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CRANIOPUNTURA

CHINESA

Professor Daniel da Silva lima

2016
1. INTRODUÇÃO
A Craniopuntura Chinesa ou também chamada Acupuntura no escalpo é uma
terapia que consiste em puncionar determinadas áreas específicas do couro
cabeludo, que tratam principalmente patologias neurológicas, mas associando o
entendimento neuronal e o entendimento holográfico da Medicina Tradicional
Chinesa, podemos utilizar para vários distúrbios orgânicos, psíquicos,
emocionais.
Esta técnica desenvolveu-se com o conhecimento das áreas representativas do
córtex cerebral e a teoria dos meridianos.
Craniopuntura é a Acupuntura realizada em pontos sobre o crânio. Sendo o
crânio um microssistema, ou seja, uma representação de todo o corpo, seus
pontos podem ser estimulados como se estivéssemos estimulando os pontos de
Acupuntura no próprio corpo. O estímulo pode ser feito com agulhas ou outras
formas como, cores, sons, pressão com os dedos ou instrumentos e também a
moxabustão.
A Craniopuntura Chinesa moderna, se deu através dos estudos de um
neurocirurgião chinês, o Dr. Chiao Shun Fa, médico do hospital do povo da
província de Chi Shan, norte da china. Após anos clinicando e verificando a
ineficácia dos tratamentos usuais nas sequelas neurológicas, passou a estudar
a MTC e levantou uma brilhante questão;
Por ventura o estímulo dos pontos de acupuntura no crânio, pela maior
proximidade com o córtex cerebral que os pontos da acupuntura sistêmica,
poderiam ter efeitos mais rápidos e melhores que os pontos no corpo quando se
tratasse doenças cerebrais?
Com o apoio dos colegas começou a realizar pesquisas, em 1971 conseguiu
curar uma hemiplegia de um paciente, causada por uma sequela de acidente
vascular.
Após tratar 600 casos publicou um livro em 1975, intitulado “Scalp needling
therapy”.
De acordo com a teoria dos meridianos, todos os meridianos yang passam pela
cabeça, assim como os vasos maravilhosos Ren e Du-mai e assim todo o corpo
poderia ser controlado.
2. ÁREAS DE ESTIMULAÇÃO:

Existem zonas de estimulação localizadas no escalpo e essas zonas tomam por


base, duas linhas principais.
1- A linha mediana antero-posterior – Liga o ponto entre a glabela (Yintang)
e o ponto na protuberância occipital (Du-16 - Fengfu).
2- A linha sobrancelha occipital – Do ponto médio das sobrancelhas, por
cima das orelhas até a protuberância occipital.
3. PONTOS DE REFERÊNCIA

Para auxiliar a localização das áreas de atuação alguns pontos principais são
usados como referência:

Du-20 (Baihui) – No vértice da linha media, entre o ápice das orelhas, na


depressão 5 cun posterior à linha frontal de implantação dos cabelos e 7 cun
anterior à linha posterior de implantação dos cabelos, pode ser medido também
como 8 cun posterior à glabela e 6 cun superior à protuberância occipital.

Yintang – Na linha média, entre as sobrancelhas.

Du-16 (Fengfu) – Na linha média, imediatamente abaixo da protuberância do


externa do occipital. Aproximadamente 1 cun acima da linha de implantação dos
cabelos.
4. LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTÍMULO.

ÁREA MOTORA

Localização: 1/2 cm atrás do ponto médio, descendo pela região parietal, divide-
se em 5 partes.

1/5 superior: Motricidade do tronco e membros inferiores.


2/5 médio: Motricidade dos membros superiores.
2/5 inferior: Motricidade da face.

Indicações: Paralisia contralateral dos membros inferiores, superiores e


paralisia lateral central facial, afasia motora, problemas disfônicos e sialorréia.
ÁREA SENSORIAL

Localização: Paralela à linha motora, 1,5 cm posterior. A subdivisão é a mesma


da linha motora.
1/5 superior: É a área sensória dos membros inferiores, da cabeça e do tronco.
2/5 médio: Membros superiores.
2/5 inferior: Área sensória da face.

Indicações: Os 1/5 superiores para lombalgia contralateral, dor na perna,


entorpecimento, parestesia, dor de cabeça occipital, dor na região da nuca e
zumbido.
2/5 médios, dor dos membros superiores contralaterais, entorpecimento e
parestesia.
1/5 inferiores para entorpecimento facial homolateral, enxaqueca, neuralgia do
trigêmeo, dor de dente e artrite têmporo-mandibular.
ÁREA DA CORÉIA OU DO TREMOR

Localização: Paralela à linha motora, 1,5 cm anterior. Ou 1 cm anterior ao ponto


médio.

Indicações: Coréia, Parkinson, etc. (se o tremor for unilateral, punture


contralateral, se for bilateral, punture bilateral).
ÁREA VASOMOTRIZ
Localização: Paralela à linha motora, 1,5 cm à frente da linha Coréia.

Indicações: Pode ser dividida em duas linhas, a parte superior trata mmss
contralateral, e a parte inferior trata mmii contralateral, sento útil em HAS, edema
de origem cortical
ÁREA DA AUDIÇÃO E VERTIGEM

Localização: 1,5 cm sobre o ápice da orelha, esse é o ponto médio da referida


área, 2 cm para frente e 2 cm para trás.

Indicações: Zumbido, hipoacusia, vertigem, vertigem auditiva,etc.

ÁREA DA FALA

A 1° linha da fala é a parte inferior (2/5) da linha motobra, porque trata a


impossibilidade de falar relacionada aos problemas motores da fala. Afasia de
Broca.

A 2° área da fala é esta a seguir relacionada.


Localização: A 2 cm posterior e inferior ao tubérculo parietal, paralelo à linha
média antero-posterior.

Indicações: Afasia amnésica. Afasia de broca (A afasia de Broca caracteriza-se por


grande dificuldade em falar, porém a compreensão da linguagem encontra-se preservada.)
3ª área da fala
Localização: 4 cm para trás na linha horizontal que parte do ponto médio da área
da audição e vertigem.

Indicações: Afasia sensorial, receptiva e afasia de Wernicke (A afasia


de Wernicke caracteriza-se por dificuldade na compreensão da linguagem, a fala é fluente e faz
pouco sentido.).

ÁREA PSICOMOTORA (hábito ou função)


Localização: Tome o tubérculo parietal como ponto de partida, trace uma linha
de 3 cm para baixo e outras 2 linhas, uma anterior e outra posterior, em um
ângulo de 40° graus entre a linha central.

Indicações: Apraxias.
ÁREA SENSITIVA-MOTORA DO PÉ
Localização: Paralelamente à linha mediana antero-posterior e à 1 cm do ponto
médio, trace uma linha de cada lado, 3 cm para trás.

Indicações: Dor do membro inferior contra-lateral, entorpecimento, paralisia,


distenção lombar aguda, poliúria, noctúria, prolapso do útero, etc.
ÁREA VISUAL
Localização: esta área ocupa uma linha de 4 cm paralela à linha média antero-
posterior, 1 cm lateralmente à protuberância occipital. A linha inicia-se neste
ponto e segue um caminho ascendente.

Indicações: distúrbios visuais cérebro-corticais.

ÁREA DO EQUILÍBRIO
Localização: esta área ocupa uma linha de 4 cm paralela à linha média antero-
posterior, 3,5 cm lateralmente à protuberância occipital. A linha inicia-se neste
ponto e segue um caminho descendente.

Indicações: distúrbios do equilíbrio provocados por lesão ou doença do cerebelo.


ÁREA GÁSTRICA
Localização: considere-se a margem de inserção frontal do cabelo diretamente
acima da pupila com o paciente a olhar em frente e desenhe uma linha de 2 cm
para trás paralela à linha média antero-posterior.

Indicações: dor gástrica, desconforto epigástrico.

ÁREA TORÁCICA
Localização: esta área ocupa uma linha de 4 cm que se encontra entre a área
gástrica e a linha média antero-posterior. Toma-se a linha de inserção frontal dos
cabelos como ponto médio e desenha-se dois cm para cima e 2 cm para baixo.

Indicações: dor torácica, palpitações, sensação de opulência, insuficiência


coronária, asma, soluços.
ÁREA GENITAL
Localização: esta área encontra-se no ângulo das linhas frontal e temporal de
implantação dos cabelos e ocupa uma linha de 2 cm para cima, paralela à linha
média antero-posterior.
Indicações: hemorragia funcional uterina, inflamação pélvica, leucorragia,
prolapso uterino, cistite, urgência urinária, diurese e aumento de consumo de
líquidos devido à Diabette Mellitus, impotência, frigidez, poluções e outros
problemas que poderão ser tratados em associação à área sensitiva motora do
pé.
ÁREA HEPATO BILIAR
Localização: a área hepática é a extensão da área gástrica, partindo do ponto de
implantação do cabelo 2 cm para baixo.

Indicações: dor hipocondríaca devido a desordens do fígado e vesícula biliar,


move o Qì do fígado.

ÁREA INTESTINAL
Localização: é a extensão da área reprodutora, partindo do ponto de implantação do
cabelo, 2 cm para baixo.

Indicações: dor no abdômen inferior.


5. TÉCNICA

Faça o paciente senta-se ou deitar-se, Escolha a área de estimulação de acordo


com as diferentes doenças e esterilize a área como de rotina, use uma agulha
filiforme n° 26-28, 2 a 3 cun subcutaneamente em um ângulo de 30° com o
escalpo, insira a agulha rapidamente na pele ou no músculo subcutâneo num
procedimento giratório até a profundidade adequada. A fim de fixar a
profundidade da agulha com exatidão e ser fácil de manipular, em geral segure
o cabo da agulha com a superfície palmar do dedo polegar e a superfície radial
do dedo indicador. Gire a agulha com auxílio do movimento de dobrar e esticar
da articulação metacarpo falangeana do dedo indicador rápida e continuamente.
A velocidade de giro pode alcançar 200 vezes/min. mais ou menos. Gire a agulha
por 2 a 3 minutos depois que estiver inserida, retenha a agulha por até 30
minutos, manipulando a cada 5 ou 10 minutos. Para pacientes com hemiplegia,
peça para mover os membros dentro do possível, para hemiplegia severa o
terapeuta pode fazer a movimentação passiva desses membros.
Se o paciente tiver uma sensação de calor, entorpecimento, distensão, tremor
de frio, etc. sobre um membro doente durante o tratamento o resultado será
melhor.
Depois da inserção da agulha, podemos colocar um estimulador elétrico com
uma frequência de 200 a 300 vezes/min. Sua intensidade de estímulo pode ser
determinada de acordo com a reação do paciente. Em geral a terapia deve ser
feita uma vez por dia, dia sim dia não, um ciclo de tratamento normalmente é de
10 a 15 sessões. Uma semana de intervalo entre cada ciclo.

6. Precauções

A diagnose deve ser feita corretamente e uma localização exata da área de


estímulo deve ser efetuada. O paciente deve estar em posição adequada,
deitada ou sentada, para prevenir desmaio/lipotimia pelo agulhamento. Uma
assepsia correta deve ser efetuada. Em caso de complicações como febre alta,
inflamação aguda, insuficiência cardíaca, a terapia deve ser descontinuada até
a remissão destes sintomas. Espere o paciente estar estável para começar a
terapia no caso de sequelas cerebrais.

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