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Guilherme Theodoro Pereira de Mello

A música no Brasil desde os tempos coloniais até o


primeiro decênio da República

Fernando Tavares
Guilherme Theodoro Pereira de
Mello

Guilherme Theodoro Pereira de Mello nasceu em Salvador/BA, em 26 de junho de
1867.

A musica no Brasil: desde os tempos coloniaes até o primeiro decenio da Republica
(MELLO, 1908) é considerado o primeiro livro do gênero entre os pesquisadores da
musicologia brasileira. Foi publicado no ano de 1908, na cidade de Salvador, Bahia.
Desde então, vem servindo como referência para obras afins, sendo citado pela
maioria dos autores que se ocuparam do tema. Além da 1ª edição, sabe-se da
existência de outras duas, uma de 1922 e outra póstuma, de 1947. Na 2ª edição
(MELLO, 1922), o texto está inserido como capítulo do Diccionario historico,
geographico e ethnographico do Brasil, obra comemorativa do centenário da
Independência do Brasil, publicada no Rio de Janeiro pela Imprensa Nacional sob
responsabilidade do filólogo Ramiz Galvão. A 3ª edição (MELLO, 1947), também
publicada pela Imprensa Nacional no Rio de Janeiro, foi prefaciada pelo
musicólogo Luiz Heitor Corrêa de Azevedo (BENETTI, 2017, p. 261)
Estrutura do livro

Além de uma introdução nomeada como "Preliminar", o
livro tem uma divisão baseada nas influências recebidas em
determinados períodos, sendo:

 Período de formação: Indígena e Jesuítica


 Período de caracterização: Portuguesa, Africana e Espanhola
 Período de desenvolvimento: Bragança
 Período de degradação: Pseudo-maestros Italianos
 Período de nativismo: Republicana
O Texto

O livro alterna momentos de descrições de como acontecia a música, o ensino musical, a produção
artística em alguns pontos do país, principalmente no Rio de Janeiro, então capital do país, na Bahia e
bem pouco em Minas Gerais, Nordeste e outros locais.

No decorrer do texto, existem diversas catalogações de artistas, de canções, entremeadas com texto
que envolvem críticas a música produzida no Brasil. Além de descrições dos principais conservatórios

Um ponto interessante é a crítica severa aos sistemas educacionais de música nos períodos relatados,
assim como em relação a algumas músicas produzidas no país em contradição à exagerada crítica
positiva dirigida aos músicos. Em diversos momentos há uma contradição entre o fato da música por
aqui não ter uma qualidade aceitável e a “grande habilidade” dos músicos.

O livro é uma exposição de ideias do autor com críticas muito pessoais, com o foco do debate
mudando a todo o momento.

Guilherme de Mello, homem daquele tempo, construiu um discurso baseado em teorias e ideologias
ainda vigentes e aceitáveis no contexto brasileiro do início do século XX. Sua visão determinista em
relação às etnias, à condição econômica, à situação geográfica e à genialidade inata de alguns seres
humanos não embasava apenas o seu discurso, mas o discurso de uma época. Se hoje tais argumentos
já não fazem mais sentido, na época faziam. (BENETTI, 2016, p. 935)
Preliminar (contexto ideológico)

Para tanto, serão expostas as ideologias e teorias identificadas direta ou indiretamente
na obra de Mello, concentradas em dois vetores principais: de um lado a influência da
filosofia idealista alemã na concepção estética da época e, de outro, as doutrinas
deterministas e a ideia de construção de uma identidade nacional. (BENETTI, 2017, p.
265)
 O primeiro vetor necessário para o entendimento do livro de Mello consiste no idealismo,
principalmente via Schopenhauer, presente na concepção ideológica do autor e explicitado em
paráfrase no primeiro capítulo: “A música nos faz penetrar até o fundo oculto do sentimento
expresso pelas palavras ou da ação representada pela ópera; revela a natureza própria e
verdadeira; nos descobre mesmo a alma dos acontecimentos e dos fatos” (SCHOPENHAUER
apud MELLO, 1908, p. 13) (BENETTI, 2017, p. 265)
 O próximo vetor consiste no positivismo, doutrina fundada por Auguste Comte (1798-1857) que
parte do princípio de que “[...] cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos
conhecimentos, passa sucessivamente por três estados históricos diferentes: estado teológico ou
fictício, estado metafísico ou abstrato, estado científico ou positivo” (COMTE, 1978, p. 3).
(BENETTI, 2017, p. 267)
Preliminar

Neste capítulo está descrito quais são os elementos que constroem
a música brasileira, sendo importante atentar a duas ideias.
 O autor descreve que para se achar a pedra fundamental da arte em um
país, basta consultar as suas lendas e a influência dos povos que
contribuíram para a constituição de sua nacionalidade.
 O estudo deste sentimento (da música) é, pois, filiado ao da raça dos
povos de quem é inseparável.

São apresentados os principais estilos da música popular
brasileira, a modinha, o lundu e a tyranna, vendo que eles se
constituíram da fusão do elemento indígena com o português, o
africano e o espanhol.
Capítulo 1 - Influência indígena

Os indígenas possuíam músicas de danças, de guerra, além de ritos religiosos,
etc. Atestam-se também a facilidade destes para aprender os cantos mostrados
pelos missionários.

Na introdução do capítulo, é descrito o fato da predileção pelo canto, além da
destreza e a constatação do canto em uníssono, por meio do registro de alguns
escritores do Séc. XVI.

A seguir é descrito a importância da música para o ser humano, novamente se
utilizando de citações de diversos filósofos. A comparação com outras artes para
demonstrar que a música é mais “selvagem” que estas, pois, por exemplo, a
arquitetura e a pintura estão mais próximas da natureza e atingem o seu ápice
bem mais rápido que a música.

Neste mesmo capítulo a música indígena é descrita, assim como os seus
instrumentos detalhados e classificados.
Capítulo 1 - Influência jesuítica
(pg.21)

Breve descrição da música dentro da igreja e seu impacto nos indígenas.

Não pode haver dúvidas de que a escola de música religiosa ainda hoje empregada
no Brasil, amoldada ao estilo da música italiana, foi importada exclusivamente pelos
jesuítas.(p.22)

Os Jesuítas que no século 16 fizeram consistir a sua atividade no ensino e na missão,
adotaram o drama literário para os divertimentos escolares e os altos hieráticos para a
catequese e propaganda religiosa.

Descrição das peças que os jesuítas apresentavam aos índios. Isso é importante pois,
os Jesuítas, que exploravam habilmente o prestígio dos milagres aproveitavam todos
os recursos para que estes efeitos dramáticos produzissem profunda impressão.

Estes autos eram baseados nos ritos da igreja dos séc. XVI e XVII, que representam
entre nós não só a criação do primeiro teatro nacional, mas ainda a primeira exibição
da arte musical brasileira baseada no sistema diatônico e cromático dos povos cultos.
Capítulo 2 -Influência portuguesa,
africana e espanhola (pg.29)

A segunda época começa após a catequização das tribos indígenas e a divisão do
Brasil em capitanias por Dom João III.

A vinda dos negros para ajudar na exploração das minas, se torna um ponto
importante, pois Mello, descreve que a partir da fusão dos sentimentos e costumes
destas três raças (portugueses, espanhóis e negros) com os índios começam a se
caracterizar as três formas da arte musical brasileira: lundu, tyranna (??) e modinha,
sendo o primeiro importado pelo negro, o segundo pelo espanhol e o terceiro pelo
português.

(Constatação: existe uma ideia que ele parece querer transmitir, de que a
música trazida pelos europeus fascinavam os índios, aos negros cabe os passos
“luxuriosos” da nossa música)

Cabe a observação de que a música espanhola no tempo da colonização, era em ¾
não podendo ter influenciado o lundu que é em 2/4, modos diferentes de denominar
este: tango e chula.
Página 31 - 34, descrições das
danças no período.

Bailes Pastoris (p.34): Os Bailes Pastoris vieram da Espanha e são conhecidos
como Villancicos. (pg.34-35 tem alguns textos importantes sobre a construção dos
estilos no Brasil.

Ranchos (p.36): Ternos (p.37): Cheganças (p.39): Congos e Tayeras (p.49):
Quicumbres e Quilombos (p.52): Reinados (p.54):

Reisados (p.55):

Página 56 Mello descreve a importância de se conhecer os estilos nacionais. Esta
parte é importante, pois ele fala sobre os conceitos do período e compara com a
tradição europeia.

A descrição da importância da canção popular é dada neste capítulo e pode ser
vista na frase. “A melodia popular acha-se em toda a parte e em todos os tempos.
Começando pela idade média a encontramos na igreja latina e fora, ela ainda
representa a melodia e a música daquela época”.
Página 31 - 34, descrições das
danças no período. (continuação)

Da canção popular saiu toda a arte dos trovadores e também a polifonia dos
séc. XV e XVI.

Após discorrer sobre os principais compositores e suas melodias extraídas
de cantos populares, Mello questiona de onde pode se retirar as melodias
populares para se criar uma música nacional.

E em uma frase ele descreve o porque da música ser uma arte: A música, por
isso mesmo é uma arte, é variadíssima de formas, cada qual mais linda, cada
qual mais rica, cada qual mais artística.

José do Valle (p.74): Cacheada (p.79):

Cantigas de Rua (p.79): As cantigas de rua são canções anônimas em que o
povo em um momento dado, satiriza os acontecimentos mais importantes da
época.
Página 31 - 34, descrições das
danças no período. (continuação)

Cantares de Roda (p.82): Condessa (p.82): A moda da
carrasquinha (p.87): Ciranda, cirandinha (p.89): Cantilenas de
berço (p.90): Xô passarinho (p.93): Maria Cachucha (p.94):

Canções bacchigas (p.96): Abolar (p.98): Arrazoar (p.99):
Canção do Figueiral (p.109): Xacará do Cego (p.112): D.
Silvana (p.120):

Neste capítulo são descritas as danças e as lendas que
envolvem diversos cantos brasileiros. Este capítulo é
importantíssimo para quem deseja conhecer as músicas
tradicionais brasileiras relacionadas aos princípios do povo.
Capítulo 3 - Influência bragantina
(pg.129)

Nessa época a capital do Brasil se transfere para o Rio de Janeiro, 1763 e com isso a
música, “a arte ingênita dos brasileiros, acompanhando as evoluções sociais,
centraliza-se juntamente com o comércio na nova capital do futuro império do
Brasil”.

“A concepção da arte, disse um célebre filósofo, constitui uma das partes mais
importantes da solidariedade humana, na comunicação mutua das consciências, na
simpatia tanto física como mental que faz com que a vida individual e a vida coletiva
tendam a se fundir”.

“Como a moral todas as artes têm, por fim principal, elevar o indivíduo a si mesmo e
identificá-lo com todos”.

“Sendo a música porém a mais sociológica de todas elas, por isso só tocou o seu
apogeu quando a sociedade libertando-se do servilismo feudal, clerical e realengo
proclamara a sua independência, deve esta qualidade ao som que é o agente social
por excelência”.
A música e a relação com a
sociedade

Mello diz que é melhor ser cego do que ser surdo… para descrever a
importância da música na vida de um indivíduo.

“Eis porque a música sendo um ser sociológico incomparável, ou comparável
somente com a religião, pois ambas agindo sobre a sensibilidade tem poder
maravilhoso de unificar e socializar a humanidade, acompanhando passo a
passo todas as evoluções da sociedade brasileira.”

A Bahia sendo a primeira capital brasileira, foi o primeiro ninho aonde se
alentara a arte musical brasileira.

Por volta de 1610 a Bahia já tinha escolas de música, segundo relatos de
viajantes.

Mello, justifica o fato do Rio de Janeiro se elevar culturalmente após passar a
capital do país e ter uma maior circulação de dinheiro devido ao comércio.
Discussão sobre a Modinha

Porém o que o Brasil colonial possui de mais belo, sublime e grandioso se deve aos jesuítas,
atestam-nos isso o fato das grandes obras existentes nas igrejas.

.. tirava proventos desta escola, aplicando ao estudo e desenvolvimento da modinha, na
acepção mais elevada e artística do romantismo brasileiro.

Na página 132, há uma crítica as modinhas produzidas no período do livro, pois Mello deixa
claro que a modinha brasileira de qualidade é aquela que conquistou o solo europeu.

Não daqueles cantares indígenas pertencentes a coleção publicada por Santana Nery que
chamou a atenção do eminente crítico musical J.M. Weber, o qual tendo já se ocupado de
melodias chinesas e escocesas onde faltam os dois semitons, se interessou por um dos nossos
cantos indígenas onde só se encontram duas notas, a tônica e a sensível, formando uma frase
melódica, bem acusada, pois este é mais um canto de selvagens e bárbaros do que mesmo de
um povo civilizado.

Sim da modinha que no reinado de Pedro I e parte do de Pedro II era, de par com as melhores
óperas executadas em nossos salões nos dias de festa, pelos homens mais ilustres de nossa
sociedade.
Modinha (parte 2)

Não é somente o ritmo que constitui o caráter das músicas nacionais e se fosse,
ainda assim a modinha, o lundu e a tirana seriam nacionais, pois que as suas
formas pertencendo ao domínio do ritmo, são exclusivamente brasileiras.

Tanto quanto o ritmo: a forma, os traços, os desenhos, as incisas, os acentos, as
cadências, as ornamentações melódicas e harmônicas, as síncopas, a marcação dos
baixos, o acompanhamento, as modulações e o emprego mais ou menos constante
das falsas harmônicas, constituem, pela sua abundância, pela sua disposição e pelo
seu estilo outros tantos característicos da música brasileira.

Nas páginas 135 e 136 tem uma comparação com as canções de outros países,
inclusive com a forma sonata.

“Ora, se a modinha brasileira abrange todos os quesitos da alta composição e da
estética musical, como se negar o seu lugar de honra no panteon das artes
brasileiras”.
Música Tradicional Brasileira

E começa uma discussão a respeito de uma música tradicional
brasileira na página 138.

“Se temos uma tradição porque não havemos de ter uma arte musical,
ela não é o produto direto da tradição?”

“Por acaso quererão também dizer que não temos uma tradição, ou
que sendo a nossa tradição uma síntese da portuguesa, da tupi, da
espanhola e da africana não temos direito a uma tradição nacional?”

“Neste caso também diremos, os franceses, os italianos e os alemães
não tem uma arte porque eles copiaram a sua tradição da dos gregos e
dos romanos, os quais por sua vez espiaram-nas dos antigos povos
orientais.”
História da música e descrição da
música no reinado de D. João VI

Página 139, começa uma breve história da ópera e da canção para
explicar a origem da modinha.

Nas páginas 152 e 153, Mello diz que a orquestra da casa de Bragança
reuniu os melhores músicos da época. Descrevendo nas páginas
seguintes detalhes da vinda de Dom João VI para o Brasil. Assim
descreve também o domínio técnico da música vocal promovida pelos
negros que estudaram em um local chamado Santa Cruz.

Na página 160 é apresentado o Padre José Mauricio, que nas palavras
de Mello “o mais célebre músico dos nossos tempos coloniais”. Nas
páginas seguintes é contada a história do Padre, sempre exaltando os
seus feitos e a sua capacidade como músico e sacerdote. Além de sua
relação com Marcos Portugal.
Compositores do período e hinos

Na página 179 inicia-se a história de outros músicos: Padre Manoel da Silva Rosa, Dr.
Manoel Ignacio da Silva Alvarenga, João Leal, Marcos Portugal, Segismundo Neuckomm,
entre outros citados até a página 188. Nesta página se inicia o texto sobre a influência de
Pedro I, tendo a descrição de alguns hinos compostos neste período. Na página 200 começa a
descrição da influência de Pedro II. Mello descreve o problema do povo desconhecer o hino
oficial do império. Isso pode ser percebido na frase:

“Mais de uma vez este fato (do povo não saber cantar a verdadeira letra do hino) tem se
reproduzido e ainda o governo não tornou obrigatório na abertura e encerramento das aulas
primárias e nos regulamentos militares, o canto do hino nacional e muito menos do hino da
independência, do hino da república e de todos os outros que fazem parte do nosso repertório
cívico e marcial.”

E ainda descreve o poder que os hinos exercem em uma nação citando alguns exemplos
como a Marselhesa cantada durante toda a revolução francesa. “Mas como todo hino
auditivamente simboliza o sentimento nacional, do mesmo modo que toda Bandeira
visualmente sintetiza o solo da pátria” 204.
Hino e o patriotismo

E descreve como a melodia e os primeiros acordes do hino causam
uma emoção que lhe invade a alma, enquanto no coração lhe embatem
em pujantes ondas de sangue os mais vividos sentimentos de
patriotismo.

O Marechal Deodoro ao ouvir o hino da república diz preferir o velho e
Mello justifica esta escolha ao dizer que o hino da república tem um
valor artístico, porém falta ao compositor a vivência dos campos de
batalha e do sofrimento da guerra.

“Para se achar a verdade de um fato histórico não é preciso somente
dar-se crédito ao que sobre ele se tem escrito, é necessário ainda
concatenarem-se os diversos fatos que se desenrolaram em torno dele
para deles tirar uma lição e a sua verdade filosófica”.
A importância da educação
musical

Mello descreve a importância do ensino de música e cita os esforços das
grandes nações em proporcionar os estudos para a população por meio de
conservatórios, para a seguir falar sobre o conservatório nacional e sua história.

Depois da tormenta do primeiro império e do período de regência, o Brasil
volta a viver uma estabilidade sentida somente no período de D. João VI. Todas
as classes sociais possuem homens letrados e a música acontece em todos os
lugares. Nesta parte se destaca a citação “essas três classificações estilísticas
(francesa, italiana e alemã) não se referem e nem se adaptam as músicas
populares, cujo ritmo mais ou menos curto, regular e persistente é o único que
fala ao sentimento afetivo do povo e por ele é compreendido: referem-se antes
as obras de arte cujas composições são feitas senão unicamente para os artistas
pelo menos para as pessoas de gosto mais ou menos educados”.
Os trovadores

Guilherme de Melo escreve sobre o gênero musical na página 251,
pode-se perceber que ele acredita na genialidade pelas frases
“quantas vezes os discípulos das grandes escolas guiados pelas regras
que se lhe impõem, têm raramente as forças para romper as
dificuldades e tornam-se verdadeiros compiladores um dos outros?”

“Nessas escolas desenvolvem-se talentos cultivam-se disposições
mas nunca se dá o gênio, pois este só a natureza é quem o dá,
portanto é lógico que a natureza não precisando de escolas, os gênios
também não precisam.” Ele fala pouco sobre educação neste período.

Nesta parte temos uma “catalogação” de vários trovadores. Mello
descreve as obras de diversos compositores do período.
Capítulo 4 - Influência Pseudo-
maestros Italianos (271)

Ele reclama do fato que D. Pedro II exporta músicos e não faz como
D. João VI que ao importar grandes mestres promoveu uma melhora
considerável na música brasileira. Ainda diz que apesar de todo
dinheiro investido pelo Imperador, o único que retornou da Europa e
trouxe algum benefício para o país foi Carlos Gomes, sendo que os
que voltaram não conseguiam “nivelar a nossa arte com a Europeia”.

“Casos como este (exemplo do Chico Muniz) teríamos muito a narrar
se não falasse ao bom senso de todos a grande vantagem que há em
se preferir a importação dos bons mestres, para difundir o ensino de
música em um país, a mandar para o estrangeiro os artistas de gênio
completar os seus estudos com vantagens somente para eles”.
Crítica aos conservatórios

Ainda reclama de um método de ensino chamado artinhas???
“aqueles que aprenderam por elas, tornando-se verdadeiros
ignorantes, se constituíram mais tarde maus professores e foram
pouco a pouco diminuindo a sua aplicação, acabando uns por julgar-
lhes completamente inúteis, e outros, exigindo-as apenas nas
primeiras lições, obrigavam os seus discípulos somente a decorá-las
sem as devidas explicações”.

“Nunca vi sacrilégio maior, chamar-se conservatório a uma sessão da
academia de belas artes onde o ensino primário da música apenas
distribuído de cadeiras de: princípios de música, digo artinha, solfejo
entoado? e rezado, piano, violino e que mais? Canto, cuja cadeira por
nem sempre haver alunos é regida por uma professora contratada”.
Capítulo 5 - Influência
Republicana (297)

Mello abre o capítulo dizendo que na república o Brasil recupera a sua
música. “Com a proclamação da república a arte nacional reivindica
todo seu passado de Glória, inicia uma nova época que bem
poderíamos denominar período de nativismo”.

Neste mesmo capítulo ele descreve como se “educam os músicos” e
também “o público”.

A partir da página 360 inicia-se um texto falando sobre Carlos Gomes e
a sua obra “O Guarani”. “O que se acaba de ler basta para se formar a
coroa de louro que eternamente há de cingir a cabeça deste notável
brasileiro por quem o Brasil tanto se ufana e orgulha por ver as suas
óperas cantadas e aplaudidas nos principais teatros de Milão, Florença,
Nápoles, Roma, Londres, Paris, São Petersburgo, Lisboa, etc.
Bibliografia

MELLO, Guilherme Theodoro Pereira de. A música no Brasil
desde os tempos coloniais até o primeiro decênio da República.
Bahia: Typografia de S. Joaquim, 1908.

BENETTI, Gustavo Frosi. Música e ideologia na obra de
Guilherme de Mello: uma análise do texto Preliminar de A musica
no Brasil. Revista Interdisciplinar de Música, Filosofia e
Educação, Porto Alegre, v. 3, n. 4, p.261-273, 2017.

BENETTI, Gustavo Frosi. A música no Brasil, de Guilherme de
Mello: subsídios para uma edição crítica. ANAIS DO IV SIMPOM
2016 - SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM
MÚSICA, 2016.

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