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Com isso, São Paulo demonstrava (em confronto com o Rio de Janeiro) novos
horizontes e uma figura de protagonismo na cena cultural brasileira.
O Grupo dos Cinco foi responsável, junto a outros artistas, pelo referencial ideológico e
artístico da Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal de São Paulo.
Desta forma, organizaram as primeiras manifestações do modernismo no Brasil.
Entre os anos de 1922 e 1930, muitas ideias modernistas ganharam força no Brasil. Com
a proliferação de publicações em São Paulo e no Rio de Janeiro, a população começou a ter
acesso a obras com conteúdo crítico e passou a formar suas opiniões e tomar consciência a
respeito da realidade da sociedade brasileira daquele período.
Endossada pelo Grupo dos Cinco, a Semana de Arte Moderna de 1922 é considerada
um ponto culminante da insatisfação dos artistas no que se refere aos modelos importados da
Europa, os chamados "ismos": Cubismo, Surrealismo, Dadaísmo, entre outros. Além disso, os
modernistas tinham o objetivo de reafirmar a cultura nacional, buscando sua pluralidade e
essência através da arte.
A SEMANA DE 22
Foi assim que durante três dias (13, 15 e 17 de fevereiro) essa manifestação artística,
política e cultural reuniu jovens artistas irreverentes e contestadores.
O evento foi inaugurado pela palestra do escritor Graça Aranha: “A emoção estética da
Arte Moderna”; seguido de apresentações musicais e exposições artísticas. O evento estava
cheio e foi uma noite relativamente tranquila.
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Nesse poema, a crítica à poesia parnasiana era severa, o que causou indignação do público,
muitas vaias, sons de latidos e relinchos.
Por fim, no terceiro dia, o teatro estava mais vazio. Houve uma apresentação musical
com mistura de instrumentos, exibida pelo carioca Villa Lobos.
Nesse dia, o músico subiu ao palco vestindo casaca e calçando em um pé sapato e no outro
um chinelo. O público vaiou pensando que se tratasse de uma atitude afrontosa, mas depois foi
explicado que o artista estava com um calo no pé.
AS OBRAS
As obras, que incluem pinturas, esculturas, peças literárias e musicais, trazem reflexões
que podem ser aplicadas ao contexto contemporâneo, como “Operários”, de Tarsila do Amaral,
a qual trata sobre o período da industrialização brasileira.
A ORIGEM DO ABAPORU
Foi pintado com tinta a óleo pela artista paulistana Tarsila do Amaral no ano de 1928 e
ofertado como um presente de aniversário ao seu marido, na época, o poeta Oswald de
Andrade.
A tela pertence ao modernismo brasileiro e inaugura uma nova fase desse movimento:
a fase antropofágica.
RELEITURAS DO ABAPORU
(2) O artista plástico Tarik Klein é a mente por trás do "Calendário Celebridade Vira-
Lata", ano 2021. A obra traz um compilado de releituras artísticas
com fotos de cachorros. O Abaporu, de Tarsila do Amaral, se tornou Auauporu; o Autorretrato,
de Van Gogh, virou Auautorretrato, e Tropical, de Anita Malfatti, só poderia ser um Tropicão.
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“Recentemente estávamos estudando alguns movimentos artísticos como cubismo, futurismo,
entre muitos outros. Mas, o que eu mais gosto de praticar é o surrealismo, poder colocar referências que
não existem para tentar remeter a algo da realidade” contou ao blog ProfLab.
(4) Com cores quentes e fortes, o artista Eduardo Lima retrata “a cultura e o cotidiano
nordestino através da arte”. Foi o que fez, por exemplo, com sua releitura do quadro de Tarsila,
que nomeou de Abaporu do Sertão.
(5) Para sua releitura de Abaporu, o artista Eloir Jr decidiu incluir referências
à cultura ucraniana no Paraná, a exemplo dos trajes costumeiros. Em outra releitura da mesma
obra, ele homenageia a Polônia com trajes típicos de Lowitcz, na região central do país.
Foi inicialmente recebido com críticas negativas e incompreensão por parte da elite
brasileira. Muitos consideravam a obra feia, sem sentido, enquanto outros acusaram de ser
uma representação racista e caricatural dos povos indígenas.
No entanto, ao longo dos anos, se tornou uma das obras mais importantes e
reconhecidas da arte brasileira. A pintura é admira por seu estilo único e sua capacidade de
representar a cultura e a identidade do país de forma original e autentica.
O REI DA VELA
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Alguns anos antes, aflorara em Abdias uma inquietação perante a ausência dos negros e
dos temas sensíveis à história da população negra nas representações teatrais brasileiras. Em
geral, quando lhes era concedido algum espaço cênico, este vinha para reforçar estereótipos, a
partir do direcionamento dos atores/atrizes negros/as a papéis secundários e pejorativos.
Por essa razão, o TEN foi pensado para ser um organismo teatral que promovesse o
protagonismo negro. Nas palavras do próprio Abdias do Nascimento, desde que era ainda uma
ideia em gestação, o TEN teria como papel defender a “verdade cultural do Brasil”.
O Teatro Experimental do Negro tinha grandes ambições artísticas e sociais, dentre elas,
estava a exaltação/reconhecimento do legado cultural e humano do africano no Brasil.
A atuação do TEN não se limitava ao teatro ou a uma crítica social restrita à esfera
discursiva. As aspirações do grupo incluíam a melhoria real da qualidade de vida da população
afrodescendente, o que não podia prescindir do engajamento político de artistas, autores,
diretores e demais formadores de opinião. Assim, o TEN organizou o Comitê Democrático Afro-
Brasileiro e, em seguida, a Convenção Nacional do Negro, que apresentou à Constituinte de
1946, entre outras propostas, a inserção da discriminação racial como crime de lesa-pátria.
Merecem destaque também a realização, em 1950, do 1º Congresso do Negro Brasileiro, e a
edição entre os anos de 1948 e 1951 do jornal Quilombo.
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Augusto Boal e Nelson Rodrigues, por exemplo, além de suas próprias peças (como Sortilégio,
de Abdias do Nascimento), e atraindo a atenção e a colaboração de outros inovadores como o
diretor Zigmunt Turkov e o cenógrafo Tomás Santa Rosa, o TEN “significou uma iniciativa
pioneira, que mobilizou a produção de novos textos, propiciou o surgimento de novos atores
[Ruth de Souza e Haroldo Costa, por exemplo] e grupos e semeou uma discussão que
permaneceria em aberto: a questão da ausência do negro na dramaturgia e nos palcos de um
país mestiço, de maioria negra.”
“Mais do que abrir movimentos artísticos nomeáveis, arriscaria dizer que o principal
legado da Semana de 22 foi, além de introduzir na nossa cultura a contribuição dos povos
originários e do legado afrodiaspórico, apresentar o conceito antropofágico (movimento criado
por Oswald de Andrade, cujo objetivo era “devorar” a cultura enriquecida por técnicas
importadas e promover uma renovação na arte brasileira) como nossa condição antológica.
Pela característica colonial, não possuímos uma Idade Média, um Renascimento ou um
período clássico próprio. Herdamos isso dos nossos colonizadores. Qual seria então o nosso
mito fundador? A capacidade de adaptar quase que infinitamente diante de contingências de
exploração. Sabemos transformar carência em potência como ninguém. Para um povo com
sérios problemas de autoestima, isso ajudou e muito a autorizar o direto à imaginação”, afirma
Carlos Eduardo Félix, artista plástico e prof. do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio.
“O pós-Semana de Arte foi bastante relevante, pois, a partir daí, muitos artistas aderiram
às ideias modernistas e iniciaram seus projetos intelectuais nesse contexto. Mário de Andrade,
por exemplo, viajou pelo Nordeste brasileiro recolhendo músicas e manifestações folclóricas,
algo inédito até então. Di Cavalcanti trouxe uma visão mais política da sua obra, Villa-Lobos, na
música, lançou uma série de composições chamada Choros, muito inspirada por músicas
populares brasileiras. Todas estas mudanças geraram reflexo em autores de outras décadas,
como Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Jorge Amado, enfim, autores da década de 1930 e
1940, que eram de uma geração mais nova. Na década de 1960, a Tropicália e o Cinema Novo
também buscaram inspiração no Modernismo com a defesa de uma cultura nacional, desta vez
utilizando a cultura de massa”, reforça a professora Anelize Vergara.