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UMA BREVE HISTÓRIA História e Criação da Canção

DO JAZZ
TRADIÇÃO INVENTADA – ERIC
HOBSBAWN
Eric Hobsbawm menciona a “tradição inventada”, mostrando que estas são reações a
situações novas que, ou assumem a forma de referência a situações anteriores, ou
estabelecem seu próprio passado através da repetição. 

Inventar tradições significa criar rituais e regras que busquem traçar uma
continuidade com o passado, criando uma memória que funciona como um estoque
de lembranças. Nem tudo que a “tradição inventada” abarca é realmente passado;
várias de suas manifestações são recentes, mas surgem para as pessoas como algo
há muito existente.
ORIGENS DO JAZZ
•Gênero musical originado entre comunidades afro-americanas, especialmente, em
Nova Orleans na virada do Século XIX para o Século XX. Trata-se de mais um estilo
de música decorrente da fusão da tradição europeia e africana em convívio nas
antigas colônias (independência dos EUA – 1776).
•A partir da década de 1920, o gênero se tornou reconhecido como um estilo musical
relevante. O período, inclusive, ficou conhecido como “Jazz Age” (acompanhando o
período de prosperidade social e econômica denominado de “Roaring Twenties”).
•A “Jazz Age” se encerra com a “Grande Depressão”, uma crise econômica mundial
que assolou o mundo durante a década de 1930. Sua origem ocorreu nos próprios
Estados Unidos a partir da quebra da bolsa de valores no ano de 1929.
ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
E O JAZZ
Relação direta com a abolição da escravatura nos EUA (1863).

Para fins de comparação, o Brasil aboliu a escravatura apenas em 1888.


NOVA ORLEANS:
A ORIGEM DO
JAZZ
•O Jazz se expandiu e deixou de ser “música negra” a
partir de modificações que o tornaram socialmente

JAZZ AGE
aceitável para a classe média branca norte-americana.
•Performers brancos foram utilizados para popularizar
a música na américa, marcada severamente pela
segregação.
•As bandas de jazz de Nova Orleans deste período
consistiam em três vozes (corneta, clarinete e
trombone) junto da seção rítmica (bateria, baixo e
piano).
•Entre os anos de 1917 e 1923, com o crescimento do
JAZZ AGE racismo e violência contra a população
afrodescendente, muitos músicos de jazz migraram
para outras cidades, ajudando na disseminação.
•A partir deste panorama, capitais como Nova Iorque
e, especialmente, Chicago passaram a consumir
amplamente o estilo.
CURIOSIDADE: ROARING
TWENTIES
Os Loucos Anos 20
A RECEPÇÃO DO JAZZ PELO
ESTABLISHMENT
•De 1920 a 1933 vigorou a lei seca, que baniu a venda de álcool nos Estados Unidos.
Os estabelecimentos ilegais de comercialização da bebida costumavam ser animados
pelo gênero. Assim, o jazz começou a obter uma reputação como sendo imoral e as
gerações mais antigas o viram como uma ameaça aos velhos valores culturais e
marca da decadência.
•Professor Henry van Dyke, da Universidade de Princeton escreveu: “Isto não é
música. É uma mera irritação dos nervos da audição, um estímulo sensorial das
paixões físicas.”
•A imprensa se posicionou e o New York Times, na época, divulgou (falsamente), o
jazz era utilizado para espantar ursos na Sibéria e um famoso regente havia sofrido
uma morte súbita causada por ouvir jazz.
PRIMEIRO JAZZ GRAVADO
Original Dixieland Jass Band - Livery Stable Blues
•Chicago oferecia grandes oportunidades para os
músicos. A cidade era dominada por gangsteres com
O JAZZ seus cabarés e casas noturnas.
•Ainda chamado do “Jazz de Nova Orleans”, esta
DE música era muito mais uniforme, mais controlada e
menos “primitiva” do que era encontrado em
CHICAGO Louisiana.
•Jazz se tornou “educado” e direcionado às plateias
brancas de classe média.
KING OLIVER’S CREOLE JAZZ
BAND
1923 session
•Em princípio o jazz de Nova Iorque era inspirado
pelo ragtime, que era popular por lá nos anos 1900.
Depois de se apresentar na Broadway, a Original
O JAZZ Dixieland Jazz Band, músicos passaram a imitar o
“som de Nova Orleans”.
DE •A década de 1920 se provou a era de ouro do jazz em
NOVA Nova Iorque, com apelo aos mais variados extratos da
sociedade.
IORQUE •Diretores de orquestra como Fletcher Henderson e
Duke Ellington combinaram música dançante suave
com improvisação, criando um estilo polido, porém
popular.
DUKE ELLINGTON
I'm gonna hang around my sugar (1925)
•Havia alta demanda para o jazz (e músicos de jazz)
em Kansas na década de 1920 - tanto nos clubes de
jazz para brancos como para negros.

O JAZZ
•Uma das mais significantes contribuições dos
músicos de jazz do Kansas foi a seu direcionamento

DE às Big Bands que tomariam a década de 1930.


•O saxofone era o instrumento individual mais
KANSAS importante na cidade durante s 1920. Kansas era
conhecida como “a morada do sax” (“the home of the
sax”).
•O uso de “riffs” também era uma das características
mais marcantes no jazz produzido nesta cidade.
BENNY MOTEN’S KANSAS
CITY ORCHESTRA
Moten's Swing (1933)
AS ORIGENS DAS “BIG
BANDS”
A Era das Big Bands (1935-1945) vem do ápice de três décadas de desenvolvimento
da linguagem jazzística.
O jazz que daria origem à música das Big Bands teria seu começo em 1898 ao final
da guerra Hispano-Americana . As bandas militares voltaram aos portos e os Estados
Unidos foram inundados por instrumentos usados. Com a abolição da escravatura
(1863), negros recém libertos buscavam maneiras de se integrar socialmente e a
música era uma destas formas.
ANOS 1920
Em 1920 o jazz passou a migrar para o formato de big band, combinando elementos
do ragtime, negro spiritual, blues e música europeia. Duke Ellington, Bem Pollack,
Don Redman e Fletcher Henderson conduziram algumas das mais populares bandas
desta primeira geração.

Estes grupos serviriam para base de formação de alguns dos futuros grandes
bandleaders do gênero, como Coleman Hawkins, Benny Goodman, Glenn Miller,
Red Allen, Roy Eldridge, Benny Cartes e John Kirby, por exemplo.
SURGIMENTO DO
ARRANJADOR
As orquestras de jazz logo sentiram a necessidade de contar com os serviços de um
arranjador. Logo este trabalho se tornaria uma das funções mais importantes para o
formato das Big Bands. Diferente dos grupos pequenos, que permitiam aos músicos
maior liberdade de improviso e dava pouca relevância à elementos de organização, a
estruturação se tornou necessária na medida em que grupos maiores de
instrumentistas passaram a ser utilizados na execução do repertório.
O “JAZZ VOCAL”
Enquanto os instrumentistas improvisadores sempre ocuparam a vanguarda desta
música, cantores com uma abordagem mais interpretativa para o material também
encontraram lugar na comunidade do jazz. Assim, por mais amplo que a definição de
“vocal jazz” tenha se tornado, existem algumas características identificáveis que a
tornam uma forma de arte única. Entre estas qualidades podemos destacar a
habilidade do “swing”, a habilidade de interagir de forma criativa e musical com os
outros instrumentistas improvisadores e a habilidade de transformar repertórios
estabelecidos em algo distinto e pessoal.
GERSHWIN: PORGY AND BESS
https://www.youtube.com/watch?v=PXLqAmXPQIk&t=121s
SUMMERTIME – ELLA
FITZGERALD
https://www.youtube.com/watch?v=XivELBdxVRM
OS PROCEDIMENTOS
HARMÔNICOS DO JAZZ
Processos harmônicos derivados da tradição europeia “subvertidos” pelos povos
colonizados.
HERBIE HANCOCK, RON
CARTER, BILLY COBHAM
Walkin' – Ao Vivo em Lugano (1983)
SUN RA
Sun Ra - Ao Vivo em Berlim (1986)
AFINAL, O QUE É O JAZZ?
“Não existe uma definição precisa ou adequada de jazz, a não ser em termos muito
genéricos ou não musicais, que de nada ajuda quando o objetivo é reconhecer a
música escutada. Como vimos, jazz não é um gênero autocontido ou imutável. Não é
uma linha divisória, mas uma vasta zona fronteiriça que o separa da música popular
comum, em grande parte marcada pelo jazz e a ele misturada em vários níveis. Não
há limite fixo que o separa de tipos anteriores de música folclórica, das quais
emergiu. Até a última [grande] guerra, a linha divisória entre ele e a música erudita
ortodoxa era bem melhor definida. Mas até mesmo esse marco se tornou impreciso,
graças aos ataques sofridos de ambos os lados. Como também vimos, o jazz tem, em
seu curto tempo de existência, uma notável história de mudanças, e não há garantia
de que irá parar de se modificar.” Eric Hobsbawn – História Social do Jazz, p.41
O “JAZZ” NA ATUALIDADE:
BADBADNOTGOOD,
THUNDERCAT, HIATUS
KAIYOTE, BAD PLUS.
BadBadNotGood

Thundercat

Hiatus Kaiyote

Bad Plus
FONTES
Jazz (wikipedia) – disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Jazz
História Social do Jazz – Eric Hobsbawn
Jazz Moves Up River - University of Minnesota Duluth – disponível em: http://
www.d.umn.edu/cla/faculty/tbacig/studproj/is3099/jazzcult/20sjazz/upriver.html
Vocal Jazz: 1917 – 1950 – disponível em: https://
www.allaboutjazz.com/vocal-jazz-1917-1950-by-mathew-bahl.php
HISTÓRIA DO JAZZ
https://www.youtube.com/watch?v=fZZhieONyto&ab_channel=BlogNewHotsJazz

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