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em 1956), nomeadamente atra-
vés dos seus programas de va-
riedades (Melodias de sempre,
1960-1969; Discorama, 1967)
e do *Festival RTP da Canção
(FRTPC) conferiram novo ên-
fase à música e canção «ligei-
ra», inicialmente em articula-
ção com a produção da rádio.
Nas décadas de 50 e 60, canto-
res ligados à EN e ao CPA, co-
mo Artur *Garcia, Simone de
*Oliveira, Madalena *Iglésias,
acompanhados por Nóbrega e
*Sousa, Fernando Carvalho ou
Tavares Belo, contaram-se entre
os principais protagonistas do
evento. Os programas de televi-
são, bem como o modelo dos
concursos, sobretudo aquele
estabelecido internacionalmen-
te com o Festival da Eurovi-
são, deram continuidade ao
modelo da canção considerada
«ligeira», interpretada por can- Irmãs Meireles acompanhadas pela Orquestra Ligeira da Emissora Na-
tores e orquestras e implemen- cional nas festas de Lisboa. Serviço Museológico e Documental da RTP.
tado pela rádio. A institucio-
nalização do termo levou à sua apropriação significação, articulados por diferentes actores
por compositores e intérpretes inscrevendo-se (políticos, músicos, etnógrafos, folcloristas e co-
em diversos géneros e estilos musicais. Desde lectores) no contexto social, cultural e político
a segunda metade da década de 60 e, sobretudo, português. Conotou práticas expressivas diver-
após 1974, a categoria «música ligeira» e os sas como a música de matriz rural, a canção ur-
seus intervenientes foram fortemente conotados bana (incluindo o *fado, sobretudo a partir da
com o Estado Novo e com as suas políticas cul- II Guerra Mundial) e a *canção de interven-
turais. O termo «música ligeira» foi largamente ção, e.o. O termo «música popular» assentou
substituído por «música popular». Porém, foi nas noções de «povo» e de «cultura popular»,
igualmente utilizado para designar canções de utilizadas no período romântico, na República,
conteúdo sentimental e romântico, canções con- no Estado Novo e no quadro da democracia.
corrrendo ao FRTPC e repertórios musicais ver- Deste modo, deve ser analisado tendo em con-
naculares que recebem também as designações ta o processo de construção da nação, em que
de «música popular» ou, desde a década de 90, a cultura expressiva desempenhou, historica-
de «música pimba». A categoria de «música li- mente, um papel central. O sentido do termo
geira» permaneceu igualmente em uso no âmbi- «música popular» varia histórica e culturalmen-
to da *Sociedade Portuguesa de Autores, sendo te, tendo diferentes acepções em diferentes lín-
utilizada para classificar obras que não são con- guas. O termo «popular music» na língua ingle-
sideradas como *música erudita. sa, cujo significado abrangente se encontra hoje
Bibliografia: Middleton, Richard (2001) «Popular internacionalmente difundido, é utilizado nos
music: Section 1» in Stanley Sadie (ed.), New Gro- discursos corrente e académico. Nas últimas
ve Dictionary of Music and Musicians. Londres: Mac-
Millan. três décadas do séc. XX demarcou um campo
PEDRO MOREIRA, RUI CIDRA E SALWA EL-SHAWAN de estudos interdisciplinar, inicialmente insti-
CASTELO-BRANCO tucionalizado em várias universidades na Grã-
-Bretanha, tendo-se expandido internacional-
MÚSICA MODERNA PORTUGUESA. VER Pop-rock; mente, como atestam a criação da International
Rock Rendez-Vous. Association for the Study of Popular Music,
que, como o periódico científico Popular Mu-
MÚSICA POPULAR. Termo central na conceptua- sic, foi fundada em 1981. A popular music
lização, no discurso e na prática da música em constituiu igualmente, desde a década de 70,
Portugal desde meados do séc. XIX, utilizado um objecto de estudo no domínio da *etnomu-
na linguagem corrente, política e académica. sicologia. Tal como a história do termo em
Ao longo do séc. XX adquiriu vários significa- Portugal pode revelar, o termo «popular mu-
dos, por vezes sobrepostos e em constante re- sic» resiste a uma definição unitária e rígida.
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meio rural e associada à autenticidade foi subs- (iii) A renovação conciliar. (iv) A fase de or-
tituído pelo termo «música tradicional». O ter- ganização. 4. Música religiosa erudita. 5.
mo «folclore» passou a ser exclusivamente uti- Música religiosa tradicional.
lizado para designar a representação folclórica 1. Conceitos. De acordo com o pluralismo se-
de práticas musicais e coreográficas locais e o mântico do termo religioso, a conotação reli-
campo social criado através destas práticas. giosa é aplicável por igual à *música erudita, à
A associação do termo «folclore» ao universo *música popular, à sacra e litúrgica e à *músi-
de representação e ao campo social referidos ca tradicional de qualquer religião e época.
foi potenciada pela expansão do movimento Em sentido lato, música religiosa é aquela que
folclórico no período democrático. No final do utiliza ou serve textos ou ritos próprios de um
século, «música tradicional» e «folclore» foram acto religioso, o que se aplica tanto ao cerimo-
apropriados enquanto expressões de identidades nial complexo da sagração de um templo cató-
locais e regionais, não sendo já mobilizados lico como à invocação de um poder sobrenatu-
para a construção da nação. Alguns estilos ur- ral qualquer. Neste campo cabe, pois, tanto a
banos anteriormente abarcados pelo termo música tradicional como a música erudita con-
«música popular» vieram a ser integrados no temporânea. Mais problemática é a definição
movimento folk europeu e no domínio da de música sacra e litúrgica. As diversas Igrejas
*world music, áreas de mercado que vieram a cristãs em Portugal, desde as tradicionais evan-
configurar fortemente a sua identidade. gélicas até às modernas seitas, praticam uma
Bibliografia: Branco, Jorge de Freitas; Oliveira, Luísa música assimilada de outras culturas e tradi-
Tiago (1993) Ao encontro do povo: I: A missão. Oeiras: ções: os seus hinos — quase sempre paráfrase
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logia. Lisboa: Difel; Castelo-Branco, Salwa El-Shawan de salmos — são, geralmente, traduções e *ar-
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povo: A folclorização em Portugal. Lisboa: Celta; Cas-
telo-Branco, Salwa El-Shawan; Toscano, Maria Manuela com a prática de formas e instrumentos popu-
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«A ciência do povo e as origens do estado cultural» in «música sacra» (n.os 37 e 46). Por música sa-
Salwa El-Shawan Castelo-Branco; Jorge de Freitas cra, o Concílio entende toda a música utilizá-
Branco (eds.), Vozes do povo: A folclorização em Portu- vel na liturgia. Ao fazê-lo, porém, está a con-
gal. Lisboa: Celta. sagrar tanto a música erudita antiga, caso do
SALWA EL-SHAWAN CASTELO-BRANCO E RUI CIDRA gregoriano e da polifonia, como a música reli-
giosa popular e tradicional (n.os 116, 118 e
MÚSICA RELIGIOSA. 1. Conceitos. 2. A música 119). O mesmo se pode deduzir da instrução
da Igreja Católica. (i) A acção de Pio X. (ii) Musicam sacram (1967): «Entende-se por mú-
O magistério de Pio XII. (iii) O Concílio Va- sica sacra aquela que, criada para o culto divi-
ticano II. 3. A música sacra em Portugal. (i) no, possui as qualidades de santidade e perfei-
A primeira metade do século XX. (ii) O mo- ção de forma. Com o nome de música sacra
vimento litúrgico em meados do século XX. designam-se aqui: o canto gregoriano, a poli-