja, a criação
de metáforas e imagens, resultantes do jogo
Nasceu e morreu em São Paulo, cidade que entre o real/concreto e o plano do simbólico.
tão apaixonadamente cantou em seus poemas. O seu livro Pauliceia Desvairada inicia com
Aí exerceu a maior parte de suas atividades, o famoso “Prefácio interessantíssimo”, no qual
ligadas sempre à cultura e às artes. Mário de Andrade expõe suas ideias estéticas,
Foi um dos principais articuladores da Se- mostrando, entre outros, seus pontos de contato
mana de Arte Moderna e mentor intelectual do com o Futurismo, o Impressionismo e o Cubis-
movimento modernista. Verdadeiro agitador cul- mo. O “Prefácio interessantíssimo” constitui um
tural, era movido por forte e sincero movimento verdadeiro manifesto literário.
nacionalista. Na prosa, vamos observar, assim como na
Sua vasta cultura, versatilidade e capacida- poesia, duas vertentes. Uma delas apresenta
de de trabalho comprovam-se pela multiplicidade o aproveitamento do folclore nacional; a outra
das áreas em que atuou: foi poeta, romancista, volta-se para a cidade de São Paulo, buscando
contista, crítico literário, teórico da Literatura, elementos de sua gente para descrever ou narrar
ensaísta, crítico de Artes Plásticas, musicólogo, suas histórias.
professor universitário, pesquisador do nosso
folclore, fundador de órgãos oficiais voltados Principais obras
para as questões culturais, e ainda autor de ex-
tensa correspondência, na qual deixou registrado
muito de seu pensamento estético, literário, Poesia
político e social.
•• Há uma Gota de Sangue em cada Poema
Suas obras completas, reunidas em 20 – é o seu livro de estreia, publicado em
volumes, abarcam não só a literatura, mas 1917; obra temática pacifista, no contex-
também a música, artes plásticas e folclore. to da Primeira Grande Guerra, e dentro
Especificamente no campo literário, suas obras ainda dos padrões parnasianos.
compreendem: poesia, romance e conto, além 29
de ensaio literário e crítica literária. •• Pauliceia Desvairada e Lira Paulistana – li-
vros nos quais tematiza o complexo urba-
Características da obra no da cidade de São Paulo, seu progresso
e dinamismo, as alterações da paisagem
de Mário de Andrade natural e humana, os imigrantes, a bur-
guesia, os subúrbios. No primeiro, uma
Em seus poemas, Mário de Andrade oscila
visão mais exterior; no segundo, a cidade
entre os experimentalismos da vanguarda e a
é uma presença introjetada no “eu” do
necessidade de se fazer entender por um público
poeta. Há em ambos: denúncia, sátira,
mais amplo.
lirismo amoroso e reflexivo. De Pauliceia
São marcas de seu estilo: o uso da lingua- Desvairada destaca-se o poema “Ode ao
gem coloquial, a incorporação de expressões e burguês”, de denúncia satírico-agressiva.
estruturas típicas do falar brasileiro; a enumera- Da Lira Paulistana, o poema “Meditação
ção caótica, mediante a apresentação intensiva sobre o Tietê”.
e desordenada dos variados aspectos de uma
situação; o simultaneísmo na representação de •• Losango Cáqui – mescla entre uma cir-
diferentes fenômenos e a interpretação de seus cunstância exterior (o engajamento mili-
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planos; o emprego de variadas técnicas de repe- tar) e uma circunstância interior (o enamo-
tição, visando obter os mais diferentes efeitos ramento do eu lírico); no dizer do próprio
autor, não são propriamente poemas,

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mas “anotações líricas de momentos de
vida e movimentos subconscientes”. Uma rapsódia
•• Clã de Jabuti – poemas sobre costumes Obra polêmica, Macunaíma, o Herói sem
folclóricos, o carnaval, produtos naturais nenhum Caráter, embora chamado de romance,
do Brasil, tipos humanos característicos, é, conforme seu autor, uma rapsódia, isto é,
lendas, canções e narrativas populares. um conjunto de contos e lendas populares, das
Um livro bem Brasil! Desse livro são fa- mais diferentes origens – indígenas, africanas,
mosos os poemas: “O poeta come amen- europeias – trabalhadas e interligadas artistica-
doim” e “Acalanto do seringueiro”. mente por um autor culto. Tem por protagonista
Macunaíma, personagem multiforme, herói da
•• Remate de Males, A Costela do Grão Cão
narrativa central e a ligação entre as várias mi-
e Livro Azul – três obras nas quais predo-
cronarrativas que compõem a obra.
minam o lirismo amoroso, a sensualidade,
a mulher amada, o sentimento fraterno e
solidário. São poemas significativos: “Can- Enredo
to do mal de amor” (A Costela do Grão Cão) Nascido no fundo do mato virgem, da tribo
e “Rito do irmão pequeno” (Livro Azul). tapanhumas, Macunaíma, após morte da mãe,
•• O Carro da Miséria – trata-se de um carro sai com seus irmãos em busca de aventuras.
alegórico carnavalesco representando Chega ao território das amazonas – tribo de
satiricamente a classe política. mulheres guerreiras –, e mantém violenta paixão
por Ci, a rainha das amazonas. Dessa relação,
Conto nasce um filho, que logo morre. Desolada, Ci
sobe ao céu e se transforma na estrela Beta do
Três livros: Primeiro Amor, Os Contos de Be- Centauro. Antes de ir, presenteia Macunaíma
lazarte e Contos Novos. Em geral, são narrativas com um talismã da sorte: a pedra muiraquitã. A
que focalizam situações e dramas da pequena rapsódia vai se articular basicamente em torno
burguesia e do proletariado, em seu dia a dia. desse eixo conflitivo: Macunaíma perde a pedra
Alguns contos constituem transposição literária
30 e sai à sua procura. Ela reaparece sob a posse
de certos episódios autobiográficos. “O peru de de um mascate peruano Venceslau Pietro Pietra,
Natal” é um de seus contos mais conhecidos. que mora em São Paulo.
Romance Acompanhado de seus dois irmãos, Jiquê
e Maanape (este, feiticeiro), Macunaíma parte
•• Amar, Verbo Intransitivo – um rico in- para São Paulo, a fim de recuperar o amuleto.
dustrial contrata uma governanta alemã Mas na realidade Venceslau é o gigante Piaimã,
(Fräulein) para ensinar alemão para comedor de gente. Após inúmeras aventuras e
seus filhos. Na verdade, porém, confia- tentativas, Macunaíma consegue matar Piaimã
lhe a tarefa de iniciar sexualmente seu e recuperar a muiraquitã. Alegres, os três voltam
filho adolescente, Carlos, para que não para a mata, levando também produtos indus-
“aprenda” com as prostitutas. Fräulein trializados da cidade grande.
aceita e se incumbe dessa delicada mis- Mas, reacendem-se velhas richas entre os
são. Análise psicológica das personagens irmãos, que se desentendem, brigam mortalmen-
e desmascaramento da hipocrisia e das te, e só Macunaíma escapa vivo, embora depau-
convenções burguesas – eis duas carac- perado. Nessa situação, ele sofre a vingança de
terísticas marcantes desse romance. Vei, a deusa do Sol, que lhe dera proteção e lhe
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•• Macunaíma – obra pela qual Mário de oferecera uma das filhas em casamento – o que
Andrade ficou mais conhecido. Vejamos ele recusara. Castiga-o com o intenso calor de
algumas de suas características. seus raios, obrigando-o a se jogar numa lagoa

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cheia de piranhas, que o estraçalham. Quando Traje de losangos...
consegue se safar, já todo mutilado, dá conta
Cinza e ouro...
de que perdera (agora definitivamente) a mui-
Luz e bruma...
raquitã. Desgostoso de tudo, sobe ao céu e se
Forno e
transforma na constelação da Ursa Maior.
inverno morno...
“A Ursa Maior é Macunaíma. É mesmo Elegâncias sutis
o herói capenga que de tanto penar na sem escândalos,
terra sem saúde e com muita saúva, se sem ciúmes...
aborreceu de tudo, foi-se embora e banza Perfumes
solitário no campo vasto do céu”. de Paris...
(Cap. XVII, penúltimo do livro.) Arys!
Bofetadas
líricas no
Sentido de Macunaíma Trianon...
Algodoal!
Obra aberta, Macunaíma se presta a múl- São Paulo!
tiplas interpretações. Num certo sentido, Mário
comoção de
de Andrade aí realiza um painel significativo da
minha vida...
cultura brasileira. De forma artística, expressa
Galicismo
a sua visão de Brasil. Assim, o protagonista Ma-
a berrar nos
cunaíma pode ser encarado como um símbolo:
sintetiza em si a complexidade étnica, sociocul- desertos
tural, geográfica e histórica do povo brasileiro. da América!
Primitivo e civilizado, rural e urbano, falando
de um jeito e escrevendo de outro, corajoso
e covarde, magnânimo e sensual, explorado Manuel Bandeira (1886-1968)
pelo capital estrangeiro e ameaçado em sua
identidade cultural – Macunaíma é um retrato
31
Nasceu no Recife (PE), onde passou boa par-
do brasileiro. te de sua infância, a partir da qual construiu uma
Vamos conhecer um poema de Mário de “mitologia pessoal”, tão presente em sua poesia:
Andrade em que se observa uma declaração de são pessoas, lugares, acontecimentos, costumes,
amor que o poeta faz à cidade de São Paulo. como os que aparecem nos poemas “Evocação
do Recife”, “Profundamente” e “Infância”.
Inspiração
A família mudou-se para o Rio de Janeiro,
Mário de Andrade onde o poeta viveu a maior parte de seus 82
São Paulo, anos. Iniciou o curso de Arquitetura, em São
comoção de Paulo, que teve de interromper por causa da
minha vida... tuberculose. Tentou a cura no Brasil, mas teve
Os meus amores de ir para um sanatório em Clavadel, na Suíça
são flores feitas (1914). A doença, com a qual teve que conviver
de original...
a vida inteira, tornou-se um dos temas de sua
poesia, como fica patente sobretudo no poema
Arlequinal !...
“Pneumotórax”.
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Aninha Viegas, Totônio Rodrigues, o Rio
Capibaribe, a Rua da União, as cantigas
de roda, o folclore regional... – “Evocação
do Recife” é o mais representativo dessa

Domínio público.
temática);
•• o sofrimento e a proximidade da morte
(teve de conviver a vida inteira com a
tuberculose e suas sequelas: foi assis-
tindo progressivamente à morte de seus
entes queridos – “Pneumotórax” é um
Manuel Bandeira (em pé) o terceiro da esquerda para testemunho poético sobre a doença:
a direita.
“Consoada” e “Preparação para a mor-
Voltando, radicou-se no Rio de Janeiro. te”, dois poemas serenos sobre essa
Publicou seu primeiro livro, A Cinza das Horas, companheira fatal);
em 1917, de poemas romântico-simbolistas e •• o humilde cotidiano (como se pode cons-
parnasianos. Mas no seguinte, Carnaval (1919), tatar em “Meninos carvoeiros”, “Na Rua
já apresentava inovações, como o uso do ver- do Sabão”, “Camelôs”, “Poema tirado de
so livre. Por isso, Mário de Andrade chegou a uma notícia de jornal”);
considerá-lo um precussor do Modernismo, ao
•• o amor e a mulher amada (descoberta
qual se filia, mantendo porém independência
do sexo, o deslumbramento, o carinho
em relação aos diferentes grupos e tendências
impossível, o desejo ardente, a posse e o
que se formam.
gozo – como se pode apreciar no famoso
Manuel Bandeira foi professor universitário, poema “Estrela da Manhã”);
jornalista, cronista, tradutor, escreveu textos
para programas de rádios, produziu livros didá- •• a própria poesia (em “Os sapos”, a sátira
ticos de literatura, organizou várias antologias aos parnasianos; em “Poética” e “Nova
poéticas, foi crítico de música, cinema e artes poética”, as propostas estéticas para um
32 novo lirismo).
plásticas.
Manteve-se, porém, fiel à poesia, publican- De modo geral, há um clima intimista e
do ainda os livros: O Ritmo Dissoluto, Libertina- confidencial em seus poemas: um sentimento
gem, Estrela da Manhã, Lira dos Cinquent’anos, de ternura pela vida e pelos seres, sobretudo
Belo Belo, Opus 10, Estrela da Tarde e Mafuá os mais humildes: uma atitude um tanto es-
do Malungo, construindo uma das mais sig- toica diante do sofrimento e do fracasso, que
nificativas e consistentes obras poéticas do se reflete no tom irônico ou doce-amargo de
Modernismo. certos poemas, como “Gesso”, “Última canção
do beco”, e no clássico “Vou-me embora pra
Características da obra Pasárgada”.
Estilisticamente, sua poesia apresenta
de Manuel Bandeira uma inteligente incorporação da linguagem co-
Tematicamente, sua poesia se desenvolve loquial quando necessário; um rigoroso critério
a partir de alguns núcleos básicos, de caráter de escolha das palavras, não por seu conteúdo
acentuadamente autobiográfico: semântico, mas por suas qualidades sonoras;
tanto adotou o verso livre (sendo um dos seus
•• a infância (em especial as lembranças do
mais hábeis cultivadores), como se apropriou de
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Recife, a sua “mitologia pessoal” de que


formas tradicionais do verso, e chegou, noutro
fazem parte, entre outros, o avô, Dona
polo, aos experimentalismos das vanguardas.

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Principais obras
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Poesia Montarei em burro brabo
Subirei no pau de sebo
A Cinza das Horas (1917), Carnaval (1919),
Tomarei banhos de mar!
Libertinagem (1930), Estrela da Manhã (1936),
E quando estiver cansado
Estrela da Tarde (1963), Estrela da Vida Inteira
(1966). Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água

Prosa Pra me contar as histórias


Que no tempo de eu menino
Itinerário de Pasárgada (1954). Rosa vinha me contar
Temos aqui, um dos mais conhecidos poe-
mas de Manuel Bandeira: Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
Vou-me embora pra Pasárgada É outra civilização
Tem um processo seguro
Manuel Bandeira
De impedir a concepção
Vou-me embora pra Pasárgada Tem telefone automático
Lá sou amigo do rei Tem alcaloide à vontade
Lá tenho a mulher que eu quero Tem prostitutas bonitas
Na cama que escolherei Para a gente namorar

Vou-me embora pra Pasárgada E quando eu estiver mais triste


Aqui eu não sou feliz Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Lá a existência é uma aventura 33
De tal modo inconsequente Vontade de me matar
Que Joana a Louca de Espanha — Lá sou amigo do rei —
Rainha e falsa demente Terei a mulher que eu quero
Vem a ser contraparente Na cama que escolherei
Da nora que nunca tive Vou-me embora pra Pasárgada

Para saber mais


Nova poética

Manuel Bandeira

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.


Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
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Vai um sujeito,
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada,
e na primeira esquina passa um caminhão,
salpica-lhe o paletó de uma nódoa de lama:

É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:


Fazer o leitor satifeito de si dar o desespero.

Sei que a poesia é também orvalho.


Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens
cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.

Exercícios resolvidos Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais


[como se brincásseis!
Leia o texto seguinte e responda à questão 1.
– Eh, carvoero!
Meninos carvoeiros
Quando voltam, vêm mordendo num pão
Manuel Bandeira
[encarvoado,
Os meninos carvoeiros Encarapitados nas alimárias,
Passam a caminho da cidade. Apostando corrida,
– Eh, carvoero! Dançando, bamboleando nas cangalhas
E vão tocando os animais com um relho [como espantalhos desamparados!
34 [enorme.
1. (Vunesp - adap.) Na quarta estrofe do texto,
Os burros são magrinhos e velhos. o enunciador alterna um acento coloquial,
Cada um leva seis sacos de carvão de expresso na fala das personagens, com um
[lenha. registro formal, observável quando o enun-
A aniagem é toda remendada. ciador se dirige aos meninos carvoeiros.
Os carvões caem.
Com base nessa afirmação:
a) selecione um verso do poema, em que
(Pela boca da noite vem uma velhinha existe essa aproximação com o registro
[que os recolhe, dobrando-se coloquial, popular, explicando como se
pode comprová-la;
[com um gemido.)
b) relacione esse traço com as caracterís-
– Eh, carvoero! ticas do movimento literário ao qual se
Só mesmo estas crianças raquíticas vão
pode ligar o autor do texto.
[bem com estes `` Solução:
[burrinhos descadeirados. a) – Eh, carvoeiro!
A madrugada ingênua parece feita para
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b) O modernismo tem como uma das carac-


[eles... terísticas fundamentais a incorporação da
Pequenina, ingênua miséria! variante no linguajar brasileiro ao discurso
literário.

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Textos para as questões 2 e 3. De todo lirismo que capitula ao que quer
que seja fora de si mesmo
Horas mortas
De resto não é lirismo
Alberto de Oliveira
Será contabilidade tabela de cossenos
Breve momento, após comprido o dia [secretário do amante exemplar
De incômodos, de penas, de cansaço, [com cem modelos de cartas e as
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso, [diferentes maneiras de agradar
Posso a ti me entregar, doce Poesia. [às mulheres etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
Desta janela aberta à luz tardia O lirismo dos bêbados
Do luar em cheio a clarear no espaço O lirismo difícil e pungente dos bêbados
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo O lirismo dos clowns de Shakespeare
Na transparência azul da noite fria. – Não quero mais saber do lirismo que não
[é libertação.
Chegas. O ósculo teu me vivifica
Mas é tão tarde! Rápido flutuas, 2. O primeiro poema é do parnasiano Alberto de
Tornando logo à etérea imensidade; Oliveira; o segundo, do modernista Manuel
Bandeira. Aponte três características da
E na mesa a que escrevo, apenas fica poesia parnasiana observáveis no poema de
Sobre o papel – rastro das asas tuas, Alberto de Oliveira, que possam ser opostas
Um verso, um pensamento, uma saudade. a três características modernistas observá-
veis no poema de Manuel Bandeira.
Poética `` Solução:
Alberto de Oliveira: rigor formal, preciosismo
Manuel Bandeira
vocabular, contenção dos sentimentos.
Estou farto do lirismo comedido Bandeira: liberdade formal, linguagem coloquial, 35
do lirismo bem comportado liberdade dos sentimentos.
Do lirismo funcionário público com livro de
[ponto expediente 3. Identifique e comente dois versos do poe-
protocolo e manifestações de apreço ao
ma de Manuel Bandeira, que poderiam ser
opostos criticamente ao verso “Chegas. O
[Sr. Diretor
ósculo teu me vivifica.”, do poema de Alberto
Estou farto do lirismo que para e vai de Oliveira.
[averiguar no dicionário o cunho
[vernáculo de um vocábulo `` Solução:
Abaixo os puristas “Estou farto do lirismo namorador”.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos “De todo lirismo que capitula ao que quer que
[universais seja fora de si mesmo”.
Todas as construções sobretudo as Bandeira nega o auxílio exterior de uma musa;
[sintaxes de exceção para ele a poesia tem de ser espontânea.
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador 4. (UFBA - adap.) Some os itens que fazem afir-
Político mações corretas sobre os textos abaixo.
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Raquítico
O Modernismo apresenta três momentos di-
Sifilítico
versos, exemplificados nos textos A, B e C.

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Texto I 04) P
 reocupação com o destino do homem
– apuro formal (texto III).
“Um gatinho faz pipi.
08) Antiacademicismo – irreverência (texto I).
Com gestos de garçom de restaurant-
Palace 16) V
 alorização do cotidiano – uso da des-
Encobre cuidadosamente a mijadinha. crição detalhada (texto II).
Sai vibrando com elegância a patinha 32) Ironia – valorização do eu lírico (texto III).
direita:
`` Solução:
– É a única criatura fina na pensãozinha
Total de pontos: 10 (02+08)
burguesa.”

Texto II Exercícios de aplicação


“O inventor de máquinas que mudam
a vida da terra trabalha na bruta sala de 1. Considerando o texto abaixo, assinale o que
for correto e faça a soma.
cimento armado.
Tantos dínamos, êmbolos, cilindros
mexem naquela cabeça que ele não escuta Longo da linha
o barulho macio das penadas esbarrando Coqueiros
nos móveis.” Aos dois
Aos três
Texto III
Aos grupos
“Na paisagem do rio Altos
difícil é saber Baixos
onde começa o rio; (Oswald de Andrade)

36 onde a lama
começa do rio; 01) Aprovação da retórica neoclássica.
onde a terra 02) Valorização do conceptismo barroco.
começa da lama;
04) Registro dinâmico de uma paisagem.
onde o homem,
onde a pele 08) Utilização da técnica de montagem.
começa da lama; 16) Emancipação dos anexos sintáticos.
onde começa o homem
32) Substituição do lógico-discursivo.
naquele homem.”
Soma ( )

Há correspondência entre as características


2.
apresentadas e o texto indicado em:
“Um assobio assusta as árvores
01) Cosmovisão e universalismo – lingua- Silêncio se machucou
gem conotativa sensorial (texto I). Cai lá adiante um pedaço de pau seco:
02) Atitude crítica frente ao capitalismo – Pum”
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atenção para os paradoxos do mundo


(Raul Bopp, Cobra Norato)
(texto II).

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As figuras de linguagem empregadas nos parece uma coluna reta reta reta
versos anteriores são:
com um grande pavão verde
a) prosopopeia e onomatopeia. pousado na ponta,
b) onomatopeia e hipérbole. a cauda aberta em leque.
c) eufemismo e silepse. E na sombra redonda
sobre a terra quente
d) metáfora e metonímia.
(Silêncio!)
e) pleonasmo e clímax. ... há um poeta.

3. De acordo com os textos a seguir, assinale


01) A
 través de enfoques divergentes, os
a(s) alternativa(s) correta(s) e faça a soma.
textos focalizam o mesmo objetivo,
Texto I embora o texto II respeite menos a
verossimilhança.
Canto de regresso à pátria 02) E
 nquanto o texto II trabalha com ele-
mentos campestres, o texto I inclui
Oswald de Andrade
elementos urbanos.
Minha terra tem palmares 04) O texto II preserva a tradição da poesia pa-
Onde gorjeia o mar triótica ufanista, mas rompe com a rigidez
Os passarinhos daqui versificatória anterior ao Modernismo.
Não cantam como os de lá
08) C
 onsiderando a estrutura morfossin-
tática, o texto I transforma-se numa
Minha terra tem mais rosas paródia alusiva à “Canção do exílio”,
E quase mais amores de Gonçalves Dias.
Minha terra tem mais ouro
16) A
 postura do ufanismo patriótico, típica
Minha terra tem mais terra do Romantismo, é contestada de forma
irônica e humorista no texto I. 37
Ouro terra amor e rosas Soma ( )
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra 4.
Sem que volte para lá

O último poema
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para São Paulo Manuel Bandeira

Sem que veja a Rua 15 Assim eu quereria o meu último poema


E o progresso de São Paulo Que fosse terno dizendo as coisas mais
[simples e menos intencionais
Texto II Que fosse ardente como um soluço sem
[lágrimas
Prelúdio n.o 2 Que tivesse a beleza das flores quase sem
[perfume
Guilherme de Almeida
A pureza da chama em que se consomem os
Como é linda a minha terra! [diamantes mais límpidos
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Estrangeiro, olha aquela palmeira A paixão dos suicidas que se matam sem
como é bela; [explicação.

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Nesse texto, Manuel Bandeira indica as Textos para responder às questões 6 e 7.
qualidades que deseja para “o último poe- Texto I
ma”. Quais os dois temas centrais de seu
poema? No fundo do mato-virgem nasceu Ma-
cunaíma, herói de nossa gente. Era preto
retinto e filho do medo da noite. Houve um
momento em que o silêncio foi tão grande
escutando o murmurejo do Uraricoera, que
a índia tapanhumas pariu uma criança
feia. Essa criança é que chamaram de
Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sara-
pantar. De primeiro passou mais de seis
5. (UERJ) O texto abaixo é representativo de anos não falando. Si o incitavam a falar
um movimento estético-literário que rompe exclamava:
com a tradição lírica dominante no Brasil até – Ai! Que preguiça!...
as duas primeiras décadas do século XX.
(Mário de Andrade, Macunaíma )
Identifique esse movimento estético-literário
e aponte um aspecto temático do texto que
caracteriza a referida ruptura. tapanhumas: negros filhos da África que
moravam no Brasil. Note que Macunaí-
A arte de amar ma é índio e negro.
Macunaíma: o nome significa “Grande
Manuel Bandeira
Mal”.
Se queres sentir a felicidade de amar, sarapantar: espantar.
[esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
38 Texto II
Só em Deus pode encontrar satisfação.
Não noutra alma. Sobre a alvura diáfana do algodão, a
Só em Deus – ou fora do mundo. sua pele, cor de cobre, brilhava com refle-
As almas são incomunicáveis. xos dourados, os cabelos pretos cortados
Deixa o teu corpo entender-se com outro rentes, a tez lisa, os olhos grandes com os
[corpo. cantos exteriores erguidos para a fronte; a
Porque os corpos se entendem, mas as pupila negra, móbil, cintilante; a boca forte,
[almas não.
mas bem modelada e guarnecida de dentes
alvos, davam ao rosto pouco oval a beleza in-
culta da graça, da força e da inteligência.
(José de Alencar, O Guarani)

6. (UFRJ) No texto, representam-se heróis


nacionais.
a) Quais as visões de herói que estão sub-
jacentes a essas representações?
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b) Em que movimentos literários se inscre- 32) O
 herói Macunaíma – sensual, ávido,
vem, respectivamente? preguiçoso e sonhador – foi criado pelo
autor como síntese de um presumido
“modo de ser brasileiro”.
Soma ( )

9. Sobre a obra Macunaíma, de Mário de An-


7. (UFRJ - adap.) Como a frequência e o tipo de drade, assinale a alternativa correta.
adjetivação contribuem para a caracterização
dos heróis, nos textos, respectivamente? a) Foi uma obra apresentada pelo autor
como romance, e este apresenta uma
linguagem colorida, feita de todos os
modismos e do vocabulário de todos os
linguajares do Brasil.
b) O procedimento livre de Macunaíma é
do herói clássico, típico do romantismo:
está fora do bem e do mal, transcende
o espaço e o tempo.
c) Macunaíma, o herói sem nenhum cará-
ter, foi trabalhado como síntese de um
modo de ser universal.
d) Foi uma obra apresentada pelo autor
8. Com relação à obra Macunaíma, de Mário como uma rapsódia e poema-herói-cô-
de Andrade, é correto afirmar que: mico. O livro apresenta, como as rapsó-
dias musicais, uma variedade de moti-
01) O
 personagem central, Macunaíma, vos populares.
apresenta apenas características po-
e) Mário de Andrade tentou achar em Ma-
sitivas, por oposição ao subtítulo da
cunaíma um tipo básico universal, que 39
obra.
explicasse em si todas as contradições
02) A
 proveita elementos do folclore luso- da alma humana.
-afro-indígena para comprovar cientifica-
mente traços do caráter brasileiro em 10. “Macunaíma campeava. Achou os dois brin-
formação. cos achou os dedões as orelhas os nuquiris
o nariz, todos esses tesouros e prendeu
04) O
 autor a classificou de rapsódia, ter-
todos nos lugares deles com sapé e cola
mo emprestado à música, apontando,
de peixe. Porém a perna e a muiraquitã
assim, a impossibilidade de enquadrar
não achou não. Tinham sido engolidos pelo
a obra no painel tradicional dos gêneros
Monstro Ururau que não morreu com timbó
literários.
nem pau. O sangue coalhara negro cobrindo
08) A
 s metamorfoses são um dos motivos a praia e o lagoão. E era de noite.”
mais comuns da obra. Ao final, Macu-
naíma, pelo feitiço de Pauí-Pódolo, é Com base no trecho acima e em informa-
transformado na Beta Centauro. ções gerais sobre a obra Macunaíma, é
correto afirmar que:
16) A
 presenta a natureza de forma ideali-
zada, o que a torna o cenário perfeito 01) e
 studioso das manifestações folclóricas,
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para as peripécias atemporais do per- Mário de Andrade aproveitou-se desse


sonagem. material para renovar a linguagem.

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02) na composição da obra Macunaíma, o 12. Leia com muita atenção este poema:
autor utiliza-se de diversos estilos, num
processo paródico.
Consoada
04) o anti-herói Macunaíma representa o Quando a Indesejada das gentes chegar
negro brasileiro com suas crendices e (Não sei se dura ou caroável).
mitos. Talvez eu tenha medo.
08) o personagem principal é polimórfico Talvez sorria, ou diga:
porque procura representar o tipo bra- Alô, iniludível!
sileiro comum, resultado da mistura de O meu dia foi bom, pode a noite descer:
raças. (A noite com os seus sortilégios)
16) a procura da muiraquitã organiza a ação Encontrará lavrado o campo, a casa limpa.
central da obra. A mesa posta.
Com cada coisa em seu lugar.
32) o Monstro Ururau é o principal antago-
nista na obra. (BANDEIRA, Manuel. Antologia Poética. 19. ed.

Soma ( ) Rio de Janeiro: José Olympio, 1989, p. 152.)

11. Leia com atenção o texto abaixo: Nesses versos, o poeta revela:
a) sua convivência familiar com a morte em
Irene preta
razão da tuberculose que o acompanhou
Irene boa
desde a juventude.
Irene sempre do bom humor.
Imagino Irene entrando no céu: b) seu desencanto diante da vida que não
pôde viver normalmente por causa da
doença.
– Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão: c) seu sentimento de religiosidade e fé
diante da vida e da morte.
40 – Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
d) seu inconformismo diante do destino
(Manuel Bandeira)
que a vida lhe reservou.
Nesse poema estão presentes os seguintes e) sua tranquilidade diante da morte por
traços característicos da poética moder- haver cumprido seu papel na vida.
nista:
01) temática nova, centrada no dinamismo Questões de
e no aperfeiçoamento industrial.
processos seletivos
02) interesse maior pelo inconsciente e pela
Texto para as questões 1 e 2.
dimensão cósmica do ser.
04) busca da pureza poética nas coisas, Velha chácara
criaturas e atitudes mais simples.
Manuel Bandeira
08) uso da linguagem coloquial.
A casa era por aqui...
16) culto dos recursos da versificação. Onde? Procuro-a e não acho.
Ouço uma voz que esqueci:
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32) expressão do essencial poético com o


mínimo de artifícios. É a voz deste mesmo riacho.
Soma ( ) Ah quanto tempo passou!

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(Foram mais de cinquenta anos.) Texto para as questões de 3 a 7.
Tantos que a morte levou!
Balada do rei das sereias
(E a vida... nos desenganos...)
Manuel Bandeira
A usura fez tábua rasa
Da velha chácara triste: O rei atirou
Não existe mais a casa... Seu anel ao mar
E disse às sereias:
Mas o menino ainda existe. – Ide-o lá buscar,
5 Que se o não trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
1. (Unirio/Ence) Na obra poética de Manuel Foram as sereias,
Bandeira há uma constante utilização de
Não tardou, voltaram
formas livres, tanto no que diz respeito à
métrica quanto à rima. Essa característica, 10 Com o perdido anel.
entretanto, não se aplica ao poema “Velha Maldito o capricho
chácara”. Explique por que e justifique sua De rei tão cruel!
resposta.
O rei atirou
Grãos de arroz ao mar
15 E disse às sereias:
– Ide-os lá buscar,
Que se os não trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!

2. (Unirio/Ence - adap.) Leia os trechos abaixo: 20 Foram as sereias 41


a) “Eu farei o mesmo. O mesmo fariam to- Não tardou, voltaram,
dos os meninos daquela idade” (Viriato Não faltava um grão.
Corrêa). Maldito o capricho
b) “Mas, o menino ainda existe” (Manuel Do mau coração!
Bandeira).
25 O rei atirou
À palavra menino cabem duas possíveis Sua filha ao mar
interpretações, de acordo com os textos. E disse as sereias:
Identifique esses sentidos, relacionando-os – Ide-a lá buscar,
aos fragmentos A e B.
Que se a não trouxerdes,
30 Virareis espuma
Das ondas do mar!

Foram as sereias...
Quem as viu voltar?...
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Não voltaram nunca!


35 Viraram espuma
Das ondas do mar.

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3. (UERJ/UENF/ABMO João VI/AP D. Pedro No que se refere ao modo como as ações de
II) Em “Balada do rei das sereias”, Manuel trazer e virar ser relacionam, pode-se afirmar
Bandeira faz uso de diferentes inversões que a segunda ação ocorrerá na seguinte
sintáticas. O verso que não contém inversão circunstância:
sintática encontra-se transcrito em: a) em virtude da não realização da primeira.
a) “– Ide-o lá buscar,” (v. 4). b) juntamente com a finalização da primeira.
b) “Que se o não trouxerdes,” (v. 5). c) antes da não concretização da primeira.
c) “Foram as sereias,” (v. 8). d) depois da verificação da primeira.
d) “Sua filha ao mar” (v. 26).
7. Considerando-se as implicações relativas ao
4. (UERJ/UENF/ABMO João VI/AP D. Pedro II) abuso de poder que se podem depreender
Notam-se, no texto, escolhas linguísticas do texto de Manuel Bandeira, o desfecho do
que visam à caracterização do autoritarismo poema permite concluir que o rei não previu
do rei. A construção linguística que não visa a hipótese de:
a essa caracterização e o fragmento no qual a) ser atendido pelas ondas do mar.
é utilizada estão apresentados na seguinte
alternativa: b) ficar comovido pelo sacrifício das se-
reias.
a) verbo “atirar”, que acentua a violência
da ação – “O rei atirou” (v. 1). c) ser contestado pela ação de seus su-
bordinados.
b) pronome “seu”, que expressa sentido
de posse – “Seu anel ao mar” (v. 2). d) ficar surpreso com a fraqueza de seus
comandos.
c) adjetivo “maldito”, que revela a cruel-
dade do comando – Maldito o capricho” Texto para as questões 8 e 9.
(v. 23).
Relâmpago
d) imperativo “ide”, que indica a prescrição
42 de ordem – “– Ide-a lá buscar,” (v. 28). Cassiano Ricardo

A onça pintada saltou tronco acima que


5. (UERJ/UENF/ABMO João VI/AP D. Pedro II) nem um relâmpago de rabo comprido e
Entre os traços estilísticos presentes no
cabeça amarela:
poema, destaca-se o emprego da pontuação
em desacordo com as prescrições propostas Zás!
pela norma culta. A passagem do texto mo- Mas uma flecha ainda mais rápida que
dificada para atender aos padrões de pontu- o relâmpago fez rolar ali mesmo aquele
ação da norma culta está presente em: matinal gatão elétrico e bigodudo que ficou
a) Seu anel ao mar, (v. 2). estendido no chão feito um fruto de cor que
tivesse caído de uma árvore!
b) Que, se o não trouxerdes, (v. 5).
c) Não tardou voltaram, (v. 9).
8. (Vunesp) O livro Martim Cererê (1928) é um
d) – Ide-os, lá buscar (v. 16).
dos mais representativos da fase naciona-
lista, verdeamarelista, de Cassiano Ricardo.
6. Em cada poema dessa obra encontramos,
“Que se o não trouxerdes, explícita ou implicitamente, a presença de
temas e formas populares, bem como alu-
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Virareis espuma
sões a fatos da nacionalidade. Com base
Das ondas do mar!”(v. 5-7)
na leitura de “Relâmpago”, aponte:

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a) a presença implícita de um elemento bá-
Todos, porém, sabem mexer nos cordéis
sico na formação étnica brasileira;
[com o tino ingênuo de demiurgos de
[inutilidades.
E ensinam no tumulto das ruas os mitos
[heroicos da meninice...
E dão aos homens que passam
b) dois vocábulos ou expressões que retra- [preocupados ou tristes uma lição de
tem o falar cotidiano brasileiro.
[infância.

No poema de Manuel Bandeira, aparecem


traços característicos de sua poética. De-
senvolva essa afirmativa, explicando esses
traços nos níveis da forma e do conteúdo.

9. (Vunesp) Com base no poema “Relâmpago”,


aponte duas características da literatura
modernista brasileira.

11. (UFRJ - adap.)


10. (UFRJ)

Camelôs Escapulário

Manuel Bandeira Oswald de Andrade

No Pão de Açúcar 43
Abençoado seja o camelô dos brinquedos
De cada dia
[de tostão:
Dai-nos senhor
O que vende balõezinhos de cor
A Poesia
O macaquinho que trepa no coqueiro
De cada dia
O cachorrinho que bate o rabo
Os homenzinhos que jogam boxe A crítica literária considera que a poesia de
A perereca verde que de repente dá um Oswald de Andrade apresenta duas verten-
[pulo que engraçado tes: uma “destrutiva” e uma “construtiva”.
Explique de que modo esses dois traços
E as canetinhas-tinteiro que jamais
aparecem na intertextualidade realizada por
[escreverão coisa alguma Oswald no poema.
Alegrias das calçadas
Uns falam pelos cotovelos:
“O cavalheiro chega em casa e diz: ‘Meu
filho, vai buscar um pedaço de banana para
eu acender o charuto.’ naturalmente o me-
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nino pensará: “Papai está malu...”.


Outros, coitados, têm a língua atada.

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Texto para as questões 12 e 13. a) Revolta contra o que era a inteligência
nacional antes de 1922.
Eu creio que os modernistas da Semana
b) Ruptura com as práticas literárias ante-
de Arte Moderna não devemos servir de riores a 1922.
exemplo a ninguém. Mas podemos servir
de lição. O homem atravessa uma fase c) Completa negação do Parnasianismo
integralmente política da humanidade. (na poesia) e do realismo-naturalismo
(na prosa).
Nunca jamais ele foi tão “momentâneo”
como agora. Os abstencionismos e os d) Profunda preocupação com a realidade
valores eternos podem ficar para depois. do país e com o ser humano.
E apesar da nossa atualidade, da nossa e) Representação da vida atual no que ela
nacionalidade, da nossa universidade, uma tem de exterior.
coisa não ajudamos verdadeiramente, suma
coisa não participamos: o amilhoramento 13. (UFF) Assinale a opção em que se expressa,
político-social do homem. E esta é a essên- com outras palavras, a lição de Mário de
cia mesma da nossa idade. Andrade.
Si de alguma coisa pode valer o meu a) Uma das funções da literatura é o ques-
desgosto, a insatisfação que eu me causo, tionamento das relações entre indivídu-
que os outros não sentem assim na beira os e história.
do caminho, espiando a multidão passar.
b) Não existe nenhum conflito entre a reali-
Façam ou se recusem a fazer arte, ciências,
dade e sua representação literária.
ofícios. Mas não fiquem apenas nisto, es-
piões da vida, camuflados em técnicos de c) Atualidade, nacionalismo e universalida-
vida, espiando a multidão passar. Marchem de são suficientes para integrar a litera-
com as multidões. tura à vida.
Aos espiões nunca foi necessária essa d) A liberdade da literatura, já conquistada
“liberdade” pela qual tanto se grita. No pelo Modernismo, nada tem a ver com
44 períodos de mais escravização do indiví- sociedade e cultura.
duo. Grécia. Egito, artes e ciências não e) A consciência crítica nasce da satisfa-
deixam de florescer. Será que a liberdade ção que o escritor causa a si mesmo.
é uma bobagem?... Será que o direito é
uma bobagem!... A vida humana é que é Texto I
alguma coisa a mais que ciências, artes e
Vou-me embora vou-me embora
profissões. E é nessa vida que a liberdade
Vou-me embora pra Belém
tem um sentido, e o direito dos homens. A
Vou colher cravos e rosas
liberdade não é um prêmio, é uma sanção.
Que há de vir. Volto a semana que vem
Vou-me embora paz da terra
(ANDRADE, Mário de. Aspectos da Literatura Brasileira. São
Paz da terra repartida
Paulo: Livraria Martins, 1974.)
Uns têm terra muita terra
Outros nem pra uma dormida
12. (UFF) Embora escrito em 1942, o texto de Não tenho onde cair morto
Mário de Andrade mantém-se fiel a uma das Fiz gozar a inteligência
características da fase inicial do Modernis-
Vou reentrar no meu povo
mo. Assinale a opção em que tal caracte-
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Reprincipiar minha ciência


rística é citada.
(Mário de Andrade)

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Texto II d) O uso do verso de sete sílabas e de seg-
mentos com valor de refrão estabelece
Vou-me embora pra Pasárgada uma conexão entre os textos e a tradi-
ção da poesia oral popular.
Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada e) O motivo viagem assume nos textos


idêntica significação.
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
15. (Unificado) Assinale a alternativa falsa em
relação ao texto de Manuel Bandeira.
Vou-me embora pra Pasárgada
a) “Pasárgada” representa o espaço da
Vou-me embora pra Pasárgada utopia.
Aqui eu não sou feliz b) “Pasárgada” se identifica com espaço
Lá a existência é uma aventura de recuperação das infâncias.
De tal modo inconsequente c) “Pasárgada” contém elementos do es-
Que Joana a Louca de Espanha paço cultural brasileiro.
Rainha e falsa demente d) “Pasárgada” se constrói como espaço
Vem a ser contraparente de afirmação do bom-senso.
Da nora que nunca tive
e) “Pasárgada” se caracteriza com espaço
de liberdade erótica.
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
16. (Unificado) O efeito da dissonância consti-
Montarei em burro brabo tui uma característica da poesia moderna.
Subirei no pau-de-sebo Produzido pela fusão de elementos contras-
Tomarei banhos de mar! tantes, rompe com os hábitos culturais vi-
E quando estiver cansado gentes e provoca surpresa e estranhamento.
Deito na beira do rio Assinale a dissonância inexistente no texto
de Manuel Bandeira. 45
Mando chamar a mãe-d’água a) Combinação de expressão coloquial e
Pra me contar as histórias palavra exótica.
Que no tempo de eu menino b) Coexistência de discurso lírico e discur-
Rosa vinha me contar so melodramático.
Vou-me embora pra Pasárgada c) Colocação do espaço do ideal de ações
tidas como corriqueiras no espaço do
14. (Unificado) Assinale a afirmativa falsa: real.
a) O texto de Mário de Andrade atribui ao d) Convivência de figuras místicas e ima-
escritor a missão de denúncias do con- gens do real concreto.
texto social.
e) Nivelamento, no tempo do eu lírico, de
b) O eu lírico do texto de Mário de Andrade aspirações de adulto e de aspirações de
atribui sua sensação de fracasso inte- criança.
lectual ao seu distanciamento do espa-
ço do povo.
c) O confronto dos textos comprova a exis-
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tência, no Modernismo, da tensão entre


o apelo do coletivo e afirmação individu-
alista.

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Gabarito

Exercícios de aplicação Questões de


processos seletivos
1. 60 (04+08+16+32)

1. O poema apresenta versos com o mesmo


2. A número de sílabas métricas (versos de sete
sílabas) e preocupação com a rima (alter-
3. 31 – Todas são verdadeiras. nada).

4. Valorização da simplicidade e a consciência da 2.


morte com o máximo de intensidade vital.
Fragmento A – meninos com o sentido de
criança, com referência à faixa etária.
5. O texto é representativo do Modernismo
de 1922. A ruptura temática, em relação à Fragmento B – menino com o sentido de
tradição lírica, pode ser constatada na re- ingenuidade, sentimento de pureza, espírito
núncia à idealização do amor e na rejeição infantil.
do sentimento: “os corpos se entendem,
mas as almas não”. 3. D

6. 4. B
a) Em Mário de Andrade, uma visão crítica,
negativa, depreciativa “– Ai” Que pregui- 5. B
47
ça!...” Por outro lado, em José de Alen-
car, uma visão idealizadora “da graça, 6. A
da força e da inteligência”.
b) Modernismo e Romantismo. 7. C

7. No fragmento de “Macunaíma”, há poucos 8.


adjetivos e do tipo descritivo, objetivo; em
“O Guarani”, ocorre abundância de adjetivos a) a presença do índio.
e do tipo avaliativo, subjetivo. b) “que nem”, “gatão”.

8. 36 (04+32) 9. Versos livres e aproximação da linguagem


coloquial.
9. D
10. Quanto à forma, Manuel Bandeira utilizou-
-se do verso livre, do vocabulário simples e
10. 27 (01+02+08+16) da intertextualidade com a fala coloquial,
popular. Quanto ao conteúdo, o poema trata
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11. 44 (04+08+32) de um universo cotidiano, no qual a vida


humilde e prosaica – aqui retratada através
12. E da realidade de tipos urbanos, como os

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camelôs – é em si mesma poética e remete
ao universo mágico da infância.

11. Os dois traços aparecem na paródia do dis-


curso religioso. A vertente destrutiva pode
ser observada na desconstrução do “Pai-
-nosso”; a construtiva fica evidente na re-
construção dessa prece, acrescentando-se
novos elementos, que garantem a dimensão
estética do poema.

12. D

13. A

14. E

15. D

16. B

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