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1ª fase - inicia-se com o polêmico manifesto de Oswald e conta Mana Maria (romance inacabado e publicado pós-morte
com Alcântara Machado, Mário de Andrade (2º número publicou um 1936)
capítulo de Macunaíma), Carlos Drummons (3º número publicou a Cavaquinho e Saxofone (coletânea de artigos e estudos,
poesia “No meio do vaminho”); além de desenhos de Tarsila, artigos 1940)
em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de
Almeida. Escreveu para Terra Roxa e Outras Terras (um de seus
2ª fase - mais definida ideologicamente, com ruptura de Oswald e fundadores), para a Revista Antropofagia e para a Revista Nova (que
Mário de Andrade. Estão nessa segunda fase Oswald, Bopp, Geraldo dirigiu).
Ferraz, Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão (Pagu). Os alvos das
críticas (mordidas) são Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Cassiano Ricardo (1895-1974)
Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e Plínio Salgado.
“SÓ A ANTROPOFAGIA nos une, Socialmente. Economicamente. Paulista, Cassiano deixou uma obra marcada pelas tendências de
Filosoficamente. / Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos seu tempo sem, entretanto, deixar um estilo próprio. Iniciou sua
os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. / De carreira com Dentro da Noite (1915) neo-simbolismta, passou por
todos os tratados de paz. / Tupi or not tupi, that is the question.” tendências parnasianas em A Frauta de Pã (1917, para integrar-se ao
(Manifesto Antropófago) Verde-amarelismo com Vamos Caçar Papagaios (1926). Com o
“A nossa independência ainda não fo proclamada. Frase típica de formalismo de 45, torna-se meditativo e melancólico. Em 1960, entra
D. João VI: — Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que para a corrida vanguardista com experimentalismo e franca adesão ao
algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o Concretismo e à Poesia Praxis.
espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.”
(Revista de Antropofagia, nº 1) Obras principais:
2
“Há uma encruzilhada de três estradas sob a minha cruz de Mário de Andrade (1893-1945)
estrelas azuis: / três caminhos se cruzam — um branco, um verde e um
preto — três hastes da grande cruz. / E o branco que veio do norte, e o Um dos organizadores do Modernismo e da SAM, foi o que
verde que veio da terra, e o preto que veio do leste. / derivam num apresentou projeto mais consistente de renovação. Começou
novo caminho, completam a cruz unidos num só, fundidos num vértice. escrevendo críticas de arte e poesia (ainda parnasiana) com o
/ Fusão ardente na fornalha tropical de barro vermelho, cozido, pseudônimo de Mário Sobral. Rompeu com o Parnasianismo e o
estalando ao calor modorrento dos sóis imutáveis: (...)”--Minha Cruz!, passado com Paulicéia Desvairada e a Semana, da qual participou
in Raça ativamente.
Injetou em tudo que fez um senso de problemático brasileirismo,
Manuel Bandeira (1886-1968) daí sua investida no folclore. De jeito simples, sua coloquialidade
desarticulou o espírito nacional de uma montanha de preconceitos
É uma das figuras mais importantes da poesia brasileira e um dos arcaicos. Lutou sempre por uma literatura brasileira e com temas
iniciadores do Modernismo. Do penumbrismo pós-simbolista de A brasileiros.
Cinza das Horas às experiências concretas da década de 60 de “O passado é lição para se meditar e não para se reproduzir” -
Composições e Ponteios, a poesia de Bandeira destaca-se pela afirmava assim a necessidade de um presente novo, inventivo.
consciência técnica com que manipulou o verso livre. Participa Acreditava na arte como instrumento de debate e de combate,
indiretamente da SAM, quando Ronald de Carvalho declama seu comportamento evidenciado em Paulicéia Desvairada. Esta obra
poema Sapos. oferece uma panorâmica da cidade e de sua vida, ao criticar a mania
Sempre pensando que morreria cedo (tuberculoso), acabou obsessiva de posse, aqui também satiriza a incompetência dos
vivendo muito e marcando a literatura brasileira. Morte e infância são administradores.
as molas propulsoras de sua obra. Ironizava o desânimo provocado “Oh! Minhas alucinações” / Vi os deputados, chapéus altos / sob
pela doença, mas em Cinza das Horas apresenta melancolia e o pálio vesperal, feito de mangas-rosas, / saírem de mãos dadas do
sofrimento por causa da “dama branca”. Congresso... / Como um possesso num acesso em meus aplausos / aos
Além de ser um poeta fabuloso, também foi ensaísta, cronista e salvadores do meu estado amado! (...) / Mas os deputados, chapéus
tradutor. O próprio autor define sua poesia como a do "gosto humilde altos / Mudavam-se pouco a pouco em cabras! / Crescem-lhes os
da tristeza". cornos, decemlhes as barbichas... (...) / se punham a pastar / rente do
“Febre, hemoptise, dispnéia, e suores noturnos. / A vida inteira palácio do senhor presidente... / Oh! Minhas alucinações!” --O
que podia ter sido e que não foi. / Tosse, tosse, tosse. / Mandou rebanho, in Paulicéia Desvairada
chamar o médico: / — Diga trinta e três. / — Trinta e três... trinta e Sua faceta de teórico de estética literária pode ser avaliado em A
três... trinta e três... / — Respire. (...) / — O senhor tem uma escavação Escrava que não é Isaura, onde expõe pequenos e paliativos remédios
no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. / — Então, doutor, da farmacopéia didático-técnico-poética do Modernismo.
não é possível tentar o pneumotórax? / — Não. A única coisa a fazer e “Eu creio que os modernistas da Semana de Arte Moderna não
tocar um tango argentino.” --Pneumotórax devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição. O
Ritmo Absoluto e Libertinagem são frutos de um processo de homem atravessa uma fase integralmente política da humanidade.
integração com o Rio. Sua poesia contagia-se de uma visão erótico- Nunca jamais ele foi tão ‘momentâneo’ como agora.” --O Movimento
sentimental, resultante da forma de encarar o amor a partir da Modernista - conferência
experiência do corpo. Libertinagem usa lirismo solto, repleto de cenas Clã do Jabuti resulta da viagem de descoberta do Brasil, numa
do cotidiano, com verdadeiras aulas de solidariedade e ternura. aproximação com o folclore como fonte de criação poética. Apoiando-
“Irene preta / Irene boa / Irene sempre de bom humor. / Imagino se nas tradições populares brasileiras, utiliza a toada, o coco, a moda, o
Irene entrando no céu: / — Licença, meu branco! / E São Pedro samba para sustentar seus poemas.
bonachão: / — Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.” -- Seu primeiro romance é Amar, Verbo Intransitivo que penetra na
Irene no Céu, in Libertinagem estrutura familiar da burguesia paulistana, sua moral e seus
Em Estrela da Manhã, atinge a plenitude de seu lirismo libertário, preconceitos. Aborda, ao mesmo tempo, os sonhos e a adaptação dos
mostrando que tudo pode ser matéria poética: um clássico esquecido, imigrantes na agitada Paulicéia.
uma frase de criança, uma notícia de jornal, a casa em que morava e Já em Macunaíma, Herói sem nenhum caráter, cria um anti-herói
até mesmo uma propaganda de três sabonetes (Baladas das três com um perfil indolente, brigão, covarde, sincero, mentiroso,
mulheres do sabonete Araxá). trabalhador, preguiçoso, malandro, otário - multifacetado. Inspirando-
se no folclore indígena da Amazônia, mesclando a lendas e tradições
Obras principais: das mais variadas regiões do Brasil, constrói-se um herói que encarna o
homem latino-americano. Macunaíma é uma figura totalmente fora
Poesia: dos esquemas tradicionais da prosa de ficção, uma aglutinação de
A Cinza das Horas (1917) alguns possíveis tipos brasileiros. Sempre na defesa, Macunaíma
Carnaval (1919) começa comendo terra e acaba sendo comido pela terra.
O Ritmo Dissoluto (1924) Renate de Males já evidencia certo distanciamento em relação ao
Libertinagem (1930) desvairismo inicial. Em Contos de Belazarte, manifesta acentuada
Estrela da Manhã (1936) preocupação com uma análise psicológico-social das relações
Lira dos Cinquent’Anos (1940) familiares, reveladas através de uma linguagem inovadora (sintático e
Belo, Belo (1948) lexicalmente).
Mafuá do Malungo (1948) Na obra Lira Paulistana, Mário faz uma interpretação poética de
Opus 10 (1952) seu destino e integração com a cidade de São Paulo. O reflexo do eu na
Estrela da Tarde (1963) transparência do rio Tietê mostra as águas do rio como se fosse um
Estrela da Vida Inteira (1966) espelho mágico.
Inspiração - “São Paulo! comoção de minha vida ... / Os meus
Prosa: amores são flores feitas de original... / Arlequinal!... Traje de losangos...
Crônicas da Província do Brasil (1937) Cinza e ouro... / Luz e bruma... Forno e inverno morno... / Elegâncias
Guia de Ouro Preto (1938) sutis sem escândalos, sem ciúmes... / Perfumes de Paris... Arys!” --in
Poesias Completas
Noções de História das Literaturas (1940)
O Banquete é um explosivo depoimento sobre as linhas mestras
Literatura Hispano-Americana (1949)
do pensamento estético de Mário de Andrade, além de constituir uma
Gonçalves Dias (1952)
sátira sobre certos comportamentos típicos no tempo da ditadura
Itinerário de Pasárgada (1954)
estadonovista.
De Poetas e de Poesia (1954) "Pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são." --
Flauta de papel (1957) Macunaíma
Andorinha, Andorinha (seleção de Carlos Drummond de
Andrade, 1966)
Colóquio Unilateralmente Sentimental (1968)
3
Obras Principais “A situação ‘revolucionária’ desta bosta mental sul-americana
apresentava-se assim: o contrário do burguês não era o proletário —
Poesia era o boêmio! As massas, ignoradas no território e como hoje, sob a
Há uma Gota de Sangue em casa Poema (1917) completa devassidão econômica dos políticos e dos ricos. Os
Paulicéia Desvairada (1922) intelectuais brincando de roda.” --prefácio de Serafim Ponte Grande
Losango Cáqui (1926) Depois de participar da SAM, viaja à Europa e o diário de bordo
Clã do Jabuti (1927) destas viagens é o romance cubista Memórias Sentimentais de João
Remate de males (1930) Miramar, que os críticos chamaram de prosa telegráfica. Este romance-
Poesias (1941) caleidoscópio inaugura, no nível da prosa, a tendência antinormativa
Lira Paulistana (1946) da literatura contemporânea, rompendo os modelos realistas. Seus 163
O Carro da Miséria (1946) fragmentos registram a trajetória do brasileiro rico de todos os tempos:
Poesias Completas (1955) Europa ? casamento ?amante ?desquite ?vida literária ?apertos
financeiros ? ...
Conto “Beiramávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das
avenidas marinhas sem sol. / Losango, tênues de ouro bandeira
Primeiro Andar (1926)
nacionalizavam o verde dos montes interiores. / No outro lado azul da
Balazarte (1934)
baía a Serra dos Órgãos serrava. / Barcos. E o passado voltava na brisa
Contos Novos (1946)
de baforadas gostosas. Tolah ia vinha derrapava entrava em túneis. /
Copacabana em um duelo arrepiado na luminosa noite varada pelas
Romance
frestas da cidade.” --66. Botafogo, in Memórias Sentimentais de
Amar, Verbo Intransitivo (1927)
João Miramar
Macunaíma (1928)
Em Paris, deslumbrado, descobriu a própria Terra: tinha
inventado a poesia de exportação — o Pau-Brasil. Poemas-pílilas, onde
Ensaio
mistura-se a linguagem antiga dos cronistas e jesuítas com o modo de
A Escrava que não é Isaura (1925)
falar atual. Com essa mistura, tempera seus poemas com sua fina
O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935)
ironia.
O Baile das Quatro Artes (1943)
relicácio - “No baile da Corte / Foi o Conde d’Eu quem disse / Pra
Aspectos da Literatura Brasileira (1943)
Dona Benvinda / Que farinha de Suruí / Pinga de Parati / Fumo de
O Empalhador de Passarinhos (1944)
Baependi / É comê bebê pitá e caí” --Pau-Brasil
O Banquete (1978)
O momento esteticamente mais radical do Modernismo foi a
Antropofagia. Invocando a cultura e os costumes primitivos do Brasil,
Crônicas
este movimento afirma a necessidade de sermos um povo
Os Filhos da Candinha (1943)
antropófago, para não nos atrofiarmos culturalmente. Deve-se filtrar as
contribuições estrangeiras para alcançar uma síntese transformadora.
Musicologia e Folclore
Com a crise econômica de 1929, Oswald passa por difíceis
Ensaio sobre Música Brasileira (1928)
condições financeiras e se vê obrigado a conjugar o verbo “crakar”
Compêndio de História da Música (1929)
“Eu empobreço de repente / Tu enriqueces por minha causa / Ele
Modinhas e Lundus Imperiais (1930)
azula para o sertão / Nós entramos em concordata / Vós protestais por
Música, Doce Música (1933)
preferência / Eles escafedem a massa / Sê pirata / Sede trouxas /
Namoros com a Medicina (1939)
Abrindo o pala / Pessoal sarado / Oxalá eu tivesse sabido que esse
Música do Brasil (1941)
verbo era irrregular.” --Memórias Sentimentais de João Miramar
Danças Dramáticas do Brasil (1959)
Falido economicamente, Oswald vai se pendurar nos “reis da vela”, os
Música de Feitiçaria (1963)
agiotas do beco do escarro (zona bancária de SP). Com isso, o autor vai
recolhendo material para sua peça O Rei da Vela.
História da Arte
Serafim Ponte Grande é o romance que testemunha a fase de
Padre Jesuíno de Monte Melo (1946)
identidade ideológica com a esquerda. Serafim encarna o mito do herói
outros folhetos reunidos nas Obras Completas
latino-americano individual que parte como um louco em busca da
libertação e da utopia. . Oswald projeta em Serafim o herói que vai
Oswald de Andrade (1890-1853)
remar sempre contra a corrente do inconformismo, procurando
romper, através da crítica, do sarcasmo e da ironia as rédeas
Foi poeta, romancista, ensaísta e teatrólogo. Figura de muito
sufocantes do ser burguês.
destaque no Modernismo Brasileiro, ele trouxe de sua viagem a Europa
Por ser o sonhe de Serafim individual, acaba frustrando-se e,
o Futurismo. Formado em Direito, Oswald era um playboy
depois de aprender as duras realidades da vida, torna-se um
extravagante: usa luvas xadrez e tinha um Cadillac verde apenas
irrecuperável marginal que cai fora do sistema.
porque este tinha cinzeiro, para citar apenas algumas de suas muitas
“— Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou
extravagâncias. Amigo de Mário de Andrade, era seu oposto:
uma forma vitoriosa do tempo. Em luta seletiva, antropofágica. Com
milionário, extrovertido, mulherengo (casou-se 5 vezes, as mais
outras formas do tempo: moscas, eletro-éticas, cataclismas, polícias e
célebres sendo as duas primeiras esposas: Tarsila do Amaral e Patrícia
marimbondos! / Ó criadores das elevações ertificiais do destino eu vos
"Pagu" Galvão).
digo! A felicidade do homem é uma felicidade guerreira. Tenho dito.
“Viajei, fiquei pobre, fiquei rico, casei, enviuvei, casei, divorciei,
Viva a rapaziada! O gênio é uma longa besteira!” --Serafim Ponte
viajei, casei... já disse que sou conjugal, gremial e ordeiro. O que não
Grande
me impediu de ter brigado diversas vezes à portuguesa e tomado parte
Morreu sofrendo dificuldades de saúde e financeiras, mas sem
em algumas batalhas campais.”--nota autobiográfica - Diário de
perder o contato com os artistas da época.
Notícias
epitáfio - “Eu sou redondo, redondo / Redondo, redondo eu sei / Eu
Foi um dos principais artistas da Semana de Arte Moderna e
sou uma redond’ilha / Das mulheres que beijei / Vou falecer do oh!
lançou o Movimento Pau-Brasil e a Antropofagia, corrente que
amor / Das mulheres de minh’ilha / Minha caveira rirá ah! ah! ah! /
pretendia devorar a cultura europeia e brasileira da época e criar uma
Pensando na redondilha”
verdadeira cultura brasileira. Fazendeiro de café, perdeu tudo e foi à
falência em 1929 com o crash da Bolsa de Valores. Militante
esquerdista, passou a divulgar o Comunismo junto com Pagu em 1931,
mas desligou-se do Partido em 1945.
Sua obra é marcada por irreverência, coloquialismo,
nacionalismo, exercício de demolição e crítica. Incomodar os
acomodados, estimular o leitor através de palavras de coragem eram
constantes preocupações desse autor.
4
Obras principais: Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Poesia Tem um processo seguro
Pau-Brasil (1925) De impedir a concepção
Primeiro Caderno de Poesia do Aluno Oswald de Andrade Tem telefone automático
(1927) Tem alcalóide à vontade
Poesias Reunidas (edição póstuma) Tem prostitutas bonitas
para a gente namorar
Romance
Os Condenados (I - Alma, II - Estrela do Absinto, III - A escada, E como farei ginástica
1922 a 1934) Andarei de bicicleta
Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) Montarei em burro brabo
Serafim Ponte Grande (1933) Subirei no pau-de-sebo
Marco Zero (I - A Revolução Melancólica, II - Chão, 1943 a Tomarei banhos de mar!
1946) E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Manifestos, teses e ensaios Mando chamar a mãe-d’água
Manifesto Pau-Brasil (1925) Pra me contar as histórias
Manifesto Antropófago (1928) Que no tempo de eu menino
A Arcádia e a Inconfidência (1945) Rosa vinha me contar
Ponta de Lança (1945) Vou-me embora pra Pasárgada.
A Crise da Filosofia Messiânica (1946) Em Pasárgada tem tudo
A Marcha das Utopias (1966) É outra civilização
Tem um processo seguro
Teatro De impedir a concepção
O Homem e o Cavalo (1934) Tem telefone automático
O Rei da Vela (1937) Tem alcalóide à vontade
A Morta (1937) Tem prostitutas bonitas
O Rei Floquinhos (Infantil, 1953) para a gente namorar
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Mário de Andrade Características
Eu insulto o burguês! O burguês níquel,
o burguês-burguês! Repensar a historia nacional com humor e ironia - "Em
A digestão bem-feita de São Paulo! outubro de 1930 / Nós fizemos — que animação! — /
O homem-curva! o homem-nádegas! Um pic-nic com carabinas." (Festa Familiar - Murilo Mendes)
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, Verso livre e poesia sintética - " Stop. / A vida parou / ou foi o
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! automóvel?" (Cota Zero, Carlos Drummond de Andrade)
Nova postura temática - questionar mais a realidade e a si
Eu insulto as aristocracias cautelosas! mesmo enquanto indivíduo
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de
que vivem dentro de muros sem pulos,
poeta
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês Literatura mais construtiva e mais politizada.
e tocam os ‘Printemps’ com as unhas! Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o
Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma! intimismo (Cecília, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius)
Oh! purée de batatas morais! Aprofundamento das relações do eu com o mundo
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas! (...) Consciência da fragilidade do eu - "Tenho apenas duas mãos /
e o sentimento do mundo" (Carlos Drummond de Andrade -
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! Sentimento do Mundo)
Morte ao burguês de giolhos, Perspectiva única para enfrentar os tempos difíceis é a união,
cheirando religião e que não crê em Deus! as soluções coletivas - " O presente é tão grande, ano nos
Ódio vermelho! Ódio fecundo1 Ódio cíclico! afastemos, / Ano nos afastemos muito, vamos de mãos
Ódio fundamento, sem perdão! dadas." (Carlos Drummond de Andrade - Mãos dadas)
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Versiprosa (967) Jorge de Lima (1898-1953)
Boitempo (1968)
Menino Antigo (1973) Alagoano ligado diretamente à política, estreia com a obra XVI
As Impurezas do Branco (1973) Alexandrinos fortemente influenciado pelo Parnasianismo, o que lhe
Discurso da Primavera e outras Sombras (1978) deu o título de Príncipe dos Poetas Alagoanos. Sua obra
posteriormente chega a uma poesia social, paralela a uma poesia
religiosa.
Prosa: Na poesia social apresenta-se a cor local, através do resgate da
Confissões de Minas (ensaios e crônicas, 1944) memória do autor de menino branco com infância cheia de imagens de
Contos de Aprendiz (1951) negros escravos e engenhos. Por vezes, amplia a abordagem com
denúncia das desigualdades sociais.
Passeios na Ilha (ensaios e crônicas, 1952)
“A filha de Pai João tinha um peito de / Turina para os filhos de
Fala, Amendoeira (1957)
Ioiô mamar: / Quando o peito secou a filha de Pai João / Também
a Bolsa e a Vida (crônicas e poemas, 1962)
secou agarrada num / Ferro de engomar. / A pele de Pai João ficou na
Cadeira de Balanço (crônicas e poemas, 1970)
ponta / Dos chicotes. / A força de Pai João fìcou no cabo Da enxada e
O Poder Ultrajovem e mais 79 Textos em Prosa e Verso
da foice. / A mulher de Pai João o branco / A roubou para fazer
(1972)
mucamas." --Pai João
A partir de Tempo e Eternidade, há a preocupação da restauração
da Poesia em Cristo. Essa temática religiosa também está presente em
Murilo Mendes (1902-1975)
A Túnica Inconsútil e Mira Coeli.
Tem ainda um poema épico à moda de Camões e Dante, usando
Mineiro, que caminha das sátiras e poemas-piada, ao estilo
10 cantos para mostrar o dilema barroco de um homem indeciso entre
oswaldiano, para uma poesia religiosa, sem perder o contato com a
o material e o espiritual.
realidade. Poeta modernista mais influenciado pelo Surrealismo
europeu.
Mulher Proletária
Guerra foi tema de diversos poemas seus. Seus textos caracterizam-se
Mulher proletária - única fábrica
por novas formas de expressão, e livre associação de imagens e
que o operário tem, (fabrica filhos)
conceitos.
tu
A partir de Tempo e Eternidade (1935), parte para a poesia
na tua superprodução de máquina humana
mística e religiosa. Dilema entre poesia e Igreja, finito e infinito,
forneces anjos para o Senhor Jesus,
material e espiritual, sem abandonar a dimensão social.
forneces braços para o senhor burguês.
"Eu amo minha família sobrenatural, / Aquela que ano herdei, /
Mulher proletária,
Aquela que ama o Eterno. / São poetas, são musas, são iluminados /
0 operário, teu proprietário
Que vivem mirando os seus fins transcendentes. / Que vivem mirando
há de ver, há de ver:
os seus fins transcendentes. / 'o mundo, minha família sobrenatural
a tua produção,
ano te possuiu. / Minha angústia vive nela e com ela, / E eu formarei
a tua superprodução,
poetas no futuro / `A sua imagem e semelhança. E todos ajuntando
ao contrário das máquinas burguesas
novos membros ao corpo / De que Cristo Jesus é a cabeça / Irradiarão
salvar o teu proprietário.
as palavras do Eterno." --comunicantes
Também é poeta especulador, que usa a linguagem em busca de
novos conceitos.
--Poesias, 1975
"O poema é texto? O poeta? / O poema é o texto + o poeta? / O
poema é o poeta - o texto? / O texto é o contexto do poeta / Ou o
Obras:
poeta do contexto do texto? / O texto visível é o texto total / O ante
texto e o anti texto / Ou as ruínas do texto? / O texto abole / Cria / Ou
restaura?" --Texto de Consulta Poesia - XIV Alexandrinos (1914), O Mundo do Menino
Essa condição barroca de sua poesia associa-se a um trabalho das Impossível (1925), Poemas (1927), Novos Poemas (1929),
imagens visuais. Empolgado com a beleza, afirmava que tudo era belo Poemas Escolhidos (1932), Tempo e Eternidade (em
pois pertencia `a Criação. Só as ações humanas justificavam o feio. colaboração com Murilo Mendes, 1935), Quatro Poemas
Consciência do caos, do mundo esfacelado, civilização decadente. Negros (1937), A Túnica lnconsútil (1938), Poemas Negros
Trabalho do poeta é tentar ordenar esse caos. (1947), Livro de Sonetos (1949), Obra Poética (incluindo os
"(...) A infância vem da eternidade. / Depois só a morte magnífica anteriores e mais Anunciação e Encontro de Mira-Celi),
/ — Destruição da mordaça: / E talvez já' a tivesse entrevisto / Quando 1950), Invenção de Orfeu (1952)
brincavas com o pião / Ou quando desmontaste o besouro. Entre duas Romance - Salomão e as mulheres (1927), O Anjo (1934),
eternidades / Balançam-se espantosas / Fome de amor e a música: / Calunga (1935), A Mulher Obscura (1939), Guerra Dentro do
Rude doçura / 'Ultima passagem livre. Só vemos o céu pelo avesso." Beco (1950)
--Poesia de Liberdade Teatro - A Filha da Mãe D'Água, As Mãos, Ulisses
Para Murilo, a beleza é fundamental. Mulher, para Murilo, é igual Cinema - Os Retirantes (argumento de filme)
a amor, abordada de forma erótica.
Cecília Meireles
"Tudo o que te rodeia e te serve
Aumenta a fascinação, o segredo Órfã, carioca, foi criada pela avó e fez Magistério e lecionou
Teu véu se interpõe entre ti e meu corpo, Literatura em várias universidades.
é a grade do meu cárcere. (...) Estreia com o livro Espectros (1919), participando da corrente
Tudo o que faz parte de ti — desde teus sapatos — espiritualista, sob a influência dos poetas que formariam o grupo da
Está unido ao pecado e ao prazer, revista Festa (neo-simbolista).
`A teologia, ao sobrenatural." Suas principais características são sensibilidade forte, intimisno,
--Em Pânico, in Antologia Poética introspecção, viagem para dentro de si mesma e consciência da
transitoriedade das coisas (tempo = personagem principal). Para ela as
Obras : Poemas (1930), História do Brasil (1932), Tempo e realidades não são para se filosofar, são inexplicáveis, basta vivê-las.
Eternidade (com Jorge de Lima, 1935), A Poesia em Pânico (1938), O
Visionário (1941), As Metamorfoses (1944), O Discípulo de Emaús
(prosa, 1944), Mundo Enigma, (1945), Poesia Liberdade (1947), Janela
do Caos (1948), Contemplação de Ouro Preto (1954), Poesias (1959),
Tempo Espanhol (1959), Poliedro (1962), Idade do Serrote (Memórias,
1968), Convergência (1972), Retratos Relâmpago (1973), Ipotesi (1977)
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Retrato Prosa: Reportagens Poéticas (inéditas em livro), O Amor dos
Eu não tinha este rosto de hoje, / assim calmo, assim triste, assim Homens (crônicas, 1960), Para viver um Grande Amor
magro, / nem estes olhos tão vazios, / nem o lábio amargo. (crônicas, 1962), Para uma menina com uma Flor (crônicas,
Eu não tinha estas mãos sem força, / tão paradas e frias e mortas; 1966), Crônicas (in J. B. de 15/6/69 a 20/10/69)
/ eu não tinha este coração / que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, / tão simples, tão certa, tão fácil: Textos
- Em que espelho ficou perdida
a minha face? Fragmentos de Procura da Poesia, in A Rosa do Povo
--Flor de Poemas Ano facas versos sobre acontecimentos.
Ano ha' criação nem morte perante a poesia.
Assim sua obra apresenta uma atmosfera de sonho, fantasia, em Diante dela, a vida é um sol estático,
contraste com solidão e padecimento. Linguagem simbólica, com ano aquece nem ilumina. (...)
imagens sugestivas e constantes apelos sensoriais (metáforas, Nem me reveles teus sentimentos,
sinestesias, aliterações e assonâncias). que se prevalecem do equívoco e tentam longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda ano é poesia. (...)
Rômulo rema O canto ano é a natureza
Rômulo rema no rio. / A romã dorme no ramo, / a romã rubra. (E nem os homens em sociedade.
o céu.) Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança, nada significam.
O remo abre o rio. / O rio murmura, A poesia (ano tires poesia das coisas)
A romã rubra dorme / cheia de rubis. (E o céu.) elide sujeito e objeto. (...)
Rômulo rema no rio. Penetra surdamente no reino das palavras.
Abre-se a romã. / Abre-se a manhã. Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Rolam rubis rubros do céu. Estão paralisados, mas ano há desespero,
No rio, / Rômulo rema. há calma e frescura na superfície inata
--Ou isto ou aquilo Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
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Elegia a uma pequena borboleta José Lins do Rego (1901 - 1957)
Como chegavas do casulo, / — inacabada seda viva — / tuas antenas
— fios soltos / da trama de que eras tecida, / e teus olhos, dois grãos Paraibano, é considerado um dos melhores representantes da
da noite / de onde o teu mistério surgia, literatura regionalista do Modernismo. Em Recife, aproxima-se de José
como caíste sobre o mundo / inábil, na manhã tão clara, / sem mãe, Américo de Almeida e Gilberto Freire, intelectuais responsáveis pela
sem guia, sem conselho, / e rolavas por uma escada / como papel, divulgação do modernismo no nordeste e pela preocupação
penugem, poeira, / com mais sonho e silêncio que asas, regionalista. Mais tarde também conhece Graciliano Ramos, e depois
minha mão tosca te agarrou / com uma dura, inocente culpa, / e é para o Rio de Janeiro, onde participa ativamente da vida literária. Sua
cinza de lua teu corpo, / meus dedos, sua sepultura. / Já desfeita e infância no engenho influenciou fortemente sua obra.
ainda palpitante, / expiras sem noção nenhuma. Suas obras Menino de Engenho, Doidinho, Bangüê, Moleque
Ó bordado do véu do dia, / transparente anêmona aérea! /não leves Ricardo, Usina e Fogo Morto compõem o que se convencionou chamar
meu rosto contigo: / leva o pranto que te celebra, / no olho precário de “ciclo da cana de açúcar”. Nestas obras J. L. Rego narra a gradativa
em que te acabas, / meu remorso ajoelhado leva! (...) decadência dos engenhos e a transformação pela qual passam a
Pudeste a etéreos paraísos / ascender teu leve fantasma, / e meu economia e a sociedade nordestina. Sua técnica narrativa se mantém
coração penitente ser a rosa desabrochada / para servir-te mel e nos moldes tradicionais da literatura realista: linearidade, construção
aroma, / por toda a eternidade escrava! do personagem baseado na descrição dos caracteres, linguagem
E as lágrimas que por ti choro / fossem o orvalho desses campos, / — coloquial, registro da vida e dos costumes. O tom memorialista é o fio
os espelhos que refletissem / — voo e silêncio — os teus encantos, / condutor de uma literatura que testemunha uma sociedade em
com a ternura humilde e o remorso / dos meus desacertos humanos! desagregação: a sociedade do engenho patriarcalista, escravocrata. As
(Retrato Natural) obras mais representativas desta fase são Menino de Engenho e Fogo
--Cecília Meireles Morto. A primeira é a história de um menino, órfão de pai e mãe, que é
criado no Engenho Santa Rosa, de seu avô José Paulino, típico
representante do latifundiário nordestino. Há momento de grande
Segunda fase Modernista no Brasil emoção na obra, como a descrição da enchente, o castigo dos
(1930-1945) – Prosa escravos, a descoberta da própria sexualidade.
Fogo Morto é considerada sua melhor obra: dividida em três
Romances caracterizados pela denúncia social, verdadeiro partes que se inter-relacionam, compõe um quadro social e humano do
documento da realidade brasileira, atingindo elevado grau de tensão Nordeste. Mestre José Amaro, seleiro, orgulhoso de sua profissão,
nas relações do eu com o mundo. Uma das principais características do sofre as pressões do coronel Lula de Holanda, senhor do Engenho
romance brasileiro é o encontro do escritor com seu povo. Há uma Santa Fé, em decadência econômica. Antônio Silvino, cangaceiro, é o
busca do homem brasileiro nas diversas regiões, por isso o terror da região e ataca os engenhos. O capitão Vitorino Carneiro da
regionalismo ganha importância, com destaque às relações do Cunha, lunático, é uma espécie de místico e profeta do sertão.
personagem com o meio natural e social. Além destas obras, José Lins escreveu: Pedra Bonita e
Os escritores nordestinos merecem destaque especial, por sua Cangaceiros, onde continua a traçar um quadro da vida nordestina,
denúncia da realidade da região pouco conhecida nos grandes centros. aproveitando agora elementos do folclore e do cordel. Estes romances
O 1° romance nordestino foi A Bagaceira de José Américo de Almeida. pertencem ao “ciclo do cangaço, misticismo e seca”. Além destes,
Esses romances retratam o surgimento da realidade capitalista, a escreveu também Água-mãe e Eurídice, de ambientação urbana.
exploração das pessoas, movimentos migratórios, miséria, fome, seca
etc. Obras:
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Seu a personagens são seres oprimidos e moldados pelo meio. O estilo de Érico Veríssimo é coloquial, poético, intimista. Sua
Tanto Paulo Honório (personagem de São Bernardo), quanto Luís da técnica de construção é o contraponto: onde várias histórias se
Silva (de Angústia) são o que se chama de “herói problemático”, em desenvolvem paralelamente, a ação concentrada e o dinamismo. Em
conflito com o meio e consigo mesmos, em luta constante para suas últimas obras, como O Prisioneiro, O Senhor Embaixador e
adaptar-se e sobreviver, insatisfeitos e irrealizados. Linguagem Incidente em Antares, desenvolveu a ficção política, ambientada nos
sintética e concisa. dias atuais.
Obras : Caetés (1933), S. Bernardo (1934), Angústia (1936), Vidas Obras : Fantoches; Clarissa; Música ao Longe; Caminhos Cruzados;
Secas (1938), Dois Dedos (1945), Insônia (1947), Infância (1945), Um Lugar ao Sol; Olhai os Lírios do Campo; Saga; O Resto é Silêncio;
Memórias do Cárcere (1953), Histórias de Alexandre (1944), Viagem Noite; O Tempo e o Vento: O Continente, O Retrato, O Arquipélago; O
(1953), Linhas Tortas (1962) etc. Senhor Embaixador; Incidente em Antares; Aventuras de Tibicuera;
Gato Preto em Campo de Neve.
Jorge Amado (1912 -)
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