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Atividade: fichamento nº 7
disso foi a criação do sistema dodecafônico em 1923, por meio da sistematização de técnicas não-
tonais, prendendo a atenção de diversos compositores ao redor do mundo até a década de 50. Em
paralelo a isso, em Paris, Igor Stravinsky explorava intensamente ritmos percussivos e a técnica
do politonalismo, na qual suas ou mais tonalidades se davam de forma simultânea. Ele fez isso
com música orquestral para balés – a exemplo de A sagração da primavera (1913) –, causando
um grande impacto, mas sem toda a racionalidade proposta por Schoenberg. Além de Stravinsky,
Darius Milhaud também foi adepto do politonalismo e viveu no Rio de Janeiro entre 1917 e 1918.
Além dessas, uma outra tendência de exploração do folclore musical sob bases
estruturais e cientificistas, um tipo não romântico de nacionalismo, se estruturou em países fora
do eixo alemão, francês e italiano. Tratava-se de música com toques nacionais, aproveitando
ritmos e melodias populares – aberta ou veladamente. Os nacionalismos europeus representaram
alternativas frente aos exageros da ópera italiana, ao romantismo denso e exagerado, à onda
wagneriana que imperava na música e à hegemonia dos compositores do eixo central europeu. O
principal compositor ligado a esse movimento foi o húngaro Béla Bartók.
compreensão dos princípios musicais utilizados, visando sua introdução na música de concerto.
Portanto, ao contrário de Itiberê, Nepomuceno e Levy – os quais geraram as primeiras obras de
concerto com elementos brasileiros –, Andrade não estava preocupado em estudar essa música a
fim de arranjar ou harmonizar melodias e ritmos.
No entanto, o autor não considerava como fonte de inspiração válida a música popular
urbana, pois acreditava que esta já estava contaminada com influências externas e condicionada à
forma de produto para consumo. Assim, apesar de haver, durante as décadas de 1920 e 1930, uma
prática musical popular já consolidada nas grandes cidades, os intelectuais interessados na
“música brasileira” estavam presos a uma idealização que considerava a “verdadeira” música
popular apenas aquela surgida nos ambientes rurais ou nas pequenas cidades, como as do sertão
nordestino. Eles acreditavam que, nas canções populares de um povo, se percebe a sua própria
individualidade. Portanto, buscavam investigar as práticas musicais do “caipira”, o qual, apesar
de “inculto”, mantinha vivo um gênero reconhecido como nacional.
Mário de Andrade não cometeu o erro de banir toda a influência europeia, como fizeram
alguns latino-americanos, destacando-se, principalmente, a opção pela estética neoclássica – de
corrente francesa. Ele defendia o uso da técnica europeia de maneira renovada e idealizava uma
música brasileira de concerto que chegasse a ser universal, partindo do particular para o geral, da
raça para a humanidade. Dessa forma, defendia a internacionalização com bases nacionalistas.
Também acreditava que as características étnicas do país estavam ainda em formação. Essa
crença era baseada nas concepções europeias de nação, estruturadas a partir de unidades raciais, o
que não existia em quase nenhum país americano. Por conta disso, Mário defendia que essa
suposta indecisão racial resultava em uma indecisão cultural, a qual só poderia ser solucionada
com o estudo do folclore.
As primeiras experiências musicais, resultantes da incorporação de elementos folclóricos
a uma base neoclássica – como a Suíte turuna de Gallet (1926) –, não agradaram a primeiro
momento os compositores habituados com grandes discursos musicais românticos ou
impressionistas. Mário de Andrade passou, então, a defender o sacrifício da expressividade
individual em nome da música nacional. Ele acreditava que a insistência, por parte dos
compositores, em produzir obras que refletissem a cultura genuinamente brasileira era necessária
para que, no futuro, esse processo se desse de forma espontânea. Para Mário, composições que
seguiam fórmulas europeias eram, além de não brasileiras, antinacionais, devendo, portanto, ser
evitadas. Porém, acreditava que a reação ao que é estrangeiro deveria ser feita pela deformação e
adaptação dele e não simplesmente pela sua repulsa.
O sacrifício descrito por Andrade seria apenas uma fase necessária pela qual a nascente
música brasileira passaria e, em 1928, o autor afirmou que ela deveria percorrer três etapas: a da
tese natural, em que os compositores deveriam estudar sobre manifestações folclóricas, mesmo
sem algum tipo de identificação com elas; a do sentimento nacional, em que os compositores já
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