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Colégio Estadual Deputado Manoel Novaes

Curso Técnico em Instrumento Musical


Disciplina: Metodologia do Trabalho Científico
Professor: Ailton Mário Nascimento (Thon Nascìmêmtos)
Discente: Max Leandro Bispo Santana

Questionário sobre o texto “Onde Começa a Música Brasileira”

Após a leitura do texto e pesquisa sobre os termos que você não conheça, responda às
seguintes questões:

A- Como eram percebidos os gêneros musicais, modinha e lundu, pelos historiadores


no final do século XIX, e como isso se relaciona com o positivismo e as ideias de
progresso e evolução cultural desse período?

Resposta: Segundo Guilhermina Lopes, autores do século XIX a exemplo de Porto Alegre
(1836) viam tanto no lundu quanto na modinha, a manifestação do “espírito nacional”,
contudo não as classificava como sendo uma “música nacional”, pois de acordo com o
pensamento que permeava o ideário desse período histórico: a produção musical de origem
popular, não seria suficientemente elaborada sendo assim categorizadas como um patamar
inferior ao da música erudita. Dessa forma, os gêneros supracitados seriam elementos
basilares de uma “música erudita nacional”, ainda por se fazer.

B- Quem são as pessoas que começam a pensar uma história da música brasileira de
forma mais consistente, e em qual período?

Resposta:Muito embora o pensamento nacionalista encabeçado por Mário de Andrade


(1928) tenha se constituído como um pioneirismo historiográfico musical no Brasil, com
inúmeras contribuições como a criação da Sociedade de Etnografia e Folclore, cuja equipe
percorreu a país em busca de material etnográfico musical, norteados por ideário de
progresso nacional e objetivando traçar um percurso musical emancipatorio. (historia
teleológica). Cabe asseverar que a partir dos anos 60 com autores como Frei Pedro Sinzig,
Curt Lange, Régis Duprat, Cleofe Person de Mattos, Jaime Diniz, Gerard Béhague,
Mercedes Reis Pequeno, José Maria Neves, ocorreu um impulso investigativos que se
voltou para a compreensão dos fenômenos regentes da prática musical em um determinado
período histórico, utilizando-se para isso de manuscritos antigos. A especialização dos
conhecimentos acarretou na abordagem em separado da música erudita e popular que
tiveram em Ary Vasconcelos e José Ramos Tinhorão, respectivamente, os seus maiores
autores. Ademais, cabe citar que a abertura política ocorrida no país em 1985 gerou uma
nova perspectiva que revisou o mito nacionalista sobre as três raças formadoras da
identidade musical brasileira, sobretudo com a criação da Associação Brasileira de
Etnomusicologia (ABATEC). Nesse contexto, nomes pioneiros dos estudos
etnomusicológicos (Silvio Romero, Renato Almeida, Mário de Andrade e Luiz Heitor),
formar superados em suas “abordagens de gabinete”, pois os novos autores buscaram
partir de uma perspectiva êmica para compreender qual o significado dos estilos musicais
estudados para as pessoas envolvidas em seu fazer musical, sendo o atual caminho
percorrido pela Etnomusicologia brasileira.
C- Segundo a autora, como era vista até finais do século XIX, a relação entre as
contribuições culturais portuguesas, indígenas e africanas na formação de nossa
música?

Resposta: De acordo com o texto de Lopes se pode inferir, de forma sintetizada, que
mesmo sofrendo influência de inúmeras correntes do pensamento humano ao longo do
tempo, nas décadas finais do século XIX, a concepção acerca contribuições culturais
portuguesas, indígenas e africanas na formação da música brasileira permanecia na
definição de que a música portuguesa representava a mera transplantação de valores
coloniais, sendo as músicas indígena e africana, classificadas como rudes e pouco
elaborada quando se partia de uma análise eurocêntrica.

D- O que pensava Mário de Andrade e vários estudiosos contemporâneos a ele, sobre


a música brasileira do período colonial? Por que?

Resposta:De acordo com Lopes, Mário de Andrade e seus contemporâneos enxergavam a


música do período colonial como uma versão inferiorizada da música européia por estar
muito aquém do nível técnico e artístico da mesma. Para Mário de Andrade, a música sacra
não constituía o universo formador identitário musical brasileiro. Dessa forma, Andrade
admitia como elemento formador da música nacional apenas as manifestações coloniais
advindas da espontaneidade popular, sendo a música contratada, de origem sacra ou de
entretenimento, tidas como imitação ou transposição de moldes europeus a serviço das
elites. Dentro dessa concepção andradina, qualquer compositor desse período,
independente de sua origem, não era brasileiro.

E- Qual o papel do nacionalismo e da Semana de Arte Moderna no início do século XX,


para as reflexões sobre música brasileira?

Resposta:O pensamento nacionalista, impulsionado pela vinda da corte para o Brasil (1808)
e pela independência política em 1822, se manifestou não somente na política, mas também
na literatura e nas artes. O liberalismo motriz da Independência refletiu-se no romantismo
subjetivo, na busca da liberdade individual e por consequência, na construção de uma
narrativa histórica na perspectiva do brasileiro, inclusive no que se refere à construção de
uma identidade musical nacional. Nesse contexto, o nacionalismo musical brasileiro encontra
o seu marco propulsor com a Semana da Arte Moderna. O projeto nacionalista encabeçado
por Mario de Andrade visava à construção de uma “música artística brasileira” a partir da
elaboração baseada em princípios estéticos e estruturais europeus, do material musical
proveniente da música popular. Pode-se concluir que o legado musical deixado pela geração
participante da Semana da Arte Moderna foi a receptividade do pensamento cultural
brasileiro para as informações circulantes no mundo e a articulação das mesmas com a
musicalidade oriunda dos valores nacionais, de origem popular (urbana ou rural).
Alguns aspectos sobre estrutura e compreensão do texto.

A- Escolha mais três palavras-chave1, além das que já constam no texto.

Resposta: Música Erudita; Identidade; Popular

Conceitos – Destaque três conceitos centrais na narrativa apresentada (de modo


explícito ou implícito) pela autora.

Resposta: De modo explícito Guilhermina Lopes apresenta ao longo do referido artigo o


conceito de Positivismo ao qual a autora define com base em (ABBAGNANO, 2000), como
sendo “a concepção filosófica que considerava o método da ciência como o único válido,
devendo-se estender a todos os campos de indagação e da atividade humana”. Lopes
apresenta também às variações conceituais do Determinismo (racial, geográfico e integral),
menciona de forma implícita o conceito de Eugenismo, ao citar que alguns teóricos
“acreditavam na desigualdade das raças, vendo o branqueamento gradual da população
como o caminho para o progresso”. E, por fim, cabe uma licença para mencionar o
Eurocentrismo como conceito implícito, além do conceito norteador que é o Nacionalismo.

Comente com suas palavras, sobre o que trata o texto (de cinco a dez linhas).

Resposta:No artigo em questão, Guilhermina Lopes busca traçar de forma panorâmica com
base na historiografia e na Etnomusicologia, quais sejam os marcos iniciais formadores da
“música brasileira”, bem como nos situar acerca dos olhares e conceitos norteadores da
definição de "música brasileira” existentes em cada período histórico abordado por ela. De
forma bastante hábil, a autora consegue nos fazer compreender cronologicamente os
movimentos que influenciavam as perspectivas acerca do que se poderia conceituar como
"música brasileira” até desembocar nos paradigmas contidos na Etnomusicologia
contemporânea.

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