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BRASILEIRA
AULA 4
Mário de Andrade (1893-1945) foi, sem a menor dúvida, uma das figuras
intelectuais de maior atuação no campo das reflexões sobre a música de
concerto do início do século XX. Da sua formação como musicista com a
trajetória enquanto literato, resultou um intelectual que versava com propriedade
em áreas como a crítica musical e a musicologia enquanto reflexão teórica.
Precisamos ter em mente que esse período da produção musical estava
cerceado por um amplo sentimento nacionalista, ou seja, aquele que atribuiu aos
compositores a relevância de buscar no material musical de seus países de
origem o conteúdo primário para a composição. Esse sentimento se opunha ao
internacionalismo vigente desde o fim do século XIX, intensificado pelo
desenvolvimento das ciências humanas e pela expansão territorial oportunizada
pelos imperialismos desse mesmo século.
No Brasil, o projeto musical nacionalista encontrou voz no trabalho de
musicólogos como Renato Almeida (1895-1981), que incorporou a temática com
base no uso do folclore como fonte para se pensar a música; e do mesmo modo
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no trabalho de Mário de Andrade, que durante vasto período de sua carreira
procurou sistematizar, por meio das primeiras pesquisas folclóricas, elementos
musicais destinados à manipulação dos compositores de música de concerto. A
influência de Mário de Andrade se fez sentir em personalidades tais como o
musicólogo Luiz Heitor Corrêa de Azevedo (1905-1992) e compositores
proeminentes como Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Oscar Lorenzo Fernandez
(1897-1948), Francisco Mignone (1897-1986) e Mozart Camargo Guarnieri
(1907-1993) — todos empunhando a bandeira do nacionalismo musical, cada
um a seu modo.
De acordo com Egg (2012), o pensador poderia ser entendido como um
crítico musical complementado pelo escritor e poeta, conferencista e ensaísta,
intelectual público, professor, burocrata. Para além da ideia de criação de uma
obra literária original, o autor passou a se enxergar como intelectual vocacionado
ao fomento da cultura brasileira. Seguindo a tendência da intelectualidade do
período, Mário de Andrade acreditava que, para o desenvolvimento das artes no
Brasil, era necessária a integração de três propósitos: o direito à pesquisa
estética, a contínua atualização da inteligência artística brasileira e o
estabelecimento de uma consciência criadora nacional (Coli, 1990).
Mário de Andrade entendia o folclore como a estrutura capaz de unificar
esse modelo nacional, como o lugar dos elementos musicais identitários que
constituiriam o espírito nacional. Para a efetivação do plano de unidade nacional,
a cultura embrionária deveria ser alcançada, a partir do resgate das tradições
populares e visando à renovação e nacionalização das artes.
No compêndio Ensaio sobre a música brasileira, de 1928, ele procurou
indicar as bases para essa concretização, utilizando ferramentas diversificadas
que orientassem a busca pela brasilidade nos elementos integrantes da
composição. Esse processo deveria ser realizado pelo compositor de música de
concerto engajado no trabalho de legitimação de uma música nacional. Defendia
a pesquisa do folclore (música popular) como fonte de reflexão temática e técnica
do compositor (de música de concerto) preocupado, em um primeiro momento,
com a criação de uma música nacional e, num segundo, com a sua
universalização por meio da difusão nos principais polos culturais do exterior, em
especial, da Europa (Contier, 2004).
Além de tudo, acreditava que o compositor deveria basear seu trabalho
em critérios sociais, promovendo a arte brasileira como um indivíduo “eficiente
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com valor humano [enquanto] o que fizer arte internacional ou estrangeira, se
não for gênio, é um inútil” (Andrade, 1972, p. 19). Nesse aspecto, a função social
está atrelada à formação da nação por meio da cultura elitizada, já que
diferentemente dos países europeus culturalmente estabelecidos, o Brasil ainda
não possuía essa base, sendo uma atribuição destinada a todo artista engajado.
Para a concretização dessa base cultural nacional, era necessário
estabelecer critérios para uma pesquisa das tradições populares. Após coleta de
materiais, esses elementos populares, diga-se folclóricos, deveriam ser
transferidos para a música nacional de concerto, pelas mãos dos compositores
atrelados ao movimento, e era imprescindível a estes dominarem técnicas
composicionais da música de concerto dos centros europeus. Não há ruptura
com as práticas de composição de música internacional, apenas a redefinição
do material e do processo composicional (Contier, 1988, p. 163).
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Inicialmente malvisto, o samba enquanto gênero musical era motivo de
perseguição e mesmo prisão dos musicistas praticantes, justamente pela ligação
direta à matriz africana, à época uma manifestação depreciada. O ponto de
mudança está relacionado ao contato gradual e às “negociações” entre os
agentes criadores do samba e as elites culturais do Rio de Janeiro. Dentre eles,
podemos citar o encontro de Donga e Pixinguinha em um evento fechado em um
café, local no qual figuravam personalidades como os jovens intelectuais como
Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, além dos compositores Heitor Villa-
Lobos e Luciano Gallet. De acordo com Vianna (2007), poderíamos ir mais longe
e mencionar a relação de empresariado entre Arnaldo Guinle e os Oito Batutas,
a relação entre João da Bahiana e o senador Pinheiro Machado, e o interesse
do compositor francês Darius Milhaud (1892-1974) sobre a música popular
urbana carioca.
De acordo com esse autor, portanto, a afirmação mais coerente sobre as
origens do samba se relaciona com a criação de grupos negros pobres
moradores dos morros do Rio de Janeiro, com a interação ativa ou passiva de
outros grupos, de diferentes classes, raças e nações. É desse conjunto de
conexões e relações diretas e indiretas que a prática musical do samba será
constituída (Contier, 1988, p. 35).
O desenvolvimento do gênero encontra eco no incremento dos meios de
gravação, que como vimos, se modernizava frente aos novos procedimentos e
maquinários disponíveis. Sabemos também da empreitada das gravadoras para
efetivar o registro dos gêneros populares urbanos, e que esse quadro de
possibilidades era de fato uma estratégia de trabalho para os próprios músicos
populares do período. Queremos dizer com isso que, dentro do próprio gênero,
os compositores traçavam estratégias para esse mercado à época
semiprofissional de música. Basta remontarmos ao primeiro samba então
gravado da história, o conhecido Pelo telefone, de Donga. O compositor indicou
que era uma prática cercar as gravadoras para conseguir o registro de suas
obras e, consequentemente, alguma projeção profissional (Sodré, 1998),
demonstrando assim certa inteligência popular estratégica desse grupo social
produtor do samba.
É nessa realidade do desenvolvimento dos meios de gravação que o
samba passará a individualizar os autores dos samba-canção (samba enquanto
gênero adaptado à estrutura poética da canção). Por ser uma prática coletiva
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oriunda das festividades religiosas de caráter coletivo, como indicamos
anteriormente, a noção de autoria é subjetiva, uma vez que a composição é
basicamente coletiva, sem um autor específico. A profissionalização da música
no cenário urbano, bem como as obras que passaram a ser gravadas nos discos,
demandaram aos cantores e compositores esse gradual processo de
reivindicação de autoria à música.
Por fim, é desse contexto de emergência da prática musical popular que
o samba será convertido em produto a ser consumido na sociedade urbana,
tendo em vista o caráter “exótico” do gênero identificado pelas camadas sociais
elitizadas. A imitação das modas europeias, e gradativamente a esse período da
aproximação com os padrões norte-americanos, fazia a elite brasileira visualizar
o gênero a partir desse prisma exótico, prática comum quando pensamos na
relação das elites dos Estados Unidos com o blues produzido pelos negros. A
aproximação com a vida urbana era uma necessidade para que o samba fosse
minimamente aceito e adotado pelas classes elitizadas, a partir do afastamento
de sua origem rural/religiosa e a gradual associação ao modelo norte-americano,
seja instrumental, a partir da adoção de instrumentos tais como o saxofone, a
bateria, seja da indumentária, na substituição dos trajes de caboclos pelos
smokings (Tinhorão, 1998, p. 280).
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culturais estéticos que aconteciam em outros polos europeus. A cultura musical
precisava ainda ser efetivada no Brasil, e para tanto, musicólogos e críticos
lançaram mão de uma série de projetos em que o produto musical nacional fosse
ressaltado, a partir da experiência, apropriação e utilização do folclore nas
composições de música de concerto.
A década de 1930 constituiu em definitivo o movimento modernista no
país, tornando-o movimento oficial, no projeto idealização da sociedade
brasileira em seu aspecto modernizante, utilizando-se, portanto, da educação e
da cultura como dimensões prioritárias. A arte direcionou seu olhar para o real,
a partir da reflexão sobre problemas socioculturais e sobre a função da arte no
aparato social. De acordo com Velloso (1997, p. 58), a construção do
nacionalismo se constituiu em uma das preocupações basilares dos intelectuais,
e a partir dos governos de Getúlio Vargas, eles passariam a situar essa tarefa
nos domínios do Estado, uma verdadeira união entre as elites intelectuais e
políticas.
Boa parte dos intelectuais do período estiveram ligados ao aparelho
público do Estado, se envolvendo diretamente na criação de organismos
musicais e órgãos de fomento à cultura musical. Era um momento propício para
essa associação direta com o poder político brasileiro, já que o nacionalismo era
concebido pelo Estado como a verdadeira representação do povo brasileiro,
caracterizando-se, portanto, como o projeto estético capaz de representar de
maneira fiel, o país e suas características particulares. Momento peculiar de
nossa história em que a área da cultura transformou-se em negócio de Estado,
com orçamento para a realização de encomendas artísticas (artes plásticas e
música) e constituindo grupo qualificado para efetivar estes projetos, seja do
ponto de vista artístico, seja do ponto de vista intelectual/burocrático (Micelli,
2003).
Nessa perspectiva, Mário de Andrade, instigador da cultura brasileira,
ensaísta, crítico musical e mentor dos principais compositores vinculados ao
nacionalismo, esteve vinculado a organismos de fomento e ampliação cultural.
Por ser paulista, boa parte de sua atividade esteve vinculada àquele estado, com
algumas incursões pelo Rio de Janeiro. Em 1935, ele foi eleito para a chefia do
departamento de cultura da cidade de São Paulo, empregando esforços para a
criação da Orquestra Sinfônica de São Paulo, do Quarteto Haydn (depois
Quarteto Municipal), Coral Paulistano e Coral Popular.
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De maneira semelhante, foi o responsável pela criação da Discoteca
Pública de São Paulo, um modelo de acervo discográfico a reunir materiais para
a pesquisa musicológica e apreciação. Mário de Andrade acreditava que todas
as instituições de ensino deveriam ter aparelho fonográfico e uma discoteca,
traduzidas em recursos didáticos ao professor de história da música, de estética
e mesmo ao professor de instrumentos, e de maneira semelhante defendia a
ideia de criação de um arquivo de discos público que se vinculasse às pesquisas
musicais (Moya, 2010, p. 43).
Em concordância com o trabalho de Mário de Andrade, Luiz Heitor Corrêa
de Azevedo (1905-1992), importante musicólogo da primeira metade do século
XX, estabeleceu o Centro de Estudos em Folclore na Escola Nacional de Música
(atual UFRJ). Em 1941, ele foi convidado a permanecer por seis meses nos
Estados Unidos como consultor da recém-formada divisão de Música da União
Pan-Americana, estabelecendo parceria com a Biblioteca do Congresso.
Recebeu todo o material e aparelhos de gravação e despesas de viagens, tendo
ficado responsável pela coleta de material musical oriundo de diferentes regiões
do país, em quatro viagens ao longo dos anos de 1942 e 1946 (estados de Goiás,
Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul) (Cavalcanti, 2011, p. 93-94). Além de
criador e editor da Revista Brasileira de Música, o primeiro periódico científico de
música do Brasil, entre 1934-1942, em 1947, aceitou o cargo de chefe da Seção
de Música da Unesco, em Paris, posto no qual ficou até 1965.
Heitor Villa-Lobos, o compositor anteriormente mencionado, encontrou no
Estado Novo o mecanismo ideal para a vinculação de suas principais ideias no
campo da produção e ensino musical. Engajado no projeto de construção de um
ideário musical nacional, o compositor via na educação uma ferramenta
importante para o desenvolvimento musical das futuras gerações. Entretanto,
aqui estamos também potencializando seu veio empreendedor, que visualizou
no governo de Getúlio Vargas possibilidades de ascensão e estabelecimento
definitivo enquanto compositor, alcançando um número ainda maior de ouvintes.
No início da década de 1930, Villa-Lobos elaborou um projeto com
intenção de estabelecer o ensino do canto nas instituições de ensino básico de
São Paulo, ampliando esse viés ao enviar correspondência a Vargas,
enfatizando a relevância da música na construção da cultura nacional. A partir
desse contato, seria convidado a chefiar o serviço de música e canto orfeônico.
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Sua relação vinculada ao serviço público foi sendo alterada conforme o próprio
governo de Vargas sofria alterações:
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TEMA 4 – OS COMPOSITORES NACIONALISTAS
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nacionais, folclóricos, cívicos, de interesse musicológico, que podemos destacar
na sua série dos 14 Choros (compostos entre 1920-1928) e das nove Bachianas
brasileiras (1930-1945).
Além de Villa-Lobos, outros compositores se associaram diretamente ao
nacionalismo enquanto corrente estética. Francisco Mignone (1897-1986), filho
de imigrantes italianos, desde cedo educado musicalmente sob influência da
tradição italiana, conseguiu transitar, em sua formação musical, entre a música
popular — utilizando o pseudônimo Chico Bororó em suas composições para
evitar o repúdio da classe artística elitizada — com a formação convencional de
música de concerto. Mignone recebeu bolsa de estudos para aperfeiçoamento
na Itália, permanecendo em Milão entre 1920 e 1929, período no qual sua
produção se relacionou mais à música daquele contexto, naturalmente.
Mário de Andrade seria o mentor que instigou Mignone à superação do
italianismo em prol do nacionalismo. Nesse contexto, nas trocas constantes com
seu interlocutor Mário de Andrade, passou a dar prioridade à produção
nacionalista, com características líricas herdadas do melodismo italiano e
adaptadas aos ritmos brasileiros, com a ambientação mais primitiva dos rituais
afro-brasileiros, que lhe forneceram todo o material de base para as obras
orquestrais do seu “ciclo negro”. A partir de então, sua produção ganhou matiz e
força nacionalista, direcionada à música sinfônica, de câmara e pianística, além
de algumas obras vocais (Barros, 201, p. 41).
Da obra representativa de Mignone, indica-se o “ciclo negro”, conjunto de
quatro bailados com temática associada aos ambientes afro-brasileiros, do
mundo contemporâneo dos rituais de umbanda ou candomblé ao mundo
Senzalas e da realidade nos tempos da escravidão. A ordem cronológica:
Maracatu do Chico Rei (1933), o Babaloxá (1936), o Batucajé (1936) e O leilão
(1941), a primeira e a última com temáticas da herança escravocrata, a segunda
e terceira da realidade da umbanda ou candomblé (Barros, 201, p. 41).
Outro compositor pupilo de Mário de Andrade foi o paulista Camargo
Guarnieri, a partir de 1928. Tanto Camargo Guarnieri quanto Francisco Mignone
seriam personagens chave no tocante ao engajamento do compositor na
disseminação do nacionalismo musical, sabendo-se que formaram outros
compositores, alargando a rede de compositores associados à estética e suas
concepções artísticas. De sua obra, destacamos a Dança Brasileira (1928),
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inicialmente para piano, depois orquestra, e seus 50 ponteios, ciclo de obras
para piano.
Diferentemente de Villa-Lobos ou Mignone, a obra de Camargo Guarnieri
estava mais voltada às estruturas tradicionalizadas da música de concerto, como
concertos, sinfonias, quartetos e aberturas. Entretanto, ao invés dos temas
folclóricos evidentes, presentes nas músicas dos dois compositores
mencionados, suas melodias eram menos evidentes, com uso de um
contraponto não tonal, elaborando efeitos de tensão permanente pelo caráter
não homofônico de suas obras. Queremos dizer com isso que sua obra era
menos relacionada com o mimetismo da música folclórica e sua rítmica
sincopada de fácil assimilação, e mais associada ao conjunto nacional que
dialogava com o universalismo das técnicas de composição (Egg, 2010, p. 140).
Enquanto em Villa-Lobos temos o compositor inventivo, de genialidade
bruta, resultante de uma abordagem composicional sem estruturação formal
bem definida, com inventividade do ponto de vista composicional e dos recursos
timbrísticos da orquestra, em Mignone temos o melodista, hábil compositor de
melodias, lírico, com acompanhamento bem delimitado e de bom gosto da linha
melódica principal, bem como domínio da paleta de cores da orquestra.
Guarnieri, por outro lado, era o compositor que tinha, para além do talento e
inspiração, a construção elaborada e o trabalho intelectual, que tinha na lógica
da estruturação musical canônica (clássica, tradicionalizada), o mot de seu
produto musical nacional (Egg, 2010, p. 141).
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5.1 Música Viva e a crítica ao nacionalismo
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as obras de Guerra Peixe com viés universalista, destacamos a Sinfonia n. 1
(1946) e o Noneto (1945).
Na perspectiva estética brasileira do período, temos, portanto, dois
movimentos que passaram a ser contrapostos pelo grupo de compositores: o
nacionalismo e a vanguarda. A produção de vanguarda em música, que passava
a ser potencializada a partir da década de 1940, foi questionada em debate
acirrado após a publicação da carta aberta do compositor Camargo Guarnieri em
1950, sob o pretexto da defesa da “cultura brasileira” e da música em particular.
O discurso de Guarnieri retomou questões sobre o “popular” e o “nacional” na
música brasileira, consoante às ideias defendidas por seus pares já citados nesta
aula, preocupado com os “perigos” da arte moderna como uma força capaz de
“destruir” o nacionalismo (Tacuchian, 2006, p. 12).
Com o enfraquecimento do Música Viva entre 1951 e 1952, os
compositores do movimento, cada um a seu modo, passaram a valorizar a
produção nacionalista. Importante ressaltar a oposição das propostas estéticas
desses compositores dissidentes não se configurava em conflito contra o
nacionalismo musical, mas um conflito dentro do nacionalismo musical, na busca
por outros formatos de “nacionalismo”, amparado em pesquisa científica do
folclore para a organização de estrutura técnica, no caso de Claudio Santoro, e
na incorporação dessa na nova música popular urbana em Guerra Peixe,
mediante uma lógica composicional coerente e com técnicas atualizadas (Faria,
1998, p. 17).
NA PRÁTICA
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dodecafônicas e atonais na compreensão do arcabouço composicional.
Ela parece semelhante ao exemplo anterior ou se opõe radicalmente ao
que foi apreciado anteriormente?
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
FARIA, A. M. Pelo mundo da Música Viva: 1939 a 1951. Revista Opus, Rio de
Janeiro, v. 5, n. 5, p. 3-18, ago. 1998.
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MOYA, F. N. A Discoteca Pública Municipal de São Paulo: um projeto
modernista para a música nacional. 143 f. Dissertação (Mestrado em História) –
Universidade Estadual Paulista, Assis, 2010.
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