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Poeiras

Estelares

UMA WEBNOVELA DE:


João Paulo Ritter

Capítulo 37
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

Kenichi Kaneko (Eiichiro).


01 APARTAMENTO DE AMORA/SALA DE ESTAR/INT./NOITE
AMORA está conversando ao telefone celular com DONNA.

AMORA — Mas o José Carlos está tão preocupado


assim com esse rapaz?

DONNA — (V.O.) Afinal é o noivo do nosso filho.

AMORA — Mesmo assim…

Alguém bate a porta.

AMORA — Deve ser a Júlia, ela disse que viria. A


gente se fala mais tarde, tchau Donna.

AMORA encerra a ligação.

AMORA abre a porta e JÚLIA entra rapidamente.

AMORA — Boa noite, onde estão seus modos?

JÚLIA — A gente precisa conversar, mãe.

AMORA — Conversar sobre o que minha filha?

JÚLIA — Sobre a forma que você saiu da minha casa


depois de eu ter perguntado se você sabia
algo sobre minha briga com o Fernando.

AMORA — De novo isso? Foi uma coisa que senti,


coisas de mãe.

JÚLIA — Como você é falsa.

AMORA — O quê?

JÚLIA estapeia AMORA.

Surpresa e assustada, AMORA encara JÚLIA com a mão no lugar


em que levou o tapa.

AMORA — Por que você fez isso? Minha filha, por


qual motivo você bateu na sua própria mãe?
JÚLIA — Minha mãe? Você é um demônio…

AMORA — Júlia…

JÚLIA — Você foi capaz de forjar as fotos do


Fernando com aquela outra para separar a
gente.

AMORA — Mas o que é isso? Do que você tá falando?

JÚLIA — Para de se fazer de sonsa! Eu já sei de


tudo, não adianta negar!

AMORA — Como?

JÚLIA — Isso não importa, mas de agora em diante,


você não é mais a minha mãe. Some da minha
vida!

JÚLIA sai do apartamento.

Em AMORA assustada.

02 APARTAMENTO DE AMORA/SALA DE ESTAR/INT./NOITE


Abre em PATRÍCIA.

PATRÍCIA — É claro que eu não falei nada, o que eu


ganharia com isso? Capaz ainda da sua filha
me colocar na cadeia.

AMORA — Se não foi você, então, quem foi?

PATRÍCIA — Uma mulher que arma um plano desses seria


mais esperta. Quem mais tava junto com a
gente nessa?

AMORA pensa.

AMORA — Aquele garoto do escritório? O tal de


Guga?
PATRÍCIA — Só sobre ele. Ele sempre teve um carinha
de fraco…

AMORA — Um plano que me deu um trabalhão desses,


não acredito que foi tudo jogado por água
abaixo graças a um idiota. Homem é tudo que
não presta mesmo…

PATRÍCIA — O que a senhora vai fazer agora?

AMORA — Nada, ué. Eu tentei ajudar, tentei fazer


ela ver de diversas formas que aquele rapaz
não é homem para ela, mas agora que a Júlia
me renegou como sua própria mãe! O que eu
devo fazer, vou deixar que essa daí se vire
sozinha daqui pra frente…

PATRÍCIA — Bom, eu já ganhei o que me foi prometido.


Agora, adeus.

PATRÍCIA dá as costas e vai embora.

AMORA — Nunca deveria ter voltado para cá.

Em AMORA furiosa.

03 CASA DE EIICHIRO/SALA DE ESTAR/INT./DIA


Abre em EIICHIRO sentado no sofá da sua casa, ele está
chorando.

Vai para HENRIQUE entrando em cena, ele percebe o mais velho


chorando.

HENRIQUE — Eiichiro? Aconteceu alguma coisa?

EIICHIRO limpa suas lágrimas, se vira.

EIICHIRO — Aconteceu sim, meu filho. Aconteceu.

EIICHIRO levanta, suspira.

HENRIQUE — Não me diga que…


EIICHIRO — Foi nessa madrugada. Os médicos me
ligaram agora, eles tentaram fazer a
ressuscitação, mas não foi. Minha querida
Otoosan morreu.

HENRIQUE abaixa a cabeça entristecido. Ele caminha até


EIICHIRO e o abraça, o velho começa a chorar.

Em HENRIQUE emocionado.

04 CASA DE EIICHIRO/JARDIM/EXT./DIA
HENRIQUE deixa a casa entrando no jardim, ele passa a mão em
seus cabelos e em seguida começa a chorar em silêncio.

HENRIQUE — Que desgraça toda é essa que tá


acontecendo? Por que isso tá acontecendo?
Era para ser uma viagem feliz. Samuel
sumiu… A dona Sakura morreu. Por que tudo
isso? Por qual motivo.

Em HENRIQUE perdido.

05 HOSPITAL DE TÓQUIO/QUARTO/INT./DIA
Mostra a fachada de um hospital.

SAMUEL está deitado na cama de hospital, inconsciente. Soro


na sua veia e batimentos monitorados.

Uma ENFERMEIRA e um MÉDICO estão ao lado da cama.

MÉDICO — Nenhuma identificação?

ENFERMEIRA — Não, senhor. Mas acreditamos que ele seja


estrangeiro, o senhor que o encontrou disse
que enquanto estava com ele desmaiado, ele
estava falando e não reconheceu a língua.

MÉDICO — O que será que ele estava fazendo lá?

ENFERMEIRA — Sabemos o que os estrangeiros vão fazer


lá, filmar a dor das outras pessoas.
MÉDICO — É, mas ele estava sem câmeras, sem
celular. Alguma coisa deve ter acontecido.

ENFERMEIRA — Bom, vamos ter que esperar ele acordar.

MÉDICO — Assim que ele acordar, me avise.

ENFERMEIRA — Sim senhor.

Em SAMUEL desacordado.

06 CASA DE EIICHIRO/SALA DE ESTAR/INT./DIA


EIICHIRO serve chá verde para ele e HENRIQUE. Os dois estão
sentados no sofá da sala.

EIICHIRO — Eu vou no hospital, tenho que assinar


mais papéis e essas coisas para liberação
do corpo.

HENRIQUE — Eu vou com o senhor.

EIICHIRO — Não, você fica aqui e avise no Brasil o


que aconteceu. O mal estar poderíamos
esconder, mas a morte não! Minha sobrinha
tem que saber que a mãe dela morreu.
Decidir aonde o corpo vai ser enterrado.

HENRIQUE — Deve custar uma fortuna para levar o


corpo para o Brasil.

EIICHIRO — Isso a gente vê depois.

EIICHIRO bebe o chá.

EIICHIRO — Eu vou indo.

EIICHIRO levanta e sai.


HENRIQUE levanto do sofá e pega seu celular.

Na tela do celular vemos o nome “PAI” sendo discado.

HENRIQUE põe o aparelho em seus ouvidos.

07 MANSÃO BARRETO/SUÍTE PRINCIPAL/INT./NOITE


JOSÉ CARLOS com o telefone celular perto do seu ouvido.

JOSÉ CARLOS — Oi meu filho, como estão as coisas aí?


Notícias do Samuel?

JOSÉ CARLOS escuta, sua expressão fica chocada.

JOSÉ CARLOS — Como assim? Mais essa?

DONNA entra em cena saindo do banheiro do quarto, fica


observando de longe.

JOSÉ CARLOS — Que coisa triste, meu Deus. Claro, eu vou


tentar ver isso, mas primeiro preciso
conversar com o Renato para ver se
conseguimos dinheiro. Claro, claro. Tchau
meu filho.

JOSÉ CARLOS encerra a ligação.

DONNA — Dinheiro para o quê?

JOSÉ CARLOS respira fundo.

JOSÉ CARLOS — A avó do Samuel, ela faleceu.

DONNA — Cruz e Credo, José Carlos, que urucubaca


é essa que jogaram nessa família? Primeiro
o filho desaparece, agora a avó morre.

JOSÉ CARLOS — Parece coisa de novela…

DONNA — Novela? Tá mais para filme de terror.

JOSÉ CARLOS deita na cama.


DONNA — Vou apagar a luz. Boa noite, querido.

A câmera acompanha DONNA até o interruptor, ela apaga a luz.

08 CASA DA FAMÍLIA OKADA/SALA DE ESTAR/INT./NOITE


VERA está sentada no sofá, adormeceu assistindo televisão.

SAKURA senta ao lado da filha, acaricia o seu rosto e sorri.

SAKURA — Eu te amo, minha filha.

De repente VERA acorda, SAKURA não está mais ali e ela olha
para os lados assustada, confusa.

AKIRA entra em cena pelo corredor.

AKIRA — Querida…

VERA levanta, quando olha para o marido percebe algo em seu


olhar.

VERA — São más notícias?

AKIRA — Infelizmente sim.

VERA — É sobre a minha mãe?

AKIRA fica em silêncio.

VERA — Não, o que houve?

AKIRA — A sua mãe, a Sakura, ela, infelizmente,


ela faleceu.

VERA põe a mão sobre a boca, chocada.

Aos poucos VERA cai no chão ajoelhada e começa a chorar.

AKIRA — Querida!

AKIRA se aproxima, abaixa e abraça a mulher, consegue


levantá-la no abraço.
VERA — (CHORANDO) Não, minha mãe! Não! Meu filho
e agora a minha mãe!

AKIRA abraça VERA em silêncio.

VERA — (CHORANDO) Como eu vou viver, me diz


Akira? Como eu vou viver…

VERA sai do abraço, senta no sofá e continua chorando.

AKIRA — Ainda não sabemos se aconteceu algo de


ruim com o Samuel.

VERA — (CHORANDO) Mesmo assim, dói. Ainda mais


agora que a minha morreu, pior ainda é que
ela morreu do outro lado do mundo. Nem sei
se vou conseguir me despedir dela!

AKIRA não se aguenta e começa a chorar também, senta a mesa


da cozinha.

09 APARTAMENTO DE JÚLIA/SALA DE ESTAR/INT./NOITE


SONOPLASTIA ON: Just The Way You Are (Bruno Mars).

JÚLIA entra em seu apartamento, chorando.

JÚLIA caminha até o sofá e senta, continua chorando por


alguns segundos e, então, limpa suas lágrimas.

JÚLIA — O que eu faço agora?

JÚLIA pega seu celular, entra na galeria de fotos e começa a


ver suas fotos com FERNANDO.

JÚLIA sorri nostálgica.

JÚLIA — Se eu contar tudo o que aconteceu, será


que você voltaria comigo? Eu gosto tanto de
você Fernando, eu te amo, mas será que…

Em JÚLIA olhando para uma foto dos dois.


10 JARDIM/EXT./DIA
Abre mostrando um belo jardim de uma visão aérea, é quase
como o paraíso. Talvez seja, não sabemos.

Vai para SAMUEL andando por um caminho de tijolos, ele


observa a beleza daquele jardim sorrindo e consegue ver ao
longe um grande portão que se ergue até o céu.

SAMUEL segue caminhando quando alguém segura sua mão, é


SAKURA que sorri para o neto.

SAMUEL sorri ao ver a avó.

SAMUEL — Obaasan, o que a senhora tá fazendo aqui?

SAKURA — Eu vim te levar, mas te levar de volta.

SAMUEL — De volta?

SAKURA — Sim, a sua hora não chegou, querido.

SAMUEL — E a sua?

SAKURA — Bom, a minha estava perto e por isso


estou aqui.

SAMUEL — Não, eu quero ir com você. Não quero, se


a senhora vai…

SAKURA — Pense no Henrique, na sua mãe. Agora mais


do que nunca ela vai precisar de você,
querido.

SAMUEL — O que tá acontecendo? O que aconteceu com


a Sandra?

SAKURA — Infelizmente a alma dela se perdeu na


escuridão, só vai poder sair de lá quando
aceitar e se arrepender dos seus pecados.
Por mais que eles tenham sido fruto de uma
influência espiritual.

SAMUEL — Então, a senhora morreu mesmo?


SAKURA — Desencarnei.

SAKURA sorri.

SAKURA — Vamos voltar, você precisa voltar.

SAMUEL segura a mão da avó e sorri, os dois dão meia volta e


caminham.

SAMUEL — Como é lá? É tipo aquele filme “O Nosso


Lar” ou é mais nuvens e tudo branco?

SAKURA — É muito lindo, é só o que precisa saber.

SAMUEL ri.

11 TÓQUIO E SÃO PAULO/EXT./DIA/NOITE


MONTAGEM — IMAGENS DE TÓQUIO E SÃO PAULO.

SONOPLASTIA: TQ Y YA (Danna Paola).

01 — Imagens de São Paulo durante a madrugada, pouca


movimentação nas estradas, muitas pessoas bebendo na rua.

02 — O dia em Tóquio, o vai e vem das pessoas indo trabalhar


ou estudar.

03 — Dia em São Paulo, trabalhadores pegando ônibus e outros


metrôs.

04 — Noite movimentada em Tóquio, jovens conversando em


grupos e se divertindo.

LETREIRO: 3 DIAS DEPOIS.

12 HOSPITAL DE TÓQUIO/QUARTO/INT./DIA
SAMUEL está sozinho no quarto, ainda deitado na cama e
desacordado.

Foca na bolsa de soro, nos seus batimentos em sincronia.


Aos poucos SAMUEL começa a abrir seus olhos. Ele acorda,
confuso.

A ENFERMEIRA entra e fica surpresa ao encontrá-lo acordado.

13 HOSPITAL DE TÓQUIO/QUARTO/INT./DIA
O MÉDICO está terminando de examinar SAMUEL. A ENFERMEIRA ao
lado.

MÉDICO — Qual o seu nome?

SAMUEL — Samuel. Samuel Okada.

MÉDICO — Estrangeiro?

SAMUEL — Brasileiro, mas tenho parentes aqui no


Japão…

ENFERMEIRA — É isso que venho fazer? Visitar eles?

SAMUEL confirma balançando sua cabeça.

SAMUEL — Sim, o irmão da minha avó.

MÉDICO — Consegue lembrar o nome de algum desses


parentes?

SAMUEL — Claro, consigo sim.

MÉDICO — Pode nos dizer? Sabe aonde moram,


endereço?

SAMUEL — O endereço acho que não vou lembrar, mas


o nome da minha prima é Mayumi Takahashi.
Ela é casada com um homem chamado Toshio,
eles tem dois filhos, Emi e Takeru. O
Takeru é universitário, não lembro o curso,
mas sei que a Emi é mangaká.

ENFERMEIRA — Vamos tentar localizar essa Mayumi. Com


licença.

A ENFERMEIRA sai.
MÉDICO — Bom, parece que você acordou bem. Espero
que consigam localizar a família do irmão
da sua avó, mas eu ainda quero saber o que
você foi fazer naquela floresta.

SAMUEL — Eu fui sequestrado.

MÉDICO — Sequestrado?

SAMUEL — É uma história bem longa, mas o resumo é


esse. Fui sequestrado e consegui fugir.

MÉDICO — Aonde o seu tio-avô mora?

SAMUEL — Oizumi.

MÉDICO — Bem, vou ver se prestaram queixa de um


brasileiro desaparecido em Oizumi. Quando
conseguir mais informações eu volto, daqui
a pouco vão trazer algo para você comer.

SAMUEL — Obrigado.

O MÉDICO sorri e em seguida deixa o quarto.

Em SAMUEL.

14 FLORESTA DOS MORTOS/EXT./DIA


Abre no corpo de SANDRA no chão, morta. SOUSUKE está em pé ao
lado do corpo, observa com desprezo.

SOUSUKE — Deixou ele escapar. E agora? O que eu


faço? Tenho que encontrar outra forma de
não deixar os dois ficarem juntos.

ÍCARO e GABRIEL surgem ali, SOUSUKE fica assustado.

ÍCARO — Infelizmente você não vai seguir com seus


planos, Sousuke.

GABRIEL — Conseguimos permissão para levá-lo. Você


já andou por muito tempo na Terra, mas a
forma que você corrompeu um espírito frágil
para ser levado para a escuridão foi a
sentença final para que ganhássemos a
permissão para influenciar em sua
existência.

SOUSUKE — Não podem fazer nada comigo. Eu não vou


para lugar nenhum, para luz ou que seja.
Tenho a missão de não deixar aqueles dois
serem feliz.

ÍCARO — Agora a sua missão é encontrar o bom


caminho.

GABRIEL — Sousuke, você reencarnará para resolver


sua pendência com esses espíritos.

ÍCARO — Você aprenderá o que é amor, vai aprender


a amar tanto Samuel quanto Henrique. Apenas
na sua próxima vida você poderá resolver
essa mágoa e esse ódio.

SOUSUKE — Não! Não, eu não irei com vocês.

ÍCARO — Você não tem escolha.

Uma intensa luz toma toda a região, quando ela some, GABRIEL
e ÍCARO já levaram SOUSUKE.

SANDRA segue morta no chão.

15 APARTAMENTO DE EDUARDA/SALA DE ESTAR/INT./NOITE


FERNANDO estava deitado no sofá, assistindo televisão.
EDUARDA sai do seu quarto e fica observando o amigo, cruza
seus braços.

EDUARDA — Se você não voltar para o seu quarto nos


dormitórios da universidade, você não vai
perder a vaga?

FERNANDO suspira.
FERNANDO — Eu tô muito triste para ficar sozinho,
vamos dividir esse apê.

EDUARDA — Fernando? Só tem um quarto.

FERNANDO — Eu durmo no sofá de boas, sem grilo.

EDUARDA coça a cabeça.

EDUARDA — O aluguel vai aumentar mês que vem, seria


bom mesmo.

FERNANDO — Viu? Viu só, olha aí.

EDUARDA — Calma aí, Fernando. Eu disse que seria


bom e não que vai ser. São coisas
diferentes.

FERNANDO levanta do sofá.

FERNANDO — Por favor, Eduardinha. Desde que a Júlia


terminou comigo eu não quero mais ficar
sozinho, somos amigos? Não somos?

EDUARDA suspira.

EDUARDA — Tá bom, mas não esquece de buscar tuas


coisas na universidade.

FERNANDO — Claro, eu vou!

EDUARDA senta no sofá, FERNANDO senta em seguida.

EDUARDA — Eu deveria ligar para o Renato? Ele deve


saber se o Henrique tem notícias do Samuel.
A Kika parou de atualizar aquele perfil
desde que publicou sobre o sumiço.

FERNANDO — Essa é uma boa desculpa para falar com


ele, de novo.

EDUARDA — Qual, é! O Samuel tá sumido, o Henrique


deve saber de alguma coisa.
FERNANDO suspira.

FERNANDO — Liga para o Henrique…

EDUARDA pensa.

EDUARDA — Não quer incomodar ele. Já tá tarde.

FERNANDO — Ele tá no Japão, quando é noite aqui lá


já é dia. São quase dez horas da noite.

EDUARDA — Tá bom, eu ligo para o Henrique.

EDUARDA pega seu celular.

16 CASA DE EIICHIRO/JARDIM/EXT./DIA
HENRIQUE está sentado na parte de madeira da casa que ficam
acima do chão do jardim, telefone em sua orelha.

HENRIQUE — Não, Eduarda. Ainda não tenho notícias do


Samuel. A polícia começou a procurar ontem,
mas acho que daqui a pouco devem saber de
algo.

EDUARDA — (V.O.) E como ficou a situação com o


corpo da dona Sakura?

HENRIQUE — Meu pai conseguiu dinheiro para pagar o


transporte. Ele vai ajudar a dona Vera e o
Akira a cuidarem do enterro.

EDUARDA — (V.O.) Pelo menos ela vai ser enterrada


no Brasil.

HENRIQUE — Sim, o irmão dela vai viajar ainda essa


semana para poder comparecer.

EDUARDA — (V.O.) E você?

HENRIQUE — Vou ficar em Tóquio, na casa da filha


dele. Prima do Samuel.
EDUARDA — (V.O.) Me avisa quando tiver notícias,
Henrique. Eu e o Fernando estamos muito
preocupados com tudo isso.

HENRIQUE — Eu aviso sim.

EDUARDA — (V.O.) Vou desligar agora, então. Tchau,


se cuida.

HENRIQUE — Até mais.

EDUARDA encerra a ligação.

HENRIQUE suspira e guarda seu celular.

17 SHOPPING/EXT./NOITE
JÚLIA e RENATO caminham lado a lado pelo shopping.

JÚLIA — Obrigada por sair comigo, vir conversar


comigo. Preciso da ajuda de um homem.

RENATO — O que aconteceu?

JÚLIA — Minha mãe aconteceu, não sabe o que ela


aprontou agora, Renato.

RENATO — O quê?

JÚLIA — Ela contratou uma modelo para forjar umas


fotos do Fernando me traindo.

RENATO para de andar. JÚLIA fica parada de frente para ele.

RENATO — Como assim? Isso é… Isso é sério, Júlia?

JÚLIA — Sim! Ela me confessou, ela pagou o Guga o


colega do Fernando para dopar ele ou sei lá
o quê.

RENATO — Parece coisa de novela.

JÚLIA — E de novela ruim, vamos combinar…


RENATO — Já conversou com ele? Com o Fernando?

JÚLIA — Ainda não, a gente brigou quando eu vi as


fotos, ele também não sabia o que tinha
acontecido direito, coitado.

RENATO — Você quer conversar com ele sobre isso?


Posso te levar até lá.

JÚLIA — Mas já vai passar das dez horas da noite,


não pode entrar depois desse horário nos
dormitórios da UJC.

RENATO — Não, ele tá com a Eduarda desde que vocês


terminaram. Ele tava se sentindo sozinho.

JÚLIA suspira.

JÚLIA — Hoje não. Amanhã, preciso pensar no que


eu vou dizer e em como vou me desculpar.

RENATO — Você quem sabe.

Quando JÚLIA se vira, ela vê PATRÍCIA conversando com uma


outra mulher.

JÚLIA — É ela, Renato. É a vadia que a minha mãe


pegou pra forjar as fotos.

RENATO — Sério?

JÚLIA — Sim!

Em JÚLIA.

18 MANSÃO BARRETO/JARDIM DOS FUNDOS/EXT./NOITE


AMORA e DONNA estão sentadas perto da piscina, estão tomando
um copo de suco de laranja.

DONNA — Você realmente vai embora do Brasil, mais


uma vez, Amora?
AMORA — Vou. O que tenho para fazer aqui? Depois
que briguei com a minha filha, não tenho
mais motivos para ficar. Ela não quis abrir
seus olhos para o fato daquele rapaz não
ser para ela e você não quis me ajudar.

DONNA — Eu já disse que não poderia te ajudar


numa situação assim. Sabemos porque você
não gosta desse rapaz.

AMORA dá de ombros.

AMORA — Agora não importa mais também. Vou voltar


para os Estados Unidos, ao meu trabalho
antigo e deixar Júlia aqui com suas
péssimas decisões.

DONNA — Você não me disse o que você fez dessa


vez, Amora.

AMORA — Eu fiz, eu fiz uma coisa pequena. Ela


ficou brava comigo por isso e a gente
brigou.

DONNA — Aposto que não foi pequeno, mas não vou


perguntar o que você fez porque eu não
quero saber.

AMORA sorri.

AMORA — Vou ficar esperando a Júlia voltar


rastejando para mim e se desculpar.

Em AMORA.

19 SHOPPING/EXT./NOITE
JÚLIA e RENATO estão observando PATRÍCIA escondidos.

RENATO — Vamos sair daqui, Júlia.

JÚLIA — Espera…

RENATO — Alguém vai te ver, vamos logo!


PATRÍCIA se despede da mulher e em seguida vai para corredor
dos banheiros.

JÚLIA — Renato, fica cuidando da porta do


banheiro feminino.

RENATO — O quê?

JÚLIA — Vou pegar essa vaca…

JÚLIA vai atrás de PATRÍCIA. RENATO a segue.

20 SHOPPING/BANHEIRO FEMININO/EXT./NOITE
PATRÍCIA está retocando sua maquiagem em frente ao espelho,
pelo reflexo vemos JÚLIA entrando no lugar.

Quando PATRÍCIA vê JÚLIA, rapidamente ela se vira.

PATRÍCIA — Você é a filha da… É a filha da Amora?

JÚLIA — Sim, eu preciso ter um particular muito


sério com você, querida.

21 SHOPPING/CORREDOR DOS BANHEIROS/EXT./NOITE


RENATO, nervoso, parado em frente a porta do banheiro
feminino. Observa o movimentando indo para aquele lado.
Felizmente o shopping estava quase vazio pelo horário.

22 SHOPPING/BANHEIRO FEMININO/EXT./NOITE
CONTINUAÇÃO DIRETA DA CENA 20.

JÚLIA de frente para PATRÍCIA.

PATRÍCIA — Eu preciso ir, com sua licença.

JÚLIA — Não, você não vai a lugar nenhum!

JÚLIA segura PATRÍCIA pelo seu braço.

JÚLIA — A gente tem muito para conversar.

PATRÍCIA — Você tá me machucando, querida…


JÚLIA — E eu vou te machucar muito mais!

JÚLIA dá um tapa em PATRÍCIA.

PATRÍCIA avança para revidar, mas JÚLIA segura seus cabelos e


a empurra, JÚLIA dá outro tapa em PATRÍCIA e a empurra no
chão do banheiro.

PATRÍCIA cai de lado, lança seu olhar para JÚLIA.

Em JÚLIA.

SOBE OS CRÉDITOS AO SOM DE:


Just The Way You Are (Bruno Mars)

FIM DO CAPÍTULO.

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