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História do Blues

Texto: Hamilton Coragem


http://www.caleidoscopio.art.br/cultural/musica/blues/historia-do-blues.html

O Blues foi uma das principais fontes de todos os gêneros musicais americanos: jazz,
soul, disco, rock'n roll, uma boa parte da música pop, da corrente folk urbana os anos 60
e mesmo, de modo significativo, da música country em todas as suas derivadas -
western swing, bluegrass, rockabilly...
As características essenciais do Blues - swing, poema de 12 compassos, alterações da
escala maior - são encontradas, de um modo ou de outro, em um número considerável
de artistas de gêneros e estilos tão diferentes como Ornette Coleman ou Frank Sinatra,
os Rolling Stones ou Doc Watson, e até na Europa do Leste e a Ásia! De Johnny
Holliday a Michel Jonasz, pouquíssimos artistas atuais de música popular seriam o que
são sem um empréstimo freqüente do Blues. Paradoxalmente, se a importância do Blues
na criação na elaboração de todas essas músicas do século XX é relativamente
reconhecida, muitas exegeses só deram ao Blues o valor de fonte, negando-lhe qualquer
evolução específica e qualquer vida autônoma. Entretanto, nos últimos anos, o Blues se
impôs na Europa - principalmente na França - como um gênero bem particular, com seu
público, que não cessa de crescer, seus grandes nomes, suas revistas especializadas.
Os concertos e turnês se multiplicam, várias obras dedicadas a esse gênero aparecem, e
catálogos de Blues são atualmente encontrados em todas as lojas de discos, engrossando
as opções até a exaustão, o que em absoluto não era o caso há apenas uma década. Mas,
se o apreciador de Blues reconhece instantaneamente "sua" música, raramente é capaz
de situar seus contornos e limites, e muito menos retratar sua história e sua evolução.
Com efeito, muitos conflitos vêm da ausência de uma análise em profundidade, avivada
até em data recente pela fragilidade da pesquisa etnomusicológica norte-americana
nesse campo. De fato, contrariamente ao jazz, cuja vocação universalista o fez sair
rapidamente de seu contexto etnocultural de origem, o Blues foi a primeira e principal
forma cultural especificamente negro-americana e, enquanto tal, foi - como o povo
negro que a criou e até meados dos anos 60 - objeto de desprezo ou de ignorância dos
americanos brancos - apesar de transtornar insidiosamente e seguramente, por sua
incomparável originalidade, seu vigor e sua riqueza, toda a música americana - antes de
estender-se ao Velho Continente. A história do Blues, sua evolução, suas sucessivas
mutações são inseparáveis da longa subida para a superfície do povo negro americano,
para quem, durante várias décadas, o Blues foi, mais que uma música, seu principal
meio de expressão, desempenhando igualmente, desde então, um papel sociológico e
psicológico absolutamente não-habitual na música moderna do mundo ocidental. Na
realidade, e é preciso insistir neste ponto, o Blues é uma etnomúsica mas em condições
sócio-históricas tais, que pôde ser explorada comercialmente antes de tornar-se objeto
de estudos científicos! É só, portanto, através de uma abordagem desse tipo
etnomusicológica, sociológica e histórica - que se pode compreender realmente o Blues
e dar-lhe seu lugar exato na civilização americana. Porque, nascido de uma longa
tradição oral e abalando então pesadamente as regras do solfejo e da harmonia, o Blues
desafiou durante muito tempo os hábitos da escrita musical. Todo estudo profundo
do Blues deve então apoiar-se em raras fontes escritas, na escuta atenta e comparativa
das gravações sonoras desde 1930 (data do primeiro disco de Blues e nas entrevistas
insubstituíveis dos mais antigos músicos vivos desse gênero musical, que
freqüentemente seguiram ou mesmo precederam a evolução acelerada de seu povo e de
sua música. Pois não esqueçamos que apenas um século separa o fim da Guerra de
Secessão e a emancipação dos escravos negros do reconhecimento internacional do
Blues!

Escravos nas fazendas de algodão

Robert Johnson

Big Bill Broonzy

John Lee Hooker


A História do Blues como surgiu esse estilo musical

    Fonte: Portal Cultural Caleidoscópio (Texto: Hamilton Coragem)

Mas o que é o blues?

“Blues”. Logo de cara, podemos definir esta palavra como “triste”, “tristeza” ou até
mesmo “melancolia”.

Uma definição completa e exata do Blues é muito difícil, eu diria que é até
impossível, pois se ele é um gênero musical, foi também muito mais do que isso
para o povo negro que o criou, povo este tão sofrido e que encheu o nosso mundo
de arte.
 Historicamente falando, o Blues surgiu quando os escravos das fazendas de
algodão que acompanhavam as margens do rio Mississipi no sul dos Estados
Unidos, por volta de 1870.
Criavam e cantavam melodias lentas e chorosas, que além de marcar o ritmo,
mostrava a expressão e o contorno de um povo desprezado, discriminado e sofrido.
É verdade também que a expressão “The Blues” não se popularizou antes da
Guerra Civil Americana.
Universalmente aceito, admirado e reconhecido em toda a parte como uma fonte
maior de influência da música popular contemporânea, ativando novas vocações
no mundo inteiro, o Blues deixou de ser verdadeiramente popular entre o povo
negro-americano que o criou.
 A História do Blues o começo representava intrinsecamente a expressão da cultura
musical de uma minoria, isto é, a população negra norte- americana.
Simples, sensual, irônico e poético o blues era realmente um reflexo positivo do digno
negro americano.
De fato, o Blues nasceu com o primeiro escravo negro da América. Da África os
negros trouxeram sua expressão vocal básica, os hollers, os gritos de entonação
estranha que cortavam o céu do Delta.

Blues em essência é a música dos negros levados da África para os Estados Unidos,
para trabalhar como escravos nas plantações de algodão no sul do país.
Objetivava amenizar o sofrimento destes trabalhadores e também lembrá-los de
sua origem.
No seu desenvolvimento, porém, sofreu influências não só africanas, mas também
das mais tradicionais baladas européias e marchas militares.
Como estilo musical, o Blues evoluiu a partir do século passado.
Surgiram pequenas variações estilísticas, algumas determinadas apenas por
diferenças geográficas.
Cada região região tinha o seu expoente do blues; alguns exemplos são o Delta
blues (o blues de raiz do delta do Mississipi acústico).
Blues de Chicago (a fusão entre o blues acústico do Delta e a introdução da
guitarra elétrica no blues) e o Texas Blues (um blues elétrico e rápido).
A depressão de 1929 ocasionou novas diversificações estilísticas no Blues.
Milhares de negros desempregados saíram do sul e migraram para o norte em
busca de trabalho, principalmente nos grandes centros industriais como Chicago e
Detroit.
Desenvolveu-se assim, uma diversificação entre o Blues do Delta do Mississipi, o
chamado Blues rural do sul e o Blues urbano do norte. Este último centralizado na
cidade de Chicago.

A História do Blues

Blues de Chicago cresceu em clubes fechados e bares, tornando-se mais estridente,


eletrificado, e dissonante que o tradicional Blues acústico do sul.

Com o som de Chicago teve início a utilização de guitarras, teclados, percussão e


baixo para acompanhar os cantores.
O estilo próprio de Chicago evoluiu ainda mais com a chegada no período pós-
guerra de vários cantores. Categorizar o Blues por personagens que fizeram e
fazem sua história é tarefa árdua para qualquer amante do gênero.
O ciclo dos deuses começa no Delta do Mississipi e desemboca em Chicago, Detroit,
em algum lugar do Texas e até mesmo no Brasil…
“As pessoas costumam me perguntar sobre A História do Blues onde ele surgiu, e tudo
o que posso dizer é que, quando eu era rapaz, sempre estávamos cantando nos campos.

Na verdade, não cantávamos, você sabe, gritávamos, mas inventamos as nossas


canções sobre coisas que estavam acontecendo conosco naquele momento e acho
que foi assim que começou o Blues.”
Son House, o poeta do Blues que cantava canções profanas e religiosas com a
mesma força, volúpia e intensidade! (1902-1988)

A História do Blues

O Blues foi uma das principais fontes de todos os gêneros musicais


americanos: jazz, soul, disco, rock’n roll, uma boa parte da música pop, da
corrente folk urbana os anos 60 e mesmo, de modo significativo, da música
country em todas as suas derivadas – western swing, bluegrass, rockabilly…

As características essenciais do Blues – swing, poema de 12 compassos, alterações


da escala maior – são encontradas, de um modo ou de outro, em um número
considerável de artistas de gêneros e estilos tão diferentes como Ornette
Coleman ou Frank Sinatra, os Rolling Stones ou Doc Watson, e até na Europa do
Leste e a Ásia! De Johnny Holliday a Michel Jonasz, pouquíssimos artistas atuais
de música popular seriam o que são sem um empréstimo freqüente do Blues.

 Paradoxalmente, se a importância do Blues na criação e na elaboração de todas


essas músicas do século XX é relativamente reconhecida, muitas exegeses só deram
ao Blues o valor de fonte, negando-lhe qualquer evolução específica e qualquer
vida autônoma.
Entretanto , nos últimos anos, o Blues se impôs na Europa – principalmente na
França – como um gênero bem particular, com seu público, que não cessa de
crescer, seus grandes nomes, suas revistas especializadas.

Os concertos e turnês se multiplicam, várias obras dedicadas a esse gênero


aparecem, e catálogos de Blues são atualmente encontrados em todas as lojas de
discos, engrossando as opções até a exaustão, o que em absoluto não era o caso há
apenas uma década.
Mas, se o apreciador de Blues reconhece instantaneamente “sua” música,
raramente é capaz de situar seus contornos e limites, e muito menos retratar sua
história e sua evolução.
 Com efeito, muitos conflitos vêm da ausência de uma análise em profundidade,
avivada até em data recente pela fragilidade da pesquisa etnomusicológica norte-
americana nesse campo.
De fato, contrariamente ao jazz, cuja vocação universalista o fez sair rapidamente
de seu contexto etnocultural de origem, o Blues foi a primeira e principal forma
cultural especificamente negro-americana e, enquanto tal, foi – como o povo negro
que a criou e até meados dos anos 60 – objeto de desprezo ou de ignorância dos
americanos brancos – apesar de transtornar insidiosamente e seguramente, por
sua incomparável originalidade, seu vigor e sua riqueza, toda a música americana
– antes de estender-se ao Velho Continente.
A história do Blues, sua evolução, suas sucessivas mutações são inseparáveis da
longa subida para a superfície do povo negro americano, para quem, durante
várias décadas, o Blues foi, mais que uma música.
Seu principal meio de expressão, desempenhando igualmente, desde então, um
papel sociológico e psicológico absolutamente não-habitual na música moderna do
mundo ocidental.
 Na realidade, e é preciso insistir neste ponto, o Blues é uma etnomúsica mas em
condições sócio-históricas tais, que pôde ser explorada comercialmente antes de
tornar-se objeto de estudos científicos!
É só, portanto, através de uma abordagem desse tipo etnomusicológica, sociológica
e histórica – que se pode compreender realmente o Blues e dar-lhe seu lugar exato
na civilização americana.
Porque, nascido de uma longa tradição oral e abalando então pesadamente as
regras do solfejo e da harmonia, o Blues desafiou durante muito tempo os hábitos
da escrita musical.
 Todo estudo profundo do Blues deve então apoiar-se em raras fontes escritas, na
escuta atenta e comparativa das gravações sonoras desde 1930 (data do primeiro
disco de Blues e nas entrevistas insubstituíveis dos mais antigos músicos vivos desse
gênero musical, que freqüentemente seguiram ou mesmo precederam a evolução
acelerada de seu povo e de sua música.
Pois não esqueçamos que apenas um século separa o fim da Guerra de Secessão e a
emancipação dos escravos negros do reconhecimento internacional do Blues! 

A História do Blues

Estilos 
O Blues é na verdade tradição e expressão pessoal.
A sua essência tem permanecido única desde o seu início, ou seja, características
bem simples, usualmente com três acordes dentro de uma estrutura básica, fácil de
tocar porém difícil de interpretar os seus sentimentos.

O Blues tornou-se mais amplo em relação a sua origem Africana (Spirituals e


Worksongs). No final do século dezanove o Blues começou a perder a sua identidade
africana e começou a se misturar com a música americana (Folk e Country Music).

Estas misturas se davam por regiões embora as gravações de Blues realizadas no


início do século vinte basicamente se resumiam a voz, guitarra e violão.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o Blues começou a se fragmentar subdividindo-se
em tradições acústicas, incursões pelo território do Jazz e logo em seguida através de
instrumentos elétricos. a partir deste ponto o Blues começou a realmente ramificar em
diversos estilos.

É evidente que muitos dos estilos citados abaixo se misturam em regiões,


instrumentos e vertentes o que não será raro ver que muitos artistas flertaram com
vários deles em diferentes épocas o que faz que o Blues fique ainda mais
maravilhoso!

Regiões

Várias são as regiões no Estado Americano onde histórias e mais histórias do Blues
podem ser contadas. Alguns exemplos são: Delta do Mississipi, Memphis, Chicago,
New Orleans, Kansas City,Texas, California, Baton Rouge, Saint Louis, Região de
Piedmont. 

A História do Blues

Biografia essenciais:

Fonte: Portal Cultural Caleidoscópio (Texto: Hamilton Coragem)


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