Você está na página 1de 4

Competência 1

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção. > H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos
do contexto histórico, social e político.

Questão 1)
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar.
Florbela Espanca
Disponível em: <http://www.marciaapinheiro.tripod.com/>. Acesso em: 1o jun. 2014.
O poema pertence à poeta portuguesa Florbela Espanca. Florbela ficou conhecida no meio literário como a poeta
dos excessos, pois seus textos eram repletos de uma intensidade subjetiva muito forte. Tal característica faz com
que o poema anterior se aproxime, em termos de temática, do
a) Barroco.
b) Romantismo.
c) Arcadismo.
d) Simbolismo.
e) Modernismo.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção. > H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos
do contexto histórico, social e político.

Questão 2)
Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua
presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão
mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo
em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é
culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.
[...] O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno; os que não só vão mas que levam, de que eu
trato, são os outros – ladrões de maior calibre e de mais alta esfera… Os outros ladrões roubam um homem;
estes, roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo de seu risco; estes, sem temor, nem perigo; os outros,
se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam.
VIEIRA, Antonio. Sermão do bom ladrão. In: BOSI, Alfredo (org.). Essencial Padre Antônio Vieira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
A argumentação de Antônio Vieira no sermão tem como base uma das características fundamentais do Barroco, o
conceptismo, relacionado à agudeza de pensamento e ao uso intensivo de conceitos. No texto, esse conceptismo
estrutura uma
a) crítica a um tipo de punição reservada a poderosos corruptos.
b) reflexão e desconstrução de um juízo preestabelecido sobre a ideia de roubo.
c) flexibilização da moral da época, com a defesa implícita de pequenos atos ilícitos.
d) inversão conceitual quanto à ideia de vida justa, pois os ladrões são exaltados no sermão.
e) repetição intencional de certas palavras, como “roubar” e “ladrão”, com o intuito de frisar o sentido delas.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção. > H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto
literário.

Questão 3)
A lâmina de Nhô Augusto talhara de baixo para cima, do púbis à boca do estômago, e um mundo de cobras sangrentas saltou para
o ar livre, enquanto seu Joãozinho Bem-Bem caía ajoelhado, recolhendo os seus recheios nas mãos.
Aí, o povo quis amparar Nhô Augusto, que punha sangue por todas as partes, até do nariz e da boca, e que devia de estar pensando
demais, de tanto chumbo e bala. Mas tinha fogo nos olhos de gato-do-mato, e o busto, especado, não vergava para o chão.
— Espera aí, minha gente, ajudem o meu parente ali, que vai morrer mais primeiro... Depois, então, eu posso me deitar.
— Estou no quase, mano velho... Morro, mas morro na faca do homem mais maneiro de junta e de mais coragem que eu já conheci! Eu
sempre lhe disse quem era bom mesmo, mano velho... E só assim que gente como eu tem licença de morrer... Quero acabar sendo
amigos...
— Feito, meu parente, seu Joãozinho Bem-Bem. Mas, agora, se arrepende dos pecados, e morre logo como um cristão, que é para a
gente poder ir juntos...
Mas seu Joãozinho Bem-Bem, quando respirava, as rodilhas dos intestinos subiam e desciam. Pegou a gemer. Estava no estorcer do fim.
E como teimava em conversar, apressou ainda mais a despedida. E foi mesmo.
Alguém gritou: — “Eh, seu Joãozinho Bem-Bem já bateu com o rabo na cerca! Não tem mais!” — E então Nhô Augusto se bambeou nas
pernas e deixou que o carregassem.
— P’ra dentro de casa, não, minha gente. Quero me acabar no solto, olhando o céu, e no claro... Quero é que um de vocês chame um
padre... Pede para ele vir me abençoando pelo caminho, que senão é capaz de não me achar mais...
E riu.
A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa.
Na passagem transcrita, a caracterização das personagens e o diálogo que elas estabelecem revelam alguns aspectos centrais da obra,
entre os quais se destaca a
a) ênfase no uso de uma sintaxe tradicional, baseada no emprego de um léxico genuinamente lusitano.
b) relação afetiva das personagens, por meio da qual tentam demonstrar sensibilidade em meio à brutalidade das ações.
c) expressividade poética das personagens, que procuram compreender a origem de seus nomes.
d) privação da palavra, que denota um dos fatores da exclusão social vivida pelas personagens.
e) consciência das personagens de que o fingimento é uma estratégia argumentativa capaz de gerar atrocidades nas vivências do leitor.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção. > H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto
literário.

Questão 4)
Os dias destinava-os para as visitas da Rua do Ouvidor, os piqueniques no Jardim ou Tijuca. Lembrou-se de fazer
da praia de Botafogo um passeio, à semelhança dos Bois de Boulogne, em Paris, do Prater, em Viena, e do Hyde
Park, em Londres. Durante alguns dias ela e algumas amigas percorriam de carro aberto, por volta de quatro
horas, a extensa curva da pitoresca enseada, espairecendo a vista pelo panorama encantador, e respirando a
fresca viração do mar. Os passantes olhavam-nas surpresos, e com um aspecto que traduzia a malignidade de suas
conjeturas. Aurélia não fazia o mínimo caso dessas caras mexeriqueiras; mas as amigas incomodaram-se; e ela foi
obrigada a abandonar o lindo passeio às aves de arribação. Esta ânsia de festa e distrações sucedendo a uma
inexplicável apatia e recolhimento, faria desconfiar que Aurélia buscava na sociedade, não o prazer, mas talvez o
esquecimento.
ALENCAR, José de. Senhora. Brasília: Edições Câmara, 2020. (adaptado)
O trecho apresentado, da obra romântica Senhora, de José de Alencar, possui características que permitem a
vinculação dessa obra ao nicho dos romances
a) históricos, pois documenta costumes e fatos que reconstroem estruturas políticas e sociais contemporâneas ao autor.
b) regionais, em conformidade com a paisagem e os valores específicos de uma região do país, a fim de fazer brilhar a “cor
local”.
c) “malditos”, influenciados pela estética do “mal do século” e que representam um senso de corrupção moral dos
costumes.
d) urbanos, centrados na descrição de hábitos da vida citadina burguesa, com realce às atividades da Corte do Segundo
Reinado.
e) indianistas, pois tem uma estética nativista idealizadora da natureza e constrói a figura de um “herói nacional”.

Resolução

Resolução 1)
Resposta Correta: B
O Romantismo rompeu com a tradição clássica imposta pelo período árcade e apresentou novas concepções
literárias, dentre as quais se podem apontar as seguintes: a observação das condições do estado de alma, das
emoções, da liberdade; os desabafos sentimentais, a valorização do índio, a manifestação do poder de Deus por
meio da natureza acolhedora ao homem, a temática voltada para o amor, para a saudade, o subjetivismo.

Resolução 1)
Resposta Correta: B

Alternativa A
(F) O sermão de Vieira é um texto alegórico, cujas personagens têm valor apenas metafórico. Não há, no texto,
discussão sobre a condenação dada a poderosos corruptos, apesar de serem abordadas punições sofridas por
ladrões.

Alternativa B
(V) Conforme a prática conceptista, Vieira submete uma ideia específica à análise minuciosa até provocar um
deslizamento de sentido, alterando a noção clássica associada àquela ideia (no caso, o conceito de roubo).
Alternativa C
(F) Não há defesa de atos ilícitos, apenas se diz que há muito mais pecadores culpados pelo crime em questão do
que se costuma pensar, pois os poderosos também são ladrões.

Alternativa D
(F) Não há elementos suficientes para inferir que os ladrões são exaltados nesse sermão; ademais, o conceptismo
não se relaciona à inversão conceitual em relação à vida justa.

Alternativa E
(F) Características relativas ao eixo do significante dizem respeito ao cultismo (gongorismo), e não ao
conceptismo.

Resolução 1)
Resposta Correta: B
Apesar de estarem vivendo um duelo sanguinolento, Joãozinho Bem-Bem e Nhô Augusto, demonstram intensa admiração recíproca e
também deixam transparecer uma atmosfera sensível nos seus diálogos finais.

Resolução 1)
Resposta Correta: D

Alternativa A
(F) O romance Senhora, de fato, retrata uma sociedade contemporânea àquela em que José de Alencar viveu, mas
essa característica não define o nicho dos romances históricos, como sugere a alternativa, além do fato de a
passagem caracterizar um romance urbano.

Alternativa B
(F) Apesar de, no Romantismo brasileiro, a definição entre urbanismo e regionalismo ser particularmente
delicada, o trecho apresentado não tem características que remetem a uma “cor local”, ou seja, à cultura
específica de uma região e seus aspectos geográficos, a fim de compor uma identidade nacional. Na verdade, há
foco no comportamento burguês à época do Segundo Reinado.

Alternativa C
(F) As características mencionadas são próprias da estética gótica e não se relacionam com o que está no excerto,
que apresenta, na verdade, uma ambientação cotidiana e urbana.

Alternativa D
(V) No contexto do Romantismo Brasileiro, os romances urbanos são aqueles que comumente retratam o Brasil do
Segundo Reinado sob um olhar sobre a vida burguesa da época. No trecho apresentado, são mostrados
elementos que caracterizam o estilo de vida elitizado dos membros da alta sociedade carioca dessa época, o que,
portanto, relaciona-o à categoria mencionada.

Alternativa E
(F) Ainda que José de Alencar seja muito conhecido por sua produção indianista, não há qualquer elemento no
trecho apresentado que faça alusão a esse nicho literário.

Você também pode gostar