Você está na página 1de 6

CONSERVATÓRIO BRASILEIRO DE MÚSICA – CBM/UNICBE

MÚSICA DOS SÉCULOS XX E XXI


LEONARDO BARROS DE OLIVEIRA MAT.: 19235007004
VICTORIA DA ROCHA SILVEIRA MAT.: 20187008001

VILLA – LOBOS E O IMPRESSIONISMO

MODERNISMO NO BRASIL

O Modernismo no Brasil foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente


sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX,
sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. Foi desencadeado a partir da
assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas na Europa no período que
antecedeu a Primeira Guerra Mundial. Essas tendências denominavam-se de
vanguardas europeias, e a principais delas foram o Cubismo, o Futurismo, o
Dadaísmo, o Expressionismo e o Surrealismo. Essas novas linguagens modernas
trazidas pelos movimentos artísticos e literários europeus foram sendo aos poucos
assimiladas pelo contexto artístico brasileiro, mas colocando em enfoque elementos
da cultura do país, pois havia uma necessidade de valorização do que era nacional.

A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de 1922, foi consagrada
na historiografia oficial como o ponto de partida do Modernismo no Brasil. De acordo
com alguns estudiosos, Recife foi pioneira desse movimento artístico no Brasil,
através das obras de pintores pernambucanos do começo do século XX como Vicente
do Rego Monteiro, da poesia de Manuel Bandeira, da sociologia de Gilberto Freyre,
de manifestações da cultura popular como o frevo e o cordel e das mudanças
urbanísticas ocorridas na cidade naquele período. Para o crítico de arte Paulo
Herkenhoff, ex-curador adjunto do Museu de Arte Moderna de Nova York, "a
historiografia da cultura de Pernambuco tem o desafio de enfrentar o colonialismo
interno e o apagamento de sua história".

Nem todos os participantes da Semana eram modernistas: Graça Aranha, um pré-


modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não sendo dominante desde o início,
o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores: eram “ataques constantes ao
passado, ao romantismo, ao realismo, ao parnasianismo”; foi marcado, sobretudo,
pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo os da primeira
fase mais radicais em relação a esse marco.

Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira, chamada de


Heroica, foi a mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior; uma fase cheia
de irreverência e escândalo. A segundo, mais amena, denominada Geração de 30,
formou grandes romancistas e poetas; uma fase marcada pela preocupação social e
política e pelo regionalismo, destacado principalmente na prosa da região nordeste.
Quanto a terceira fase, chamada Pós-Modernista por vários autores (ou também
conhecida como Geração de 45), que se opunha de certo modo a primeira fase e era
por isso ridicularizada com o apelido de Parnasianismo, tinham por característica ser
híbrida em estilos, mas o que se destacou nela foi sua maior preocupação com a
estética, cujo gênero literário predominante foi a poesia.

SEMANA DA ARTE MODERNA 1922

Em 1922, quando a Independência do país completava cem anos, o Brasil passava


por diversas modificações sociais, políticas e econômicas (advento da
industrialização, fim da Primeira Guerra Mundial). Surge então a necessidade de
recorrer a uma nova estética, e daí nasce a "Semana de Arte Moderna". Ela esteve
composta por artistas, escritores, músicos e pintores que buscavam inovações. O
intuito era criar uma maneira de romper com os parâmetros que vigoravam nas artes
em geral. A maioria dos artistas era descendente das oligarquias cafeeiras de São
Paulo, que junto aos fazendeiros de Minas, formavam uma política que ficou
conhecida como “Café com Leite”. Esse fator foi determinante para a realização do
evento, uma vez que foi respaldado pelo governo de Washington Luís, na época
governador do Estado de São Paulo.

Além disso, a maioria dos artistas - que tinha possibilidades financeiras para viajar e
estudar na Europa - trouxe para o país diversas tendências artísticas. Assim foi se
formando o movimento modernista no Brasil.

Com isso, São Paulo demonstrava (em confronto com o Rio de Janeiro) novos
horizontes e uma figura de protagonismo na cena cultural brasileira.
Para Di Cavalcante, a semana de arte: Seria uma semana de escândalos literários e
artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulista.

Foi assim que durante três dias (13, 15 e 17 de fevereiro) essa manifestação artística,
política e cultural reuniu jovens artistas irreverentes e contestadores. O festival
ocorreu o no saguão do Teatro Municipal de São Paulo com a exposição de cerca de
100 obras, que era aberta ao público. No período da noite, também ocorriam três
sessões lítero-musicais noturnas. A programação musical foi apresentada pela
pianista Guiomar Novaes (1894-1979) e por Ernani Braga (1888-1948), que
interpretaram composições de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e do francês Debussy
(1862-1918).

Participaram da Semana de Artes Moderna artistas dos mais variados segmentos.


Entre os pintores, estavam nomes como Anita Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti
(1897-1976), John Graz (1891-1980), Ferrignac (1892-1958), Zina Aita (1900-1967),
Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Yan de Almeida Prado (1898-1987) e Antônio
Paim Vieira (1895-1988), entre outros.

O dia mais tranquilo da semana, apresentações musicais de Heitor Villa-Lobos, com


participação de vários músicos. O público em número reduzido, portava-se com mais
respeito, até que Villa-Lobos entra de casaca, mas com um pé calçado com um
sapato, e outro com chinelo; o público interpreta a atitude como futurista e
desrespeitosa e vaia o artista impiedosamente. Mais tarde, o maestro explicaria que
não se tratava de modismo e, sim, de um calo inflamado.

TOM JOBIM EM UMA FALA SOBRE VILLA-LOBOS

“Villa-Lobos e Debussy são influências profundas na minha cabeça”, já disse. Se


considerava um “filho musical” do maestro e suas músicas são cheias de referências.

“Villa-Lobos é um gênio. Eu por exemplo, sou o único compositor brasileiro que apaga
mais do que escreve, e o Villa não errava, escrevia do Piccolo ao contrabaixo, e dez
aparelhos de som ligados, televisão ligada, Ampex ligado, uma soprano berrando no
piano, um cara tocando o piano, outro o violino. E eu vendo aquele homem escrever
aquela música completa, aqueles acordes de oito sons e eu digo: “Mas maestro, como
é que o senhor consegue?” E ele me diz: “Meu filho, o ouvido de fora não tem nada a
ver com o ouvido de dentro.” Essa foi a primeira frase que Villa-Lobos me disse no
nosso encontro.

SUÍTE FLORAL OP. 97 HEITOR VILLA-LOBOS

O impressionismo é considerado um período de importância para a História da


Música, que inovou ao abordar novas sonoridades e introduzir uma nova hierarquia
entre os elementos primários e secundários da música, condensando tonalidades e
modos, e, consequentemente, estabelecendo um novo ponto de vista estético.
Elementos que eram então secundários, como dinâmica, pedagógica e fraseado são
priorizados e articulações novas são utilizadas para atingir as imagens sonoras.
Objetivou se no presente artigo identificar os elementos composicionais
característicos do impressionismo na obra para piano Suíte Floral op. 97, do
compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos. Para tanto, realizou-se uma pesquisa
bibliográfica, de caráter histórico e comparativo. Verificou-se que, apesar da obra
apresentar características essencialmente brasileiras, as características
composicionais do impressionismo estão presentes nas três peças. Introdução Heitor
Villa-Lobos (1887-1959) é considerado um dos maiores compositores brasileiros, que
passou por diversas etapas de criação musical. A Suíte Floral, obra para piano de
1917, está composta por três peças: Idílio na Rede, Uma Camponesa Cantadeira e
Alegria na Horta. Nestas obras, partindo de ritmos e temas essencialmente
brasileiros, Villa-Lobos criou uma atmosfera diferenciada, onde é possível reconhecer
influências da música impressionista, especialmente do compositor francês Claude
Debussy. Villa-Lobos pode ser considerado dos compositores brasileiros mais
estudados no Brasil, entretanto, não encontrou nenhum material de pesquisa acerca
dos aspectos impressionistas presente na obra Suíte Floral op. 97.

De acordo com essa observação, objetivou se realizar um estudo das características


impressionistas da Suíte Floral, bem como divulgar e facilitar o estudo desta obra, do
ponto de vista interpretativo, para os estudantes de piano e pianistas em geral. A
fundamentação para a realização deste trabalho está baseada em pesquisas
bibliográficas, análise de partituras e gravações, que permitiram apontar
características essencialmente impressionistas, a partir de comparações entre a obra
de compositores impressionistas, como Claude Debussy e a obra Suíte Floral, de
Heitor Villa-Lobos. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de caráter histórico e
comparativo. Histórico, pois investigou-se os acontecimentos; e comparativo, pois
buscou-se verificar semelhanças e explicar divergências (ANDRADE, 2001). No
presente artigo não será realizada uma análise harmônica da Suíte Floral, mas de
elementos da composição que permitiram estabelecer os pontos de contato com o
Impressionismo, visando orientar sua interpretação. Por esse motivo optou por iniciar
o artigo abordando as características presentes no Impressionismo e em especial da
obra para piano de Claude Debussy. O impressionismo Claude Debussy e suas
inovações O termo impressionista foi cunhado em 1874 pelo artista, crítico de arte e
dramaturgo Louis Leroy ao escrever a crítica de um dos quadros de Monet, intitulado
Impressão, Sol nascente (SCHAPIRO, 2002). Na música para piano, o
impressionismo encontrou novas sonoridades, estabelecendo uma nova hierarquia
entre os elementos primários e secundários da forma musical, apresentando, dessa
forma, um novo ponto de vista estético na música contemporânea. O termo
impressionismo tornou-se mais amplo à medida que as obras dos pintores chamados
impressionistas ficaram mais conhecidas.

Na obra Suíte Floral, de Heitor Villa-Lobos, o compositor usa recursos observados na


obra para piano do compositor francês Claude Debussy onde o objetivo mais
importante é atingir a imagem sonora desejada. Ao utilizar estes recursos, se vale
não só da técnica, com o uso de arpejos, acordes paralelos e com as mãos
alternadas, poli tonalidade, poli modalidade, polirritmia, escalas pentatônicas, e
outros, mas também explora os elementos secundários da música, como os
contrastes de dinâmica e pedagógica, a variedade de articulações, o amplo registro
usado no piano e os efeitos que se consegue graças ao uso dos pedais. O conjunto
dessas características e procedimentos composicionais tão próprios da linguagem do
impressionismo em música, e que ocorrem com consistência ao longo das três peças
que compõem a obra, é que nos permite afirmar que a Suíte Floral é um exemplo da
influência impressionista da obra do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos.
Considera-se que estudo do impressionismo e da obra de Claude Debussy e a
analogia dos recursos utilizados por Villa-Lobos na Suíte Floral são conhecimentos
indispensáveis para atingir uma boa interpretação pianística nas três peças.
BIBLIOGRAFIA

https://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_no_Brasil

https://pt.wikipedia.org/wiki/Semana_de_Arte_Moderna

https://docplayer.com.br/amp/53769322-Caracteristicas-impressionistas-na-obra-
para-piano-suite-floral-op-97-de-heitor-villa-lobos.html

https://www.premiodamusica.com.br/saudades-de-ary-barroso-
208/#:~:text=Villa%20Lobos%20%C3%A9%20uma%20das,m%C3%BAsicas%20s%
C3%A3o%20cheias%20de%20refer%C3%AAncias.

Você também pode gostar