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QUADRO GERAL: REALISMO

INÍCIO: A questão Coimbrã (1865)


TÉRMINO: Publicação de Varistos, de Eugênio de Castro, com modelo simbolista.

PAINEL DE ÉPOCA:

 2ª metade da Revolução Industrial.Desenvolvimento do pensamento científico e


das doutrinas filosóficas e sociais (Comte, Marx e Engels, Darwin).Sentimento
anti-clerical e antimonárquico.Questão Coimbrã: conflito das transformações
políticas, sociais e ecônomicasPositivismo, evolucionismo e socialismo.Objetivismo
com negação ao Romantismo.Preocupação com o presente.Determinismo: mei,
momento e raça.Tendência Naturalista da literatura: o artista nivela a sua posição
com a do cientista; perso-nagens sem idealizações; interferência dos fato-res
naturais no comportamento do homem.
PRODUÇÃO LITERÁRIA: PORTUGAL

I-) Prosa - Eça de Queirós

o Importante ficcionista do Realismo Português.Adultério aparece como um


dos principais temas.Triângulos amorosos.Anticlericalismo: padres
corruptos.Análise do clero português.Importante obra: O primo Basílio:
amplia-se o quadro de crítica social.Constituição moral da sociedade e das
famílias.II) Poesia - Antero de Quental
 Defesa dos ideais socialistas.Lirismo amoroso, erotismo e
religiosidade.Acontecimentos da questão Coimbrã.Engajamento
político-social.Reflexão metafísica e pessimismo.No final da vida,
volta-se para a religiosidade e misticismo.
PRODUÇÃO LITERÁRIA: BRASIL

I-) Aluísio Azevedo

 Camada social marginalizada.Personagens - tipos.Retrata grupos


humanos.Influência de Eça de Queirós e Émile Zola.Homens
comparados a animais.Tipos rudes, grosseiros.Cenários sujos,
marginais.Visão racional, científica de mundo.Personagens
naturalistas: o comportamento é determinado pelo meio em que
vivem.Denúncia da estrutura social falha.Maior obra: O Cortiço.

II-) Machado de Assis

 Personagens: estado da alma mais ação.Mostra a


sociedade urbana hipócrita.O falar do indivíduo regional
mas alcançando o homem universal; isso é
contemporâneo no autor.O personagem é a porta para o
autor falar do mundo.Antes de Memórias Póstumas de
Brás Cubas: concessões ao Romantismo; amor; orgulho;
ambição; centralização na personagem (Helena; Iaiá
Garcia).Após Memórias Póstumas de Brás Cubas: maior
originalidade na construção da personagem; o interior, o
eu é explorado; o personagem mais importante que a
trama; o pensar sobre a vida mostrando a sociedade da
época e seus temas.(Quincas Borba; D. Casmurro; Esaú e
Jacó; Memorial de Aires -- Romances psicológicos).

EXERCÍCIOS:

A - TEXTOS / QUESTÕES:

O CORTIÇO

(Fragmento do Capítulo I, em que é narrada a relação


entre Miranda e sua esposa Estela)

"Odiavam-se. Cada qual sentia pelo outro um


profundo desprezo, que pouco a pouco se foi
transformando em repugnância completa. O nascimento
de Zulmira veio agravar ainda mais a situação; a pobre
criança , em vez de servir de elo aos dois infelizes, foi
antes um novo isolador que se estabeleceu entre eles.
Estela emava-a menos do que lhe pedia o instinto materno
por supô-la filha do marido, e este a detestava porque
tinha convicção de não ser seu pai.
Uma bela noite, porém, o Miranda, que era homem
de sangue esperto e orçava então pelos seus trinta e cinco
anos, sentiu-se em insuportável estado de lubricidade."

(Aluísio Azevedo)

1) Analise a relação vivida entre os personagens


apontados neste fragmento da obra O Cortiço. Por que
podemos caracterizá-los como personagens realistas?

2) Compare a relação amorosa na estética realista -


naturalista com o romantismo. Aponte as diferenças das
escolas lierárias com referência ao amor.

B - TESTES

1) (UE-BA) A respeito da ficção de Machado de Assis,


pode-se afirmar que:
a) se desenvolveu do Romantismo para o Naturalismo,
consagrando-se sobretudo nas crônicas políticas e nos
contos satíricos;
b) amadureceu sob a influência de José de Alencar, de
quem tomou os temas e o estilo, tal como se vê em
Quincas Borba;
c) é exemplo típico da literatura naturalista, sendo apenas
superada pela obra prima O Cortiço, de seu mestre Aluísío
de Azevedo.
d) representa a conquista da maturidade da literatura
nacional a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
e) atingiu com Ressurreição e A Mão e a Luva o plano mais
alto de nossa literatura de expressão realista.
2) (FCC-BA) Memórias Póstumas de Brás Cubas é
considerado romance divisor de águas da obra
machadiana porque, a partir dele, o autor:
a) assume de vez a visão romântica da realidade, apenas
esboçada nos romances da chamada primeira fase.
b) se insere na estética naturalista, ao denunciar as
mazelas sociais, os casos patológicos e os aspectos mais
repugnantes da sociedade.
c) procede a uma retificação da própria obra, através da
voz de personagens por meio das quais renega os valores
da primeira fase.
d) antecede as conquistas modernistas, com uma postura
crítica diante da civilização industrial e uma atitude de
denúncia das misérias do mundo real.
e) desmitifica as idealizações românticas e assume uma
visão crítica que, despindo as aparências que encobrem a
realidade, busca as razões últimas das ações humanas.

3) (UF-MG) Todas as afirmações sobre Dom Casmurro,


de Machado de Assis, estão certas, exceto:
a) O discurso em primeira pessoa favorece o clima de
dúvida que paira sobre o adultério de Capitu, pois o que
prevalece na narrativa são as impressões de Bentinho, o
narrador.
b) Além da semelhança de Ezequiel com Escobar, outro
fator acentua a dúvida de Bentinho, sobre a paternidade
do filho: a capacidade de dissimulação de Capitu.
c) O adultério, núcleo da narrativa, é um pretexto para se
discorrer sobre a existência humana, subordinada ao
poder desinte-grador do tempo, que atua de forma
irreversível sobre todas as coisas.
d) A alegoria do temor italiano, que apresenta a vida
como uma ópera composta por Deus e pelo Diabo,
projeta-se em todo o romance, mostrando que, na luta
entre as virtudes e os vícios, o Bem sempre triunfa.
e) Ao tentar reproduzir no Engenho Novo a casa em que
se havia criado na antiga rua de Mata-cavalos, ou ao
escrever suas memórias, Dom Casmurro tenta reconstruir
o passado, logrando invocar-lhe as imagens e não as
sensações.

4) (UC-MG) Das afirmações abaixo, a respeito de Machado


de Assis, a única falsa é:
a) a ironia e o humor são grandes suportes de sustentação
de sua obra.
b) como ficcionista, dá grande ênfase à psicologia de suas
personagens.
c) normalmente, suas personagens são tratadas com
severo rigor crítico.
d) sua narrativa sempre focaliza o ambiente urbano do Rio
de Janeiro.
e) seus romances estão marcados pela preocupação com a
ação e o episódio.

C) TEXTOS DE APOIO PARA DISCUSSÃO:

MEMÓRIAS POSTUMAS DE BRÁS CUBAS

O romance é narrado em primeira pessoa por seu defunto-


autor, ou seja, um narrador já falecido, chamado Brás
Cubas.

“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu


cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórías
Póstu-mas”. Com essa mensagem ínicial, Brás Cubas
mostra ao leitor que já não é mais coisa alguma, que não
existe mais e que, assim, está livre para falar de sua vida,
sem o ranço dos preconceitos. Fala do amor da juventude
por uma prostituta de luxo chamada Marcela e da viagem
que faz à Europa, com a finalidade de esquecê-la; do
relacionamento mantido com a pobre Eugênia, defeituosa
de uma perna e de classe social menos privilegiada; do
noivado com Virgílía, que termina em fracasso, fazendo
com que ele perca a ajuda política do pai da moça. Mostra
que fora um perdedor em todos os sentidos, consumindo
toda a fortuna de sua famílía. Mais tarde, torna-se
amante da ex-noiva, Virgília, então esposa de Lobo Neves,
separando-se novamente dela depois. A noiva que sua
irmã lhe arruma morre em uma epidemia. Entediado, une-
se a Quincas Borba e interessa-se pela “teoria do
Humanitismo.”

Tenta, por fim, tornar-se célebre e cria um emplastro que


serve para curar a hipo-condria. Acaba tomando uma
chuva, que o leva à pneumonia e à morte. Morto, começa
a rever sua vida e a escrever sobre ela e isto marca o
início do romance.

DOM CASMURRO

Bentinho é destinado, pela mãe, a ser padre, quando


crescer D. Glória quer o filho religioso. O projeto não se
realiza, pois o garoto se apaixona por Capitu ou Capitolina,
sua vizinha. José Dias, um agregado da família de
Bentinho, consegue conduzir as coisas, de forma que o
menino não tenha que cumprir uma promessa que fora
feita pela mãe. Acontece um longo namoro entre Bento e
Capitu, até que ele conclui o curso de Direito. Escobar, um
antigo colega na breve permanência no seminário, torna-
se um amigo cada vez mais íntimo de Bentinho. Enquanto
Bento e Capitu se casam, o mesmo ocorre, entre Escobar
e uma boa amiga de Capitu, Sancha. Tudo corre bem, até
que Escobar morre afogado. No velório, Bentinho estranha
a forma como Capitu encara o cadáver, e passa a sentir
um ciúme doentio dela. Lembra-se de que José Dias lhe
falara, certa vez, dos olhos dela, dizendo-lhe que eram
"olhos de cigana oblíqua e dissimulada”.
Pensa em como são, também, olhos de ressaca, que
tragam para dentro de si os que amam. O filho de ambos,
para Bento, cada vez se parece mais com Escobar. O pai
pensa até em matá-lo. Finalmente, o casal separa-se e
Capitu vai com Ezequiel para a Europa. Ela morre e o
mesmo ocorre com o filho, depois de ter estado com o pai
e partido novamente. Ben-tinho fecha-se em seu mundo e
ganha a alcunha de “Casmurro”. O início do romance
mostra, exatamente, o narrador em primeira pessoa,
Bentinho/Dom Casmurro, tentando “atar as duas pontas
da vida”, o passado e o presente, para “restaurar na
velhice a adolescência” e rever o que efetivamente lhe
acontecera.

QUINCAS BORBA

É um romance narrado em terceira pessoa e conta a


história de Rubião, um professor humilde, do interior de
Minas, que se torna o beneficiário da herança legada pelo
filósofo Quincas Borba, o criador de uma doutrina
chamada Humanitismo. O envolvimento com o casal
Cristiano e Sofia Palha leva Rubião à desagregação
psicológica e financeira, devido a sua paixão por Sofia,
que, em conluio com o marido, explora-o ao máximo.
Rubião, um homem bom, honesto e decente, não suporta
as coisas que é obrigado a enfrentar e morre pobre e
enlouquecido. Torna-se um modelo nítido da teoria do
Humanitismo. En-quanto vivo, acreditando ser Napoleão,
no ápice de sua sandice, diz uma última frase: “Ao
vencedor as batatas...”. Assim ele manda a mensagem
que é o retrato da visão do Humanitismo.

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