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Plano de Estudos · 2º Simulado SAS Enem 2022 - Edição 2 - Pré-Universitário ·

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção. > H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos
do contexto histórico, social e político.

Questão 1)
Linhagem
Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Me envia mensagens do orum
Meus dentes brilham na noite escura
Afiados como o agadá de Ogum
Eu sou descendente de Zumbi
Sou bravo valente sou nobre
Os gritos aflitos do negro
Os gritos aflitos do pobre
Os gritos aflitos de todos
Os povos sofridos do mundo
No meu peito desabrocham
Em força em revolta
Me empurram pra luta me comovem
Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Eu trago quilombos e vozes bravias dentro de mim
Eu trago os duros punhos cerrados
Cerrados como rochas
Floridos como jardins.
ASSUMPÇÃO, Carlos de. Linhagem. In: QUILOMBHOJE (Org.). Cadernos Negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje, 1998. p. 31
É possível estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do
contexto histórico, social e político. Com base nisso, pode-se inferir que o sujeito poético desse poema
a) se situa na esfera de um ser envolvido com uma religiosidade de matriz católica, apostólica e romana.
b) aparece como uma figura multifacetada, que tende a acentuar tanto a igualdade quanto a diferença entre ele
e Zumbi.
c) é fruto de um nascimento predestinado, que tem como objetivo de vida a preservação de sua individualidade.
d) herda uma condição adversa, mas tem consciência de que nasceu para alterar a ordem encontrada.
e) assume uma posição coletiva com ideal de pacificação social e imposição de uma crença mítica.

Questão 2)
A Chegada de Raul Seixas e Lampião no FMI
É Raul, Raul, Raul,
É Raul Seixas, é Lampião
Chegaram no FMI
Que nem tentou resistir
É Raú, Raú, Raú,
Lampião não anda só
Trouxe Deus e o diabo
Raul, a terra do sol
[...]
Chegaram na Casa Branca
Os dois de carro de boi
Tio Sam fugiu de tamanca
Ninguém viu para onde foi
Wall Street fechou
E a ONU não deixou pista
O presidente jurou
Que sempre foi comunista
Mano Brown disse a Raul
O dinheiro a gente investe
No Banco Carandiru
Xingu, favela e Nordeste
Tom Zé
A música de Tom Zé, que é crítico de música, letrista e cantor, insere-se em um contexto histórico e cultural que, dentro da cultura
literária brasileira, define-se como
a) expressão do Modernismo brasileiro influenciado pela vanguardas europeias.
b) representante da literatura engajada de resistência ao Governo Vargas.
c) um movimento de inspiração cultural antropofágica, o Tropicalismo.
d) contemporâneo à poesia parnasiana e por ela influenciado.
e) sucessor do Arcadismo e de seus ideais nacionalistas.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção. > H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto
literário.

Questão 3)
A verdade da poesia é que comove. Quando Newton diz que a matéria atrai a matéria na razão direta das
massas, isso é uma verdade científica que pode ser aferida. Agora quando Hegel diz que o concreto é a soma de
todas as determinações, isso é uma verdade filosófica que não pode ser aferida como a da ciência. Mas quando
Drummond diz: “como aqueles primitivos que carregam consigo o maxilar inferior de seus mortos, eu te carrego
comigo tarde de maio”, não é verdade, mas é bonito demais, não é? Se você for aferir, no nível da verdade, essa
frase não vale nada. O que é que sustenta essa frase? É que ela comove. Esse é o conteúdo da poesia.

Disponível em: <http://www.jornaldepoesia.jor.br/gular01.html>. Acesso em 06 ago. 2012.

De acordo com o texto, a palavra “aferida” nesse contexto assume a ideia de


a) sem sentido.
b) machucada.
c) científica.
d) comprovada.
e) concluída.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção. > H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto
literário.

Questão 4)
A lâmina de Nhô Augusto talhara de baixo para cima, do púbis à boca do estômago, e um mundo de cobras sangrentas saltou para
o ar livre, enquanto seu Joãozinho Bem-Bem caía ajoelhado, recolhendo os seus recheios nas mãos.
Aí, o povo quis amparar Nhô Augusto, que punha sangue por todas as partes, até do nariz e da boca, e que devia de estar pensando
demais, de tanto chumbo e bala. Mas tinha fogo nos olhos de gato-do-mato, e o busto, especado, não vergava para o chão.
— Espera aí, minha gente, ajudem o meu parente ali, que vai morrer mais primeiro... Depois, então, eu posso me deitar.
— Estou no quase, mano velho... Morro, mas morro na faca do homem mais maneiro de junta e de mais coragem que eu já conheci! Eu
sempre lhe disse quem era bom mesmo, mano velho... E só assim que gente como eu tem licença de morrer... Quero acabar sendo
amigos...
— Feito, meu parente, seu Joãozinho Bem-Bem. Mas, agora, se arrepende dos pecados, e morre logo como um cristão, que é para a
gente poder ir juntos...
Mas seu Joãozinho Bem-Bem, quando respirava, as rodilhas dos intestinos subiam e desciam. Pegou a gemer. Estava no estorcer do fim.
E como teimava em conversar, apressou ainda mais a despedida. E foi mesmo.
Alguém gritou: — “Eh, seu Joãozinho Bem-Bem já bateu com o rabo na cerca! Não tem mais!” — E então Nhô Augusto se bambeou nas
pernas e deixou que o carregassem.
— P’ra dentro de casa, não, minha gente. Quero me acabar no solto, olhando o céu, e no claro... Quero é que um de vocês chame um
padre... Pede para ele vir me abençoando pelo caminho, que senão é capaz de não me achar mais...
E riu.
A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa.
Na passagem transcrita, a caracterização das personagens e o diálogo que elas estabelecem revelam alguns aspectos centrais da obra,
entre os quais se destaca a
a) ênfase no uso de uma sintaxe tradicional, baseada no emprego de um léxico genuinamente lusitano.
b) relação afetiva das personagens, por meio da qual tentam demonstrar sensibilidade em meio à brutalidade das ações.
c) expressividade poética das personagens, que procuram compreender a origem de seus nomes.
d) privação da palavra, que denota um dos fatores da exclusão social vivida pelas personagens.
e) consciência das personagens de que o fingimento é uma estratégia argumentativa capaz de gerar atrocidades nas vivências do leitor.

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias


Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção. > H17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no
patrimônio literário nacional.

Questão 5)
Principiava o trabalho. Rompiam das gargantas os fados portugueses e as modinhas brasileiras […].
E, durante muito tempo, fez-se um vaivém de mercadores. Apareceram os tabuleiros de carne fresca e outros de
tripas e fatos de boi; só não vinham hortaliças, porque havia muitas hortas no cortiço. Vieram os ruidosos
mascates, com as suas latas de quinquilharia, com as suas caixas de candeeiros e objetos de vidro e com o seu
fornecimento de caçarolas e chocolateiras de folha-de-flandres. Cada vendedor tinha o seu modo especial de
apregoar, destacando-se o homem das sardinhas, com as cestas do peixe dependuradas, à moda de balança, de
um pau que ele trazia ao ombro […].
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. Disponível em: http://objdigital.bn.br. Acesso em: 1 dez. 2020. (adaptado)
O trecho do romance exprime uma cena cotidiana ao
a) retratar a cultura popular por meio dos festejos de rua.
b) exaltar a identidade nacional em comparação à de outros países.
c) representar uma ideia de malandragem dos vendedores do subúrbio.
d) descrever uma manhã de trabalho da rotina dos menos favorecidos.
e) denunciar condições precárias de alimentação e higiene nos cortiços.
Questão 6)
Romance em 12 linhas
quanto tempo falta pra gente se ver hoje
quanto tempo falta pra gente se ver logo
quanto tempo falta pra gente se ver todo dia
quanto tempo falta pra gente se ver pra sempre
quanto tempo falta pra gente se ver dia sim dia não
quanto tempo falta pra gente se ver às vezes
quanto tempo falta pra gente se ver cada vez menos
quanto tempo falta pra gente não querer se ver
quanto tempo falta pra gente não querer se ver nunca mais
quanto tempo falta pra gente se ver e fingir que não se viu
quanto tempo falta pra gente se ver e não se reconhecer
quanto tempo falta pra gente se ver e nem lembrar que
um dia se conheceu
Disponível em: https://apartamento702.com.br. Acesso em: 25 jan. 2021.
O poema da escritora contemporânea Bruna Beber traduz a
a) transitoriedade amorosa.
b) melancolia de relembrar o passado.
c) constância dos sentimentos humanos.
d) construção morosa de um relacionamento.
e) relação complexa das pessoas com o tempo.

Resolução

Resolução 1)
Resposta Correta: D
No poema “Linhagem”, por meio do verso “Eu sou descendente de Zumbi”, o poeta evoca uma ancestralidade que
tem a ver com a trajetória de batalhas dos afrodescendentes no Brasil. Uma trajetória cujas raízes remontam a
Palmares e ao guerreiro que melhor simbolizou a trajetória do quilombo, e que atualmente consta do panteão
oficial dos heróis brasileiros.

Resolução 1)
Resposta Correta: C
O Tropicalismo foi um movimento cultural que teve sua origem no meio musical e rompia com a cultura da época que expressava as
noções da ditadura militar. Esse movimento mesclou tradições brasileiras com estéticas radicais, afirmando-se, assim, como um
movimento de grande representatividade nacional.

Resolução 1)
Resposta Correta: D
De acordo com a definição do dicionário Houaiss:
– adjetivo:
1. conferido com o padrão; cotejado
2. que tem a marca da aferição
3. apurado em seu funcionamento; afinado, afilado. Levando tais definições em consideração, o vocábulo mais
próximo o sentido original serial "comprovada".

Resolução 1)
Resposta Correta: B
Apesar de estarem vivendo um duelo sanguinolento, Joãozinho Bem-Bem e Nhô Augusto, demonstram intensa admiração recíproca e
também deixam transparecer uma atmosfera sensível nos seus diálogos finais.

Resolução 1)
Resposta Correta: D

Alternativa A
(F) O trecho do romance traz a realidade das ruas, com pessoas que se locomovem para trabalhar, mas não há
sinais de que elas estejam envolvidas em alguma comemoração, mesmo com a presença de vozes que cantam. Na
verdade, trata-se de um dia comum da rotina, coisa confirmada por frases como “principiava o trabalho” e “fez-se
um vaivém de mercadores”.

Alternativa B
(F) O único aspecto que coloca lado a lado duas culturas diferentes – e não de forma comparativa – é o fato de
que pessoas cantavam “fados portugueses” e “modinhas brasileiras”.

Alternativa C
(F) Há a presença de muitos mercadores na cena, contudo os vendedores do trecho não são retratados como
espertos ou “malandros”.

Alternativa D
(V) A pobreza é um fator dominante na cena relatada, confirmada pela menção ao “cortiço”, moradia de baixo
valor, local em que muitas pessoas habitavam ao mesmo tempo. Além disso, a manhã de trabalho é confirmada
pela presença de muitos comerciantes se locomovendo em meio às mercadorias.

Alternativa E
(F) O fragmento traz diversas menções a alimentos, como “carne fresca”, “tripas”, “sardinha”, vendidos pelos
mercadores que ali passavam e provavelmente adquiridos e consumidos pelos moradores do cortiço, mas a
descrição desses alimentos não vem acompanhada de críticas à sua natureza, que denunciariam uma condição
precária. Apenas registra-se a presença de certos itens comuns à mesa na época.

Resolução 1)
Resposta Correta: A

Alternativa A
(V) A transitoriedade amorosa retratada no poema ocorre de forma rápida, mostrando a fragilidade e a brevidade
nas relações amorosas. Isso pode ser observado a partir da ideia de que aquele amor que inicialmente se
desejava ver, como expresso nos primeiros versos, deixa de ser visto e, consequentemente, de ser lembrado.
Além disso, o título ironiza que o romance é tão curto, que finaliza em apenas 12 linhas.

Alternativa B
(F) O título e a estrutura do poema já convergem para a ideia da brevidade do relacionamento, o qual é, aos
poucos, esquecido pelo casal. Inclusive, no último verso, questiona-se quanto tempo falta para o casal se ver e
não lembrar de quando se conheceu. Diante disso, não há uma centralidade na melancolia de relembrar o
passado, mas na rapidez com que o romance se inicia e termina.

Alternativa C
(F) Ao contrário disso, o poema trata da falta de constância, permanência, insistência, obstinação em um
relacionamento. Diante disso, os dois amantes passam a se ver cada vez menos até não se reconhecerem mais.
Alternativa D
(F) Não se trata de uma construção demorada, lenta, vagarosa do relacionamento, mas sim do oposto: a
construção e a desconstrução rápidas de um romance, o que ocorre em “12 linhas”.

Alternativa E
(F) A anáfora “quanto tempo falta pra gente” não visa reforçar a relação complexa das pessoas com o tempo, mas
com o relacionamento com o outro. Embora o tempo seja trabalhado no poema, a temática central é o amor. O
texto literário visa traduzir a transitoriedade amorosa, a brevidade do amor na sociedade contemporânea.

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