Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo:
CURITIBA – by NIGHT
Fortes Sá Jr. comenta que “Em dezembro de 1950, o italiano foi para a Boate
Oásis, no Juvevê, já assinando Beppi e seus Solistas. Também tocou no Hotel
Mariluz, até então o único ambiente da noite curitibana que podia ser considerado
luxuoso, e ficou muito tempo na Caverna Curitibana”. A Caverna Curitibana foi um
Táxi Dancing, onde Beppi atuou por oito anos de 1956 a 1964, com inúmeras
formações, foi uma escola para muitos músicos. Os maiores músicos da cidade
passaram pela banda de Beppi: Gebran Sabbag, Fernando Montanari, Ari Lunardon,
Maciel Maluco, Ernesto Cordeiro, Guarani, Canhoto, Geraldo Rosário, Wilson
Branco.
O pianista Gebran Sabbag, um dos músicos pioneiros do estilo na capital
paranaense, com uma atuação musical intensa e significativa, entre os anos de 1950
e 1960 em requisitados bares, boates e casas noturnas, contribuiu grandemente
para a gênese da música instrumental paranaense. Consagrado como o principal
pianista de jazz da história da música em Curitiba, sua principal escola foi o rádio,
entre suas influências músicais estão os pianistas de jazz, Nat King Cole, Fats
Waller, Earl Hines, Erroll Garner, George Shearing e Art Tatum, em seu repertório
habitual estão os principais standards de jazz como, Laura, All of Me, All the things
you are, I Love You e Summertime.
Figura 8 Gebran Sabbag - Clube Sírio Libanês -Curitiba – PR- 1955.
Fonte: Acervo particular de Gebran Sabbag
Em sua trajetória musical Gebran tocou com a maioria dos músicos da época,
os primeiros foram o maestro Waltel Branco, Darío Gaúcho e o acordeonista
Efígênio Goulart. De acordo com o estudo do pesquisador Manuel Souza Neto
(2004, p.212), “Nessa época [Waltel Branco] tocava com vários músicos locais, entre
eles Janguito, Arlindo, Goulart, Gebran Sabbag, e ainda com os irmãos Valdo,
Wilson e Ivo Branco”, Gebran lembra, “o Waltel me viu tocando e foi lá em casa falar
com meu pai para que eu integrasse o grupo dele. (...) Isso lá por 1951 ou 1952”.
Gebran recorda em seu depoimento: “Foi em 1951, eu e o Waltel estávamos
tocando os arranjos do Nat King Cole no show do Clube do Boliche dos
Desesperados do Clube Curitibano”. Em 1955 Gebran Sabbag tocou com Marcos
Ritzmann no acordeom, Dorival no baixo, Waltel Branco na guitarra, Paulo Silva na
bateria, no Grêmio Itamaraty, do Clube Sírio Libanês, (GEBRAN SABBAG,
04/05/2007). Gebran participou de inúmeros eventos oficiais, como a Exposição
Internacional do Café comemorando o Centenário do Paraná, realizada em 1953,
Fortes Sá Jr. conta que “o maestro Ângelo Antonello fez uma banda de música
popular para tocar na boate oficial do evento, foi a primeira casa luxuosa da fase
áurea das boates curitibanas, e pediu a Waltel Branco para organizar um quinteto:
Guarani na bateria, Dorival no contrabaixo, Waltel na guitarra, Edwin Morgan no sax
e Gebran no piano, na época com 21 anos”. Para Fortes Sá Jr. este encontro “foi tão
emblemático para a vida política paranaense quanto para a noite que se
transformava em Curitiba. Gebran tocou ali durante quatro meses, de 19 de
dezembro de 1953 até abril de 1954, e diz com convicção: depois da boate oficial, a
vida noturna de Curitiba não foi mais a mesma. Ganhou luxo, elegância, movimento.
E música, muita música”. (FORTES SÁ Jr., 2006, p.63).
É claro que toda esta efervescência musical foi apoiada por algumas pessoas
que se interessavam por este universo, empresários, jazzófilos, jornalistas,
conviviam neste período, constituindo o grupo que fomentou este estilo na capital
paranaense. Podemos citar o nome do jornalista, escritor e crítico Roberto Muggiati,
que aos 16 anos iniciou os primeiros apontamentos jornalísticos na Gazeta do Povo
e entre 1954 e 1960 escreveu em vários jornais curitibanos. Em 1960 foi estudar
jornalismo em Paris e depois mais três anos trabalhando na BBC de Londres, em
1965 retorna ao Brasil como repórter e editor na revista Manchete, também é
tradutor de livros e autor de Mao e a China, O Que É Jazz, História do Rock, Blues
da Lama a Fama, New Jazz de Volta para o Futuro e Improvisando Soluções - O
jazz como estratégia para o sucesso; conviveu com artistas, músicos e ainda
recepcionou músicos estrangeiros de passagem pela cidade, como lembra Muggiati:
Um dos encontros mais insólitos na redação era o de Dalton Trevisan com o músico
Raulzinho (...). Da Pavuna, Raulzinho saltou de pára-quedas na Base Aérea do
Bacacheri com o seu trombone de válvula. Ele tocava na banda da Aeronáutica e, de
farda azul, percorria com a turma da "Gazeta" as loucas noites de Curitiba, ainda
mais delirantes depois que chegou à cidade o trombonista Maciel. Naquelas ruas
vazias, fui o ouvinte privilegiado de duetos entre Raul e Maciel que lembravam o
melhor som de J.J. Johnson e Kai Winding. (MUGGIATI, 1992, p.3).
MODERNIDADE- UM SOPRO NO AR
BERENDT, Joachin. O Jazz - do Rag ao Rock. São Paulo: ed. Perspectiva, 1975.
ALBIN, Cravo. - Clube de Jazz e Bossa. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Cravo Albin, 2004.
HOBSBAWM, Eric. História Social do Jazz. Rio de Janeiro: ed. Paz e Terra, 1990.
IKEDA, Alberto. Apontamentos históricos sobre o jazz no Brasil: primeiros momentos. São
Paulo: Comunicações e Artes vol. 13 1984.
JÚNIOR, Jamur. Sintonia Fina - Histórias do Rádio. Curitiba: Imprensa Oficial, 2004.
LEÃO, Geraldo. Escolhas abstratas, arte e política no Paraná – 1950-1962. Capítulo III A
Ruptura dos anos 60 Curitiba, 2002. Dissertação (Mestrado em História) – UFPR.
MARINS, Paulo Roberto. Noite Quente. Curitiba: Ed. Leite Quente. n.10 outubro, 1992.
MELLO, Zuza Homem de. Música nas veias: memórias e ensaios. São Paulo: Ed. 34, 2007.
_______, Roberto. New Jazz: De Volta para o Futuro. Rio de Janeiro: ed. 34. 1999.
______, Marcos. História e Música, História Cultural da Música Popular. Belo Horizonte:
Autentica, 2002.
RIBAS, Renato Muniz - Ecos da Noite, crônicas e notas de 1957 a 1959. Curitiba, Fundação
Cultural, 1982.
REVISTA Referencia em Planejamento Artes no Paraná. II. vol 3, nº13 Curitiba, SEP, 1980.
SÁ JR, Adherbal Fortes de. Vestido branco: a aventura musical. Curitiba Edição do Autor,
2006.
SCARABELOT, André Luis. Música brasileira e jazz – O outro lado da história. Entrevistas
com músicos jazzistas. 2002.