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UM ROTEIRO IDEALIZADO POR:

ARTHUR DOS SANTOS SOARES

NA EDIÇÃO:
ARTHUR DOS SANTOS SOARES

APRESENTANDO:
ISRAEL COMO: INOCÊNCIA
MATHEUS COMO: PEREIRA E MARIA CONGA
DANIEL COMO: TICO E DOUTOR CIRINO
GABRIEL ARAUJO COMO: MANECÃO E DR. MEYER
RICARDO COMO: JOSÉ PINHO E GARCIA
ATO I
UM BELO DIA NO SERTÃO

Externo: O cenário é um local aberto, em meio a natureza,


com somente as árvores a vista. A narração se inicia
enquanto esse cenário está em foco.
NARRADOR: Era um belo dia no sertão. Mas não um dia qualquer.
Era um belo dia em 1860. E não era qualquer sertão. Era o Sertão
de Martinho dos Santos Pereira
Aparece na cena o personagem Pereira, coçando a barriga e
olhando ao redor.
NARRADOR: Pereira vive na fazenda com Inocência, sua filha de
18 anos.
Inocência entra em cena, balançando seus cabelos ao vento e
dando um beijo afetuoso na bochecha de seu pai
NARRADOR: Seu pai exige-lhe obediência total, num regime
antigo e educada longe do mundo.

PEREIRA: Inocência, minha filha, esse mundo é perigoso,


entendeu?
INOCÊNCIA: Sim, papai
Inocência sai, de cabeça baixa
NARRADOR: Pereira escolheu para ela o noivo, Manecão, um
homem criado no sertão bruto, de índole violenta.

Manecão entra em cena, cuspindo no chão e apertando firmemente


a mão de Pereira.

PEREIA: Já tava na hora, seu Manecão

MANECÃO: Sim chefe, sim chefe

Ambos saem de cena e Inocência volta para a tela


NARRADOR: Em seu pequeno mundo, suas únicas companhias
são Maria Conga

Maria conga entra em cena, alisando os cabelos de Inocência

NARRADOR: Uma escravizada preta de Pereira, e Tico

Tico entra em cena, com cara fechada e olhando ao redor

NARRADOR: Homem bastante fiel, apesar de ser mudo

Os três saem de cena e a câmera muda, focando em um homem


misterioso

NARRADOR: Mas tudo muda quando um homem, chamado pelo


povoado de doutor Cirino, encontra a fazenda de seu Pereira.

Pereira entra em cena

PEREIRA: Quem vem lá?

CIRINO: Por favor, não me faça mal, sou apenas um doutor

PEREIRA: Graças a Deus!! Tico! Conga! Tragam Inocência!

NARRADOR: Inocência, coitadinha, estava com uma febre


fortíssima

Tico e Maria entram em cena, trazendo Inocência, que tosse


bastante e anda de maneira vagarosa.

CIRINO: Ok, ok, eu dou um jeito nisso, mas eu preciso que todo
mundo se afaste!

Todos, exceto Cirino e Inocência, saem de cena.

CIRINO: Aqui moça, tome isto

INOCÊNCIA: Obrigada

Cirino entrega a inocência algo para beber e ela agradece, bebendo


e ajeitando sua postura, demonstrando estar bem melhor
NARRADOR: Dito e feito. Inocência se sente bem melhor e agora,
com o susto tendo passado, os dois se olham, completamente
bestificados pela beleza um do outro

INOCÊNCIA: Muito obrigada, me sinto bem melhor

CIRINO: Não foi nada, seria uma pena se o mundo perdesse uma
menina tão bonita.

Inocência e Cirino se olham, demonstrando estarem


envergonhados com a presença um do outro, evitando se olhar ao
máximo.

NARRADOR: Entretanto, houve quem presenciasse esse contato.


Tico, sempre vigilante, estava observando os dois e acabou
presenciando essa interação.

A câmera muda e foca em Tico, observando tudo com olhar


desconfiado

NARRAÇÃO: Mas conforme o tempo passava, o amor dos dois


aumentava e a desconfiança na casa reinava

A muda para Inocência e Cirino indo até atrás de uma árvore,


olhando ao redor para ter certeza de que ninguém vigiava.

NARRADOR: Enquanto isso, Pereira desconfiava de um homem


que apareceu por lá, chamado de Dr. Meyer e seu assistente, José,
responsável por explicar para estranhos que seu patrão estava
caçando novas espécies de borboletas.

A câmera foca em doutor Meyer, olhando ao redor, buscando


borboletas. A câmera se afasta e coloca em primeiro plano Pereira
gesticulando nervosamente para Dr. Meyer e José tentando
apaziguar-lo.

PEREIRA: Eu quero ele fora daqui!!!

JOSÉ: Poxa seu Pereira, não é pra tanto!

PEREIRA: Ele vai tirar minha menina de mim! MANDA ELE


EMBORA!!!
Tico se aproxima, gesticulando que deseja falar com Pereira

NARRAÇÃO: Mas não demorou muito para que Pereira


descobrisse o caso que sua filha teve com o Doutor Cirino

A cena muda para Inocência cheirando uma flor, quando Pereira


chega, enfurecido e começa a gritar com a menina

PEREIRA: Então você anda se engraçando com o doutor!!!

INOCÊNCIA: Pai, não é pra-

Pereira dá um tapa na cara de Inocência

PEREIRA: Eu te dei comida! Te dei uma casa pra morar! E é assim


que você me agradece??? Mulher, eu te arranjei um casamento!!!

INOCÊNCIA: Com um bruto! Eu nunca vou me casar com


Manecão, o meu coração pertence ao Cirino!

O pai sai furioso, enquanto a câmera o acompanha para um


encontro com Manecão
MANECÃO: Chefe! A sua filha não era minha?!
PEREIRA: Liga não, filho, isso é tudo armação daquele Meyer. Ah,
mas se eu pego aquele sujeito, eu bato nele, eu frito ele e faço
purê! Avisem todos! Se eu encontrar o doutor Meyer, eu mato!
A cena corta para Doutor Meyer e José
DOUTOR: Ouviu o que eles têm falado José?
JOSÉ: Ouvi sim, doutor, mas eles são só charlatões e arruaceiros,
não tem coragem de fazer nada
DOUTOR: Mesmo assim, José, ser acusado de forçar dois jovens a
se amarem é humilhação demais. Além do que, a gente já
conseguiu o que veio procurar
JOSÉ: Nesse caso, desejo uma boa sorte para o jovem casal
Doutor Meyer e José pegam suas coisas, como se fossem partir em
viagem, e saem de cena.
NARRADOR: Mas isso de nada adiantou, pois Manecão, bruto
como era, começou a seguir os passos de Cirino.
A cena muda para Manecão seguindo Doutor Cirino
NARRADOR: Até um dia interpelou-o, e...
Manecão tira uma garrucha da cintura e Cirino cai por terra
CIRINO: Inocência, meu único e verdadeiro amor, jurada a mim
pelos céus, me perdoe...
Um homem aparece e Cirino segura-o pela perna
ANTÔNIO CESÁRIO: Pelo bom nome de Deus! O que houve
contigo?
CIRINO: De nada isso importa, meu bom homem, o que importa é o
que irei lhe pedir
ANTÔNIO CESÁRIO: Nem precisa me dizer, você deseja que eu te
leve ao médico, certo?
CIRINO: De forma nenhuma, pois o que lhe pedirei é de maior valor
do que a minha vida
ANTÔNIO: Então diga-me, como posso ajuda-lo?
CIRINO: Antes de tudo, qual o seu nome, meu bom homem?
ANTÔNIO: Antônio Cesário
CIRINO: Antônio Cesário. Pelo bom nome da família Cesário, juras
não deixar de que modo algum Inocência case-se com Manecão?
ANTÔNIO: Mas é claro que sim!
Cirino sorri e fecha seus olhos. Pela última vez
A cena muda para doutor Meyer em um lugar ao ar livre, parecendo
discursar para muitas pessoas
NARRADOR: Dr. Guilherme Tembel Meyer, em 1863, apresentava
aos entomólogos do mundo a sua mais recente descoberta
DOUTOR: Apresento a vocês, Pappilota Inocenttia! Uma borboleta
raríssima e de beleza extraordinária, tal qual aquela que lhe
empresta o nome! A senhorita-
NARRADOR: Inocência, coitadinha...
A cena muda para inocência, deitada no chão, com os braços
cruzados em frente ao corpo.
NARRADOR: Exatamente nesse dia dois anos faria que seu gentil
corpo fora entregue à terra, no intenso sertão de Santana do
Parnaíba, para dormir o sono da eternidade...

A cena muda uma última vez, para o lugar onde estava inocência,
agora vazio, indicando que é lá onde ela está enterrada.

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