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Minha DOCE VINGANÇA

LIVRO 2

Milla Borges

Esta é a continuação do meu primeiro conto e eu dedico a todas vocês


que pegaram ele apenas por curiosidade ou por um trecho legal em algum
vídeo das redes vizinhas, espero que gostem dos meus personagens e que se
divirtam.
INFORMATIVOS:

Dark Romance é um subgênero advindo dos romances eróticos, e que tem características
peculiares e muitas vezes perturbadoras, ao abordar temas pesados e ter protagonistas que vão contra
o usual. Não há uma regra aqui e nem um limite sobre o que pode ou não ser usado nos romances
sombrios. Temas como sequestro, abuso, vício em drogas, crime e tortura são apenas alguns
exemplos do que podemos encontrar. Normalmente, uma mocinha ou mocinho se envolve com
personagens de moral duvidosa e se vê em meio a situações perigosas e angustiantes.
Este livro é um Dark Romance e contém temas fortes como: Manipulação, abuso psicológico,
sequestro, mortes, palavras de baixo calão e cenas sexuais taboo.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS, MILLA BORGES, 2023

Todos os direitos reservados. Direitos reservados em língua portuguesa,


no Brasil, por Milla Borges. Nenhuma parte desta obra pode ser
reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios
(eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da autora.
SINOPSE

Matteo, Zade e Nino


Tudo foi pelos ares, levaram a nossa companheira, invadiram o nosso
reino e desrespeitaram a nossa casa e nada disso será esquecido! Vamos
pegar de volta tudo que nos tomaram com juros.

Anna
Acordei em um lugar que não reconheço, minha mãe diz que meus
companheiros me abandonaram e sinto uma coisa dentro de mim lutando
para ser liberta, tenho um plano para fugir dessa prisão, mas será que ele vai
dar certo?

Acompanhe Anna e seus companheiros nesse último e especial conto,


venha descobrir como os monstros são criados e que nem tudo é o que
parece.
MATTEO
Porra, isso não pode estar acontecendo!
Me agacho para proteger Anna enquanto meus irmãos ficam em torno da gente, uma explosão
ensurdecedora acontece e sou jogado longe com Anna nos meus braços, mas consigo cair de uma
forma em que todo o meu corpo entre em contato com o chão e que o dela fique em cima de mim.
Em menos de um segundo Nino e Zade estão em cima de mim para ver se está tudo bem com a
nossa companheira.
Levantamos e então eu a coloco nos braços de Nino e o empurro para trás de mim e de Zade,
para que assim possamos protegê-los com nossos corpos.
Quando olho para frente simplesmente não consigo acreditar no que meus olhos estão
enxergando, um exercício de todas as espécies possíveis de demônios lideradas por Goulard e Zênia,
a porra da mãe da minha mulher.
São tantos soldados que minha visão não chega a alcançar o final do batalhão deles, pela
primeira vez na minha vida eu sinto medo pelo meu povo e pela minha mulher, sinto Zade e Nino
ficarem tensos também e escuto uma risada que arrepia todos os meus pelos.
“Vocês realmente acharam que eu não iria perceber em nenhum momento que vocês estavam
visitando a minha filha?” – Disse Zênia com um sorriso de escárnio em seu rosto feio – “Ah não,
espera. Vocês realmente acreditaram que eu não sabia que eram vocês quando a mandei para aquele
manicômio, não é?” – Mais uma vez ela cai na gargalhada e eu sinto a raiva começar a me dominar,
mas continuo em silêncio.
“Aiai crianças, vocês tem taaaanto que aprender.” – Disse ela arrastando a frase. “Se um truque
tão bobo enganou os futuros Reis, nem imagino o que aconteceria se eu me empenhasse, o que você
acha meu marido?” – ela perguntou para Goulard que estava ao seu lado.
Quando ela disse marido pude sentir o choque dominando a mim e aos meus irmãos, então
finalmente analisei ela dos pés a cabeça e pude notar a coroa brilhando em cima de seus cabelos.
“Notaram certo? Então agora vocês sabem com quem estão se metendo.” – Disse ela com um
sorriso manipulador – “ Goulard querido pegue aquela espada, por favor.” – Ela solicitou apontando
para o cinto de um de seus soldados.
Eu e meus irmãos olhamos petrificados aquela cena se desenrolar. – “Agora querido, enfie ela
bem fundo em seu coração.” – Ela disse e ele o fez sem pestanejar. Assim que a enfiou ele caiu duro
no meio da sala do portal, pude ver a vida indo embora de seus olhos.
Seus soldados nem piscaram diante do que aconteceu, todos com um olhar vítreo e sem vida. –
“Acredito que tenham percebido quem era meu verdadeiro companheiro, certo” – Ela perguntou em
um tom sarcástico.
“COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO PORRA? MEU PAI FEZ TANTO POR VOCÊ...” - Zade
estourou, mas logo foi interrompido por Zênia.
“SEU PAI FEZ TANTO POR MIM? EU RENEGUEI AO MEU PARCEIRO POR ELE! EU
ME SACRIFIQUEI POR ELE! EU PEDI O MEU BEBÊ POR ELE!” – Ela gritou enquanto nos
olhava com raiva.
Bebê?
Fiquei em choque quando ouvi aquela palavra. – “Como assim Bebê?” – Perguntei lentamente.
“Oh, o seu querido pai não contou a vocês?” – ela perguntou com deboche – “Aposto que ele
me colocou como a maluca que o traiu do nada, certo? Até porque eu não teria motivos para fazer
tudo o que fiz, não é? Não, eu sou apenas a vilã da história de vocês.” – Ela cuspiu essas palavras
como se fossem veneno na sua língua.
“EU ESTAVA GRÁVIDA DELE E MESMO ASSIM ELE ME MANDOU PARA A
BATALHA! ELE SABIA E MESMO ASSIM NÃO SE IMPORTOU! EU IMPLOREI A ELE PARA
ME DEIXAR DE FORA, MAS ELE DISSE QUE SE EU NÃO COMPARECESSE EU IRIA SER
ENFORCADA POR TRAIÇÃO.” – Minha respiração foi ficando mais difícil a cada revelação que
ela fazia, como o pai que me ensinou tudo o que eu sei hoje pode ser o mesmo que ela descreveu?
“Isso não pode ser verdade.” – Disse Nino vindo a frente com Anna em seu colo.
Ela deu uma gargalhada sem alegria e continuou – “E quando eu voltei da batalha sem o meu
filho no ventre, ele simplesmente ficou aliviado. Não se importou ou me deu o mínimo de apoio. E
ainda me disse que não queria ter mais nada a ver comigo pois mancharia a memória de sua esposa
morta.” – ela contou com uma voz sem emoção.
“Então não venha me dizer o quanto ele fez por mim, seu pai foi um merda para mim e merece
tudo que está vindo para ele.” – Ela disse com uma cara de raiva.
“E o que você veio fazer aqui então? Apenas nos contar o seu suposto lado e esperar que
fiquemos do seu lado contra nosso pai?” – Ironizou Zade.
“Eu vim tratar de assuntos com o Rei! Pelo que me lembro vocês não são ainda. Faça algo de
útil e chame seu pai.” – Ela disse a Zade sem nem mesmo olhar na cara dele e antes que ele pudesse
dizer alguma coisa uma voz forte falou ao fundo.
“Eu não preciso que ninguém me chame.” – Disse meu pai se apoiando na parede enquanto
vinha em nossa direção. – “Eu estou bem o suficiente para saber o que se passa no meu reino e se
você já acabou com o seu showzinho espero que vá direto ao assunto.” – Ele concluiu com uma voz
forte que eu não ouvia faz tempo, a voz de um Rei.
Pude notar que Zênia prendeu a respiração e que arregalou ligeiramente os olhos com a imagem
do meu pai diante dela depois de tantos anos, mas logo ela disfarçou e deu um sorriso gelado a ele.
“Quase com um pé na cova.” – Ela ironizou. – “O que eu quero de você é simples...” – ela fez
uma pausa dramática enquanto olhava para cada um de nós – “Eu quero a minha filha.” – ela disse
com um sorriso no rosto enquanto seu olhar passava por mim e meus irmãos para captar as nossas
expressões.
“NÃO” – Eu e os meus irmãos rugimos em uníssono e isso só fez o seu sorriso se alargar ainda
mais.
Ela fez um beicinho que não durou muito tempo antes do seu sorriso se alargar novamente. “Já
que insistem em dizimar o seu povo.” – Ela deu de ombros e levantou o punho, então seus soldados
marcharam como um só vindo em nossa direção.
Eu e o meu irmão nos preparamos para lutar enquanto Nino saia da sala para esconder nossa
companheira e voltar para a luta.
“ESPERE!” – O grito do meu pai fez meu sangue gelar. “Por favor, vamos negociar eu te dou
qualquer coisa.” – Nunca ouvi meu pai implorar por nada, ele sempre tomou tudo que quis.
Zênia olhou para ele e começou a rir.
Ela riu tanto que até perdeu o fôlego, eu podia ver as lágrimas de alegria escorrendo pelo rosto
dela. – “Nós poderíamos ter tido tudo, você tinha o meu coração na palma da sua mão, mas você
brincou com ele e agora você vai pagar.” – ela disse enquanto sorria olhando para Anna nos braços
de Nino – “Minha filha ou seu povo, escolha!”
Quando olhei em direção ao meu pai eu não conseguia enxergar nada além de um pedido de
desculpas em seu olhar. – “Eu não posso sacrificar meu povo, eu sinto muito.”
E assim meu mundo e o dos meus irmãos ficou escuro, mas antes de cair na inconsciência pude
ouvir novamente uma risada de gelar os ossos.
NINO
HORAS DEPOIS
Sinto minha cabeça latejando muito ao ponto de não conseguir abrir os
olhos, de início não me lembro do que aconteceu para eu estar me sentindo
dessa forma, mas como uma carreta a mil a lembrança de tudo bate em
mim.
Anna!
Eu levanto em um salto e não reconheço onde estou. É um local
mofado, com paredes de pedra do inferno que são imunes aos meus
poderes, estou em uma espécie de cela com grades na minha frente.
Procuro pelos meus irmãos, mas não os encontro em lugar nenhum e
começo a entrar em desespero, posso senti-los e sei que estão bem, mas não
estão a minha vista.
E ainda tem Anna, eu preciso encontrar um jeito de me libertar para ir
atrás do meu amor.
A traição do meu pai queima como veneno no meu coração, como
aquele que eu sempre amei e respeitei pode me trair tanto em um só dia?
Traiu a minha confiança, a minha lealdade, a memoria da minha mãe e a
sua verdade.
De início eu não acreditei naquela mulher maldita, mas quando percebi
que meu pai chegou na sala e não disse nada, ficou apenas ouvindo aquela
mulher dizer aquilo tudo e depois nem procurou se defender... A verdade
me bateu naquele momento.
Ele realmente tinha sido aquele homem que ela disse. Ele mentiu para
os seus filhos, para a porra do seu reino e tudo isso para que? Para sair
como certo?
Olha o que a porra dos seus atos nos trouxe! Nós perdemos a nossa
parceira por causa daquele homem fraco!
Mas chega de me lamentar, é hora de restituir o que me foi tirado.
“MATTEO, ZADE” – Começo a gritar em plenos pulmões e não irei
parar até ouvir alguma coisa.
“MATTEO SE PODE ME OUVIR, RESPONDA.”
“ZADE, ONDE VOCÊ ESTÁ?”
“ALGUEM PORRA!” – gritei em desespero.
“Da pra você calar a porra da boca, estou tendo uma puta dor de cabeça
e com você gritando não ajuda em nada” – Ouvi o rosnando de Zade vindo
da cela ao lado.
“Finalmente, eu estava preocupado com você seu idiota.” – Eu disse
enquanto ficava menos tenso.
“Matteo está aqui na cela do lado e está reclamando baixinho dos seus
gritos também” – Disse Zade entregando Matteo.
“Oi Nino, tudo bem aí cara?” – Disse Matteo sem contradizer o meu
irmão.
“Eu estava preocupado com vocês, seus idiotas. Estão acordados a
quanto tempo?” – Eu perguntei chateado.
“Acordamos com seus gritos imbecil” – Disse Zade com um bufo.
“Vocês sabem onde estamos?” - Eu questionei.
“Você nunca veio aqui?” – Disse Matteo com uma voz azeda – “É a
salinha especial do nosso pai” – ele falou a palavra pai cuspindo.
“Mas não já não temos as celas no castelo?” – questiono.
“Aqui que são trancadas as pessoas que ele quer que sumam” –
informou Zade. – “Quem ele coloca aqui passa a não existir, ele inventa
sempre alguma história sobre a pessoa e ela fica desaparecida por anos ou
décadas dependendo do humor dele. Poucas pessoas sabem a respeito dessa
cela, ou seja, estamos fodidos!”
“Você está correto Zade,” – Disse meu pai vindo pelo corredor – “mas
diferente dos outros, vocês estão aqui temporariamente para pensar e esfriar
a cabeça.”
“SEU MERDA! EU VOU ACABAR COM VOCÊ!” – Zade gritou e eu
pude ouvir o barulho do seu corpo se chocando contra as grades. – “ONDE
ELA ESTÁ PORRA? ONDE ELA ESTÁ?” – Zade exigiu.
“Cuidado como fala! Eu sou seu pai e o seu rei, você me deve
obediência!” – meu pai disse em um tom ríspido.
“Ou o que? Vai nos ameaçar com a forca como você fez com a sua
amante?” – Zade o provocou.
Meu pai voou nas barras da cela de Zade e gritou – “OLHA COMO
VOCÊ FALA COMIGO MOLEQUE! VOCÊ NÃO SABE DE NEM UM
TERÇO DO QUE ACONTECEU!”
“E EU NÃO SEI PORQUE PAI? SE VOCÊ TIVESSE AO MENOS
SIDO SINCERO CONOSCO NADA DISSO TERIA ACONTECIDO!
PORRA, SE VOCÊ TIVESSE HONRADO A MEMÓRIA DA MINHA
MÃE E NÃO TER FICADO COM AQUELA MULHER NADA DISSO
TERIA ACONTECIDO!” – Zade gritou e cuspiu tudo aquilo que
pensávamos na cara do nosso pai.
Nosso pai deu um passo para trás e começou a tossir, pude ver o sangue
em suas mãos quando ele limpou na calça.
“Ela foi a responsável pela morte da sua mãe menino.” – Disse meu pai
baixinho enquanto se apoiava na parede.
Foi nessa hora que meu mundo parou, como assim ela foi a
responsável? Minha mãe morreu por causa do problema da nossa espécie.
Praticamente todas as mulheres morrem no parto dos seus filhos, a taxa de
sobrevivência é tão baixa que é quase nula.
“Como assim? Do que você está falando pai?” – Eu perguntei para ele
sem conseguir acreditar no que ele dizia.
“Quando eu estava com ela eu não sabia, eu juro. A sua mãe era a
minha companheira, a mulher que eu mais amei na minha vida.” – falou
meu pai com a voz torturada. – “Eu descobri muito depois. Comecei a
suspeitar por um deslize que Zênia deu em uma conversa comigo, mas
fiquei quieto, decidi investigar as minhas suspeitas e descobri que ela foi a
responsável pela morte da sua mãe.”
“Nosso reino vem pesquisando formas de evitar que nossas mulheres
morram nos partos e sua mãe tinha se oferecido para os testes pois sabíamos
que ela não sobreviveria de qualquer maneira, vocês eram fortes demais
para ela. Então se as pesquisas dessem certo isso seria uma vitória. Ter
meus filhos e a minha mulher, como eu sempre quis.” – ele disse em voz
baixa.
Eu nunca ouvi falar de nenhuma dessas coisas e pelo silêncio dos meus
irmãos pude imaginar que eles estavam tão surpresos quanto eu.
“Enfim, isso tudo sempre foi muito secreto, apenas o nosso círculo
íntimo sabia e Zênia fazia parte dele. Eu percebia que ela tinha muita inveja
da sua mãe, elas cresceram juntas e sempre foram melhores amigas, mas
mesmo que a sua mãe a tratasse como uma irmã nada nunca foi o suficiente
para Zênia. Muito depois eu fui descobrir que era por minha causa, Zênia
sempre me amou, sempre quis ser a rainha, mas eu só tive olhos para a sua
mãe, ela foi meu único e verdadeiro amor.” – ele teve outro ataque de tosse
enquanto contava a história verdadeira.
“E quando sua mãe estava a poucos dias do parto ela começou a passar
muito mal, ninguém entendia o que estava acontecendo, em uma noite ela
estava bem comigo, fazendo planos para o futuro e no dia seguinte ela mal
estava respirando...” – Sua voz falhou e ele deu uma pausa para conseguir
controlar suas emoções – “ Ela faleceu uma semana antes do dia previsto
para o parto de vocês, ela tinha 60% de chances de sobreviver depois de
todo o tratamento durante a gestação. Ninguém conseguiu descobrir de
onde veio esse mal estar que a levou a morte, pensaram que fossem um
efeito rebote do tratamento ou que fosse vocês, por serem bebês tão fortes.”
“Eu estava tomado pelo luto, fiquei mais de 10 anos no fundo do poço
tendo que cuidar de vocês e liderar o nosso povo. Zênia foi a única que
conseguia me entender, afinal ela tinha perdido sua melhor amiga naquele
dia também. Mas depois descobri que não foi bem assim, ela se aproveitou
de mim naquele momento frágil, me seduziu e eu cai na sua história, eu sei
que não sou nenhum santo, mas imploro que tentem entender o meu lado.”
– ele olhou de rosto em rosto com um olhar de súplica.
“Eu ficava com ela, mas não era apaixonado. Eu sabia que ela me
amava e sabia que estava errado em fazer aquilo com ela, mas eu não
conseguia ficar sozinho, a dor pela perda da sua mãe era insuportável. Eu só
continuei vivo por vocês, para cuidar de vocês, mas todos os dias sem ela
tem sido um tormento enorme na minha vida.” – ele olhou novamente para
o chão enquanto continuava.
“Quando ela me contou que estava grávida foi o pior dia da minha vida,
eu já sabia o que ela tinha feito com a sua mãe, eu tinha provas de tudo e
estava pronto para assinar o enforcamento dela, mas ela chegou em mim
radiante me contando que estava grávida de um filho meu. Quando ela me
contou eu pensei em me vingar, de tirar dela o que ela tirou de mim, eu a
mandei para aquela batalha com a intenção que ela perdesse o bebê.” – ele
anunciou com um fio de voz e a respiração saindo em um chiado.
“Eu não me orgulho do que eu fiz, hoje em dia eu teria outro
posicionamento, mas naquela época eu estava cego pela dor da traição e
sedento por vingança. Quando ela voltou e me contou que perdeu o bebê foi
um momento de alegria depois de tantos anos de dor e sofrimento. Eu disse
que não queria mais nada com ela e que sabia o que ela tinha feito, disse
que ela perderia o seu posto no meu reino e que iria continuar aqui até ter
sua primeira filha, pois a benção dela tinha sido concedida a muitos anos
atrás a pedido de sua falecida mãe. Eu também disse que depois disso eu a
mandaria embora. Mas então ela fugiu e eu nunca soube para onde ela tinha
ido, até que vocês encontraram a sua companheira, só então eu pude ter
uma noção do que ela deve ter feito por todo esse tempo.” – Ele finalizou a
sua história deixando a todos nós sem palavras.
Com um sinal dele todas as celas se abriram e ele teve outro ataque de
tosse, mas esse foi muito mais intenso que o anterior e assim que as portas
se abriram ele caiu no chão inconsciente.
“Pai!” – Matteo gritou enquanto corríamos em sua direção.
Isso não pode estar acontecendo porra! Ele acabou de contar tudo! Ele
não pode ir embora assim, eu nem sei como eu me sinto a respeito dele!
Não quero posso perder mais ninguém da minha família.
ANNA

Meus sentidos começam a voltar aos poucos conforme vou despertando,


a primeira coisa que percebo é o cheiro, é uma coisa rançosa e velha, um
cheiro de vômito misturado com fezes e urina, minha boca se enche de água
e a vontade de vomitar me domina.
Começo a respirar pela boca e finalmente consigo acalmar o meu
estômago. As memórias do que aconteceu me batem de uma vez só e meu
sangue começa a esquentar.
Qual é o problema dele?
Quem ele pensa que é para me me apagar do nada? Nino não perde por
esperar, vai ter que se esforçar muito para se redimir.
Abro os olhos e decido levantar para poder confronta-lo, mas assim que
a minha visão se foca nada que vejo faz sentido, não reconheço o teto diante
de mim.
Levanto em um pulo e olho ao meu redor não reconhecendo nada, um
bicho estranho parecido com um rato corre perto dos meus pés, eu solto um
grito e corro para longe dele.
O que Nino fez? Onde eu estou?
Minha cabeça parece estar consumida por um milhão de pensamentos e
possibilidades, começo a sentir uma enxaqueca vindo, minhas mãos
começam a tremer e a minha visão começa a escurecer. Posso sentir alguma
coisa ganhando vida dentro de mim, a minha ansiedade querendo atacar e
foco na minha respiração para tentar me acalmar.
Volto a me sentar na pequena cama de metal onde eu estava dormindo e
analiso o lugar ao meu redor. Estou em uma espécie de masmorra, aqui tudo
está sujo, cheio de fezes pelos cantos e vômito. Posso ver pequenos bichos
correndo de lá pra cá, as paredes de pedra parecem úmidas e pegajosas,
como se tivesse uma gosma viçosa nelas.
É impossível que Nino tenha me colocado aqui, não posso acreditar
nisso. Sei que alguma coisa deve ter acontecido.
“Tem alguém aqui?” – Eu grito
“Oooou, alguém pode me ajudar?” – Tento novamente
Mas ninguém me responde, continuo sentada e gritando de tempos em
tempos a espera de alguma resposta. Com o passar do tempo começo a
escutar barulhos de saltos batendo na pedra.
Quando a minha mãe aparece na minha frente eu imediatamente prendo
a respiração e sinto toda raiva e mágoa pelo que ela fez vindo a tona.
Me lanço nas grades com tudo antes de recuar com o choque que as
barras me deram. Quando olho para cima percebo minha mãe me olhando
com uma sobrancelha arqueada e um sorriso no rosto.
“Acabou com o seu showzinho?” – Ela me perguntou com um tom de
deboche.
“Onde Nino está? O que você fez com ele?” – Eu pergunto me
segurando para não me lançar nas barras novamente.
Ela me olha com uma careta de confusão e apoia o dedo indicador na
bochecha.
“Nino? Do que você está falando Anna?” – Ela pergunta em confusão.
Quando ela diz isso o ar escapa de uma vez só do meu pulmão, não
pode ser, isso não pode ser verdade, claro que ela tem que saber quem ele é.
“Não se faça de idiota!” – Eu grito em sua direção, não vou deixar
transparecer que ela me colocou em dúvida mais uma vez sobre a minha
sanidade.
Ela cai na gargalhada, uma risada tão maléfica que sinto meus pelos dos
braços se arrepiando. Como eu nunca percebi essa parte demoníaca dela?
Como eu fui tão burra que não notei os sinais na minha cara?
“Foi tão bom ver a sua cara de espanto por um segundo.” – Disse ela
socando as lágrimas do canto dos olhos. – “Eu os matei sua idiota, você não
tem mais ninguém além de mim, ninguém vai vir por você ou vai ficar ao
seu lado. Você não será mais a rainha de nada.” – Ela disse essas palavras
com tanto ódio que eu vacilei um passo para trás.
Ela só pode estar mentindo! Impossível eles terem morrido! Isso não
aconteceu!
Sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto o sorriso dela só
aumenta mais e mais, como um monstro desses pode ser minha mãe? Eu
não consigo acreditar nisso! Isso é literalmente impossível.
“NÃO! VOCÊ MENTINDO! EU SEI QUE ESTÁ” – Meu grito soa
quebrado até para os meus ouvidos, sinto meu coração se apertando e o ar
está ficando cada vez mais difícil de respirar.
“Nossa, esses seus gritinhos vão me causar enxaqueca” – Disse ela
enquanto apertava a têmpora – “É óbvio que eu estou brincando sua idiota,
se eu realmente os tivesse matado você sentiria uma dor tão grande que não
seria necessário eu te informar.” – Ela informou revirando os olhos.
“Diz de uma vez onde eles estão porra!” – Eu exigi deixando a raiva me
dominar. Fui em sua direção e segurei as barras, mas dessa vez nada me
aconteceu.
Pude notar ela se afastando um passo enquanto seus olhos se
arregalaram ligeiramente. – “Eles me deram você, não são nenhum pouco
diferentes do pai deles quando me rejeitou também.” – Ela disse isso séria,
mas a mágoa em sua voz a denunciava.
“E porque eles fariam isso?” – Eu questionei sem acreditar em nada do
que ela falava.
“Simples, eu mandei eles escolherem entre você e Bonder e eles
escolheram o povo deles. Eu esperava um pouco de resistência por causa
dessa coisa de companheirismo e tal, mas foi bem fácil mesmo. E então eu
te trouxe desmaiada para cá.” – Ela respondeu com um tom de deboche.
Eles me deixaram com ela? Não posso acreditar nisso. Eu sei que eles
virão me buscar, não vou acreditar nessa maluca.
“Onde é que eu estou?” – questiono entre dentes.
“Eu te trouxe para o reino do meu marido Goulard, finado marido na
verdade.” – ela completa sufocando uma risada.
“Marido? Onde está papai?” – eu pergunto por ele pois agora sei que ele
não tem culpa pela forma que me tratava, sempre foi ela controlando tudo e
todos.
“Aquele verme inútil? Deve estar chorando pelas nossas mortes.” –
Disse ela dando de ombro com indiferença.
“Chorando pelas nossas mortes, o que você fez?” – eu rosnei pra ela
enquanto apertava ainda mais as barras, sentia que poderia destruí-las se
deixasse essa fúria me dominar.
Notei os olhos dela se arregaçando novamente enquanto eu apertava,
mas então o que ela me disse me deixou em choque.
“Eu preciso ser sincera com você minha filha, eu quero te contar tudo o
que aconteceu até aqui.” – ela me disse com um olhar quebrado que eu
nunca vi em seu rosto. Essa mudança brusca de personalidade me deixou
boquiaberta e eu sei que ela está tramando alguma coisa.
Tenho certeza que ela vai mentir mais para mim novamente, ela vai
misturar a verdade com meias verdades e mentiras, mas tenho tanta
curiosidade em saber o que aconteceu que qualquer migalha de informação
me atrai.
“Então me conte tudo e sem mentiras!” – eu exigi.
“Venha comigo para cima, venha conhecer o meu Palácio.” – Ela disse
enquanto abria a porta.
Toda essa mudança abrupta de personalidade me incomodou muito,
tenho certeza que ela está tramando alguma coisa, mas tenho opções
limitadas aqui, não posso desperdiçar essa oportunidade de saber mais sobre
o passado e sobre onde estou presa.
“Ok” – Eu disse enquanto me afastava das grades, mal percebendo o
estrago que fiz nelas.
ANNA

O Tour terminou e depois de me mostrar todo o castelo - mas não


deixando eu chegar perto das janelas ou da porta – ela me levou para um
escritório enorme, com paredes de livros que iam do chão ao teto, com
armários e mesas de mogno lindas e alguns aparelhos que eu nunca vi na
Terra.
“Sente-se Anna.” – Disse ela indicando o lugar ao seu lado no sofá,
estranhei todo esse comportamento pois ela nunca me tratou bem, nunca foi
uma mãe de verdade para mim.
Me sentei, olhei em seus olhos e esperei que ela começasse.
“Você deve saber que essa forma aqui é apenas uma das minhas formas
e que eu não sou humana, certo?” – Eu acenei com a cabeça confirmando. –
“O que você não sabe é que eu cresci em Bonder e que era amiga próxima
do rei e da rainha, antes deles serem Rei e Rainha.”
“Amélia era a minha melhor amiga, nós éramos como irmãs e
infelizmente devido a uma doença misteriosa ela veio a falecer pouco antes
de ter os príncipes. Eu e o Rei ficamos devastados com a perda dela e com
isso nós nos aproximamos ainda mais, ele entendia a minha dor e eu
entendia a dele, pelo menos era o que eu pensava. Ele apenas me usou
Anna...” – disse ela com uma voz pequena e tão quebrada que eu quase
fiquei com pena.
Suspirando fundo ela continuou – “Eu engravidei... Meu bebê era um
menino forte, mas o rei não o queria. Ele achava que o nosso bebê era um
desrespeito a Amélia, mas eu sempre vi de outra forma. Amélia era boa, ela
era a pessoa mais gentil e amorosa que eu conheci. Eu e o seu marido
éramos as duas pessoas que ela mais amava no mundo, ela sempre nos dizia
isso, tenho certeza que ela ficaria feliz com a nossa união, éramos as duas
pessoas que ela mais se importava.”
“Mas o Rei pensava diferente,” – ela disse e a amargura em sua voz era
palpável – “assim que ele soube que eu estava grávida ele me enviou em
uma missão suicida, ele sabia que eu não voltaria inteira depois daquilo,
mas mesmo assim ele fez isso.”
“E porque você não se negou a ir?” – Eu questionei sem acreditar muito
em sua história.
Ela soltou uma pequena gargalhada sem alegria – “Criança tola, ele era
o Rei! Se eu me negasse a fazer qualquer coisa o meu destino seria a
morte.” – ela rosnou em resposta e então continuou – “E quando eu voltei
destruída e sem o meu bebê ele simplesmente me abandonou, disse que não
queria nada comigo. Então eu vi em você a minha oportunidade de
vingança.”
“Eu fugi e não me arrependo em nenhum momento disso. Fui atrás do
meu verdadeiro companheiro a quem eu tinha renegado quando era mais
jovem e tola e o resto você já sabe. Tive você com o primeiro humano que
conheci, peguei aquela família para mim e então você nasceu.” – ela disse
com um sorriso vitorioso.
“Você é um monstro! Como pode se gabar do que fez com o meu pai?
Com a verdadeira família dele?” – Eu perguntei em um tom horrorizado.
“Minha querida, monstros não nascem do nada, eles são criados por
seres piores que eles.” – disse ela em um tom de voz calmo e me olhando
nos olhos.
“Você sempre foi uma péssima mãe para mim então o que significa todo
esse teatrinho aqui?” – Eu perguntei cansada de seus jogos.
“Eu não estou fazendo nenhum teatro Anna, só quero que você saiba
toda a história! Não quero que seja engana por aquela família assim como
eu fui!” – ela disse rispidamente. – “Olha quanto tempo já se passou e
ninguém veio atrás de você! Eu não quero que você fique como eu...” – Sua
voz falhou no final da frase, o que me deixou em dúvida se ela realmente
estava só contando mentiras.
“Vou te dar um tempo para pensar em tudo que eu te disse Anna e
depois disso tenho uma proposta para você.” – ela informou.
“E vai me jogar naquela cela de merda novamente mamãe?” – eu
questionei e ironizei no ‘mamãe’.
“Vou te dar um voto de confiança, acredito que você vai ficar do lado
certo Anna. Você vai ficar em um dos quartos do segundo andar, mas eu
não quero você explorando lá fora! Isso é estritamente proibido, se você me
desobedecer eu vou reconsiderar aquilo que disse sobre os seus
companheiros estarem bem” – ela disse a palavra companheiros com um
revirar de olhos.
Eu não respondi nada e ela tomou isso como um sim. Ela levantou e me
indicou o caminho para o meu novo “quarto”.
Eu preciso achar um meio urgente de sair daqui ou me comunicar com
meus monstros, eu consigo sentir que ela está mentindo pra mim, eles não
arriscariam tempo com seu pai para ficar comigo só para me abandonar
assim. Sei que ela fez alguma coisa muito pior e eu vou descobrir o que é e
quando eu descobrir vou acabar com ela!
Assim que entro no quarto eu ouço um barulho de fechadura girando,
mas quando me viro não adianta de mais nada, sabia que ela estava
armando alguma coisa.
Amaldiçoei sob minha respiração e fui dar uma olhada ao redor do
quarto, paredes brancas como no hospício – isso me incomoda demais –
armários brancos, uma cama Dossel enorme e alguns aparelhos que não sei
o que são, um parece com uma televisão, mas sem nenhum botão ou
controle remoto a vista.
A primeira coisa que decido fazer é procurar algum objeto que dê para
usar como arma, não quero ficar desprotegida com ela aqui. Encontro
poucas coisas úteis, apenas uma escova de cabelo com uma ponta um pouco
afiada e um pequeno pedaço espelho jogado embaixo da cama Dossel.
Pego essas coisas para usar mais tarde e decidi ir tomar um banho no
pequeno banheiro que encontrei enquanto explorava o quarto. Tinha uma
porta escondida na parede e ela dava para um banheiro com uma banheira
maravilhosa que eu estava doida pra entrar – o banheiro era todo branco
também - e como eu já esperava, sem nenhuma janela a vista.

Depois de tomar um longo e relaxante banho eu caio na cama para


pensar em tudo que aconteceu hoje e em tudo que eu descobri. Meu coração
se aperta só de imaginar o que aconteceu com os meus monstros, não posso
nem cogitar perder mais alguém.
Mesmo que meu pai e minha irmã não sejam pessoas próximas a mim,
eu me sinto mal por tudo que eles sofreram e nem sabem. Aquela pessoa lá
embaixo não é a minha mãe, a mulher que poderia ter sido a minha mãe foi
morta e sufocada a muito tempo, o que ela é hoje em dia é um monstro
cruel, nada mais que um demônio, ela perdeu toda a sua essência, se tornou
apenas o mal que todos dizem que os demônios são e ela vai ser eliminada.
Eu só preciso bolar um plano para conseguir isso, escondo minhas
armas embaixo do colchão e volto a me deitar.
Conforme o tempo foi passando os meus pensamento foram ficando
nublados pelo sono e a última coisa que eu pensei foi em como eu iria
arrebentar a cara de Nino por ter me apagado, ele teria que me foder muito
até conseguir o meu perdão.
ZADE
Não posso acreditar em toda essa porra que está acontecendo, levaram a
porra da minha mulher, meu reino foi atacado e meu pai está em uma porra
de uma cama contando a porra dos minutos para morrer.
Eu estou tão puto que tenho vontade de quebrar tudo o que vejo pela
frente, meu quarto já está totalmente detonado e meu escritório não existe
mais. A porra da minha academia particular está um caos, meus dedos estão
sangrando de tantos socos que já dei no saco, mas mesmo assim não
consigo parar, tem muita coisa em mim para eu liberar.
A porra do meu pai não tinha o direito de me apagar – BUM meu punho
bate com tudo no saco – ele não tinha o direito de não me dar o espaço para
ficar puto com ele – BUM minha perna acerta o saco fazendo ele voar longe
– ele não tinha a porra do direito de morrer agora – BUM o saco cai no chão
e eu subo em cima dele – está tudo tão fodido que eu não sinto meus irmãos
chegando aqui embaixo e me tirando de cima do saco.
Só me dou conta quando meu corpo é pressionado contra o chão e eu
ouço seus gritos no meu ouvido.
“O que foi porra?” – eu rosno para eles.
“O que está acontecendo com você caralho? Olha a porra do seu
estado!” – Matteo gritou enquanto se levantava de cima de mim.
“Nós temos que nos focar em invadir Goulard e não em nos destruir.” –
Disse Nino enquanto olhava o estrago ao seu redor.
Pude ouvir as maldições que ele soltou enquanto olhava todo o estrago,
mas não dei importância. Esse era o meu lugar porra!
Levantei e fui em direção ao saco caído, levantei ele como se não
pesasse nada e o coloquei no gancho novamente. Ainda aguentaria mais um
round fácil, porém conheço meus irmãos e sei que eles vão encher a porra
do meu saco por isso.
Ainda consigo sentir essa adrenalina correndo pelo meu corpo e
precisando de uma escapatória, mas com meus irmãos aqui não vale a pena.
Decido mudar o foco para a porra da mãe de Anna, quando eu ver
aquela mulher eu vou fazer questão de mastigar a sua cabeça com meus
dentes e deixar seu sangue quente escorrer pelo meu queixo.
“O que vocês tem em mente para Goulard? Pensaram em alguma
coisa?” – Pergunto para eles, mas sem olhar para nenhum dos dois.
“Eu estou me sentindo dividido pra caralho” – Diz Matteo com um
suspiro sofrido – “Ao mesmo tempo que eu quero ir atrás de Anna eu tenho
medo de abandonar nosso pai e ele morrer sozinho.”
“Sim, ele foi sacana pra caralho em não nos contar a verdade e também
pelo que eles fez com a nossa mãe e com aquela filha da puta, mas mesmo
assim ele foi um bom pai para a gente. Não quero abandonar ele assim.” –
Diz Nino com a cabeça baixa.
“Ele não tinha o direito de morrer agora, porra! Olha tudo que está
acontecendo, não quero nem pensar no tipo de lavagem cerebral que a mãe
dela vai tentar. Naqueles poucos minutos com a gente ela tentou nos fazer
acreditar que era uma santa e que só o nosso pai era o errado... Não quero
nem imaginar o que ela vai dizer a Anna.” – Eu digo enquanto fervo de
raiva e impotência.
“Nosso pai não vai aguentar mais que uma semana, assim que ele
falecer eu fico aqui para cuidar do nosso povo enquanto vocês vão. “ – Diz
Matteo determinado.
Sei que para ele deve estar sendo difícil tomar essa decisão de ficar para
trás, mas não tem mais o que fazer, alguém tem que tomar conta do nosso
povo para que não ajam mais invasões assim que meu pai falecer.
Ficaremos muito expostos com isso, precisamos do vínculo concluído
para que possamos ficar mais fortes e assim conseguir proteger o nosso
reino.
Nino e eu concordamos com ele e começamos a bolar um plano de
resgate para Anna, não vejo a hora de ter a minha mulher novamente. Eu
juro que mais ninguém vai tirar ela de mim, nem a porra da morte vai ser
capaz!
ANNA
Alguns dias se passaram desde que eu consegui formular o meu plano
para escapar daqui, eu já não tinha esperanças de que meus monstros iriam
me salvar, infelizmente o que minha mãe dizia começou a fazer sentido na
minha cabeça.
Não consigo entender o motivo deles não terem vindo para mim depois
de todo esse tempo, a angústia e a ansiedade começaram a corroer o meu
coração.
Minha mãe vem todos os dias regularmente conversar comigo enquanto
andamos pelo seu Palácio, não conversamos nada muito sério, apenas
coisas macabras que na cabeça dela fazem sentido.
No dia seguinte que ela me trouxe para cá ela me fez uma proposta, na
cabeça dela isso deveria ser uma proposta irrecusável, mas não passava de
uma coisa completamente estúpida e absurda para mim.
Ela me ofereceu uma aliança, ela me deixaria voltar para os meus
monstros, me casar com eles para completar o nosso vínculo e depois os
matar para que assim eu me torne a rainha de Bonder. Mas para ela me
deixar sair eu teria que selar um pacto com ela, para que não conseguisse
trair ela sob hipótese alguma.
Essa foi sem dúvida a coisa mais absurda que ela já me disse. Eu disse a
ela que não era dotada de poderes e que não teria como comandar um reino
inteiro sozinha e então ela me revelou como ela conseguiu todo o poder que
tem.
Ela me revelou que quando você completa o vínculo da parceria, você e
o seu parceiro se tornam mais fortes, ela contou que vocês se tornam um,
iguais em tudo, pois as suas almas se unem.
E foi assim que ela conseguiu comandar o exército inteiro, ela foi atrás
do seu companheiro, concluiu o vinculo com ele e se fortaleceu a nível de
um rei. Depois de conseguir todo o poder que queria ela o rejeitou, isso o
deixou fraco e consequentemente ela conseguiu entrar na cabeça dele e
desde então o vem controlando.
Quando ela me revelou tudo isso eu fiquei em choque, pois no segundo
dia pela manhã e bem antes de ela vir me visitar, um dos guardas dela veio
me trazer o café da manhã e eu realmente notei um comportamento robótico
nele, ele simplesmente não era normal, tinha um olhar morto e movimentos
duros. E agora que ela me contou que eles são como marionetes dela tudo
fez sentido.
Então depois de ouvir tudo isso eu deixei ela pensar que realmente tinha
entrado na minha cabeça e disse a ela que iria pensar mais sobre a oferta
dela, ela sabia que eu não confiava cegamente nela, então eu não tinha
motivos para fingir que confiava.
Isso tudo que ela vem fazendo é um plano antigo, já vem acontecendo
desde que ela fugiu para a Terra, ela vem trabalhando nesse plano de
vingança a décadas, ela não quer apenas me tirar dos meus monstros, ela
quer acabar com o reino deles, quer deixá-los na miséria.
E eu não poderia concordar com isso, eu os amo e farei de tudo para
impedir ela. Desde então eu venho fingindo, engulo a repulsa que sinto ao
seu respeito e dou sorrisos afetados para ela, rio das coisas horríveis que ela
diz e converso com ela como se fossemos uma espécie de mãe e filha
macabras.
Eu quebrei todo aquele espelho encontrei para fazer cacos afiados,
quebrei a escova de cabelo e colei os cacos na ponta afiada dela para usar
como arma na minha fuga se fosse necessário.
Conforme o tempo foi passando minha mãe me deu mais liberdade para
andar pelo castelo, depois de uns dois dias trancada naquele quarto, mas
proibiu a minha ida até o terceiro andar e nada de portas e janelas.
Eu tenho certeza que lá deve estar alguma coisa que ela não quer que eu
descubra, mas irei procurar mesmo assim.
Hoje fazem exatamente seis dias que estou aqui e decidi que hoje é o
dia em que irei fugir daqui, vai ser a noite quando a troca de guardas
acontecer, nesses poucos dias que passei aqui eu pude analisar muito bem
como os esquemas das trocas de turno funcionam.
Vai ser bem fácil sair quando eles saírem de seus postos, pois calculei
uma media de 10 minutos entre as trocas e nesse tempo os postos de vigília
do palácio ficam vazios , só não posso ser vista por ninguém, pois se isso
acontecer é o mesmo que ser vista por ela.
Ao cair da noite eu escapo do meu quarto e vou sorrateiramente em
direção às escadas que dão ao terceiro andar, não posso ir embora sem saber
o que está escondido aqui em cima.
As primeiras portas que abro são apenas quartos normais, sem nada
além de poeira e móveis cobertos com um pano branco.
Na minha quinta tentativa encontro uma sala diferente, sem móvel
nenhum, apenas uma tela enorme que vai do chão ao teto, de parede a
parede e que emite uma cor azul, parece com uma tela de cinema
gigantesca, mas que se meche e ondula.
Quando me aproximo dela e encosto a pontinha do meu dedo,
imediatamente sinto uma sensação estranha pelo corpo todo, como se fosse
um formigamento e a pontinha do meu dedo desaparece, puxo rápido de
volta e ouço uma voz afiada atrás de mim.
“O que você pensa que está fazendo?” – Me viro e vejo um monstro
enorme parado atrás de mim.
Em uma voz distorcida ele diz – “Responda a porra da minha pergunta
Anna!”
E só então eu percebo que é a minha mãe, nunca a tinha visto nessa
forma e pelo seu jeito parece que ela vai me atacar a qualquer momento, me
afasto e fico mais um passo perto daquela tela, posso sentir o calor que
emana dela nas minhas costas.
“Eu queria saber o que tem aqui em cima. O que é isso mãe?” – Eu digo
em uma voz tranquila enquanto tento não deixar o meu medo transparecer.
“Você desobedeceu uma ordem direta que eu dei a você Anna, eu lhe
disse para não vir aqui em cima e agora você tenta bancar a inocente
fingindo que não sabe do portal, logo quando eu te pego indo em direção a
ele?” – ela solta uma gargalhada distorcida enquanto se aproxima
lentamente de mim, como se eu fosse a sua próxima refeição.
“Você acha que eu sou burra Anna? Você acha que eu não notei os seus
sorrisos falsos ou o modo como fingia comigo? Eu te fiz assim Anna, eu
sou muito mais esperta que você, só estava esperando você fazer alguma
tolice.” – ela debocha de mim.
“Agora quem vai sofrer as consequências são seus companheiros, eu
vou enviar o meu exercício para aquele reino de merda e vou fazer questão
de trucidar todos eles, vou trazer somente as cabeças para que você possa
sofrer por um vínculo que nunca será concluído.”
Portal? Porra como eu pude ser tão burra? A minha chance de sair daqui
estava em cima de mim o tempo inteiro e eu a perdi, sinto minha visão
escurecendo e minha respiração fica cada vez mais difícil, tento me
controlar com a técnica de respiração, mas nem ela funciona mais.
Minha mãe continua falando como ela é melhor e mais forte do que eu,
mas eu simplesmente não aguento mais, caio de joelhos no chão e meu
cérebro simplesmente desliga de tudo que está ao meu redor, só consigo
sentir toda raiva e frustração que reprimi durante todo esse tempo.
E então é como se uma barreira simplesmente quebrasse.
Sinto uma dor enorme de cabeça, sinto as pontas dos meus dedos
formigando e cada osso do meu corpo se reajustando.
Ouço um grito abafado enquanto me lanço para frente e ataco.
Tudo fica em um borrão e eu só enxergo vermelho, posso ouvir som de
passos e mudanças enquanto mais e mais coisas vem em cima de mim, mas
nada disso me impede, eu só sinto uma sede de sangue insaciável.
Eu simplesmente ataco sem parar, ouço pedidos de ajuda e socorro, mas
estou muito longe de mim para que eu possa me importar, sinto jatos
quentes em minha boca enquanto mastigo carne macia, consigo sentir o
repuxar de tendões e veias, mas não me importo com nada disso.
O meu monstro acordou e ele tem fome de destruição.
Quebro ossos como se fossem brinquedos, rosno e grito botando para
fora tudo o que sinto, minha mente só repete as mesmas palavras durante
todo esse tempo: matar, matar, matar.
Essa é a única coisa que eu quero fazer agora, quero fazer mal a todos
que me causaram mal e ninguém vai escapar da minha ira.
Conforme o tempo passa mais rápido eu corro na minha nova forma,
estou mais forte e muito mais rápida do que antes, me sinto mais leve como
se me reprimir durante todo esse tempo tivesse se tornado um peso nas
minhas costas que eu nem percebi.
Não sei onde estou e não consigo enxergar direito com todo o sangue
que cobre o meu corpo, apenas continuo atacando tudo que vem na minha
frente até me sentir segura e é ai que a exaustão vem e o meu mundo fica
todo preto.
NINO
HORAS ANTES
Ir a um funeral nunca era fácil, ainda mais quando era da pessoa que
você mais amou na sua vida, meu pai se foi...
Foi ele quem me criou, o único que estava lá em todos os momentos
importantes da minha vida e agora eu não o tenho mais, era a ele que eu
recorria quando precisava de um conselho, quando precisava desabafar
sobre meus irmãos e agora eu não tenho mais.
Sinto o luto e a tristeza da sua perda tentarem me dominar, mas sei que
tenho que ser forte pelos meus irmãos, agora somos os reis e o nosso povo
precisa de líderes fortes.
Nesse exato momento estamos na coroação, mas diferente das outras
essa é reservada e triste. Não tenho o meu pai me passando a coroa dele
enquanto me olha com orgulho, tenho apenas Bryce, o braço direito dele me
olhando com pesar.
Engulo o nó que se forma em minha garganta e levanto a cabeça, olho
em direção aos meus irmãos e vejo as mesmas expressões apáticas.
Toda a cerimônia é meramente formal pois não temos motivos para
comemorar, não presto muita atenção ao que acontece a seguir, minha
mente está girando com tantas preocupações que não me importo com o que
ocorre.
Eu não quero mais ficar aqui e chorar pelo pai que perdi. Eu quero ir
atrás da minha mulher, mas essa porra não acaba nunca.
Consigo sentir Zade tenso ao meu lado, ele é o mais estourado de nós,
não sei como ele ainda não surtou e mandou todos para casa do caralho para
poder ir atrás de Anna, confesso que não me importaria se ele o fizesse,
toda essa burocracia é maçante demais.
Um pouco tarde demais eu percebo que eu deveria falar alguma coisa,
todos me olham e então eu repito o meu discurso decorado.
Todo o resto se passa em um borrão e só volto a mim quando eu e Zade
estamos parados em frente ao portal.
Nós nos despedimos de Matteo e prometemos nos comunicar caso
alguma coisa dê errado. Eu sinceramente espero que esse dispositivo que o
nosso grupo de cientistas desenvolveu funcione.
Ele basicamente serve para que possamos passar de um reino para outro
através do portal sem sermos detectados.
Seguro a mão de Zade para que nós não sejamos separados quando
atravessarmos, então sigo para frente em direção ao portal com Zade ao
meu lado.
Quando saímos em Goulard a cena com que nós nos deparamos me
assusta pra caralho, o chão estava coberto de sangue, era praticamente uma
piscina de sangue.
Restos humanos em todos os lugares possíveis, pedaços de pessoas
pendurados em janelas, órgãos jogados pelo chão e um rastro de sangue
indo em direção a porta.
No corredor eu encontrei tantos restos de corpos quanto na sala do
portal, meu coração disparou só de pensar em como meu amor estava, sei
que ela não estava ali no meio dos corpos, mas não consigo nem imaginar o
quão traumatizante deve ter sido para ela.
Ela deve estar escondida em algum lugar e eu tenho que acha-la o
quanto antes. Não sei quantas pessoas do exercício estão vindo para cá
nesse momento, então é melhor eu agir rápido.
“Vamos nos separar Nino, temos que encontrar Anna rápido!” – Disse
Zade parecendo ler os meus pensamentos.
Acenei com a cabeça e fui para o lado direito enquanto ele ia para o
esquerdo.
Não podia gritar então tentei utilizar o meu olfato para tentar captar o
cheiro dela, mas o cheiro metálico de sangue era tanto que mesmo me
esforçando eu não conseguia captar o seu rastro.
Vasculhei em todos os quartos da minha área até chegar as escadas que
levavam ao andar inferior, quanto mais tempo passava mais preocupado eu
ficava por ela estar machucada e sozinha em algum lugar.
Quando pensei que não fosse conseguir encontra-la ouvi um grito de
Zade e fui correndo em sua direção.
Eu parei na porta em choque com o que eu vi.
Nos braços dele estava Anna completamente nua a encharcada de
sangue, ao seu redor estava uma pilha de corpos mutilados e despedaçados
e uma coisa em especial me chamou atenção.
Era a porra da cabeça da sua mãe pendurada na parede como se fosse
um troféu, não sei como caralhos ela fez isso, mas o choque me fez dar um
passo para trás em falso.
Olhei para Zade boquiaberto e ele apenas balançou a cabeça
negativamente.
Me ajoelhei na sua frente e a puxei para os meus braços, seu cabelo
pingava sangue e enquanto eu examinava seu rosto pude notar que seus
dentes estavam sujos, tinham pequenos nervos entre eles.
O que caralhas aconteceu com ela ?
“Zade...” – Tentei começar, mas eu não sabia o que dizer.
“Eu sei.” – Ele disse enquanto concordava silenciosamente comigo
sobre algo eu nem sei como começar a descrever.
Isso tudo que aconteceu era simplesmente impossível, ela era meio
humana, nenhuma das misturas da nossa espécie conseguia fazer isso, o
máximo deles era transformar pequenas partes do corpo, mas para ela ter
feito isso teria que ser uma transformação completa.
De repente sinto o chão tremer sob meus pés.
“Zade nós temos que ir agora” – Eu digo enquanto me levanto com
Anna em meus braços.
“Você também está sentindo, isso?” – Ele pergunta
Eu aceno com a cabeça e subimos correndo para o terceiro andar,
chegamos a sala do portal, mas já era tarde demais.
O portal simplesmente fechou bem na nossa cara. Olho para Zade em
pânico enquanto ainda consigo sentir tudo tremendo.
Olho pela janela e meus olhos se arregalam com o que vejo, a porra do
exercício inteiro de Goulard marchando em direção ao Palácio, um mar de
soldados e monstros vindo em nossa direção.
Ouço pessoas gritando por ajuda nas ruas e correndo em várias direções
enquanto o exército passa por cima de quem estiver na frente. Eles nunca
foram conhecidos por serem justos. Eles eram os piores entre os piores e a
assassina da rainha deles estava em meus braços.
Peguei meu comunicador e tentei entrar em contato com Matteo, mas
não consegui linha para Bonder.
Soltei várias maldições sob a respiração enquanto pensava no que fazer.
Pude ouvir o barulho da porta da frente sendo estilhaçada e foi a vez de
Zade amaldiçoar tudo e todos.
Coloquei Anna em um cantinho e fiquei em posição de luta de frente
para a porta. Ouvi um barulho alto vindo de trás de mim e me virei a tempo
de ver o portal se acendendo por um breve instante e jogando Matteo aqui
conosco.
“Que porra está acontecendo?” – ele perguntou enquanto íamos em sua
direção e o ajudávamos a se levantar.
“Eu pude ver o seu toque, mas não conseguia bipar de volta para você,
tentei o teletransporte para cá, mas não consegui também. Com muito custo
consegui chegar até aqui pelo portal.”
“Olhe pela janela você mesmo irmão.” – eu digo acenando com a
cabeça em direção a janela.
Ele prendeu a respiração e soltou uma série de palavrões.
“Onde está Anna caralho?” – Ele perguntou olhando ao redor e somente
nesse momento eu notei que ela não estava mais aonde eu a tinha deixado.
Olhei para cima e pude ver que a cabeça da sua mãe também não estava
mais lá...
MAS QUE PORRA?
Eu entrei em desespero e senti meu coração se apertar de medo.
“PORRA!” – Zade gritou e saiu correndo porta a fora.
ANNA

Eu não comandava mais o meu corpo, quando eu acordei eu estava


descendo as escadas e indo com propósito a algum lugar, eu era apenas um
telespectador que assistia enquanto o meu monstro interior comandava meu
corpo.
Eu pude sentir um peso na minha mão, mas não conseguia virar a
cabeça para olhar o que era, eu só olhava para onde o meu monstro olhava.
Chegando ao final da escada eu pude notar muitos homens e monstros
parados em choque diante de mim, o som era abafado por algum motivo e
eu não conseguia ouvir o que eles diziam, só pude ouvir o que saiu da nossa
boca.
“Eu serei a nova rainha de vocês, e se alguém aqui não gostar é só ter
coragem para me desafiar. Vocês podem ver só de olhar ao redor o que
aconteceu com meus últimos desafiantes.” – disse a voz distorcida saindo
de mim, minha voz parecia reverberar por todo castelo, senti como se cada
alma ali dentro pudesse me ouvir. Em seguida senti meu braço se erguendo
e pude ver uma cabeça ser levantada.
Por um momento fiquei em choque, era literalmente a cabeça decepada
da minha mãe, o monstro em mim levantava diante de todos na sala como
se fosse um troféu.
“Curvem-se a mim ou morram sob a minha ira.” – o monstro disse com
um rosnado e pude sentir que ele almejava por mais sangue e batalha,
parecia como se ele estivesse torcendo para que ninguém ali me aceitasse
ou se curvasse.
Como um só todo o povo que estava diante de mim se curvou, pude
sentir uma onda de poder caindo sobre mim e imediatamente me senti mais
forte e no controle do meu corpo novamente.
Nesse momento o monstro não era mais uma parte distinta de mim, ele
e eu éramos um só.
“Levantem-se.” – eu disse com um voz forte. – “Quero todos vocês fora
daqui agora e quero que comecem a preparar a minha coroação.”
Um a um todos fizeram uma reverência e saíram do castelo.
Assim que estava sozinha ali eu cai sentada na escada tremendo, pude
sentir meus monstros me cercando na mesma hora, mas nada do que eles
diziam eu conseguia entender. Nunca senti tanto poder assim, ele parecia
ser maior do que eu poderia suportar, comecei a sentir uma dor terrível de
cabeça, parecia que eu não poderia aguentar.
“É muito...” – Eu chorei para eles enquanto apertava a minha cabeça,
parecia que eu estava a ponto de explodir, pude ver lágrimas vermelhas
caindo no chão da escada antes de meu mundo ficar preto novamente.
ZADE
Eu estava literalmente em choque com a sucessão de coisas que
aconteceram nesse curto espaço de tempo. Não conseguia acreditar que a
minha Anna tinha sido responsável por isso tudo, quando ela levantou a
cabeça da sua mãe e falou para se curvarem a ela, pude sentir a porra do
meu pau vibrando de alegria dentro das minhas calças.
Eu devo ser um doente do caralho por estar excitado com isso, mas
foda-se, eu sou a porra de um rei demônio, não se deve esperar muito de
mim.
Foco Zade, porra! Pare de pensar com o seu pau! - Me repreendo
mentalmente por não estar focado no que está acontecendo agora.
Todos estão fazendo uma reverência para Anna enquanto saem do
castelo, eu e os meus irmãos não nos mexemos do topo da escada desde que
ouvimos ela começar a falar.
Olhei ao redor e não pude acreditar no que ela foi capaz de fazer na
porra da sua forma humana. Ela simplesmente fez os piores monstros e
soldados de Goulard se ajoelharam e quase mijarem em suas calças...
Minha mulher era foda!
Assim que todos saíram da sala ela caiu sentada nas escadas, pude notar
seu pequeno corpo tremendo e o meu coração errou uma batida.
Eu e os meus irmãos descemos as escadas correndo e fomos em sua
direção, perguntamos o que estava acontecendo, se ela estava bem, mas ela
apenas chorava e apertava a cabeça.
“É muito...” – ela disse com uma voz falha antes de desmaiar em cima
de mim, pude ver as lágrimas vermelhas saindo dos seus olhos.
“Porra!” – Matteo disse enquanto olhava para Anna em meus braços
com um olhar desesperado em seu rosto. – “Temos que levar ela para
Bonder agora! Ela precisa ver os médicos!” – Ele disse antes de tomar ela
de mim e subir as escadas correndo.
Eu e Nino seguimos atrás dele e assim que chegamos a sala do portal
vimos que o mesmo tinha voltado.
Atravessamos todos juntos e corremos para a enfermaria com ela em
nossos braços, eu podia sentir a sua pulsação ficando cada vez mais fraca e
o sentimento de desespero me sufocou.
Matteo passou ela para o meu colo e foi atrás dos médicos com Nino.
Matteo e Nino gritavam com os médicos, mas o som era abafado pra
mim, eu só conseguia pensar nela e no quão importante ela havia se tornado
para mim em tão pouco tempo.
Pude sentir meus olhos molhados enquanto acariciava seu rostinho, mas
de repente ela foi tirada de mim, então eu simplesmente surtei, eu rugi tão
alto que apenas os meus irmãos foram capazes de ficar perto de mim.
Eles tiveram que me segurar e me empurrar em direção ao chão, pois eu
estava completamente fora de mim, o laço da parceria assumiu totalmente o
controle.
Eu estava disposto a acabar com qualquer um que se metesse entre nós,
eu sentia uma vontade totalmente primitiva de proteger ela e cuidar dela.
Pude ouvir os xingamento dos meus irmãos enquanto eles tentavam me
acalmar, mas nada seria capaz de apagar esse monstro que estava rugindo
dentro de mim.
Assim que a minha mudança começou a acontecer eu pude sentir uma
puta dor no pescoço e tudo ficou escuro.
MATTEO

Assim que Anna foi levada Zade surtou. Ele não parecia ouvir nada e
nem ninguém, eu nunca o vi em um estado tão primitivo, por um momento
parecia que ele era apenas demônio, nada do meu irmão estava ali e isso me
assustou pra caralho.
Assim que ele foi levado também eu pude me sentar com Nino e
conversar sobre o que aconteceu.
“Nossa ligação com ela está muito mais forte” – Nino disse em uma voz
cansada.
“Sim,” – eu disse com um suspiro – “ eu também pude sentir essa
mudança e pelo visto Zade também sentiu. Você viu como ele se
transformou só por tirarem ela de perto dele?” – Eu comentei com Nino
“Eu precisei de muito controle pra não estourar como ele quando vi os
médicos levando ela para longe de mim.” – Nino falou suavemente.
“Sim...” – eu concordei
“Você viu como ela ficou lá em Goulard? Eu já vi isso antes Matteo...”
“Sim porra! Eu também já vi essa porra antes, mas isso é literalmente
impossível, certo?”
“Sim, não tem como aquela transformação ser parecida com a dele” –
Nino concordou comigo enquanto passava a mão pelo rosto.
“Mas era tão parecido Nino, quantas vezes não vimos o próprio Lúcifer
daquele jeito?” – Eu questionei
“O poder que emanou dela... Ela literalmente obrigou a todos a se
curvarem diante dela. E TODOS LITERALMENTE SE CURVARAM
DIANTE DO PODER DELA” – Ele disse e pela sua expressão eu poderia
dizer que ele estava em um puta estado de choque.
“Que porra que está acontecendo Nino?”
“Eu chuto que aquilo lá é uma das partes da alma de Lúcifer. As únicas
pessoas que eu já vi com tanto poder assim foram os seus filhos e os filhos
dos seus filhos e a porra do próprio Lúcifer, não tem outra explicação.” –
ele disse como se nem ele acreditasse no que estava saindo da sua boca.
“Nem fodendo cara! Ela é metade humana, se fosse assim a sua mãe era
pra carregar alguma coisa também.” – eu disse sem conseguir acreditar.
“A mãe foi a mais forte de todos os soldados do nosso pai...” – ele disse
pensativamente – “E se esse foi o motivo dela ter escondido Anna da gente
por todo esse tempo? Ela não gostava dela, Anna nos contou várias histórias
sobre o seu passado.”
“Puta que pariu... E se esse for o motivo para ela ter colapsado? A porra
da alma de Lúcifer é muito forte para um meio sangue, o corpo dela não
seria capaz de absorver tanto poder sozinho.” – Eu digo enquanto me
levanto com urgência.
“Puta que pariu, temos que completar o vínculo imediatamente, se não o
corpo dela não vai aguentar, esse poder tem que ser dividido.” – Nino
coloca em palavras o que eu estava pensando.
Fomos em direção a porta por onde o médico entrou e assim que o
encontramos ele diz – “Vocês precisam completar o vínculo. O poder que
despertou dentro dela é muito maior do que a sua casca aguenta, ela está a
ponto de romper e isso tem que ser feito o mais rápido possível. Já entrei
em contato com os Reverendos e eles já estão a caminho para selar a união
entre vocês e a sua parceira.” – ele informa tudo de uma vez confirmando
minhas suspeitas.
“E Zade?” – Nino questiona olhando para o nosso irmão no leito ao lado
de Anna.
“Infelizmente ele e Anna terão que participar da cerimonia
desacordados, não podemos arriscar que ele entre em modo proteção
novamente e acabe com o lugar e Anna simplesmente não pode acordar
enquanto não estiver com o vínculo no lugar, ela pode morrer se isso
acontecer.” – Ele diz com um suspiro pesado.
Os Reverendos responsáveis pela união do vínculo chegam e toda a
cerimônia acontece como um borrão.
Os Reverendos são um grupo formado pelos demônios mais velhos do
alto conselho de cada pecado, somente eles podem ser capazes de selar os
vínculos usando sua sabedoria das línguas antigas para que assim as almas
destinadas possam se unir como uma só.
Eu e Nino dizemos as palavras no lugar de Zade e Anna e eu prometo a
ela baixinho que vou fazer quantas cerimonias simbólicas ela quiser como
um pedido de desculpas por ela não estar presenciando essa.
Meus olhos ardem com lágrimas não derramadas enquanto eu olho para
o meu amor em um estado tão frágil, eu daria tudo para estar no seu lugar
agora.
Cortam nossas palmas e as unem com a palma de cada um durante um
tempo enquanto recitam cânticos e desenham runas em nossas peles com
nossos sangues se misturando, um momento depois a ferida se fecha
enquanto os Reverendos dizem as palavras finais.
Assim que ele termina de falar eu sinto um choque de poder tão grande
que me faz cair de joelhos e em seguida caio pro esquecimento.
ANNA

Quando eu acordei parecia cem quilos mais leve, eu estava cercada de


grandes braços quentes e peludos em cima de mim, nunca me senti tão feliz
e completa como eu estava me sentindo naquele momento.
Tinha alguma coisa de diferente acontecendo, mas não conseguia
imaginar o que era, comecei a me lembrar dos fatos do dia anterior e me
mexi desconfortável na cama, não acredito que fui capaz de fazer aquilo
tudo.
Sentando com dificuldade na cama por conta de todos aqueles homens
eu comecei a pensar em toda ajuda que iria precisar para conseguir cuidar
de um reino.
Porra...
De maluca presa em um manicômio à rainha de um dos infernos...
Não quero pensar na minha mãe e no que eu fiz com ela, não estou
pronta para assimilar essa parte, tem coisa demais acontecendo e eu só
quero coisas boas e leves com meus monstros.
Decido acorda-los pois quero dizer o quanto eu os amo e o quanto eles
são importantes e eu também quero brigar com Nino pelo que ele fez aquele
dia, esse miserável não perde por esperar...
“Bom dia dorminhocoooos.” – Eu digo alongando a frase enquanto me
levanto e fico de pé em cima da cama com as mãos na cintura.
“Bom dia esposa.” – Diz Nino com um sorriso sonolento enquanto me
olha para ver a minha reação.
E eu simplesmente não tenho reação, fico apenas olhando para ele com
cara de idiota.
Zade estende o braço e me derruba em cima deles enquanto Nino e
Matteo me enchem de beijos pelo rosto.
“Que esposa gostosa nós temos irmãos.” – Diz Matteo enquanto aperta
meu peito me fazendo soltar um pequeno gemido.
Já faz tanto tempo que eu não sinto o toque deles em mim que um
pequeno toque parece ser muito para mim.
Mas que história é essa de esposa? Parece que eles estão
compartilhando de uma piada secreta que eu não faço parte, mas assim que
olho para onde Zade está olhando eu entendo o que eles estão querendo
dizer...
Tem um puta anel no meu dedo que eu não tinha notado antes, ele já
estava tão confortável no meu dedo que parecia que sempre esteve ali.
Olhei da minha mão para a cara de cada um deles e em cada um dos rostos
tinha um sorriso enorme de satisfação.
“O que aconteceu?” – Eu pergunto com a voz fina em meio ao choque.
“Você é a nossa esposa agora.” – Diz Nino com um sorriso tímido e
encantador em seu rosto.
“Você estava muito mal baby.” – Diz Zade com um olhar triste enquanto
enrola uma mecha do meu cabelo em seu dedo – “Eu quase matei umas
pessoas só por te tirarem dos meus braços.” – ele acrescenta com um sorriso
de canto.
“Eu sei que provavelmente não foi assim que você imaginou que se
casaria, nós não imaginamos isso para você também amor, mas peço que
entenda que não tivemos outra opção, só assim poderíamos salvar você.” –
Matteo disse isso tudo em apenas um fôlego e eu levei um momento para
entender que eles pensavam que eu estava chateada por conta disso.
“Meu Deus, vocês acham que eu estou chateada?” – eu me dou um tapa
mental pelo que falei aqui para três demônios e sendo uma meio sangue
também.
Zade me dá um olhar zombeteiro enquanto percebe o tanto que eu fiquei
vermelha com o que disse.
Nino solta uma gargalhada e Matteo dá uma risadinha.
“Vocês entenderam o que eu quis dizer.” – Eu me defendo constrangida
por ter invocado Deus na frente desses demônios.
“Você sabe que nenhum Deus vai conseguir te tirar daqui, não é baby?”
– Diz Zade enquanto captura meus lábios com sua boca faminta.
“Esperem!” – Eu digo me afastando de seus toques – “Me expliquem
tudo o que aconteceu.”
“Vamos te dar quantos casamentos você quiser como pedido de
desculpas por termos feito isso sem você estar consciente, mas eu juro que
era a única forma de te salvar do estava acontecendo aí dentro” – ele disse
dando um toque na lateral da minha cabeça.
“Isso eu já entendi e eu aprecio muito essa sua preocupação comigo,
mas que eu quero saber é um pouco mais sério.” – eu digo em uma voz
suave.
Matteo suspira e se senta na cama, posso ver que esse não é um assunto
fácil para eles e que eles não querem falar sobre isso agora, mas eu preciso
entender tudo o que aconteceu.
“Porque vocês não foram atrás de mim quando eu sumi? Vocês
realmente me entregaram para a minha mãe?” – Eu questiono com a voz
fraca.
“O que? De onde você tirou isso amor?” – Nino pergunta com um olhar
confuso.
“Eu sei que não devia acreditar na minha mãe, mas ela insistiu tanto
sobre isso e a cada dia que eu passava lá isso começou a fazer sentindo na
minha cabeça. Se for isso não tem problema, eu entendo. Só quero a
verdade de vocês.” – eu digo bem baixinho
“Nosso pai morreu Anna... Por isso não fomos atrás de você.” – Disse
Matteo baixinho.
Ele me explicou tudo o que aconteceu comigo e foi bem paciente com
as minhas perguntas, me contou sobre como minha mãe invadiu e o motivo
para Nino ter me apagado, ao final de tudo eu estava satisfeita por todo o
amor e proteção que eles me deram.
“Anna, tem uma coisa que ainda não te contamos.”
Eu prendo a respiração enquanto espero a bombar cair no meu colo. E
então eles me explicam sobre o motivo da minha parte demônio ter
despertado com tanto poder, eu era simplesmente uma das descentes de
Lúcifer e por isso tinha um pequeno fragmento do seu demônio dentro de
mim. Algum dos filhos que ele fez passou isso para a humana com quem
ele teve relações e isso foi passando de pessoa em pessoa até chegar a
minha mãe e depois em mim.
Me pergunto se o motivo dela ter ficado tão entregue ao seu demônio
interior não seja isso...
Enfim, mais uma pergunta para a série de perguntas que eu nunca terei
respostas.
Depois de passarmos mais um tempo conversando e esclarecendo tudo
eu acabo me deitando novamente ao lado dos meus doces pecados e digo a
Nino.
“Você me deve Nino, tem muito com o que se redimir, se eu fosse você
começaria agora.”
“Podemos participar também?” – Zade pergunta e então começa a
chupar e beijar o meu pescoço bem no meu ponto sensível.
Solto um pequeno gemido de satisfação e logo em seguida sinto mais
uma boca quente em cima de mim, abro apenas um pedacinho do olho para
ver Matteo descendo meu sutiã e colocando a sua boca em meu seio
dolorido.
Nino ri de seus irmãos ávidos por mim e desce em direção a minha
boceta que já lateja de saudade dele.
Assim que a sua língua corre pela minha entrada eu solto um gemido
abafado e Zade tira a mão que eu coloquei em minha boca.
“Nada de tentar me privar dos seus gemidos, baby. Nós estamos só
começando com você.” – ele diz e se abaixa para chupar meu outro mamilo
carente.
Eu até tenho vergonha de admitir o tanto que eu gemi enquanto eles me
devoravam, parece que todas as sensações foram ao extremo por eu estar a
tanto tempo sem eles.
Pude sentir uma cauda se enrolar ao redor do meu pescoço enquanto me
asfixiava lentamente e depois afrouxava fazendo o sangue correr mais
rápido e me dando muito mais prazer.
A língua de Nino batia no meu clitóris enquanto eu pude sentir uma
cauda entrando na minha boceta, ela era cheia de bolhas que estouravam
dentro de mim causando uma sensação maravilhosa de prazer.
Quanto mais eu gemia, mais fundo a cauda parecia entrar. De repente
fui girada e colocada de quatro enquanto a boca de Nino continuava em
mim.
Pude sentir algo duro cutucando o meu cuzinho e isso me deixou ainda
mais louca, quanto mais eu gemia, mais eu sentia ele me abrindo aos
poucos.
Todas essas sensações me levaram ao limite e eu gozei duro na boca de
Nino, mas antes que eu tivesse uma pausa para respirar pude sentir Matteo
saindo do meu lado e se colocando atrás de mim, assumindo o lugar de
Nino.
Pude sentir a ponta do seu pau me cutucando, mas antes que ele enfiasse
Zade disse que queria ficar embaixo de mim para comer minha boceta ao
mesmo tempo que seu irmão comia o meu cuzinho.
Nino veio para a minha boca e eu estava me sentindo alucinada levando
os três ao mesmo tempo.
Zade e Matteo eram uma combinação maravilhosa, eles mudavam os
ritmos causando ficções totalmente aleatórias e enquanto um ia fundo o
outro brincava com a ponta na minha entrada.
Eu não sabia aonde me concentrar e só sabia gemer entorno do pau de
Nino.
Nino segurou a minha cabeça e fodeu a minha boca como se fosse uma
boceta, aquele pau grosso me preencheu totalmente e toda vez que ele batia
lá fundo da minha garganta ele soltava um gemido sexy.
Ele me dava um tapa na cara e esfregava o seu pau todo babado pelo
meu rosto, nunca me senti uma putinha tão suja quanto naquele momento.
“Tá engasgando amor? Toma mais pau pra melhorar” – ele disse
enquanto socava fundo em minha garganta.
Zade dava tanto tapa na minha bunda que eu tenho certeza que iria ficar
uns dias sem conseguir sentar direito.
“Você é a nossa putinha e ninguém, nem mesmo a morte vai conseguir
tirar você de nós, por você eu sou capaz de matar o próprio Diabo e desafiar
a qualquer força divina que tentar se intrometer nos meus planos pra você,
amor” – Disse Zade enquanto dava mais um tapa na minha bunda
arrancando um pequeno gritinho de mim.
Pude matar toda a saudade que estava da piroca deles e assim que gozei
novamente pude sentir os três gozando ao mesmo tempo.
Assim que Zade e Matteo se retiraram pude sentir seus dedos entrando
em mim e colocando as suas porras de volta no meu cu e na minha boceta.
Depois de estar devidamente saciada pude sentir o sono pós sexo
querendo levar a melhor de mim, me aninhei nos braços dos meus homens e
dormi durante todo o restinho da manhã.
NINO

Assim que vi Anna subir aquelas escadas meu coração errou uma
batida, ela era a mulher mais linda que eu já tinha visto na minha vida, ela
nasceu para ser uma rainha.
Ela usava um vestido vermelho leve e transparente nas partes certas,
não tinha sapatos nos pés e usava o cabelo solto e cacheado que ia até a sua
bunda, ela era simplesmente maravilhosa.
Olhei para o seu ventre arredondado e meu pau se contraiu de vontade
de colocar meus filhos ali dentro, não via a hora de ver a sua barriga
redondinha com o fruto do nosso amor.
Por ela ser meio humana as chances de sobrevivência dela eram
praticamente 100% e mesmo assim ela já estava fazendo os testes com os
nossos cientistas para termos certeza.
No rosto ela carregava pouca maquiagem, estava o mais natural
possível, olhando para ela me eu lembrei daquelas fadas que os humanos
retratam em pinturas e desenhos.
O sorriso que ela carregava no rosto fazia meu coração se contrair de
amor e assim que ela parou diante de Ramon, o seu novo conselheiro eu
pude ver como os seus olhos brilhavam de alegria.
Assim que o Alto Conselheiro de Goulard colocou a coroa em sua
cabeça eu pude ver o tanto que ela amadureceu em tão pouco tempo, ela
não era mais aquela menininha que eu visitava nos sonhos, ela é uma puta
de uma mulher agora.
Meu peito se contraiu de tanto orgulho por ela e pude ver sorrisos
semelhantes nos rostos dos meus irmãos.
A nossa rainha se virou para o público que estava presente em sua
coroação e como um só povo todos caíram de joelhos por ela.
Nem eu e os meus irmãos conseguimos escapar do seu poder, caímos de
joelhos a sua frente e juramos a nossa lealdade assim como o seu povo.
Todos nós levantamos com um aceno de cabeça dela e assim que ela
virou para nos olhar o seu sorriso se alargou ainda mais e pude ver os seus
olhos brilhando com lágrimas não derramadas de felicidade.
Pude ver nesse momento que ela está onde nasceu para estar.
Vida longa a Rainha.
FIM
Agradecimentos
Eu gostaria de agradecer a todas as meninas que tiraram um tempo para
ler os meus primeiros contos e me darem sugestões e críticas construtivas.
Gostaria de agradecer a minha leitora Jamile por todo o incentivo e carinho
que me deu e também gostaria de agradecer a minha amiga Sâmila por todo
o apoio e ajuda que ela me deu. Muito obrigada a todas vocês por todo o
acolhimento.

Redes Sociais:
Instagram: @Autoramillaborges
TikTok: @Autoramillaborges
LIVROS ANTERIORES

MEUS DOCES MONSTROS


O que fazer quando roubam o seu diário e descobrem o seu segredo mais sujo?

É isso que Anna vai ter que descobrir.

Depois que seus pais leem o seu diário que contém todas os seus sonhos insanos com monstros
de caudas e chifres, eles decidem interna-la em um hospital psiquiátrico, Anna se vê sem saída e
mergulha mais ainda nos mistérios desses monstros que para ela só existem na sua cabeça, mas ela
não poderia estar mais enganada.

Matteo, Zade e Nino vão fazer a sua cabeça rodar com todas as revelações que eles tem para a
sua companheira, que por sinal não aceita muito bem o fato deles não serem apenas seres imaginários
da sua cabeça.

Um conto com hots de molhar a calcinha e deixar você querendo aqueles homens com você,
venha se aventura nessa deliciosa e divertida história.

O SACRIFICIO
Eu e os meus amigos somos sequestrados por um grupo de bruxas que precisam de uma virgem
para usar como sacrifício. E adivinha quem é a única virgem do grupo graças ao meu namorado
traidor? Isso mesmo, a fudida aqui!

Samyra tem sua vida virada de cabeça para baixo quando ela é entregue para três Príncipes da
Gula que só pensam em devorara-la da maneira mais suja possível e usa-la para dar um golpe no
próprio pai. A porra do Lúcifer.

Derek, Dean e Damon são os príncipes do inferno e estão cansados da tirania do seu pai. Estão
rolando boatos no inferno de que ele está louco, então os príncipes decidem que esse é o melhor
momento para se unir e derrota-lo, mas para isso eles precisam conseguir mais poder e para
conseguirem mais poder eles precisam de Samyra.

Eles estão acostumados a pegarem humanas virgens de dois em dois anos e descarta-las depois
desse tempo para conseguir acumular poder e assim derrotar Lúcifer. Mas será que com Samyra vai
acontecer o mesmo? Será que ela vai aceitar ser apenas usada e descartada?

Venha ler e se apaixonar por esses príncipes incríveis e molhadores de calcinhas profissionais
PRÓXIMO LANÇAMENTO

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