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O Movimento Antropofágico, por sua vez, marcou essa geração e teve como
principal proposta ajudar a estruturar uma cultura nacional, pensando em assimilar
outras culturas, mas não as copiar.
“O termo antropofágico foi utilizado como associação ao ato assimilar e deglutir.
A ideia, portanto, era de transfigurar a cultura, principalmente a europeia, conferindo
assim, o caráter nacional.”
O movimento tem como origem o Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade,
publicado em 1928, e tem como símbolo o quadro “Abaporu”, de Tarsila do Amaral,
também de 1928. Trecho do Manifesto Antropofágico:
"Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única
lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os
coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi, that is the question."
(ANDRADE, Oswald de. Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)
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Podemos também lembrar de Nietzsche, com sua proposta de Transvaloração
dos valores, que derivou de seu desprezo pelo Cristianismo e por todo o sistema moral
que ele gerava. Para ele, o homem ideal deveria romper com a tradição para que se
criasse o homem real, este que não seguiria os valores impostos pela sociedade e os
valores judaico-cristãos.
Do mesmo modo, o Movimento Antropofágico seguia uma mesma ideia de
romper com o eurocentrismo para se criar algo novo e nacional.
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Outros movimentos foram criados nessa época, como o Verde-Amarelismo e o
Grupo da Anta. O Verde-Amarelismo, formado por Plínio Salgado, surgiu em resposta
ao movimento Pau-Brasil e tinha como proposta a defesa de um nacionalismo
exagerado sem qualquer influência europeia. Esta corrente deu origem à Escola da Anta,
que partindo para a idolatria do tupi, defendia o patriotismo em excesso e apresentava
inclinações nazistas. Elegeu a anta como símbolo nacional.
Ricardo Reis, um poeta de "características" pagãs, trazia para suas obras a lírica
grega, a sintaxe clássica e referências mitológicas. Se contrastava com Álvaro de
Campos, o poeta do homem moderno, por defender a unidade e a inteireza do ser.
Para ser grande, sê inteiro
“Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou excluí.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive”
O eu-lírico aqui fala sobre não termos vergonha das nossas características e
fraquezas, e sim nos orgulharmos de cada parte que nos compõe, elogiando a inteireza
do ser humano.
Alberto Caeiro, um poeta bucólico, considerado por Pessoa como seu mestre,
convidava por meio de suas poesias a "desaprender as ideias para aprender as coisas",
rejeitando estéticas e valores e reconciliando o homem com a natureza. Como sempre
viveu no campo, teve muito contato com a natureza, e trouxe a partir disso uma visão
mais simples e sensorial do mundo.
O Guardados de Rebanhos
“Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doendo dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Embora tenha sido muito ativo no movimento modernista, o único livro de Fernando
Pessoa publicado enquanto vivo foi “Mensagem”. O poeta morreu em 15 de novembro
de 1935 e o Modernismo português durou até o final do Estado Novo, na década 1970.