Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Música Indígena
Padre Antonio Vieira
As pesquisas sobre música indígena no Brasil ainda tendem a caminhar para
um estágio mais avançado, possibilitando conhecermos um pouco mais da
participação e influência do homem indígena como agente influenciador nas
aldeias, seja em torno do estado de São Paulo ou nas missões encrustadas
nas fronteiras do Brasil. A dificuldade em reunir e conhecer essa
documentação que fale da música e a participação do músico indígena é algo
que ainda está por ser feito em torno da documentação histórica musical.
Outras influências
Saiba Mais
CASTAGNA, Paulo Augusto. Fontes bibliográficas para a pesquisa da prática
musical no Brasil nos séculos XVI e XVII. Dissertação (Mestrado) - Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1991 3v.
Referências
SOUZA, S. G., Tratado Descritivo do Brasil, Tip.João Ignácio da Silva, Rios.1879,
p.317.
Temática: Música pré-cabraliana e indígena
A música indígena brasileira é parte do vasto universo cultural dos vários povos
indígenas que habitaram e habita o Brasil. A música indígena tem recebido
alguma atenção do ocidental desde o início da colonização do território, com os
relatos De Jean de Léry sobre alguns cantos tupinambás, em 1558, e
de Antonio Ruiz de Motoya, cujo extenso léxico inclui um universo de
categorias musicais do guarani antigo. Estudos recentes têm-se multiplicado a
partir do trabalho de pesquisa de Villa-Lobos e Mário de Andrade no século XX,
e hoje a música indígena é objeto de estudo e interesse de pesquisadores de
todo o mundo.
Flauta doce
Flautas indígenas
]
Maracá (chocalho)
Instrumentos africanos
Berimbau
Agogô
Atabaques
Cuíca (ou Puíta)
Curiosidade: Os primeiros professores de música no Brasil foram os padres
Jesuítas, responsáveis pela catequese dos indígenas. No sul do Brasil, os
Jesuítas construíram as chamadas Missões, onde além de aculturar os índios
guaranis, ensinando a religião católica e a agricultura, ensinavam música vocal
e instrumental, criando orquestras inteiras só de guaranis. O mais famoso
padre jesuíta foi o padre Anchieta, criador de muitos "autos”, espécie de peças
de teatro didáticas, que tinham a função de ensinar a religião de uma forma
criativa e espetacular aos índios.
Referência
ANDRADE,Mário. Pequena História da Música. Belo Horizonte: Editora Itatiaia
Limitada, 1980.
Modinha:
Guitarra (Portuguesa), presente no método “Estudo de Guitarra” de Antônio da
Silva Leite, de 1796
https://www.youtube.com/watch?v=N7MSFuQ-Ymw
Bibliografia
OLIVEIRA, Olga M. F. A Modinha e o Lundu no Período Colonial. In: A Música no
Brasil Colonial (Coord: Rui V. Nery). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
p. 330-362
Temática: Modinha e Lundu 2
Lundu:
Chegandinho do Brasil
Algumas características do Lundu no século XVIII:
5. Sensualidade;
9. Uso da sincopa;
Exemplo de Lundu com acompanhamento de viola. Fonte: Modinhas Lunduns
e Cançonetas, editada por Manuel Morais
https://www.youtube.com/watch?v=amF2ruZMEzY
Bibliografia
OLIVEIRA, Olga M. F. A Modinha e o Lundu no Período Colonial. In: A Música
no Brasil Colonial (Coord: Rui V. Nery). Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2001. p. 330-362
Tendo como base o repertório conhecido paulista e mineiro, dos séculos XVIII
e XIX, o pesquisador Paulo Castagna chegou a conclusão que coexistiram
diversas modalidades de estilos “Antigo” e “Moderno”, não sendo possível ligar
um único estilo a determinados períodos históricos ou locais. O pesquisador
também elencou uma série de fatores que distinguem os estilos “Antigo” e
“Moderno” na música paulista e Mineira, como descrevemos parte abaixo:
4. Extensão reduzida das partes vocais (normalmente até uma oitava), com
excessão do baixo;
a) Textura homofônica
c) Textura contrapontística;
Temática: Música no Nordeste I
Bahia:
Pernambuco
Antônio da Silva Alcântara
Bibliografia
CASTAGNA, Paulo A. Música na América Portuguesa. In: História e Música no
Brasil (Orgs. José Geraldo Vinci de Moraes e Elias Thomé Saliba). São Paulo:
Alameda, 2010. p. 35-76
CORRÊA, Felipe Neri. Relação das festas que se fizeram em Pernambuco pela feliz
aclamação do mui alto, e poderoso Rei de Portugal D. José I. Lisboa: Oficina de
Manoel Soares, 1753.
O século dezoito foi caracterizado por uma música com forte influência italiana
em Portugal. Este processo de italianização se inicia com a ascensão de D.
João V ao trono português, no ano de 1707. Com o intuito de elevar a
qualidade musical de sua Capela Real, o monarca passa a contratar músicos
de alto nível especialmente vindos da Itália e, em pouco tempo, já em 1730
contava com vinte e seis cantores italianos em sua Capela.
Um dos músicos que participou deste processo foi o compositor italiano Domenico Scarlatti
(1685-1757), que em 1719 foi nomeado Mestre da Capela Real de Portugal. Em 1728, o
compositor dispunha de sete violinos, duas violas, dois violoncelos e um contrabaixo (todos
estrangeiros); trinta a quarenta cantores e um vice-mestre da capela e organista, o conhecido
português Carlos Seixas (1704 – 1742).
A presente aula tem a função de apresentar a relação entre os métodos de
ensino musical no século XVIII, em Portugal e Brasil, e a transmissão do estilo
musical. Prática comum, vinda por influência dos conservatórios italianos, os
métodos de música não somente serviam como material para ensinar um
determinado conteúdo técnico (como solfejo, acompanhamento ou
contraponto), mas também eram utilizados como ferramenta de inicialização
dos jovens estudantes a características do estilo musical do período.
https://www.youtube.com/watch?v=VRqIA-qpTHQ
Luís Álvares Pinto: Músico e Moderno Sistema, Lições XX, XIX, XXII, XXIII e
XXIV (link do youtube)
na Itália, mais precisamente em Roma, como, por exemplo, Antônio Teixeira,
Joaquim do Vale Mexelim, João Rodrigues Esteves e Francisco Antônio de
Almeida (BRITO: 1989, p. 109). João Rodrigues Esteves assume função de
mestre do Real Seminário em 1726, mesmo ano que retorna à Portugal de
seus estudos. (FERNANDES: 2013, p. 45).
Bibliografia:
TRILHA, Mário. Os solfejos para uso de suas Altezas Reais . In: Marcos Portugal:
Uma reavaliação. David Cranmer (coord.). Lisboa: Edições Colibri/ CESEM,
2012. p. 419 a 430
Vol III – Dos Solfejos, methodo para o ensino dos Discipulos (perdido)
“[...] para noticia, esta vos basta, se quizerdes seguir esta
doutrina; que eu se naõ a sigo, naõ he por naõ louvar della a
facilidade; mas por parecer-me a de Guido mais perfeyta, e em
seos proprios termos mais bem fundada.” (Melo de Jesus, vol. I, p.
255)
Bibliografia
FREITAS, Mariana P. A “Escola de Canto de Orgaõ” do Padre Caetano de Melo de
Jesus (Salvador da Baía, 1759-60): Uma súmula da tradição tratadística luso-brasileira
do Antigo Regime. In: Anais do XVI Congresso da ANPPOM. Brasília: ANPPOM,
2006.
O primeiro relato que se tem conhecimento sobre Álvares Pinto foi incluído no
Dicionário Biográfico de Músicos Portugueses, escrito por José Mazza e
impresso em Lisboa em 1794. Apesar do verbete conter somente um breve
parágrafo sobre o músico, é importante ressaltar que o texto é o único escrito
sobre a vida de Álvares Pinto do século dezoito:
“Arte de Solfejar./ Methodo mui breve, e facil, / pª se saber
solfejar em menos/ de hû mez; e saber-se cantar/ em
menos de seis./ Seg. os Gregos, e pr. Latinos./ Seu
do os
A respeito da ida de Luís Álvares Pinto para Lisboa, que segundo o musicólogo
Jaime DINIZ deve ter ocorrido por volta de 1740, apesar de não ser possível
5
É na Igreja de São Pedro dos Clérigos, em Recife, que teve sua construção
concluída no início de 1782 (DINIZ: 1969, p. 50), onde é possível verificar uma
maior atuação musical do compositor pernambucano. Francisco Pereira da
COSTA, nos Anais Pernambucanos, de 1954 e 1958, escreve que na referida
igreja, após sua inauguração, foi criado o cargo de Mestre de Capela, sendo
Álvares Pinto nomeado para o mesmo (apud DINIZ: 1969, p. 50). O musicólogo
Jaime Diniz acredita que a informação dada por Pereira da Costa pode não ser
precisa, considerando-se que não há documento que comprove a criação do
cargo de Mestre de Capela para a Igreja de São Pedro dos Clérigos no ano de
1782. O musicólogo aponta que antes e após a edificação da igreja, Álvares
Pinto trabalhou com a Irmandade de São Pedro dos Clérigos, como músico,
sendo que somente em 1787 um documento presente no “Livro de Termos” da
Irmandade, se refere ao compositor como “mestre de Capella”, informação
reforçada em 1788 onde ele é mencionado, no mesmo livro, como “professor
da capela”. Diante da documentação conhecida, DINIZ acredita que, caso o
cargo de Mestre de Capela tenha sido criado para a referida igreja, o mesmo
ocorreu tardiamente, provavelmente no ano de 1788, sendo ocupado
brevemente por Álvares Pinto, até seu falecimento em 1789. Até este
momento, acredita o musicólogo, Álvares Pinto trabalhou nas festividades da
Irmandade de São Pedro dos Clérigos à base de contrato (1969, p. 50-55).
O texto, escrito por Lopes Netto, menciona pela primeira vez o nome de um
possível mecenas de Álvares Pinto, sendo ele “Min.º de Estado Martinho de
Mello”. Esta notícia provavelmente se refere a Martinho de Melo e Castro
(1716-1795), que durante os reinados de D. João V e D. José I, ocupou
importantes funções na corte, sendo nomeado em 1739, por D. João V, como
Cônego da Sé Patriarcal. Em 1751, durante o reinado de D. José, Melo e
Castro inicia sua carreira diplomática, passando a representar Portugal na
Holanda e em 1754 foi transferido para a Corte de Londres, função que
manteve até 1770, quando foi nomeado Secretário de Estado da Marinha, e
Domínios Ultramarinos, cargo que desempenhou até sua morte em 1795
(VALADARES : 2010, p. 37-41). Lopes Netto indica que Álvares Pinto foi
8
____
1 MAZZA, José. Dicionário Biográfico de Músicos Portugueses. Lisboa:
Editorial Império, 1944/45
2 Propositalmente a citação foi mantida em seu português antigo, do século
XVIII, assim o aluno pode se familiarizar com a variedade de materiais
utilizados na musicologia histórica.
3 MELLO, José Joaquim de. Biographia de Luiz Alves Pinto. In: Diário de
Pernambuco. Pernambuco: 7 mar. 1854, p. 2-3.
4 PINTO, Luís Álvares. Arte de Solfejar. Biblioteca Nacional de Portugal,
Reservados. Recife: 1761. Manuscrito.
7 Apud PINTO, Luís Álvares. Muzico e Moderno Systema para Solfejar sem
confuzão. Recife: 1776. Palácio Grão-Pará, Petrópolis. Manuscrito.
“Te Deum”, escrito por Álvares Pinto, única obra que foi localizada dentre as
mencionadas por seus biógrafos (DINIZ: 1969, p. 68). Segundo Jaime Diniz,
Euclides FONSECA acrescenta uma crítica ao estilo musical de Álvares Pinto,
onde afirma que:
Te Deum
https://www.youtube.com/watch?v=znaNaRQYLAc
Além do “Te Deum”, a única obra musical, com autoria confirmada por Jaime
Diniz, é um “Salve Regina” para três vozes, dois violinos e baixo. DINIZ
descreve a obra como “simples, apesar de algumas incursões da técnica da
imitação e de possuir uma certa dose de sugestividade no revestimento
melódico do texto” (1969, p. 70).
“Florisbelo e Celauro, aliados de Clorinda, marcham contra
Troante, tirano da Grécia, com forças suas e de Albania, a
vingarem esta das correrias e devastações de Troante nas
fronteiras. [decide-se a batalha] pelo duelo singular de
Florisbello e Troante, no qual este é morto [...[. Tudo isto é só
narrado. De volta os príncipes em Albânia, namoram-se de
Clorinda, que procuram tornar sensível à sua ternura. [...]
Clorinda declara-se em favor de Florisbello, a quem assegura
fidelidade, mas depois cativam-na os modos e simpatia de
Celauro, e despede a Florisbello do reino. Sabe este a causa
da sua despedida, a tempo que já Celauro também sciente da
versatilidade de Clorinda, [...] a detesta. Clorinda se quer
tornar a Florisbello, mas este, presente Celauro, lhe exprobra
o vil procedimento. Celauro por princípios de cavalheirismo a
defende, do que resulta irem-se às armas [...]. (MELLO: 1854,
p. 2)
3
Figura 2. “Arte de Solfejar” de Luís Álvares Pinto, 1761: Frontispício
Para o aluno que quiser se aprofundar sobre os métodos de solfejo de Luís
Álvares Pinto, recomendo a leitura dos seguintes artigos:
ROHL, Alexandre. Os métodos de solfejo de Luís Álvares Pinto: uma análise
comparada da Arte de solfejar e Muzico e moderno systema para solfejar
https://www.academia.edu/8383024/Os_m%C3%A9todos_de_solfejo_de_Lu
%C3%ADs_%C3%81lvares_Pinto_uma_an
%C3%A1lise_comparada_da_Arte_de_solfejar_e_Muzico_e_moderno_system
a_para_solfejar
ROHL, Alexandre. O solfejo heptacórdico na obra teórica de Luís Álvares Pinto:
https://www.academia.edu/1906980/O_solfejo_heptac
%C3%B3rdico_na_obra_te%C3%B3rica_de_Lu%C3%ADs_
%C3%81lvares_Pinto
____
1 DINIZ, Jaime C. Músicos Pernambucanos do Passado. Recife: Universidade
Federal de Pernambuco, 1969. p.43 a 100.
2 PINTO, Luís Álvares. Muzico e Moderno Systema para Solfejar sem
confuzão. Recife: 1776. Palácio Grão-Pará, Petrópolis. Manuscrito.
3 MELLO, José Joaquim de. Biographia de Luiz Alves Pinto. In: Diário de
Pernambuco. Pernambuco: 7 mar. 1854, p. 2-3.
4 VALLADARES, Clarival do Prado. Nordeste Histórico e Monumental: Temas
nordestinos na música erudita contemporânea. Vol. 2. Brasil: Odebrecht, 1982.
p. 18 e 19
5 AGUIAR, E. [Carta.] Petrópolis, 12 dez. 1988, [para] Jaime Diniz, Recife. 16 f.
Carta contendo transcrições dos “Divertimentos Harmônicos” e quatro solfejos
de Luís Álvares Pinto. Instituto Ricardo Brennand, Recife, sem código.
Manuscrito.
6 Disponíveis em: <http://imslp.org/wiki/5_Divertimentos_harm%C3%B4nicos_
%28Pinto,_Lu%C3%ADs_%C3%81lvares%29> e
<http://imslp.org/wiki/Muzico_e_moderno_systema_para_solfejar_sem_confuz
%C3%A3o_%28Pinto,_Lu%C
Temática: A Escola Mineira no século XVIII
Durante o século XVIII acontece uma rica atividade musical, intensa em todas
as partes do país e dotada de estrutura institucional e educacional mais ou
menos estabilizada, formando um público apreciador em todas as classes
sociais.
Durante a segunda metade do século ocorre um grande florescimento musical
conhecido como Escola Mineira ou Barroco Mineiro aconteceu na Capitania
das Minas Gerais, especialmente na região de Vila Rica (atual Ouro Preto), de
Mariana e do Arraial do Tejuco (hoje, Diamantina), onde a extração de grandes
quantidades de ouro e diamantes destinados à metrópole portuguesa atraiu
uma população considerável que deu origem a uma próspera urbanização. A
vida musical, tanto pública como privada, religiosa ou secular, foi muito
privilegiada, registrando-se a importação de grandes órgãos para as igrejas
(incluindo um fabricado por Arp Schnitger, hoje na Catedral de Mariana) e de
partituras de Luigi Boccherini e Joseph Haydn pouco tempo após sua
publicação na Europa. No Tejuco existiriam dez regentes em atividade, o que
implicava em um corpo de músicos profissionais de pelo menos 120 pessoas;
em Ouro Preto teriam atuado cerca de 250 músicos, e mais de mil em toda a
Capitania de Minas Gerais, além de contar os diletantes, que deveriam compor
uma legião adicional, uma quantidade maior do que a que existia na metrópole
portuguesa na mesma época.
Procurou Dom João VI trazer consigo a vasta biblioteca musical dos Bragança -
uma das melhores da Europa na época - e a presença de músicos de Lisboa
foi inevitável, chegando os castrasti da Itália. Promoveu-se a reorganização da
Capela Real agora com cerca de cinquenta cantores e uma centena de
instrumentistas, e construi-se um suntuoso teatro, o chamado Real Teatro de
São João.
Na história da música brasileira o Pe. José Maurício surge como o músico mais
importante do período colonial. Indivíduo de grande cultura, tendo em vista a
condição vigente na época, e sendo descendente de negros escravos. Foi um
dos fundadores da Irmandade de Santa Cecília no Rio de Janeiro, professor de
muitos alunos, Pregador Régio e Mestre da Capela Real da Sé de onde
foi afastado posteriormente para ser Mestre da Capela na Real Fazenda de
Santa Cruz, onde compôs para a Orquestra de Negros por ordem de Dom João
VI.
Músico de singular importância para sua época, apesar de nunca ter saído do
Brasil, foi um grande precursor e fomentador do movimento musical em seu
tempo. Muito conhecido mesmo em vida, suas obras eram também noticiadas
na Europa.
Apesar de a maioria de sua obra ter sido religiosa, destinada à liturgia
católica, em especial nos anos em que foi responsável pela música da Sé do
Rio de Janeiro e da Capela Real, o compositor José Maurício Nunes Garcia é
autor de importantes obras profanas, tanto para canto quanto instrumentais.
1. Música Sinfônica
2. Música de Cena
3. Obras menores
4. Obras profanas perdidas
http://www.josemauricio.com.br/pdfs/cpm230_sinfonia_funebre.pdf
Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=2jrMbUrC2GE
Composta em 1803, a abertura “Zemira”, em uma fase mais madura da vida de
José Maurício Nunes Garcia, possui estrutura formal de um Allegro de Sonata,
com dois temas distintos, desenvolvimento e reexposição. Sobre esta obra há a
curiosidade que o
compositor e maestro Leopoldo Miguez diz que em partes musicais por ele
conhecidas e que utilizou para preparar a partitura (infelizmente estas partes
encontram-se perdidas) havia o seguinte título: “Ouverture ou Introdução que
expressa relâmpagos e trovoadas”
http://www.josemauricio.com.br/pdfs/cpm231_zemira.pdf
Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=DpqXhjozG1o
http://www.josemauricio.com.br/pdfs/cpm232_abertura_em_re.pdf
Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=G6ktBDBPB2Y
Três obras para cena são conhecidas: Ulissea (1809), O triunfo da América
(1809) e um pequeno coro para um Entremês. As partituras autógrafas das
duas primeiras encontram-se no Arquivo do Palácio dos Duques de Bragança,
em Vila Viçosa (Portugal). A primeira traz o título no manuscrito de “Ulissea
Drama Eroico posto em Muzica por Joze Mauricio Nunes Garcia em 1809 para o dia
24 de junho A overtura he a da Trovoada Levantado logo o panno ”. Possivelmente a
abertura que o título se refere é a “Zemira”, como indicado pela pesquisadora
Cleofe Person de Mattos, ou mesmo a “Sinfonia Tempestade”, perdida.
E os lusos lavradores
E vinde vencedores
https://www.youtube.com/watch?v=vWXQ6zgEldk
Youtube (Coro):
https://www.youtube.com/watch?v=-GHw2ZF3dHY
São conhecidas do compositor José Maurício Nunes Garcia, uma peça para
piano, um quarteto de cordas (se refere a um arranjo de trechos da Missa em
Si bemol de 1801) e 3 modinha (sendo que duas são de autoria duvidosa). A
peça para piano foi considerada pela pesquisadora Cleófe Person de Mattos
como sendo de Nunes Garcia pelas características próprias do estilo de escrita
do compositor, sendo que a única partitura segue em posse da família do
Visconde de Taunay, que segundo relatos, executava esta obra “de ouvido”. A
peça não chega a 50 compassos e segundo a pesquisadora é singela e
delicada.
http://www.josemauricio.com.br/pdfs/cpm235_peca_para_piano.pdf
Áudio:
http://www.josemauricio.com.br/mp3/cpm235_peca_para_piano.mp3
http://www.josemauricio.com.br/pdfs/cpm226_modinha.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=0XkSc_M5gcs
http://www.josemauricio.com.br/pdfs/cpm238_modinha.pdf
http://www.josemauricio.com.br/pdfs/cpm239_modinha.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=TFEPNa6ueAs
https://www.youtube.com/watch?v=TGKvA5gDI_I
https://www.youtube.com/watch?v=8fFgV395Aqo
Bibliografia básica:
A figura central nestes tempos difíceis foi Francisco Manuel da Silva, discípulo
do Padre José Maurício e seu sucessor como mestre na Capela. Sua obra
refletiu a transição do gosto musical do Classicismo para o Romantismo,
quando o interesse dos compositores nacionais recaiu principalmente sobre a
ópera.
Ao contrário do seu grande prof. Pe. José Mauricio Nunes Garcia que faleceu
pobre e desemparado praticamente, Francisco Manuel da Silva veio a falecer
com 70 anos de idade, cercado da admiração e respeito. Seu corpo encontra-
se sepultado no Cemitério de São Francisco de Paula, no Catumbi, na cidade
do Rio de Janeiro.
Parte para Milão após receber uma bolsa de estudos, sendo aluno de Lauro
Rossi e diploando-se em 1866. Em 1870 estreou no Teatro Scala de Milão sua
ópera mais conhecida, Il guarany (O guarani), com libreto de Antônio Scalvini e
baseada no romance homônimo de José de Alencar. Encenada depois nas
principais capitais europeias, essa ópera o consagrou e deu-lhe a reputação de
um dos maiores compositores líricos da época. O sucesso europeu de Il
guarany repetiu-se no Brasil, onde Carlos Gomes permaneceu por alguns
meses antes de retornar a Milão, com uma bolsa de D. Pedro II, para iniciar a
composição da Fosca, melodrama em quatro atos em que fez uso do leitmotiv,
técnica então inovadora, e que estreou em 1873 no Scala. Mal recebida pelo
público e pela crítica, essa viria a ser considerada mais tarde como a mais
importante de suas obras.
Depois de Salvatore Rosa (1874) e Maria Tudor (1879), Carlos Gomes voltou
ao Brasil e foi recebido triunfalmente, e a partir de 1882, passou a dividir seu
tempo entre o Brasil e a Europa.
Bibliografia
CASTAGNA, Paulo A. Música na América Portuguesa. In: História e Música no
Brasil (Orgs. José Geraldo Vinci de Moraes e Elias Thomé Saliba). São Paulo:
Alameda, 2010. p. 35-76
Além das obras compostas no Brasil, André da Silva Gomes trouxe consigo
cópias de peças de autores portugueses e italianos de Portugal, como parte de
seu acervo, como os portugueses José Joaquim dos Santos, João Cordeiro da
Silva, José Gomes Veloso e José Alves e os italianos Giovanni Biordi (Giorgi?)
e Giuseppe Porcari, todas preservadas no Arquivo da Cúria Metropolitana de
São Paulo. De autoria de André da Silva Gomes são conhecidas mais de 130
obras, todas vocais e religiosas, entre elas 16 Missas, 2 Paixões e 13
Ofertórios. Como nos aprofundaremos na próxima aula sobre o autor, o estilo
musical de sua obra é vinculado ao pré-classicismo, mas mantém
características tardias de um estilo barroco.
Frontispício autógrafo por André da Silva Gomes
https://www.youtube.com/watch?v=Op3-KQrVyjc
https://www.youtube.com/watch?v=Tc4mCVybW6Q
Bibliografia básica:
As duas fugas da Missa a 5 vozes são duplas, com dois sujeitos, ou temas. Na
tradição musical italiana e portuguesa do século XVIII, os dois temas de uma
fuga dupla são expostos simultaneamente, com uma pequena defasagem de
tempo na entrada de cada um deles, formando uma textura de dueto polifônico.
O segundo tema costuma ter uma melodia contrastante em relação ao primeiro
e costuma ser introduzido pouco após, podendo a diferença ser de um ou dois
compassos, ou mesmo uma fração de tempo. No caso de fugas com os textos
“Christe eleison” e “Cum Sancto Spiritu”, era comum fragmentar o texto entre os
dois temas, como veremos abaixo.
Ex. 1: André da Silva Gomes. Missa a 5 vozes (Christe eleison), exposição.
Bibliografia básica:
Até os dias de hoje, a principal biografia sobre Jesuíno do Monte Carmelo foi
escrita por Mário de Andrade, publicada em 1945 pelo SPHAN (Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Em Itu, Jesuíno passa a trabalhar com o artista José Patrício da Silva Manso.
Apesar de Mário de Andrade indicar que a relação de Manso e Jesuíno tenha
sido de Mestre e Aprendiz, respectivamente, novas pesquisas indicam que é
possível que Manso o tenha contrato como auxiliar na decoração da Matriz de
Itu. Esta hipótese se baseia no fato que José Patrício da Silva Manso foi
contratado para trabalhar a partir de 1787, momento em que Jesuíno já se
encontrava a alguns anos na cidade de Itu, inclusive com família constituída. O
contrato de Manso com a Matriz de Itu também indicava que seria de
responsabilidade do pintor qualquer incidente que pudesse acarretar o atraso
da obra, o que reforça a ideia que Manso tenha contratado Jesuíno como
auxiliar, considerando a dimensão das tarefas.
No início do século XIX, junto com o padre Diogo Antônio Feijó (1784-1843),
Jesuíno do Monte Carmelo funda a Congregação dos Padres do Patrocínio,
sendo responsável também pelo projeto e construção da Igreja de Nossa
Senhora do Patrocínio de Itu. A Igreja é inaugurada no dia 8 de novembro de
1820, um ano e pouco depois do falecimento do padre Jesuíno do Monte
Carmelo (falecimento: 1º de julho de 1819). Em 1820, o botânico francês,
Auguste de Saint Hilaire, diz que a Igreja do Patrocínio é a mais bonita, cuidada
e de bom gosto de Itu.
Uma grande parte das aulas desta disciplina são relacionadas à música
religiosa no Brasil Colonial, isto ocorre não somente pela importância dela, mas
também pelo fato de os principais arquivos de música do século XVIII serem
religiosos. Apesar de existirem relatos documentais sobre a música não
religiosa setecentista e anterior, infelizmente poucos exemplos de música
profana são conhecidos no repertório brasileiro deste período. Por esta razão é
importante conhecer e compreender a função dos atores presentes na música
religiosa. Para isto vamos utilizar como exemplo os “Estatutos do Cabido
Metropolitano do Rio de Janeiro” , de 1736, estatutos que descrevem a
1
1. Chantre ou Cantor: sendo uma das maiores hierarquias da igreja (abaixo
somente do bispo e do Deão, na Sé do Rio de Janeiro), entre outras
funções, organiza a estrutura musical da igreja, sendo necessariamente
um membro do clero. Segundo os “Estatutos” referidos:
____
1
Estatutos do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro. 1736. Disponível em:
<http://www.acmerj.com.br/CMRJ_CRI_SD_Cx100_UD01.htm>
2
Breviário Romano e Missal Romano, são dois dos principais livros litúrgicos da
Igreja Católica, que também inclui: Liber Usualis, Kirial, Gradual, Antifonário.
Teve aulas também com Theodor Lechetitzky, em cuja sala de aula conheceu a
pianista norueguesa Walborg Bang, com quem se casou em1893. Aluna de
Edvard Grieg, o mais importante compositor norueguês da época e
representante máximo do nacionalismo romântico. Após o casamento,
Nepomuceno e Walborg vão morar na casa de Grieg em Bergen. Esta amizade
foi fundamental para que Nepomuceno elaborasse um ideal nacionalista e,
sobretudo, se definisse por uma obra atenta à riqueza cultural brasileira.
Na breve introdução de seu artigo, VERMES, após uma resumida biografia de
Nepomuceno e apontando a pluralidade de atividades que o mesmo exercia e
a aparente queda de produtividade do compositor durante seus anos no Rio de
Janeiro, aponta uma série de questões pertinentes sobre quais eram as
possibilidades de sustento de um músico na capital carioca na virada dos
séculos XIX e XX. Após a introdução, a pesquisadora passa a listar os espaços
musicais da cidade e o repertório comum em cada um deles. No final a
professora mostra como Nepomuceno se relacionou com esta realidade.
1. Teatros e Repertórios:
3. Orquestras e Sociedades de Concerto
4. Músicos:
A autora mostra também que muitos músicos eruditos eram criticados quando
se envolviam profissionalmente com gêneros musicais/artísticos populares, o
que levou alguns deles a adotarem pseudônimos com o objetivo de evitarem
prejudicar suas carreiras, o próprio Nepomuceno escreveria uma Opereta com
o pseudônimo de João Valdez.
A principal escola de música era sem dúvidas o Instituto Nacional de Música,
que era uma instituição central para o exercício profissional da música, tanto
quanto um espaço para a construção de um projeto musical. Para um
músico/compositor, conseguir uma nomeação para o Instituto significava uma
tranquilidade para poder exercer suas atividades como compositor, como foi o
caso de Francisco Braga e Luciano Gallet.
Após tentar, em vão, apoio oficial para uma nova viagem de estudos
para a Europa, passa a depender do auxílio de amigos, como a família
Bernardelli.
Foi diretor do Instituto Nacional pela primeira vez entre julho de 1902 e
maio de 1903 e pela segunda vez entre outubro de 1906 a outubro de
1916.
1895 até 1906: Período produtivo como compositor.
Como diretor do Instituto Nacional, continua o trabalho de Leopoldo
Miguez no sentido de criar um ambiente musical profissional no Rio de
Janeiro. Possibilitando a criação de corpos estáveis temporadas
regulares com o objetivo de consolidar a atividade musical erudita na
capital carioca.
Bibliografia básica:
Na segunda metade do século XIX a elite brasileira adquire o gosto pelas Danças
de Salão Europeias. Estas danças e gêneros musicais logo fariam parte dos
principais eventos sociais e bailes das classes mais altas durante o reinado de D.
Pedro II e mobilizariam grande parte dos músicos e compositores, que mesmo
tendo sua prática voltada para a ópera e música religiosa, também participariam
desta nova forma de diversão dos centros urbanos brasileiros.
Na segunda metade do século XIX estas danças seriam aos poucos apropriadas
pelas camadas mais populares dos centros urbanos, e recebendo a influência dos
gêneros musicais de origem negra, como o batuque e lundu, logo tornariam base
para danças como o Maxixe e posteriormente o Samba.
Abaixo iremos fazer uma breve descrição das danças representadas no “Álbum
Piroresco Musical”, a partir de dicionários musicais do próprio século XIX.
1. Quadrilha:
Formada por cinco números de dança, que segundo Ernesto Vieira, eram
repetidos diversas vezes. O mesmo autor também escreve que cada número era
escrito em compasso binário, Allegretto e cada número é formado por 2 ou 3
períodos. As duas Quadrilhas do “Álbum Pitoresco” correspondem à descrição de
Ernesto Vieira, cada uma composta por 5 números em compasso binário, variando
entre 2/4 e 6/8.
2. Polca:
3.Valsa:
Segundo Ernesto Vieira, a Valsa Moderna, diferente das Valsas alemãs do século
XVIII, é “em andamento muito vivo” e “se dança freneticamente nos salões”, “com
os três tempos do compasso sempre acentuados por um acompanhamento tão
uniforme que se torna monótono”.
4. Redowa:
É descrita como Ernesto Vieira como uma dança ternária, em compasso 3/4, com
“estilo gracioso, movimento moderado como o da Mazurka com a qual tem
semelhança. Começou a aparecer nos teatros em 1848, sendo dançada pela
primeira vez em Lisboa no teatro S. Carlos em 1850. Não chegou porém a ser
moda nas salas como a Valsa e a Polca.”
Fig. 09 e 10 – Geraldo A. Horta. Redowa (em “Álbum Pitoresco Musical”).
5. Schottisch:
“Uma imitação simplificada desta dança foi, há cerca de cinquenta anos [final da
primeira metade do século XIX], admitida nos salões de Paris com o título de
Polka-Mazurka ou simplesmente Mazurka, vulgarizando-se depois em todos os
países onde as modas parisienses são adotadas.”
Fig. 13 e 14 – J. J. Goyanno. Mazurka (em “Álbum Pitoresco Musical”).
Bibliografia:
Foi pelos clubes carnavalescos que o Maxixe passa a ascender do Bairro Cidade
Nova às classes altas, como uma nova maneira de “Dançar o Lundu”. A nova
maneira de dançar é uma das mais importantes mudanças do maxixe, e também o
que causou uma parte do “horror que o Maxixe inspirou” (SANDRONI: 2001, p.
66). O Lundu era uma dança de origem negra, como já vimos, com os pares
separados, enquanto no Maxixe os pares dançavam entrelaçados. Esta maneira
de dançar veio por influência das danças de salão europeias, como a polca e a
valsa, mas no Maxixe elas foram imitadas com liberdade, incorporando elementos
coreográficos do Lundu. Assim, o Maxixe foi um gênero de dança de salão popular
carioca que surgiu a partir da apropriação “indevida” de danças ocidentais que
eram consideradas como signos de distinção das elites (SANDRONI: 2001, p. 66).
Desde o início era comum ver o gênero Maxixe receber diversos nomes, como:
polca-brasileira, polca-lundu e mesmo de tango-brasileiro (caso de muitos dos
tangos-brasileiros de Ernesto Nazareth), associando a demais danças de salão.
Fig. 07 – Tresillo
Fig. 10 e 11 – LEITE, Virgínio A. Pereira. Vesgo não namora (Polca).
Fig. 12 e 13 – NAZARETH, Ernesto. Dengoso (Maxixe)
O choro começa não como um gênero musical, mas como uma forma de tocar
e de participar. A época de esplendor dos conjuntos de música de choro
vindos do século XIX se estendeu até ao período em que a atração das
revistas de teatro, em primeiro lugar, e o disco e o rádio, depois, vieram já no
século XX oferecer à gente da moderna classe média das cidades novas e
mais variadas formas de diversão. No plano estético, pode-se identificar um
processo de adaptação da polca europeia, mais marcial e metricamente
comportada, para uma polca mais relaxada e sincopada. Importante ver que
esta síncopa não é simplesmente uma excessão no modelo europeu, mas uma
adaptação das heranças africanas de ciclos rítmicos de tamanhos diferentes,
gerados pela sobreposição de tempos ímpares e pares. É na confluência de
elementos de culturas diferentes que o choro, como modo de tocar, foi
desenvolvido, tendo por modelo principal a música europeia.
REFERÊNCIAS
MORAES, José Geraldo Vince de. (org). História e Música no Brasil. São
Paulo: Alameda, 2010.
Por outro lado, a vida noturna da cidade passa a requerer uma vivência musical
mais diversificada. O rápido crescimento dos grandes centros europeus desde
1830, como Londres e Paris, havia levado à criação espontânea de locais
públicos de diversão para a massa urbana. Em tavernas de Londres ou cafés
de Paris, um comércio de músicos e cantores começa a surgir. Destas
atividades surgem os chamados cafés-concerto, cafés-catantes, e se unem a
casas de chope, circos e teatros de revista. No Brasil, o café-cantante e a
cançoneta surgiram em 1859, com o Alcazar Lyrique. Há relatos de grandes
escritores como Machado de Assis e Joaquim Manoel de Macedo a respeito.