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INFLUÊNCIA DA CULTURA NORTE-AMERICANA ATRAVÉS DA MÚSICA

Brenda Lorena Costa Chaves, Geiser Ramos Muniz, Iasmim Fernandes Costa e Silva, Thiago Petrony
Pereira Gomes¹
Aglaciene Brandão²
RESUMO
Esse artigo tem como objetivo mostrar como a música estadunidense evoluiu ao longo
do tempo e atingiu o patamar que tem atualmente, e analisar o porquê dessa influência
ser tão impulsionada em várias partes do mundo globalizado. Discorrer-se-á pelos
genêros musicais que marcaram época na cultura norte-americana, como também
abordar-se-á o conceito de soft power e suas implicações no mundo globalizado.

Palavras-chaves: cultura dos povos. cultura americana. música norte-americana.


influência cultural. Soft power.

1. INTRODUÇÃO
A influência cultural dos Estados Unidos sobre outras culturas ao redor do mundo é
inegável e abrangente. A cultura popular americana, impulsionada pela indústria do
entretenimento e pela globalização, tem alcançado um alcance sem precedentes,
influenciando os estilos de vida, os valores e as preferências de pessoas de diferentes
países e culturas. Essa influência muitas vezes é percebida como uma forma de poder
suave, moldando perspectivas, comportamentos e aspirações em uma escala global.
Dentre itens culturais como o cinema, a moda, a tecnologia e até mesmo os hábitos
alimentares, a música se tornou um dos mais impactantes na cultura global. Originada a
partir de estilos como jazz, blues e soul, que têm suas raízes na história afro-americana,
a música dos Estados Unidos reflete a diversidade étnica do país.
Quando pensamos no que é música, podemos dizer que é uma forma de comunicação
que compartilha emoções e traz significados formadores de identidades, porém, mais do
que isso, é parte importante das indústrias culturais e sua apreciação está ligada a
práticas políticas, econômicas, culturais e sociais que envolvem músicos, produtores,
críticos e consumidores. (JANOTTI JUNIOR e PIRES, 2011; VLADI, 2011).
Consumindo música, nós nos conectamos a uma rede de compartilhamento de opiniões,
conhecimentos e comportamentos variados que muito possivelmente influenciará em
nossos costumes.
Esse artigo, enfim, tem como objetivo mostrar como a música estado-unidense evoluiu
ao longo do tempo e atingiu o patamar que tem atualmente, e analisar como essa
influência chega a outros países, com foco no Brasil, e como refletimos essa influência
na nossa cultura.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A música norte-americana deixa transparecer a diversidade étnica do país,


criando o eixo musical de grande parte dos ritmos e melodias encontradas por todo o

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mundo. Sua origem se deu a partir dos estilos musicais conhecidos como “jazz”,“blues”
e “soul” fortemente enraizados na história do povo afro-americano. Como resultado,
esses estilos musicais culminaram no início da música norte-americana.
O blues é um gênero musical que surgiu no final do século XIX, assim como o
gospel que logo seguiu a mesma base da maioria das músicas populares da atualidade,
ele é o segmento de outros estilos musicais como soul, gospel e country. O gospel e o
blues tiveram um papel fundamental na estruturação de outros estilos musicais. A
primeira música que se parecia com o blues era principalmente música vocal chamada-
e-resposta, sem harmonia ou acompanhamentos e sem uma estrutura musical formal. Os
escravos e seus descendentes desenvolveram o blues adaptando os gritos do campo,
tornando-as músicas solo ardentes.

Os songsters e os pregadores, ambos músicos, desenvolviam um papel social


importante na preservação e identificação da cultura dos negros sulistas. A integração
entre eles era total: o songster cantava nos cultos, e o pregador dançava nos vilarejos.
Geralmente, um bom músico tornava-se pregador. Era como uma ascensão social.
Assim, o gospel, tal como o spiritual, cantava no ritmo de um povo, sobre este povo e
para este povo. Popular e sacro não encontravam seus limites tão bem delineados,
porque ambos eram instrumentos de sobrevivência de uma cultura. A prova disso é que
o negro spiritual influenciou diretamente uma série de gêneros populares da música
americana como o blues, jazz, soul, rock and roll, pop, folk e country. (DOLGHIE,
2007: p. 201)

Um novo estilo musical, totalmente diferente dos estilos tradicionais, surge na


década de 50. Era uma mistura dos outros três estilos musicais existentes: blues,
country e jazz. O rock and roll, que foi muito apreciado especialmente nos anos 60 e
atingiu seu apogeu nos anos 90, surge então. O início do que se tornaria um dos estilos
musicais mais populares do país, foi difícil devido à falta de aceitação popular na época.

Os estilos que influenciaram o “rhythm and blues” e, consequentemente, o rock and


roll foram: o “blues” no qual as letras falavam de adversidade, conflitos e,
ocasionalmente, celebrações; o “gospel”, nos diálogos de chamado e resposta,
originários dos cantos africanos aos quais também inspirou gestos livres durante as
apresentações e o “jump band jazz”, estilo que emergiu no rastro do fim da era das
grandes bandas no final da Segunda Guerra Mundial. (ROCHEDO, 2013: p. 71)

O panorama da indústria musical norte-americana nessa época foi


significativamente diferente devido ao fato de que o surgimento do rock teve um grande
impacto cultural e econômico no país, desviando-se da imagem que antes era
preenchida pelo jazz e blues. As letras melancólicas e calmas sobre celebrações e
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adversidades, foram substituídas por composições ousadas e agressivas, além do desejo
por liberdade expressado por conta do cenário pós-guerra.
A juventude moldou as suas tendências culturais, nomeadamente a forma de vestir e a
música que escutavam, em torno de artistas como Elvis Presley, um artista de pele
branca norte-americano que adaptou temas musicais de artistas de descendência
africana e os popularizou ainda mais entre esta massa juvenil, ansiosa por novas
experiências e contrários ao conservadorismo dos pais e à opressão que sentiam por
parte de autoridades governamentais estabelecidas. (BRITO, 2018: p.1).

O rock deixou de ser apenas um gênero musical e passou a ser um movimento,


influenciando jovens de diversas nações, interessados em assumir uma postura
“rebelde” e livre. Durante esse período, a busca por roupas, instrumentos e ,para
estrangeiros, a própria língua inglesa para se assemelhar ao consagrado rei do rock Elvis
Presley era evidente. Outros grandes nomes do rock se popularizaram na década de 70 à
década de 90 como:Bon Jovi, Nirvana, Kiss,Red Hot Chilli Peppers, Guns n’ Roses e
Metallica. Após o auge do rock norte americano a invasão britânica tomou conta da
indústria musical com bandas como Beatles, The Rolling Stones e Led Zeppelin.
Na chegada dos anos 2000 o rock, country e blues dão lugar ao hip-hop e ao
pop americano. O Hip-Hop assim como o rock, não se tratava apenas de um estilo
musical, mas um movimento cultural. Iniciou-se nas periferias americanas na década de
70, mas só ficou conhecido pelo mundo a partir do final dos anos 90 e início dos anos
2000. Seus principais símbolos foram 2PAC, Ice-T, Snoop Dogg e Dr. Dre.
Um estilo musical de forte identidade para mulheres e homens negros no país
que tinham
sido esquecidos pela sociedade majoritariamente branca e continuavam a sofrer com as
marcas sociais da época de escravidão ou seja discriminação racial. Esse contexto abriu
portas para a criminalidade em bairros de periferia como Bronx. Para os moradores dali
a música, o hip-hop, era como uma válvula de escape da realidade. Usando do hip-hop
como uma forma de unir o povo negro, foram promovidas festas locais com o objetivo
de haver uma liberdade de expressão.

O cenário do Bronx nessa época revelava uma situação de calamidade pública, onde o
desemprego, o crime, a violência, as drogas predominavam. Em busca de alternativas
de vida, jovens artistas da comunidade começaram a promover festas comunitárias
estimulando diferentes expressões artísticas, por meio de batalhas, envolvendo a dança,
a rima, a performance em toca-discos e o grafite.(FIALHO, V. ; ARALDI, J. ; 2009:
p.77).

O pop americano dominou as paradas a partir do início dos anos 2000 e desde
então não saiu mais do topo. Conhecido por ser um mistura de todos os outros estilos
musicais já existentes da época e comumente apelidado de “música popular”.
Atualmente é o estilo musical de maior sucesso, os grandes nomes do pop são: Michael
Jackson, Prince, Cyndi Lauper, Madonna, Britney Spears e Cher. Na época presente
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podemos citar: Beyoncé, Lady Gaga, Katy Perry, Rihanna e Bruno Mars. Apesar de ter
surgido na década de 80 e estar nascendo em meio a grandes estilos musicais como o
rock e o hip-hop, o pop não ficou para trás e até os dias atuais é possível observar que
gera um domínio absoluto sobre outros gêneros musicais, sendo até mesmo usado como
ferramenta de difusão da cultura norte-americana.

Artistas dos anos 90, originários de países como a própria Suécia, citada pela revista
americana Billboard em 1995 como apenas o décimo sexto maior mercado musical do
mundo, alcançaram um nível global de sucesso cantando em inglês, como exemplo
pode-se citar a banda Roxette, que obteve êxito principalmente nas décadas de 80 e 90,
vendendo mais de 75 milhões de cópias de seus álbuns e músicas no mundo. Ace of
Base, outra banda pop sueca dos anos 90, também atingiu sucesso global com músicas
em inglês, vendendo cerca de 15 milhões de singles e 30 milhões de álbuns
mundialmente. (ROCHA, 2019: p.47).

Diante do sucesso do pop dos Estados Unidos, bandas e grupos de outros


países sentiram a necessidade de utilizar do Inglês para ter sucesso e a estratégia de fato
funcionou, isso é demonstrado pela tabela musical padrão dos Estados Unidos, a
Billboard, que classifica as vendas de discos dos artistas por meio de gráficos.
Conclui-se então que a música foi usada como instrumento de divulgação da
cultura norte-americana e da língua inglesa. No quadro abaixo é possível observar a
progressão da música americana nas paradas musicais e o desdobramento da cultura a
partir disso.

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Créditos: O Globo | Fonte: “The evolution of popular music: USA 1960-2010” (Queen Mary University
de Londres, Imperial College de Londres e site Last.fm, com base nas paradas da Billboard).

Outro fator não menos importante diz respeito ao desenvolvimento econômico


dos Estados Unidos, o boom após à Segunda Grande Guerra, o plano de ser a maior
potência global não passava apenas pelo cifrão do dinheiro, tampouco pela artilharia
pesada, mas sim com a universalização da cultura estadunidense.
A potência vai muito além do militar, do jurídico, do executivo e da
administração. Pelas hierarquias complicadas, que se recortam e que fazem com que o
poder supremo se espalhe e se dilua em uma infinidade de subpoderes, o econômico, a
cultura e os valores participam muito para a vontade que têm muitos homens de
dominar os outros. (Jean-Baptiste Duroselle, 1992).
Cabe salientar que através de um conteúdo cultural (música, cinema, etc.)
diluem-se ideologias, por exemplo, daí a importância e o esforço para dominar
culturalmente os quatro cantos do planeta, havendo assim o conceito de soft power:
o soft e cooptive power, definido como o poder “suave” e de cooptação, sustentase em
elementos de poder intangíveis e que não podem ser percebidos na prática. O poder
suave relaciona-se ao poder de convencimento e das idéias [...] (PECEQUILO Cit.,
2004, p. 59)

A música dos Estados Unidos, portanto, tão dominante e tão fácil de ser ouvida
nas rádios e nas plataformas digitais, enquadra-se então no conceito de soft power,
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derramando conceitos e ideias de um mundo glamourizado e perfeito, similar à ideia de
que a sociedade estadunidense é perfeita e acima da crítica.

3. METODOLOGIA

Esse artigo foi escrito através de pesquisas bibliográficas e sites relacionados à


popularização da cultura americana através da música no mundo.

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4. Resultados e discussões
De acordo com o supracitado, pouco pode se dizer sobre a não
intencionalidade por trás da ampla difusão da cultura norte-americana
através da música. Entende-se também que há várias formas de dominação,
não restringindo-se ao uso da força, a globalização ainda por cima acelera
essa dominação cultural, haja visto tamanha proporção das plataformas
como Spotify, Deezer, entre outras.
As coisas não são apenas como os olhos veem, e os ouvidos ouvem,
no caso em específico abordado no viés musical, sabe-se portanto o
implicíto, o que possibilita transcender e apronfundar a discussão sobre
ideologia, cultura, sociedade e poder.

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5. Conclusão
O pressuposto inicial e glamourizado da influência da cultura norte-
americana ma música foi exposto dentro das possibilidades que se propôs
este paper. Ao final, o que era apenas para ser algo de pouca profundidade
vislumbra-se como o retirar de cortinas dos olhos, afinal apontou-se que
cultura é uma forma de poder, e de incutir ideologias pouco questionadas e
debatidas amplamente.

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Referências

BRITO, Bruno Filipe Cristóvão de. O rock progressivo em Portugal: 1967-


1981. 2018. Dissertação de Mestrado.

DOLGHIE, Jacqueline Ziroldo et al. Por uma sociologia da produção e


reprodução musical do presbiterianismo brasileiro: a tendência gospel e
sua influência no culto. 2007.

DUROSELLE, J. B. Todo império perecerá. Brasília: Editora Universidade de


Brasília, 2000, p. 373

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FIALHO, Vania Malagutti; ARALDI, Juciane. Fazendo rap na escola. Música
na educação básica. Porto Alegre, v. 1, n. 1, outubro de 2009.

O GLOBO : https://infograficos.oglobo.globo.com/cultura/a-evolucao-da-
musica-na-parada-americana.html

PECEQUILO, Continuidade ou Mudança: a Política Externa dos Estados Unidos.


Tese de doutorado apresentada ao FFLCH, USP, São Paulo, 1999. Cit., 2004, p. 59

ROCHA SANTOS, Thiago. A música enquanto estratégia de soft power:


uma análise da influência do pop norte-americano na difusão da língua
inglesa nos anos 90. 2019.

ROCHEDO, Aline. 1. Um olhar sobre o livro, Rock and Roll: Uma História
Social. Cadernos do Tempo Presente, n. 13, 2013.

VLADI, N. (2011), “O negócio da música – como os gêneros musicais articulam


estratégias de comunicação para o consumo cultural”, in Janotti Jr, Jeder Silveira;
Lima, Tatiana Rodrigues; Pires, Victor de Almeida Nobre (orgs.), Dez anos a mil:
Mídia e Música Popular Massiva em Tempos de Internet. – Porto Alegre:
Simplíssimo, 2011.

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