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CAPÍTULO 10

SETE VIDAS

NOVELA CRIADA E ESCRITA POR

RÔM ULO GUILHERM E

Personagens deste capítulo


PEDRO
RUFINO
LICURGO
VITOR
ÁGATHA
BRUNO
SARAH
MARISA
JOAQUIM
CLARISSE
EVANDRO
CLÉZIO
CALINDA
JEFERSON
DJALMA
REBECA
EVA

Participação especial
PARAMÉDICO
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CENA 1. CASA VITOR. SALA. INTERIOR. TARDE


Continuação im ediata da últim a cena do capítulo anterior. Vitor se aproxim a de Ágatha, que continua
desacordada. Sarah está em choque.

Sarah — Ela tá com m orta?

Vitor verifica o pulso de Ágatha.

Vitor — Tá viva! (para Sarah) Cham a os médicos!

Sarah pega o telefone e liga.

Vitor — Cê viu com o ela caíu?

Sarah — Ela se... (corta, quando ia dizer se jogou) desequilibrou!

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CENA 2. CASA VITOR. FRENTE. EXTERIOR. TARDE


Os param édicos colocam Ágatha na m aca e saem com ela de dentro de casa. Colocam ela na
am bulância. Vitor e Sarah acom panham tudo.

Vitor — (para o m édico) Qual é o estado dela?

Param éd — É cedo pra falar ainda. O senhor vai junto?

Vitor — Vou sim !

Corta para o carro de Clézio chegando. Bruno cola o rosto no vidro do carro ao ver a am bulância parada
na porta da sua casa. Assim que Clézio pára, Bruno desce correndo.

Bruno — Pai..., pai..., o que aconteceu com m inha m ãe?

Vitor — (abraçando) Calm a, filho. Sua m ãe se desequilibrou da escada...

Bruno — (angustiado) Ela não m orreu não, né?

Vitor — Não, filho!

Param éd — (para Vitor) Vam os?

Bruno — Posso ir tam bém ?

Vitor — Hospital não é lugar pra criança, filho. A Sarah e o Clézio vão ficar com você.

Vitor dá um beijo em Bruno e entra na am bulância. Sarah e Clézio se aproxim am de Bruno.

Sarah — Sua m ãe vai ficar bem , Bruno!


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Bruno — Mesm o ela não gostando de m im , não quero que ela morra.

Clézio — Que isso, Bruno! Sua m ãe te am a. Qual m ãe que não am a o filho?

Bruno — Eu sinto isso. Parece que eu a incom odo. Não sou o filho que ela queria ter!

Sarah — Deixe de besteira, m enino. Vam os pra dentro, que o alm oço está pronto.

A am bulância parte.

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CENA 3. CASA VITOR. COZINHA. INTERIOR. TARDE


Sarah e Clézio estão alm oçando.

Clézio — Dona Ágatha se jogou da escada? Você tem certeza disso, Sarah?

Sarah — Certeza, com o dois m ais dois são quatro!

Clézio — Ninguém se joga da escada assim não!

Sarah — Posso até ter cara de boba, m as sou m uita esperta, m eu caro Clézio. (t) A patroa
se jogou da escada de propósito para não deixar seu Vitor ir em bora.

Clézio — Ela seria capaz de arriscar sua própria vida para isso?

Sarah — Mulher apaixonada é capaz de tudo.

Clézio — Isso pra m im não é am or. É obsessão!

Sarah — Para não perder a vida boa que leva, perder o hom em que am a, a fam ília que
apresenta pra todas suas am igas, viu a escada com o form a de tentar reverter o jogo
para seu lado novam ente. Eu m anjo dessas coisas. Em novela acontece isso direto...
Tenho pena é do Bruno, que não tem nada haver com isso!
Bruno entra.

Bruno — Quero ir ver m inha m ãe!

Clézio — Eu vou ligar pro seu pai e perguntar pra ele se posso te levar lá, tá bom ?

Bruno — Tá!

Bruno saí.

Clézio — Eu tam bém tenho m uita pena dele! Tom ará que seu Vitor não esqueça do garoto,
agora que sabe que ele não é seu filho.

Sarah pensa um pouco, m aquinando um a idéia. Tira o celular do bolso e coloca a gravação da conversa
de Vitor e Ágatha.
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Sarah — Acho que a descoberta desse segredo será m uito bom pra m im viu. E até pra
você, Clézio!

Clézio — Com o assim , Sarah?

Sarah — Acho que nossa vida de reles em pregados estão chegando ao fim ! Terem os
nossa chance de virar patrões!

Clézio — (irônico) Caiu da escada tam bém e bateu com a cabeça?

Sarah — Você vai entender o que estou dizendo quando eu colocar em prática o que estou
m aquinando!

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CENA 4. AVIÃO. INTERIOR. TARDE


Pedro está sentado, pensando. Ele fecha o olho por uns instantes.

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CENA 5. CAM PO. LUGAR BONITO. EXTERIOR. DIA


Flash-Back a ser gravado. Pedro e Rebeca crianças, brincam pelo cam po, correndo, se divertindo.

Rebeca — Você não corre nada, Pedro!

Pedro — Eu vou te pegar Rebeca!

Eles correm pra debaixo de um a árvore. Rebeca tropeça e caí. Ela rala o joelho e com eça a chorar.

Pedro — Calm a, Rebeca! Vou cuidar de você!

Pedro rasga um pedaço da sua blusa e enrola no joelho de Rebeca. Assim que am arra, ele beija o lugar.

Rebeca — Obrigado, Pedro! Não está doendo m ais!

Seus olhos se encontram .

Pedro — Gosto m uito de você, Rebeca! Quero m e casar com você, ter m uitos filhos...

Rebeca — Som os crianças, ainda não podem os casar.

Pedro — Quando a gente crescer! Vam os ser m uitos felizes juntos!

Pedro e Rebeca se aproxim am lentam ente e dão um selinho. Rufino chega e vê os dois se beijando. Ele
fecha a cara.

Rufino — (bravo, pra Pedro) Pra casa, Pedro!

Pedro — Mas ainda não acabam os de brincar, pai!


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Rebeca — É, seu Rufino.

Rufino pega Pedro pelo braço e o levanta.

Rufino — Vocês nunca m ais vão brincar. (para Rebeca) Esqueça que m eu filho existe, que
ele vai esquecer que você existe!

Rufino leva Pedro em bora. Pedro olha pra Rebeca, que fica sentada.

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CENA 6. AVIÃO. INTERIOR. TARDE


Pedro abre os olhos.

Pedro — (lam entando) Não queria que tivesse sido assim , Rebeca!

A m ulher que está do lado de Pedro olha pra ele, estranhando por ele estar falando sozinho.

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CENA 7. CASA CALINDA. QUARTO JEFERSON. INTERIOR. TARDE


Jeferson está jogando video-gam e. Calinda entra e senta do seu lado.

Calinda — Não acha que está m uito grande pra jogar video-gam e, não Jeferson?

Jefers — Mas eu gosto, m ãe!

Calinda — Você está prestes a se casar, m eu filho. Precisa am adurecer! Você será o chefe
da casa!

Jeferson larga a m anete do jogo e vira-se para Calinda.

Jefers — Não sei m ais se vou m e casar, agora que padre Januário m orreu!

Calinda — Um novo padre vai ser designado pra cá. E ele vai dar seqüência em todos as
cerim ônias que padre Januário, que Deus o tenho em bom lugar, tinha m arcado,
inclusive o de vocês!

Jefers — Acho que a Rebeca não gosta de m im .

Calinda — Ela disse isso?

Jefers — Não, m as parece!

Calinda — É por isso que você tava distraído daquela jeito?

Jefers — Não quero perde-la, m ãe! Eu am o a Rebeca m ais do que tudo, m ais do que
m inha vida. Sinto que ela não me am a com a m esm a intensidade! Será que ela não
esqueceu do Pedro?
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Calinda — Se Rebeca não te am asse m eu filho, ela não tinha ficado noiva de você! Não se
preocupe que tudo vai dar certo! Eu prom eto!

Calinda abraça Jeferson.

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CENA 8. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. TARDE


Vitor está apreensivo. Marisa e Joaquim chegam .

Joaquim — Viem os o m ais rápido que conseguim os!

Marisa — (aflita) Com o m inha am iga está?

Vitor — Eles entram com ela e até agora não m e deram nenhum a notícia.

Joaquim — Ela caiu da escada?

Marisa — Você não a em purrou não, né Vitor?

Joaquim — (repreendendo) Que isso, Marisa? Isso é coisa que se diga?

Marisa — É que eu estou m uito nervosa!

Vitor — Então é m elhor você se acalm ar, Marisa, ao invés de ficar falando besteira.

Marisa se afasta, indo pegar água num canto.

Vitor — (baixo) Tivem os um a discussão feia. Descobri que o Bruno não é m eu filho!

Joaquim — (surpreso) Não m e diga, Vitor! A Ágatha teve coragem de te trair?

Vitor — Sabe com quem ? Com o Anderson! Aquele cretino, que m ora na m inha casa.

Joaquim — O prim o da Ágatha!

Vitor — O Bruno é fruto da relação dos dois! E sua m ulher sabe de tudo! Eu peguei as
duas conversando... Mas não pensa que vou deixar barato. Os dois m e pegam !

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CENA 9. CASEBRE. JANDAÍA. EXT / INT. NOITE


Em um casebre afastado, com as janelas tapadas com tábuas de m adeira, em algum ponto da praia,
Rufino pára seu carro. Ele desce, se dirige até seu porta m alas e tira de lá um saco grande. Ele entra
dentro da casa e joga o saco no chão. Rufino abre e tira de lá de dentro Eva.

Eva — Onde estam os?

Rufino — Num lugar que você não conhece.


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Eva — O Pedro chega hoje?

Rufino — Sim ! Mas eu disse que você não iria vê-lo nunca m ais!... Não adianta gritar, pedir
socorro, ajuda, pois aqui ninguém vai te escutar.

Eva — Sabe o que m e conforta, Rufino, é saber que um dia você vai pagar por tudo isso,
por todas suas m aldades! A m orte do padre Januário, o que você com nosso filho,
com igo... Um a lista grande e cruel!

Rufino saca da cintura um revolver e atira.

Rufino — Cala a boca, Eva! Cala a boca!

O tiro acerta um jarro, que se espatifa todo. Eva se encolhe toda, assustada.

Rufino — O próxim o será em você! Pode saber que errei de propósito, pois tenho um a m ira
m uito boa!

Eva — Eu preferiria que você tivesse acertado em m im ! Acabava com tudo isso de um a
vez por todas.

Rufino — Não seja por isso...

Rufino aponta a arm a em direção a Eva, que se prepara para m orrer.

Eva — Morro em paz por saber que Deus está com igo!

Rufino engatilha a arm a. Pronto pra atirar, seu celular toca. Ele atende.

Rufino — (no cel) Sim !... Ótim o!

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CENA 10. ORELHÃO. EXTERIOR. NOITE


Licurgo term ina de falar com Rufino e coloca o telefone de gancho. Ele tira um a caixa de fósforo do bolso
e acende um palito.

Licurgo — Vam os ter churrasco de bruxa hoje...

Licurgo guarda a caixa no bolso, pega um galão de gasolina no chão e saí cam inhando, tranqüilam ente.

Corta para:

CENA 11. CASEBRE. INTERIOR. NOITE


Continuação da cena 9. Eva aproveita a distração de Rufino e saí correndo pela porta aberta.

Rufino — (indo atrás) Maldita!

Rufino desliga o celular e corre atrás de Eva. Corta para:


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CENA 12. PRAIA JANDAÍA. EXTERIOR. NOITE


Eva corre desesperada. Corre por sua vida. Rufino vem logo atrás.

Rufino — Volte aqui sua cobra dos infernos. Você não pode escapar de m im !

Eva corre em direção ao m ar. Ela avança sem m edo.

Corta para:

CENA 13. AEROPORTO. INTERIOR. NOITE


Pedro está saindo da área de desem barque com sua m alas. Pacheco está com um a placa, escrita:
PEDRO. Pedro se aproxim a dele.

Pedro — Pacheco?

Pacheco — (feliz) Pedro, quanto tem po! Com o você tá m udado, bonito! Quem diria hen, você
padre...

Pedro — É..., são os cam inhos da vida!

Pacheco — Seu pai pediu pra eu te buscar. Ele tinha um assunto m uito sério pra resolver...

Pedro — Seu Rufino e seus m istérios...

Pacheco — Vam os, então?

Pedro — Sim ! Não vejo a hora de m atar a saudade que estou de Jandaía, das pessoas...

Pacheco e Pedro cam inham em direção a saída do aeroporto.

Corta para:

CENA 14. PRAIA JANDAÍA. EXTERIOR. NOITE


Continuação da cena 12. Eva entra no m ar. Rufino vem logo atrás. Eva acaba caindo e Rufino se aproxim a
dela, conseguindo pegar seu braço e lhe puxar até a areia.

Eva — Me solta, Rufino! Me deixa morrer!

Rufino — Você tem m uito o que sofrer ainda.

Eva — Eu tirei de você seu sonho de ser padre, estraguei sua vida, agora acabe com a
m inha.

Rufino — Não será fácil assim não!

Rufino vêm arrastando Eva pelo braço, indo em direção ao casebre. Eva lhe dá um a m ordida forte na m ão,
de arrancar sangue e um gem ido forte. Ela consegue se atracar com ele, e os dois rolam na areia. Eva
consegue pegar a arm a de Rufino e rapidam ente se levanta. Clim a de tensão entre os dois.
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Eva — E agora? Quem está no comando da situação?

Rufino — Me dá essa arm a, Eva!

Eva trem e, com a arm a em punho, tentando controlar a situação.

Eva — Im plora por sua vida, Rufino! Im plora seu dem ônio!

Rufino — Você vai acabar se m achucando, Eva! Me m achucando! Não suje sua alm a com
m ais esse pecado!

Eva — Não tenho nada a perder! Com o você m esm o diz: eu já estou condenada ao
inferno. Um pecado a m ais, um a m enos, não fara diferença!

Rufino parte pra cim a de Eva, segurando pra cim a sua m ão que segura a arm a, tentando tirar dela o
objeto. Corta para:

FIM DO CAPÍTULO 10

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