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Sumário
1. Compreendendo a Psicossomática .................................................................................... 4
2. Histórico da Psicossomática .............................................................................................. 9
3 A relação entre a Psicossomática e a Psicanálise .................................................................. 12
3.1 As práticas curativas ancestrais ..................................................................................... 13
3.2 Da idade média à idade moderna .................................................................................. 15
3.2 A esfinge ....................................................................................................................... 16
3.3 As duas Psicossomáticas ................................................................................................ 17
3.4 A Banda de Moebius ..................................................................................................... 18
4 A Psicossomática e os Tipos de Neurose ............................................................................... 21
5 Doenças Psicossomáticas Mais Comuns ............................................................................... 28
5.2 Resfriados Frequentes ................................................................................................... 29
5.2 Herpes .......................................................................................................................... 30
5.3 Enxaquecas ................................................................................................................... 30
5.4 Alergia Nervosa ............................................................................................................. 30
5.5 Diarreia ......................................................................................................................... 30
6 Considerações Finais ............................................................................................................ 31
Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 33
Anexo I – Psicossomática: Um Estudo Histórico e Epistemológico ........................................... 35
Resumo............................................................................................................................... 35
Abstract .............................................................................................................................. 35
Introdução .......................................................................................................................... 35
Evolução Histórica do Conceito ........................................................................................... 37
Precursores Contribuições da Psicanálise ............................................................................ 39
Escola Psicossomática Americana ........................................................................................ 40
Escola Psicossomática de Paris ............................................................................................ 44
Escola de Boston e Conceito de Alexitimia........................................................................... 47
A Explicação Biológica e Neurofisiológica em Psicossomática .............................................. 50
Outras Concepções e Modelos em Psicossomática .............................................................. 52
Síntese e Reflexão a Partir dos Diversos Modelos ................................................................ 55
Referências Bibliográficas.................................................................................................... 57
Anexo II – Doenças Psicossomáticas na Adolescência .............................................................. 60
Resumo............................................................................................................................... 60
Teoria Psicossomáticas........................................................................................................ 61
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Abordagem Psicossomática ................................................................................................. 63


Sintomas Psicossomáticos Comuns na Adolescência............................................................ 65
Cefaléia ..................................................................................... Erro! Indicador não definido.
Dor no Peito ........................................................................................................................ 66
Dor Abdominal .................................................................................................................... 66
Fadiga Cronica..................................................................................................................... 66
Considerações Finais ........................................................................................................... 67
Referências ......................................................................................................................... 67
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1. Compreendendo a Psicossomática

A somatização é um transtorno psiquiátrico em que a pessoa apresenta


múltiplas queixas físicas, localizadas em diversos órgãos do corpo, como dor,
diarréia, tremores e falta de ar, mas que não são explicadas por nenhuma
doença ou alteração orgânica. Geralmente, uma pessoa com doença
psicossomática está frequentemente em consultas médicas ou pronto-socorro
devido a estes sintomas, e o médico costuma ter dificuldade em encontrar a
causa.

Esta situação também é chamada de transtorno de somatização, e é


comum em pessoas ansiosas e depressivas, por isso, para o adequado
tratamento é fundamental a realização de psicoterapia, além do
acompanhamento com o psiquiatra, que poderá indicar medicamentos como
antidepressivos e ansiolíticos para ajudar a aliviar o problema.

O corpo e a mente são uma unidade, então se o emocional de uma pessoa


não vai bem ela pode desenvolver as chamadas doenças psicossomáticas, que
são aquelas que possuem sintomas físicos e que não têm explicação médica.
São dores que não tem causa aparente, que aparecem sem que tenha havido
nenhuma razão conhecida e que não se curam nem como remédios, pois a
causa não é física, mas sim emocional, ou seja, provocada pela nossa mente.

Por isso mesmo, a pessoa que sofre com alguma doença


psicossomática acaba somatizando no corpo os seus desequilíbrios emocionais
e mentais e sofrendo com dores terríveis. Estas por sua vez são provenientes de
suas angústias, ansiedades e depressões, o que desregula todos seus sistemas.

As chamadas doenças psicossomáticas são doenças que apresentam


sintomas físicos e que não têm origem ou causa identificada em exames. São
dores que não tem causa aparente ou que aparecem sem que tenha havido
nenhuma razão conhecida e que não se curam nem como remédios. Isso se dá
porque as doenças psicossomáticas não possuem causas físicas e sim,
emocionais.
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Identificar as doenças psicossomáticas com precisão requer o


acompanhamento de profissionais da saúde – médicos, psicólogos e psiquiatras.
Mas, o primeiro passo é estar atento para identificar alguns sintomas e assim,
procurar a ajuda especializada que saberá lidar com as doenças
psicossomáticas. E quais são as principais doenças psicossomáticas e seus
respectivos sintomas?

Nas últimas décadas a palavra “psicossomática” passou a ser usual tanto


no meio médico e psicológico quanto no meio da comunidade científica, sendo
que também já não era novidade no meio das sociedades psicanalíticas, que
desde as manifestações de conversão da histeria reveladas por Freud, no início
da forma do pensar psicanalítico, colocam os analistas frente às questões do
adoecimento do corpo.

A palavra psicossomática determina uma nova visão da abordagem das


doenças, as quais passam a ser entendidas como parte de um processo mais
amplo do que somente aos sintomas que se manifestam. Quando usamos a
expressão “doença psicossomática” dizemos que a causa é psicológica, mas a
pessoa apresenta mudanças clínicas detectáveis por exames de laboratório, ou
seja, o corpo da pessoa está tendo danos físicos - chamamos de doença
psicossomática.

Em psicossomática, nas últimas décadas, os avanços da investigação


psicanalítica, e outros não psicanalíticos, tornaram de interesse para o
psicanalista não somente a contribuição da Psicanálise para a psicossomática,
mas também a desta para aquela. Estudos recentemente publicados corroboram
a eficácia terapêutica da Psicanálise e de tratamentos baseados na teoria
psicanalítica bem como sufragam a tese de que a psicoterapia, incluindo-se a
psicanaliticamente orientada, conquanto exija longo tempo do terapeuta, não se
revela dispendiosa em relação a outros tratamentos, se considerados custos e
benefícios.

As lesões psicossomáticas são caracteristicamente enigmáticas, pois


tanto podem aparecer como que “do nada” e do mesmo modo que se
apresentaram vão embora. Ou, ainda, podem se agravar e colocar em risco a
vida do sujeito, como um agravamento do quadro ou até mesmo a morte.
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Atualmente a Psicossomática apresenta-se como um grande campo de


conhecimentos a ser mais bem compreendido, embora não se defina
exatamente como uma área do saber. Assim como em muitas disciplinas,
principalmente as de natureza integrativa ainda há a muito a ser feito, no sentido
de compor e relacionar o saber acumulado acerca de processos isolados do ser
humano, tanto a nível físico, como social e psíquico, em um único todo.

A psicossomática é uma ciência interdisciplinar que integra diversas


especialidades da medicina e da psicologia para estudar os efeitos de fatores
sociais e psicológicos sobre processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar
das pessoas. A palavra psicossomática, na visão dos profissionais de saúde que
compreendem o ser humano de forma integral, não pode ser compreendida
como um adjetivo para alguns tipos de sintomas, pois tanto a medicina quanto a
psicologia estão percebendo que não existe separação ideal entre mente, corpo,
alma e espírito. Então, psicossomática é um termo que pode ser empregado para
qualquer tipo de sintoma, seja ele físico, emocional, psíquico, espiritual,
profissional, relacional, comportamental, social ou familiar. [2]

Segundo Eksterman (1992), a Medicina Psicossomática é um estudo das


relações mente-corpo com ênfase na explicação psicológica dos sintomas
corporais. O termo também pode ser compreendido, tal como descreve Mello
Filho (1992), como "uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas
de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma
prática, a prática de uma medicina integral".

A psicossomática é a ciência que estuda as doenças orgânicas com


descarga no corpo, isto é, uma lesão de órgão ou sistema provocado por alguma
disfunção do sistema nervoso. Na psicossomática, pensa-se a realidade na sua
unidade, considerando os aspetos biológicos e psicológicos. Interessa-se pelos
aspetos de interação causa/efeito, a pessoa como um todo na sua perspectiva
biológica e relacional, isto é, pensar a realidade na sua totalidade: a entidade
biológica e a entidade psicológica. [1]

De acordo com Holmes (1997) há uma diferença entre os transtornos


somatoformes e transtornos psicossomáticos: nos dois tipos de transtornos as
causas são psicológicas, e os sintomas são físicos. A distinção entre eles é que
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nos distúrbios somatoformes não há lesão física (ex., um indivíduo reclama de


dor no estômago e na verdade não há nada fisicamente errado com o órgão),
enquanto com os distúrbios psicossomáticos, há lesão física (ex., úlceras
envolvem lesões no revestimento do estômago) (MOURA, 2008).

Estar sob forte pressão no trabalho, ter passado por um rompimento


amoroso abrupto, pela perda de um ente querido ou estar com grandes
problemas financeiros, são exemplos de situações que podem levar o indivíduo
a uma condição de estresse, ansiedade e tristeza tão grave que o seu estado
mental transcende e acaba afetando o seu estado emocional.

Deste modo, tudo que a pessoa sente na mente e em seu coração, acaba
se manifestando fisicamente também e causando muitas dores por todo o corpo.
Isso é o que recebe o nome de somatização.

Além destas causas, existem outras que podem acarretar em uma ou mais
doenças psicossomáticas:

• Traumas de infância ou qualquer outro tipo de trauma;


• Ansiedade e depressão;
• Situações de violência (física ou psicológica);
• Trabalho em excesso;
• Auto cobrança exagerada;
• Entre outras causas.

O diagnóstico de uma doença psicossomática deve ser feito por um


psiquiatra, mas um clínico geral ou outro especialista podem apontar esta
possibilidade, porque excluem a presença de outras doenças através do exame
físico e de laboratório.

As presenças dos principais sintomas ajudam a identificar o problema, e


são coração acelerado, tremores, boca seca, sensação de falta de ar e de nó na
garganta, e podem ser mais ou menos intensos de acordo com piora ou melhora
do estado emocional de cada pessoa. Para confirmar este transtorno, o médico
irá identificar na sua avaliação a existência de pelo menos 4 sintomas, sendo
que os mais comuns são os gastrointestinais, os que imitam doenças
neurológicas ou que afeta a região íntima
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O tratamento para estas doenças pode envolver o uso de medicamentos


como analgésicos, anti-inflamatórios e anti-histamínicos para aliviar seus
sintomas, no entanto, é importante o acompanhamento de um psicólogo ou
psiquiatra, para aprender a controlar as emoções, e tratar a verdadeira causa do
problema.

Antidepressivos, e ansiolíticos, por exemplo, prescritos pelo


psiquiatra, ajudam a acalmar e diminuir a ansiedade, e sessões de psicoterapia
são importantes para ajudar na resolução de conflitos internos.

Algumas medidas simples e naturais também podem ajudar a lidar com


os problemas emocionais, como tomar chás calmantes de camomila e valeriana,
tirar férias para descansar a mente e procurar resolver um problema de cada
vez. Fazer algum tipo de exercício físico como caminhada, corrida, yoga ou
pilates também pode ajudar a promover o bem-estar.
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2. Histórico da Psicossomática

Segundo Moura (2008) o termo “psicossomático” foi utilizado pela primeira


vez em 1818 por Heinroth, psiquiatra alemão, ao fazer referência a insônia e a
influência das paixões na tuberculose, epilepsia e cancro. No século seguinte
as descobertas de Freud permitiram uma melhor compreensão desses
fenômenos. Em 1922 Deutsch reintroduziu esse termo em Viena.

Antes da psicanálise, entendia-se que as doenças eram causadas por


agentes externos. Havia, é claro, muitas iniciativas em tentar compreender a
relação corpo e mente. O próprio surgimento do termo psicossomática em 1828
por Johann Heinroth testemunha isto. Ele postula que paixões sexuais são
importantes para a manifestação de doenças como tuberculose, epilepsia e
câncer, ressaltando a importância dos aspectos físicos e psíquicos integrados
nos processos de adoecer (VOLICH, 2000, p. 43).

A psicossomática evoluiu das investigações psicanalíticas que contribuem


para o campo com informações acerca da origem inconsciente das doenças, e
mais especificamente dos estudos das paralisias e anestesias histéricas
originados das contribuições pré - psicanalíticas de Jean-Martin Charcot e Josef
Breuer.

Expressão doença psicossomática foi utilizada inicialmente para referir-se


apenas a certas doenças como a úlcera péptica, asma brônquica, hipertensão
arterial e colite ulcerativa onde as correlações psicofísicas eram muito nítidas
posteriormente foi-se percebendo que tal concepção é potencialmente válida
para todas as doenças (MELLO FILHO, 2005).

Segundo Cardoso (2005), a história da psicossomática poderia ser


dividida em duas grandes correntes: de um lado, as correntes inspiradas nas
teorias psicanalíticas e com base no conceito de doença psicossomática; de
outro lado, a inspiração biológica, alicerçada no conceito de stress.

Já Mello Filho (1992) considera três fases distintas na evolução da


Psicossomática: a inicial ou psicanalítica, em que foi estudada, entre outros
assuntos, a origem inconsciente das doenças e o fenômeno de regressão; a
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intermédia ou behaviorista, na qual houve uma tentativa para enquadrar os


estudos feitos em humanos e animais nas ciências exatas; e a atual ou
multidisciplinar, em que é dada importância às influências sociais e se considera
a Psicossomática como atividade de interação e integração de dados de
diferentes áreas do saber.

Segundo Cardoso (1995), no fim do século XIX o campo da


psicossomática veio a estender por dois grandes ramos de investigação. O
primeiro ramo da história da psicossomática se refere à Escola Americana,
representada por Franz Alexander e Dunbar, cuja via de investigação tem como
ponto de partida o modelo médico, onde estes procuram correlacionar
determinados tipos de personalidades com doenças orgânicas específicas. As
contribuições da Escola Psicossomática Americana, especificamente Alexander
e Dunbar, e as de Cannon e Selye foram fundamentais para a consolidação do
movimento psicossomático, assim como para a influência sobre uma medicina
integral e humanista.

O segundo grande ramo das investigações psicossomáticas foi formada


pelos integrantes da chamada Escola Psicossomática de Paris, composta entre
outros por Pierre Marty, de M’Uzan, David e Fain, tentaram elaborar uma teoria
da economia psicossomática atribuindo uma grande parte da etiologia a um
determinismo multifatorial com forte participação biológica.

Para eles, falar de “doenças psicossomáticas” é um equívoco, preferindo


chamar de “pacientes psicossomáticos” àquela cuja manifestação sintomática
preponderante aparece no plano orgânico e não no psíquico. A falta de recurso
psíquico para a elaboração dos conflitos decorreria a sua característica
preponderantemente “psicossomática” e o consequente desequilíbrio
psicossomático com a ocorrência de desorganizações orgânicas progressivas
(CARVALHO, s.d.).
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3 A relação entre a Psicossomática e a Psicanálise

As indagações sobre as relações entre o psíquico e o somático percorrem


toda a obra de Freud. Os primeiros trabalhos sobre a histeria permitiram-lhe
reconhecer a influência do funcionamento psíquico nos sintomas somáticos,
onde se evidencia a relação entre histeria e sexualidade, apresentando-se
também a noção de conversão, através da qual o conflito psíquico seria
transposto para a soma, carregando o sintoma de significado simbólico. Freud
partiu daqui para construir uma teoria metapsicologia em que o corpo recebeu
progressivamente lugar de destaque, podendo ser simultaneamente fonte
da pulsão e agente da sua satisfação (GANHÃO, 2009).

De acordo com Cardoso (1995), o maior legado de Freud para as


investigações psicossomáticas se deve ao conceito de conversão individual.
Esse termo conversão foi utilizado por Freud para explicar a transposição de um
conflito psíquico na tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos,
motores ou sensitivos. ”

Na obra de Freud, as formulações que mais se aproximam do que se


conhece atualmente como psicossomática estão em sua definição de neuroses
atuais. Freud mencionou um grupo de neuroses de transferência que se
assemelham ás afecções psicossomáticas denominando-as neurose atuais e
classificando-as em neurastenia e neurose de angústia. A neurastenia tinha
origem na satisfação sexual realizada de forma inadequada e nas neuroses de
angústia, o sujeito não obtém uma descarga de excitação sexual, produzindo
angústia diante da relação sexual incompleta (GERMANO 2010).

Germano (2010) salienta ainda que Freud, ao pensar sobre o corpo,


acabou por desenvolver o conceito de conversão somática, que seria uma junção
do psíquico e do físico remetendo a outra cena. Freud denominou conversão a
uma manifestação somática idêntica ao desejo em que está em jogo uma
satisfação substitutiva de uma fantasia de conteúdo sexual e onde esta outra
cena fala do sujeito através de seu corpo.

Na primeira tópica, com a introdução do conceito de Inconsciente, Freud


pôs em causa definitivamente a dicotomia clássica corpo-alma, revelando uma
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nova leitura das relações entre soma e psique. Como afirma Lionço (2008): “o
inconsciente seria uma espécie de lugar de passagem, processo no qual se
tornaria impossível distinguir o corporal do psíquico, que estariam articulados
numa espécie de curto-circuito”

Na segunda tópica, Eksterman (1992), diz que: “quando o id se transforma


em ego é o ponto central da intersecção da Psicanálise com a Psicossomática”.
Nas palavras do autor: “se pudéssemos dissecar todos os componentes
comprometidos na transformação do id em ego, teríamos provavelmente
respondido aos enigmas que subsistem entre a mente e o corpo”. Ainda em
Eksterman, ao falar sobre a origem da mente, Freud afirmou que a atividade
corporal origina o id e este, por sua vez, diferencia uma camada mais superficial
– o ego –, quando em contato com o mundo exterior.

Aparentemente, Freud não se interessou pelas consequências


efetivamente psicossomáticas de suas descobertas, pelo ao menos no sentido
de enveredar pela medicina clínica e incluir na fisiologia das doenças físicas
uma psicopatologia psicodinâmica, em outros termos, questões psicológicas
relativas ao balanço consciente/ inconsciente presentes nas doenças do corpo.
Foram seus discípulos imediatos que perceberam essa relação com a Medicina
em geral, notadamente Felix Deutsch, Otto Fenichel, Georg Groddeck e
finalmente um emigrante para os Estados Unidos, também discípulo direto de
Freud, Franz Alexander (EKSTERMAN, s.d).

Passados mais de cem anos do surgimento da psicanálise, atualmente há


um campo de conhecimento denominado hoje como psicossomática
psicanalítica do qual compartilham diversos autores e posicionamentos, em que
há um acordo em se considerar uma multiplicidade de causas para o adoecer
relacionados com conflitos inconscientes. (MELLO, 2009)

3.1 as práticas curativas ancestrais

A pintura rupestre, onde o homem do Paleolítico ao Neolítico, entre


50.000 e 10.000 anos antes de Cristo, representou as primeiras expressões
conhecidas de sua humanidade, continua trazendo inúmeras informações sobre
a cultura humana dos primórdios da história. Na gruta dos Três Irmãos, na
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França, encontra-se a representação de um provável sacerdote-médico, vestido


com peles de animais e envergando chifres de alce, datada, segundo os testes
com carbono 14, de 35.000 anos. Segundo Lopes (1970), os registros
arqueológicos demonstram a íntima relação entre as práticas religiosas e
curativas na pré-história.

A técnica primitiva da trepanação, na verdade uma sofisticada cirurgia


em que uma parte do crânio era removida, visava, segundo esse autor, a
propiciar que os "maus espíritos" fossem afugentados do doente.

No berço da Civilização, a Mesopotâmia, os curandeiros lutavam contra


as doenças com encantamentos, considerando que as forças maléficas que se
materializavam como doenças eram expressões do castigo ou vingança dos
deuses (Lopes,1970, pp 30-31). Entre os assírios, a prática curativa incluía a
cirurgia, a astrologia, drogas de origem vegetal e a interpretação dos sonhos do
doente.

Os principais pecados, causadores de doenças, eram: "Excitar o pai


contra o filho e o filho contra o pai; excitar o amigo contra o amigo; entrar na casa
do próximo; conquistar a mulher do amigo, dividir uma família unida; desatender
ao superior, e assim por diante"(Lopes,1970, p-38).

Observe-se que, nessa interessante enumeração, são os fatores básicos


do convívio humano, a integração cultural, que estão em jogo, sendo a doença
uma expressão da perturbação do viver. Como expressamos em outro trabalho:
"Deve-se notar que, neste sistema integrado, Saúde e devoção, harmonia e
cirurgia, destino e significação, são pólos que regem o que o homem vive e crê,
partilhando com deuses e demônios a sua história" (Àvila, 1996).

Entre os egípcios, já se pode constatar a especialização, pois existiam,


segundo Heródoto, médicos que tratavam das diferentes partes e sistemas, de
órgãos específicos, ou de conjuntos de sintomas. Praticantes de sofisticadas
técnicas médicas e cirúrgicas, os egípcios legaram aos gregos muitos dos
elementos que serão desenvolvidos pelos asclepíades, os médicos helênicos.

Na obra de Hipócrates (ou dos muitos Hipócrates, pois segundo Lopes


teriam existido muitos médicos com este mesmo nome) verifica-se o quanto da
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Medicina clássica se prendia a uma concepção ampla e integrada das doenças.


Para o médico hipocrático, o organismo humano era considerado um
microcosmos, inserido no universo maior que o regia. Dizia Hipócrates: "Para
conhecer-se a natureza do homem é necessário conhecer-se a natureza de
todas as coisas"(Lopes, 1970, p111).

3.2 Da idade média à idade moderna

Os princípios fundamentais da medicina grega, acrescentados da


contribuição de Galeno e dos médicos romanos, formaram a base das técnicas
curativas durante toda a Idade Média. O homem em interação com a natureza,
seu corpo e seu espírito, inseparáveis, tal era a concepção desse período, como
se pode constatar nesse documento, resgatado e comentado por Phillipe Ariès

"Uma ideia geral emanava da obra, ideia erudita que logo se tornou
extremamente popular: a ideia da unidade fundamental da natureza, da
solidariedade existente entre todos os fenômenos da natureza, que não se
separam das manifestações sobrenaturais. A ideia de que não havia oposição
entre o natural e o sobrenatural pertencia ao mesmo tempo às crenças populares
herdadas do paganismo, e a uma ciência tanto física quanto teológica. (...) uma
mesma lei rigorosa rege ao mesmo tempo o movimento dos planetas, o ciclo
vegetativo das estações, as relações entre os elementos, o corpo humano e seus
humores, e o destino do homem". (Ariès, 1986/1566, pp 34-35):

Com a grande revolução científica da idade moderna, muitas


transformações advirão, mas a concepção médica permanece tributária de uma
forma de representação das doenças e de sua causalidade onde corpo e espírito
ainda estão intimamente unidos. Assim, por exemplo, Ettmüller, em 1691,
descrevia como causas para as convulsões, alguns fatores que hoje seriam
referendados pela moderna medicina, ao passo que outros seriam sem dúvida
relegados, como conhecimentos supersticiosos, pré-científicos, ou francamente
derrisórios: "a cólica nefrítica, os humores ácidos da melancolia, o nascimento
durante um eclipse da Lua, a vizinhança das minas de metal, a cólera das amas
de leite, os frutos de outono, a constipação, os caroços de néspera no reto e, de
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modo mais imediato, as paixões, sobretudo as do amor" (Foucault,1972/1691


p222).

Porém, a distinção estabelecida por Descartes, entre a res cogitans e


a res extensa, logo se traduzirá em fundamento para a apreensão do corpo como
realidade objetiva, conduzindo à radical separação entre corpo e mente, que a
Medicina dos séculos XVII e XVIII consagrará.

Adotando a categorização que nasceu com a Botânica, a minuciosa


descrição e classificação de todo o mundo natural, ao mesmo tempo que os
princípios da experimentação das ciências físico-químicas, a Medicina passa a
empregar os novos parâmetros que confluirão, no século XIX, com as grandes
descobertas científicas dos fatores etiológicos de inúmeras doenças, e o
desenvolvimentos de novos recursos diagnósticos e terapêuticos.

A Medicina ingressa no século XX com a esperança de poder abordar,


com a Biologia, a Física e a Química como retaguarda, e a tecnologia como
aliada, a totalidade dos padecimentos humanos.

3.2 A esfinge

Existe, todavia, uma doença, descrita há mais de 4.000 anos, e que


parece não se curvar a todos os esforços diagnósticos e curativos da Medicina:
trata-se da Histeria, entidade tão enigmática e tão exasperante, que inúmeros
médicos, antigos e atuais, propõem que se abandonem todas as tentativas de
compreendê-la. Aliás, é exatamente a Histeria que vai dar surgimento a uma
outra e revolucionária forma de pensar o sofrimento humano: a Psicanálise.

A Histeria parece confundir todas as fronteiras, e vai obrigar ao criador da


Psicanálise à criação de um método próprio de investigação, método esse que
é co-extensivo de suas formas de expressão. São as histéricas que inventam a
Psicanálise, forçando, com seu desejo enigmático e demandante, que sua voz
se faça ouvir, que seus sofrimentos "sem causa" sejam levados em conta, na
mais intensa inserção do profissional que esteja buscando auxiliá-las.
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Freud pode fazer o gesto revolucionário, já esquecido pela Medicina de


sua época, de ouvir sua paciente, e com isso trazê-la para o próprio centro de
sua própria história e, assim, também, de seu processo terapêutico.

A Psicanálise, no entanto, e à sua revelia, vai contribuir para que a


Medicina moderna faça mais profundo o fosso entre os fenômenos psíquicos e
os somáticos, como se pode constatar em todas as tentativas atuais de encontrar
fatores exclusivamente biológicos para compreender processos de doença,
procurando "isolar" os fatores "não objetivos".

3.3 As duas Psicossomáticas

Na década de 1920 vão surgir, simultaneamente na Alemanha e nos


Estados Unidos, pesquisadores interessados em aplicar a Psicanálise ao
conhecimento dos determinantes das doenças. Em Nova York, a dra. Helen
Dunbar e em Chicago, o grupo ligado a Franz Alexander fundam o que deve ser
denominado como Medicina Psicossomática.

Tal designação se aplica, pois, a Psicanálise será empregada, por esses


autores e muitos outros que os seguiram, como um meio terapêutico auxiliar do
procedimento médico, e suas hipóteses e modelos teóricos funcionarão para
esclarecer possíveis determinantes inconscientes para as doenças. Para a
Medicina Psicossomática, como afirma Trillat, "o conflito não é específico":

"O que é específico, é a resposta fornecida por cada indivíduo em função


de seu caráter, de suas tendências: a agressividade que não encontra meios de
se descarregar no sistema de relação, vai tomar emprestada a via
neurovegetativa e provocar perturbações cardiovasculares. Noutros casos, a
necessidade de dependência ou de proteção, se não satisfeitas, vão se traduzir
em perturbações da esfera digestiva (úlcera, constipação, colite)."

A Medicina Psicossomática adota os mesmos critérios diagnósticos da


Medicina, seus métodos, suas técnicas, seu procedimento de pesquisa, seus
critérios de cura. A Psicanálise fornece para ela mais uma ferramenta, um meio
de investigação daqueles fatores etiológicos "invisíveis", as emoções, o fator
"subjetivo".
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Muito diferente é a orientação da outra Psicossomática, a que propomos


chamar de Psicossomática Psicanalítica. Para essa concepção o "subjetivo" não
é um fator de causalidade, e o sintoma, qualquer sintoma, não é o que deve ser
eliminado. Para a Psicanálise, o principal sintoma é o próprio Ego, e esse é visto
como um "campo de batalha", como Freud propunha em 1917.

O criador dessa tendência, é Georg Groddeck, médico alemão que


descobriu por via independente a existência e a eficácia do Inconsciente, e
publicou, a convite de Freud, duas obras capitais para o pensar psicanalítico
sobre as formas do padecimento humano que se manifestam como sintoma
psicossomático:

O "Livro d"Isso”, de 1921(Croddeck1984), e "Condicionamento Psíquico e


Tratamento de Moléstias Orgânicas pela Psicanálise", de 1917 (Groddeck 7
992). Uma das tarefas fundamentais para a Psicanálise contemporânea é
resgatar a contribuição desse original e perturbador autor, ainda desconhecido
e relegado.

Não há aqui espaço suficiente para um desdobramento mais amplo dessa


diferenciação, mas ela é fundamental para podermos considerar o modelo a
seguir.

3.4 A Banda de Moebius

Em 1861 o matemático Ferdinand Moebius publicou um trabalho em que


explorava as características paradoxais de um objeto, que ele definia
como "unilateral e não-direcionável"(Trillat,1991, pp276-277).

Fisicamente sua construção é bastante simples: toma-se uma tira de


papel, colam-se suas extremidades, procedendo-se antes, no entanto, a uma
torção no sentido longitudinal da tira. Forma-se assim uma espécie de anel, que
lembra um oito. Essa figura matemática continua intrigando até hoje os
matemáticos, que consideram não ter ainda esgotado o estudo de todas as suas
possibilidades.
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Do que se trata, e quais são suas utilidades para o tema que nos
concerne? Trata-se de uma figura onde se processa uma continuidade completa,
onde não existe interior e exterior, e seu uso em Psicanálise deve-se a Jacques
Lacan (1973). Aqui propomos um uso um tanto diferente do que Lacan propôs,
embora sem dúvida seja dele o essencial dessa apreensão.

Banda é uma folha de papel que não tem frente e verso, possui um único
lado. Esse lado, quando percorrido, conduz ao outro. Em seu conjunto, não se
pode dizer onde é a frente, onde é o alto, onde é o fundo ou o baixo. Não tem
dentro nem fora. Não se orienta no espaço, ou se orienta igualmente, como um
objeto mergulhado em espaço topológico. Se ela é cortada, desfazem-se suas
propriedades, mas se ela for cortada longitudinalmente, em sua "alma" (é o termo
matemático) formam-se duas faixas: uma orientável, com dentro e fora, e outra
Banda de Moebius, não orientável.

Para a Psicossomática ela é a representação ideal para configurar-se um


modelo para a relação entre o corpo e a mente. O corpo não é o exterior, sendo
a mente o seu interior. Os processos psíquicos não são "dentro" do homem. O
"corpo" não lhe é um mero veículo, ou uma veste, ou um calçado. O corpo e a
mente interpenetram-se, como desde sempre se sabe. Não há processos
puramente orgânicos, e nem unicamente mentais.

Embora se devam respeitar as especificidades dos registros, havendo


assim uma esfera biológica, uma esfera físico-química, dimensões simbólicas
organizadas por esferas sociais e culturais, e uma esfera própria ao psiquismo,
além de outras, há, contudo, uma evidente continuidade no fenômeno humano.
Essa continuidade é o que a Banda de Moebius pode dar conta de representar.

O sofrimento humano é uma extraordinária manifestação da unidade da


vida humana. Não se sofre só no corpo, nem apenas psiquicamente. O único
corpo puro, isolado de mente, é o do cadáver. Os processos psíquicos são
"apoiados", como dizia Freud. Talvez não haja dicotomias, mas apenas modelos
distintos de apreensão. O que parece especificamente orgânico no corpo, talvez
seja apenas um dos "momentos" da faixa, e se tivéssemos paciência suficiente,
sabedoria suficiente, e critérios adequados, possivelmente poderíamos perceber
quando esse processo passa a se manifestar em seu "momento" psíquico. De
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qualquer forma, a Banda de Moebius é um interessante recurso para que


possamos nos defrontar com o ser humano integral que vai procurar auxílio para
seu sofrimento.

Para a clínica psicanalítica trata-se de uma representação que possibilita


a continuidade da investigação, sem ruptura, quando é o corpo quem está
"falando". Doenças continuarão, obviamente, sendo tratadas por médicos.
Conflitos continuarão a ser a matéria prima da investigação dos analistas, mas
o fenômeno psicossomático pode, talvez, deixar de ser "terra de ninguém".
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4 A Psicossomática e os Tipos de Neurose

Os estudos iniciais de Freud sobre as neuroses ficaram marcados pela


distinção que ele fazia entre as chamadas neuroses atuais e as psiconeuroses.
Ocorre que, aos poucos, o conceito de neurose atual foi deixando de aparecer
em seus trabalhos, como que sendo colocados à parte do campo propriamente
psicanalítico. No entanto, é interessante observar-se, hoje em dia, como muitos
dos aspectos por ele descritos como peculiares às neuroses atuais podem se
articular com aquilo que se compreende atualmente como campo da
psicossomática (FERRAZ, 2005).

Ferraz (2005) diz ainda que a neurose é classificada em dois grandes


grupos: Neuroses atuais (neurastenia, neurose de angústia e hipocondria) e da
psiconeurose (histeria e obsessões), existindo ainda a ocorrência, muito
frequente, de casos em que os sintomas de ambos os grupos aparecem
combinados.

Para Freud, a principal diferença entre as neuroses atuais e as


psiconeuroses podia ser estabelecida por meio da etiologia: enquanto as
primeiras eram tidas como consequência, por interferência química, de
impedimentos da satisfação sexual na vida atual, as psiconeuroses eram vistas
como consequência, por intermediação psíquica, de fixações e desvios da libido
na infância (JUNQUEIRA, 2006).

Segundo Andrade (1995), fica evidente que a causa é sem dúvida de


natureza sexual em ambos os casos, mas enquanto na neurose atual a causa
deve ser buscada nas desordens da vida sexual atual, nas psiconeuroses a
origem está na vida passada. Por outro lado, enquanto na neurose atual a
etiologia é de natureza somática, na histeria e na obsessão ela se encontra no
domínio psíquico. Na neurose de angústia este fator somático seria a ausência
de descarga da excitação sexual, enquanto na neurastenia seria sua satisfação
inadequada (pela masturbação, por exemplo).

Do ponto de vista etiológico e no que concerne ao seu mecanismo interno,


a neurose atual tem a sua origem não em conflitos psíquicos, mas em
acontecimentos do tempo presente. Isto é, seus sintomas resultam diretamente
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da ausência ou da inadequação da satisfação sexual atual, e não de eventos


importantes da vida passada. Eles não são, portanto, nem uma expressão
simbólica de um desejo recalcado, nem sobre determinados por uma motivação
inconsciente (ANDRADE, 1995).

Interessante pensar como Freud pontua, nesses mecanismos das


neuroses atuais, que uma ação psíquica produz efeitos fisiológicos e vice-versa.
Pois diante de uma ação inadequada nas formas de conduzir a vida sexual, uma
resposta corporal se impõe ao implicar que a energia sexual somática encontre
vias de escoamento secundárias através do corpo. Porém, tal escoamento
acaba por produzir efeitos psíquicos como o cansaço, a irritação, a angústia
difusa, etc. (PINHEIRO, 2008).

Nas psiconeuroses os sintomas provêm do recalcado num processo de


insucesso do recalcamento e de retorno do recalcado, enquanto que nas
neuroses atuais não há mediação psíquica e a patologia reflete, diretamente,
uma economia sexual perturbada, consequência de um excesso ou insuficiência
de descarga, seria a realidade a tomar maior importância, ficando o conflito fora
do acesso do sujeito. (CARDOSO, 1995).

Clinicamente, as neuroses atuais e as psiconeuroses aparecem


mescladas, simultaneamente. De acordo com o dizer de Freud, a neurose atual
está contida na psiconeurose, configura-se como “grão de areia no centro da
pérola”, seu núcleo. Ou seja, através da manifestação de uma neurose atual,
alcança-se uma complexidade psiconeurótica, rastreando-se os seus sintomas.
Portanto, as neuroses atuais e as psiconeuroses, intrinsecamente ligadas,
aparecem simultaneamente sem qualquer problema de contradição
fenomenológica (QUINTELLA, 2003).

De acordo com Trombini (2004), os sintomas das Neuroses atuais basicamente


são:

• Neurastenia: Caracterizada pelo cansaço, pela cefaleia, digestão difícil,


prisão de ventre e diminuição da atividade sexual pelo uso excessivo da
masturbação.
• Sintomas hipocondríacos. Dores, mal-estares e preocupações como
consequência de uma falta de energia sexual dos órgãos.
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• Neurose de angústia: Dominada por um contínuo estado de ansiedade,


acompanhada de seus equivalentes somáticos (respiração difícil,
alterações do ritmo cardíaco, vertigens, sudorese)

E das Psiconeuroses:

• Histeria: Alterações da sensibilidade, paralisia de um membro, cegueira,


desmaio ou crise convulsiva.
• Neurose obsessiva: Pensamentos obsessivos e rituais compulsivos

Os distúrbios da neurose atual são caracterizados por sintomas de


natureza corpórea, sem lesões orgânicas. Freud, porém, acreditava que a sua
causa não fosse psicológica, como no caso das psiconeuroses, mas somática,
sempre de origem sexual. Pensava que os sintomas derivassem do acúmulo de
mal-estar físico e de toxinas para problemáticas de natureza “atual”, ou seja, não
ligadas ao passado, mas ao presente. Eles eram resultado de uma alteração do
metabolismo, devido a uma vida sexual inadequado (TROMBINI, 2004).

A diferença entre a neurose de angústia e a histeria é que a conversão


nesta última se dá no plano psíquico que, não encontrando outro caminho para
a excitação, reverte-se no corpo, enquanto que na neurose de angústia a tensão
física não encontra meios para passar para o psíquico conservando-se no plano
físico. Acrescenta-se que a causa desencadeante da neurose de angústia não
seria de uma patologia psíquica e se reverteria ao somático, “não dependeria do
recalcamento de uma representação e do deslocamento de seu afeto”
(CHEMAMA,1995).

A expressão “neurose atual” aparece pela primeira vez no trabalho de


Freud em “A sexualidade na etiologia das neuroses”, de 1898. Neste artigo,
afirma que a causa de toda neurose se baseia na vida sexual do paciente,
afirmação esta que viria a constituir a base da psicanálise. Não obstante, ele
alertou para o fato de que o papel desempenhado pela sexualidade pode ser
diferente de acordo com a situação. As neuroses, assim, estariam classificadas
em dois grupos, de acordo com o sintoma do paciente. Haveria o grupo da
neurastenia ou neurose atual e o da psiconeurose (histeria e obsessões),
existindo ainda a ocorrência, muito frequente, de casos em que os sintomas de
ambos os grupos aparecem combinados.
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No caso da neurastenia, poder-se-ia alcançar a causa do sintoma com


uma entrevista inicial com o paciente. O sintoma da doença estaria associado
com a vida sexual do indivíduo. Então, na neurastenia ou neurose atual, a
etiologia da doença estaria relacionada a vida sexual atual do sujeito. É aí que
se observa a diferença para o que foi postulado para as psiconeuroses. As bases
que “sustentariam” este grupo de neurose seria a sexualidade infantil e o
recalque.

Freud alertou para o fato de que haveria duas formas bastante diferentes
de se processar a excitação psíquica: transformando-a diretamente em angústia
- resultariam sintomas predominantemente somáticos ou não simbolizados - ou
então procedendo-se à mediatização simbólica, na qual o resultado seriam
sintomas psíquicos. Desta maneira, o que delimitaria o campo das neuroses
atuais não seria apenas a relação de temporalidade (atualidade no tempo),
seriam também as características somáticas do estudo dos sintomas da
patologia.

Em um breve levantamento, pode-se dizer que Freud enfatizou, no caso


das neuroses atuais, aspectos tais como: a sintomatologia somática; o caráter
atual do fator etiológico; a não satisfação da libido como causa precipitante do
sintoma; e a transformação direta da causa em sintoma, sem a mediatização
simbólica do recalque.

Pierre Marty

Marty foi um dos criadores da Escola Psicossomática de Paris, que teve


como influência e ponto de partida na sua formação a teoria de neurose atual.
Na sua perspectiva teórica de como ocorria o processo psicossomático, utilizou
o conceito de mentalização como sendo uma espécie de medida das dimensões
do aparelho psíquico, que concernem “à quantidade e à qualidade das
representações psíquicas dos indivíduos”.

Para ele, uma mentalização adequada protege o corpo das descargas de


excitação, à medida que esta encontra abrigo nas representações existentes no
pré-consciente. Um grau pobre de mentalização, ao contrário, deixa o corpo
biológico desprotegido, entregue a uma linguagem primitiva basicamente
somática.
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As representações psíquicas, bases da vida mental, são responsáveis


pela existência das fantasias e dos sonhos, longas vias associativas que
permitem o escoamento das excitações, dando-lhes um substrato propriamente
psíquico. Nos processos de somatização pode-se falar, então, em insuficiência
das representações.

Então, o indivíduo não consegue fazer uma associação entre o que


poderia estar causando a somatização e o fator psíquico envolvido. Não há uma
visualização que contenha significado para este sujeito. Como ele não consegue
mentalizar, ou seja, existe a impossibilidade ou fraqueza na elaboração psíquica,
isto deixa livre o acesso da excitação não representável (simbolizada) para o
plano corporal.

Existiria, como já havia colocado Freud, uma área de formação do


sintoma não abrangida pela simbolização, sendo então um mecanismo distinto
do recalque.

Constatou a existência de uma estrutura psicossomática, com modos de


manifestação e defesas próprias. A característica mais marcante e visível do
comportamento desses pacientes era o modo como eles faziam uso das palavras
durante a análise.

Enquanto os neuróticos utilizavam e seguiam a regra da associação livre


para falarem sobre suas experiências e dedicavam a maior parte do tempo de
análise para falarem de si, de suas fantasias, medos, sentimentos etc., os
pacientes somatizantes apresentavam um discurso mecânico, controlado,
carente de metáforas e essencialmente voltado para a descrição da realidade
externa. Eram uma espécie de jornalistas de seu cotidiano.

Então, para Pierre Marty, a doença psicossomática é uma estratégia


defensiva empregada por determinados pacientes como forma de se livrar do
excesso libidinal que não encontrou descarga através da fantasia e das
manifestações decorrentes dela.

Tais pacientes possuem uma estrutura psíquica específica caracterizada


por uma carência fantasmática que “oportuniza” um funcionamento operatório
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manifesto em um discurso pobre em simbolização e voltado para a descrição da


realidade externa.

Acredito ser inegável as contribuições de um século atrás para as


pesquisas atuais sobre a psicossomática. Muito do que foi teorizado e discutido
apresenta um caminho que pode guiar a novas descobertas e ideias. No entanto,
por mais que essa contribuição seja importante, não é a única. Será que só
haveria uma etiologia na afecção psicossomática?

Se seguirmos ao pé da letra o que já foi postulado sem questionamentos,


estaremos assumindo a responsabilidade de simplesmente fechar os olhos e
seguir cegamente. Não é negar tudo o que foi construído, é puramente
problematizar estas supostas verdades universais.

Pensando a teoria freudiana e muitos do que seus seguidores, como


Marty, teorizaram sobre o assunto, como não sendo ou não tendo algum sintoma
histérico, afinal a neurose atual coloca que os problemas estão relacionados a
vida atual de seus pacientes e não a uma remota infantilidade da sexualidade.

Se a psicossomática é algo que afeta “fisicamente” o órgão ou corpo,


porém não tem uma explicação orgânica, como podemos saber que não há
algum vestígio de recalcamento? Somente por que alguns pacientes tem um
discurso mecânico e sem aparente simbolização? Acredito que não devemos
esquecer que cada passa por processos de maneira distinta e, assim, será
possível fazer uma generalização não somente sobre o processo de
psicossomática, mas também de outras patologias?

Ao longo de suas obras, Freud foi modificando e transformando a visão


que tinha de seus estudos, mostrando o que não tinha visto antes ou outros
processos pelos quais o ser humano passava. Ele próprio escreveu sobre as
neuroses mistas, defendendo que era difícil definir suas etiologias, que muitas
vezes os sintomas se misturavam. Assim, não deveria ser somente neurose atual
os só psiconeurose, afinal diversos processos ocorrem simultaneamente e não
separados por barreiras em momentos distintos.

Uma outra questão envolve a diferenciação entre psicossomática e


histeria. Sei que pode parecer confuso pelo que acabei pontuando acima, porem
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meu objetivo não é defender uma teoria ou outra neste espaço. O que pretendo
é apresentar alguns pontos discutidos entre profissionais, estudantes, em artigos
e dúvidas próprias.

Retornando, então, a essa distinção, coloca-se que o mecanismo da


conversão na histeria é, na realidade, uma falsa conversão. Nada ali é
convertido a não ser o afeto que originalmente prazeroso, ligado a uma
satisfação sexual, passa a ser desprazeroso.

Não há conversão da libido de uma representação intolerável para o


corpo, mas sim o deslocamento daquela para outra representação,
representação de uma parte do corpo.

Deste modo, se adotarmos a dicotomia mente-corpo, podemos dizer que


o fenômeno em questão é eminentemente mental. Já o sintoma psicossomático
seria um fenômeno diferente de uma conversão histérica, visto que o primeiro
incide sobre o próprio corpo e não sobre a representação do corpo, como na
histeria.

No entanto, como saberemos que o fator psicossomático não significa a


representação de algo no corpo? Como se pode afirmar que não foi recalcado
ou que não passou pelo processo de simbolização? Uma fala controlada seria
indício disto?

Nasio, no livro “O Livro da dor e do Amor” cita um caso de uma garota que
sentia certo incômodo inexplicável pela medicina em uma parte de sua perna
(coxa). Observou-se que, quando seu pai estava doente, era ela quem cuidava
dele, sendo que muitas vezes deitava a cabeça dele em sua perna (parte
afetada) para assim cuidar melhor.

Nestes momentos, em que o cabelo do pai tocava sua pele, sentia desejos
incestuosos ao mesmo tempo que sentia vergonha. Tal episódio demonstra o
surgimento de uma pulsão incestuosa reprimida pela vergonha, ou seja,
recalcada. Assim, esta situação conflitante marcara uma associação entre o local
preciso do corpo – coxa – lugar de desejos culposos hoje, lugar de dores físicas
amanhã.
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Este autor acaba trazendo mais de uma hipótese sobre a origem psíquica
que poderia causar uma psicogenia. Uma de suas hipóteses, por exemplo,
considera a conversão histérica como o salto do psíquico para o somático.
Postula que uma pulsão recalcada sairia do campo do inconsciente para o do
corpo e se transformaria em dor física.

Um conflito passado, esquecido, porém que continuou ativo no


inconsciente como pulsão, se converteria em alguma dor ou incômodo. No
entanto, que parte do corpo será atingida? A dor vai se localizar na parte do
corpo já atingida em algum momento, que representa um abalo perturbador,
abalo que foi a eclosão momentânea de uma pulsão inconsciente. A zona do
corpo marcada e simbolizada por esse conflito ficaria então impressa no
inconsciente, como uma foto.

É complicado e complexo tentar encontrar a etiologia de alguma patologia.


Mesmo as comprovadas pela medicina, que apresentam um caráter orgânico
acabam tendo múltiplas origens e causas, até porque o homem não é só corpo
e nem somente psique. Afirmar que isto causou aquilo e generalizar este achado
pode significar uma redução a algo específico, quando muitas vezes não é. Se
tentar encontrar uma explicação lógica para certos comportamentos do
organismo não é uma tarefa fácil, o que dirá procurar por algo semelhante em
processos psicológicos.

Não acredito em uma definição fechada para certas ações, ainda mais se
envolve uma dimensão que é inacessível a todos os indivíduos. Afirmar
categoricamente pode conduzir a uma caída enorme, em que os danos não são
pequenos, não só profissionalmente, mas a própria maneira do sujeito observar
ao seu redor.

5 Doenças Psicossomáticas Mais Comuns

Cada pessoa pode manifestar fisicamente as suas tensões emocionais


em diferentes órgãos, podendo simular ou piorar muitas doenças. Os principais
exemplos são:
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• Estômago: dor e queimação no estômago, sensação de enjoo, piora de


gastrites e úlceras gástricas;
• Intestino: diarréia, prisão de ventre;
• Garganta: sensação de nó na garganta, irritações mais fáceis constantes
na garganta e amígdalas;
• Pulmões: sensações de falta de ar e sufocamento, podendo simular
doenças pulmonares ou cardíacas;
• Músculos e articulações: tensão, contraturas e dores musculares;
• Coração e circulação: sensação de dores no peito, que pode, até, ser
confundida com infarto, além de palpitações, surgimento ou piora da
pressão alta;
• Rins e bexiga: sensação de dor ou dificuldade para urinar, que pode imitar
doenças urológicas;
• Pele: coceira, ardência ou formigamentos;
• Região íntima: piora da impotência e diminuição do desejo sexual,
dificuldade para engravidar e alterações do ciclo menstrual;
• Sistema nervoso: crises de dor de cabeça, enxaqueca, alterações da
visão, do equilíbrio, da sensibilidade (dormências, formigamentos) e da
motricidade, podendo simular doenças neurológicas.

A pessoa com transtorno de somatização pode sofrer por muitos meses


ou anos com estes sintomas até que se descubra a causa. Confira mais
os sintomas que podem surgir nas doenças psicossomáticas.

Além disso, existem doenças que podem ser desencadeadas ou pioradas


por situações de estresse, principalmente doenças inflamatórias, como artrite
reumatoide, ou doenças como fibromialgia ou síndrome do intestino irritável, por
exemplo.

5.2 Resfriados Frequentes


Todo mundo fica resfriado em algum momento da vida, porém, quando os
episódios da doença acontecem com frequência é sinal de que há algo errado.
Se os exames médicos não encontram uma explicação lógica para essa
imunidade sempre baixa e você está passando por dificuldades, a somatização
pode ser a resposta.
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Sintomas: Febre, mal-estar generalizado e dores de cabeça e no corpo.

5.2 Herpes
O vírus do herpes é transmitido através do contato com uma pessoa
infectada, porém, ele se mantém adormecido até que a baixa imunidade o
desperta. Ter episódios constantes de herpes, em especial a labial, indica que o
indivíduo apresenta alguma desordem no organismo. As feridas podem surgir
em momentos de muito estresse.

Sintomas: Surgimento de feridas ao redor da boca ou na região genital,


com fortes dores e sensação de queimação no local.

5.3 Enxaquecas
A enxaqueca não é uma dor de cabeça convencional, podendo durar
algumas horas ou até dias. Alguns casos são incapacitantes, ou seja, a pessoa
não consegue realizar as suas atividades do dia a dia. Estudos científicos
demonstraram que o principal gatilho para episódio de enxaqueca é o estresse,
por isso ela também é considerada uma doença psicossomática.

Sintomas: Dor intensa e localizada em um ponto da cabeça, náuseas e


falta de concentração.

5.4 Alergia Nervosa


Talvez você nunca tenha ouvido falar, mas existe um tipo de alergia de
fundo nervoso, em que o indivíduo apresenta erupções na pele desencadeadas
por um forte processo de estresse ou por um sentimento muito forte de tristeza.
Uma crise, se não for tratada, pode acarretar em um choque anafilático.

Sintomas: Surgimento de erupções na pele, coceira, vermelhidão no local


e irritabilidade.

5.5 Diarreia
Em algumas pessoas, episódios de diarreia são decorrentes de forte
estresse. Quando a diarreia se mostra constante e não há uma explicação física,
como a Síndrome do Intestino Irritável, é bem possível que se configure como
um caso de doença psicossomática.

Sintomas: Dores abdominais, fezes extremamente líquidas e episódios


constantes e frequentes de emergência para ir ao banheiro.
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Assim que alguns destes sintomas surgirem e permanecerem por um


tempo maior do que o normal, o ideal é buscar ajuda de um profissional
especializado. Como, geralmente, muitas pessoas não conseguem associar o
problema físico ao emocional de maneira imediata, é comum que se procure a
ajuda de especialistas, como a de um clínico geral, por exemplo.

Este, por sua vez, ao solicitar os exames, analisá-los e concluir que não
existe causa física comprovada para o mal que está sendo causado ao indivíduo,
pode constatar que se trata de uma doença psicossomática e encaminhar o
paciente a especialistas, como psicólogos e psiquiatras.

Esta é a melhor maneira de descobrir se você está sendo acometido por


uma doença psicossomática ou não.

Fique atento a estes sinais:

• Falta de ar constante;
• Taquicardia;
• Tremores;
• Dores no estômago (enjoo, queimação ou gastrite nervosa);
• Dores de cabeça constantes;
• Manchas espalhadas pelo corpo;
• Sensação de nó no peito e na garganta.

Estes são os sintomas iniciais das doenças psicossomáticas. São os


primeiros sinais de alerta que surgem e que permanecem por bastante tempo
até que alguma providência seja tomada. Sendo assim, se você perceber o
surgimento e duração de alguns destes sintomas, procure a ajuda de um
especialista, para que você possa iniciar o tratamento o mais breve possível.

6 Considerações Finais

As contribuições da psicanálise para a teoria psicossomática são valiosas,


no sentido de que qualquer que seja o momento de sua elaboração, a teoria
psicossomática permanece estreitamente ligada à psicopatologia e mais
especificamente à noção de psiconeurose. Nesse contexto, podemos destacar
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a relevância dos benefícios que a visão psicossomática trouxe para a


compreensão dos pacientes somatizadores, auxiliando os profissionais da
psicologia e da área da saúde o entendimento da etiologia das doenças
psicossomáticas, dos pacientes e das queixas trazidas pelos mesmos. O estudo
mais moderno da psicossomática apresenta uma visão integrada, ou seja, um
olhar voltado para o indivíduo e não à doença.
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Referências Bibliográficas

Lazslo Antonio Ávila - Psicólogo Psicanalista Mestre e Doutor pela USP-


Professor-adjunto da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto/SP "A
alma, o corpo e a psicanálise"

Lopes, O. C (1970). A medicina no Tempo. São Paulo: Melhoramentos e


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Ariès. R (1986). História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro:


Guanabara. [ Links ]

Etmüller (1986). Pratique de Médecine Spéciale, Lyon). Em Foucault, M.


(1972). História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo:
Perspectiva,222 [ Links ]

Trillat, E. (1991). História da Histeria. São Paulo: Escuta. [ Links ]

Groddeck, G. (1984). O Livro disso. São Paulo: Perspectiva. [ Links ]

Groddeck,G. (1992). Condicionamento Psíquico e Tratamento de Moléstias


Orgânicas pela Psicanálise.EmGroddeck, G. Estudos psicanalíticos sobre
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Lacan,J.(1962). L'identification. Seminário inédito. [ Links ]

Lacan, J. (1973). L'étoudit. Em Scilicet, nº4, Paris: Seul. [ Links ]

Luana Dullius - Psicossomática, neurose atual e histeria

Referencias

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um mesmo problema. Revista de Psicologia da Vetor Editora, 7(2), 21-29.

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corpo através da história. Psicologia em Estudo, 11(1), 39-43.
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Ferraz, F. C. (1997). Das neuroses atuais à psicossomática. Percurso, 16(2), 25-


40.

Nasio, J. D. (1997). O Livro da Dor e do Amor (L. Magalhães, Trad). Rio de


Janeiro: Jorge Zahar (Obra original publicada em 1996).
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Anexo I – Psicossomática: Um Estudo Histórico e Epistemológico


Ednéia Albino Nunes Cerchiari – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Resumo

Artigo originado da Dissertação de Mestrado. Uma Contribuição ao


Estudo da Relação Câncer de Mama e Alexitimia. Trata-se de um detalhado
estudo teórico sobre o tema, abrangendo a psicossomática desde suas origens
às abordagens atuais. Procura fazer um levantamento de quais doenças que se
encontram sob esta denominação e qual o fator etiológico predominante se
biológico ou psíquico. Analisa também a alexitimia em sua relação com a
psicossomática. Sugerir ainda o termo somatopsicose como o mais indicado
para referenciar as doenças designadas psicossomáticas.

Palavras-chave: Psicossomática, Alexitimia, Somatopsicose.

Abstract

This article originated from the mastership dissertation “ A Contribution to the


study on the relationship of breast cancer and alexithymia” . The detailed study
about this teme shows the deasese psychosomatic from yours origin until now.
This study shows yet which desease are called desease psychosomatic and
which factor etiologic main and if the desease are biologic or psychic. This study
analyses the alexitymia and yours relationship with psychosomatic. The author
suggests the word somatic-psycosis with the best word to indicate deseases
called deseases psychosomatics.

Keywords: Psychosomatic, Alexithymia, Somatic-psycosis.

Introdução

O termo psicossomático, após séculos de estruturação, surgiu no século


passado, através de Heinroth, com a criação das expressões psicossomática
(1918) e somatopsíquica (1928). (Mello Filho, 1992).

No entanto, o movimento consolidou-se somente em meados deste


século, através das contribuições pioneiras de Franz Alexander e da Escola de
Chicago. Contudo, as dúvidas referentes à relação mente corpo continuam
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expressas na própria denominação psicossomática e ainda continua a ser usada


por muitos estudiosos destes fenômenos.

Para Alexander, o termo psicossomático deve ser usado apenas para


indicar um método de abordagem, tanto em pesquisa quanto em terapia, ou seja,
o uso simultâneo e coordenado de métodos e conceitos somáticos - de um lado
e métodos e conceitos psicológicos por outro lado. (Alexander, 1989, p.42).

A. Dias (1992, p.31), refletindo a relação entre sujeito e linguagem,


começa por criticar o termo psicossomático. Afirma que é um termo gasto,
pois “entrou no domínio do psiquiátrico e da medicina com uma tal amplitude
que, se bem que criando um novo espaço de investigação, também o diluiu
noutros espaços afins. Propõe ainda que, a partir de algumas indicações
deixadas por Bion, há necessidade de se interrogar quanto à inespecificidade do
termo psicossomático e sua pertinência.

O termo psicossomático, na expressão mais comum, pode reportar-se


tanto ao quesito da origem psicológica de determinadas doenças orgânicas,
quanto às repercussões afetivas do estado de doença física no indivíduo, como
até confundir-se com simulação e hipocondria, onde toma um sentido negativo.
(Cardoso, 1995, p.5).

No sentido mais preciso, o termo circunscreve áreas específicas,


sobreponíveis ou não, quando se refere à medicina psicossomática, doenças
psicossomáticas ou psicossomática.

A denominação de medicina psicossomática, de acordo com seu campo


epistemológico, é um estudo das relações mente corpo com ênfase na
explicação da patologia somática, uma proposta de assistência integral e uma
transcrição para a linguagem psicológica dos sintomas corporais. (Ekstermam,
1992, p.77).

Sami-Ali (1992, p.159) ao refletir sobre a ligação entre o orgânico e o


relacional começa por distinguir medicina psicossomática e psicossomática.
Assim, a medicina psicossomática é uma maneira de introduzir variáveis
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psicológicas num domínio que se define como orgânico, adicionando variáveis


psíquicas às variáveis orgânicas.

A Psicossomática proposta por ele, no entanto, é um modelo teórico e


uma metodologia específica, onde o somático é percebido em sua complexidade
e não na falha psíquica. Desta forma, Sami-Ali inspira-se na psicanálise, mas a
utiliza somente como ponto de partida para a elaboração de outros conceitos
(Sami-Ali, loc. cit.), afastando-se, desta forma, dos modelos freudianos.

O conceito de doença psicossomática, sua classificação e diagnóstico, é


outra questão polêmica. Halliday (1943,1945,1946,1948, cit. Alexander, 1989,
p.43) propõe que a úlcera péptica, a artrite reumatoide, a hipertensão, o
hipertireodismo essencial e outras estariam inclusos nas doenças
psicossomáticas. O ponto de partida deste autor firma-se na hipótese de que o
fator etiológico proeminente nestas doenças é o fator psicológico.

No entanto, Alexander (1989) diz que, teoricamente, cada doença é


psicossomática, uma vez que fatores emocionais influenciam todos os processos
do corpo, através das vias nervosas humorais e que os fenômenos somáticos e
psicológicos ocorrem no mesmo organismo e são apenas dois aspectos do
mesmo processo.

Portanto, a designação de psicossomática, devido a seu esforço de


delimitação e rigor no seu objeto e métodos, foi distanciado-se cada vez mais da
Medicina Psicossomática. No entanto, isso não significa que se caminhe no
sentido da síntese de um modelo psicossomático, contudo situa-se numa
perspectiva específica no modo de encarar os fenômenos de doença. E
tampouco significa que se tenha resolvido antigas questões do impasse das
teorias monistas e dualistas da relação corpo-espírito (Cardoso, 1995, p.5).

Evolução Histórica do Conceito

Se partirmos do pressuposto da unidade funcional soma-psyche, na qual


a psicossomática se funda, “ela constitui, mais uma vez, uma resposta à velha
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questão da relação corpo espírito”. (Weiss e English, 1952, cit. Cardoso, 1995,
p.7), assunto provavelmente tão antigo quanto à própria humanidade, uma vez
que a relação entre corpo e espírito foi e continua a ser assunto tão controvertido
e fecundo.

Ao fazer referência a insônia e a influência das paixões na tuberculose,


epilepsia e cancro, J. C. Heinroth, psiquiatra alemão, utiliza pela primeira vez,
em 1818, o termo psicossomática. A medicina psicossomática, a partir do século
passado, como reação à tradição dualista cartesiana, surge com a proposta
holística na maneira de olhar a doença. Somente no século posterior, o termo
psicossomática é retomado, influenciado pelo desenvolvimento da psicanálise e
do modelo freudiano, iniciando, desta forma, sua estruturação.

A medicina, conhecedora “das descobertas e da teorização da


psicanálise, das investigações no campo da reflexiologia por Pavlov (1976), da
neurofisiologia por Cannon (1911) e da conceptualização da noção de stress por
Selye (1956).” (Cardoso, 1995, op. cit.), utiliza destas valiosas contribuições para
fazer uma nova leitura dos fenômenos.

A história da psicossomática, poderia ser dividida em duas grandes


correntes: de um lado, as correntes inspiradas “nas teorias psicanalíticas e com
base no conceito de doença psicossomática”; de outro lado, a “inspiração
biológica, alicerçada no conceito de stress”. (Dantzer, 1989 cit. Cardoso, 1995,
op. cit.).

Para Mello Filho (1992), a evolução da psicossomática ocorreu em fases.


A primeira, denominada de fase inicial ou psicanalítica, sob a influência das
teorias psicanalíticas, teve seu interesse voltado para os estudos da origem
inconsciente das doenças, das teorias da regressão e dos ganhos secundários
da doença. A segunda, também chamada de fase intermediária, influenciada
pelo modelo Behaviorista, valorizou as pesquisas tanto em homens como em
animais, deixando assim grande legado aos estudos do stress. A terceira fase,
denominada de atual ou multidisciplinar, valorizou o social, a interação e
interconexão entre os profissionais das várias áreas da saúde.
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Precursores Contribuições da Psicanálise

A psicossomática e a psicanálise estão articuladas histórica e


praticamente, mesmo que Freud, em momento algum, tenha se preocupado em
criar uma teoria psicossomática. Devido ao fato de seus conceitos fomentarem
grandes discussões e fundamentarem inúmeros modelos, ele é considerado um
dos percursores mais influentes nesta área (Dejours et al.., 1980; Dejours, 1988,
cit. Cardoso, 1995).

Freud (1895), em seus estudos sobre a histeria, “aborda a componente


somática do sintoma de um ponto de vista econômico e conceptualiza o
fenômeno de conexão, a que atribui o sentido de expressão simbólica do
conflito”. (A. Dias 1976 cit. Cardoso, 1995, op. cit.).

Diferentemente de Janet que “afirmava um valor negativo, fosse para


organização mental subjacente (subconsciente) ou para o sistema neurótico
(astenia)”, Freud propõe um valor positivo à “descompensação neurótica, via o
estudo do fenômeno histérico” (A. Dias, 1992, op. cit.), delimitando, assim, o
pensamento psicanalítico do pensamento psicológico da época.

A noção de complacência somática é introduzida por Freud, constituindo


objeto de controvérsia, ainda hoje, por aqueles que defendem “o assimbolismo
ou estupidez do sintoma e da escolha do órgão, contra os que acreditam no seu
valor simbólico”. (Cardoso, 1995). Ao tentar “articular o somático e o psíquico”,
Freud faz a distinção entre as psiconeuroses e as neuroses atuais, contribuindo
sobremaneira a algumas teorias psicossomática (Sami-Ali, 1992, op. cit.).

Freud introduziu a expressão complacência somática para se referir


à “escolha da neurose histérica e a escolha do órgão ou do aparelho corporal
sobre o qual se dá a conversão”. (Laplanche e Pontalis, 1995, p.69), onde o
corpo ou um órgão específico facilitaria a expressão simbólica do conflito
inconsciente. Ao questionar a determinação do sintoma, no caso Dora, Freud
(1905) levanta a polêmica questão referente à origem dos sintomas histéricos,
ou seja, se seriam de origem psíquica ou somática. Para ele, no entanto, a
questão da origem dos sintomas histéricos, não está em escolher entre a origem
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psíquica e a somática, uma vez que “todo sintoma histérico requer a participação
de ambos. Não pode ocorrer sem a presença de uma certa complacência
somática fornecida por algum processo normal ou patológico no interior de um
órgão do corpo ou com ele relacionado”. (Freud, 1905, Vol. VII, p. 47-48).
Portanto, para Freud, é esta complacência somática que “proporciona aos
processos psíquicos inconscientes uma saída no corporal” (Freud, 1905, loc.
cit.).

Nas psiconeuroses os sintomas provêm do recalcado num processo de


insucesso do recalcamento e de retorno do recalcado. Ou seja, o “conflito
intrapsíquico e as tentativas para sua elaboração tomariam o lugar central, com
existência de fantasma e neurose de transfert” (Cardoso, 1995, p.9). Enquanto
que nas neuroses atuais (neurastenia, neurose de angustia e hipocondria) não
há mediação psíquica e a patologia reflete, diretamente, uma economia sexual
perturbada, consequência de um excesso ou insuficiência de descarga, “seria a
realidade a tomar maior importância, ficando o conflito fora do acesso do
sujeito” (Sami-Ali, cit. Cardoso, 1995, p.9).

Vemos que, os contributos da psicanálise para a teoria psicossomática


são valiosos, uma vez que, “qualquer que seja o momento de sua elaboração, a
teoria psicossomática permanece estreitamente ligada à psicopatologia e mais
especialmente à noção de psiconeurose, o que continua sendo a norma mesmo
quando dela nos afastamos deliberadamente” (Sami-Ali, 1993, p.86).

Escola Psicossomática Americana

Na América, o interesse pela psicossomática surge por volta dos anos 30,
consolidando-se em meados deste século com Alexander e Dunbar da Escola
de Chicago. Estes autores consideram que os transtornos psicossomáticos
seriam “consequência de estados de tensão crônica, relativa à expressão
inadequada de determinadas vivências, que seriam derivadas para o corpo”.
(Cardoso, 1995, p.10). Defendem ainda a questão da especificidade da doença
psicossomática numa visão psicogenética. De acordo com a hipótese da
especificidade, “as diferentes doenças psicossomáticas corresponderiam
diferentes ‘factores psicológicos’, que para Dunbar seriam os tipos de
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personalidade e para Alexander os conflitos ou ‘situações de vida


significantes’” (Cardoso, 1995, loc. cit.)

A. Dias (1992), criticando os dois grandes ramos da psicossomática


(Escola Americana e Escola de Paris), diz que o modelo de Alexander e os que
dele derivam é um modelo médico “que, entreabindo as portas à ‘neurose de
órgão’, lhes fechara imediatamente pela imposição do anatômico que ‘exigia’
uma explicação do localisacional fisiológico”. ( A.Dias, 1992, p.39). Este autor
ainda salienta que existe “insuficiência epistemológica crucial” no modelo de
Alexander, quando este defende a questão da especificidade, ao tentar acoplar
ao órgão e sua doença diferentes personalidades, onde a cada vivência
emocional corresponderia uma síndrome específica de alterações físicas.

Alexander (1989, p.37), analisando o conceito Freudiano de histeria


conversiva em psicossomática faz uma distinção entre sintoma conversivo e
neurose vegetativa. Para ele, o sintoma conversivo é “uma expressão simbólica
de um conteúdo psicológico emocionalmente definido”, cuja finalidade
é “expressar e aliviar tensões emocionais”, através dos sistemas neuromuscular
voluntário ou perceptivo. Enquanto a neurose vegetativa é uma resposta
fisiológica dos órgãos vegetativos a estados que podem ser ou não constantes.

Para este autor, apenas no campo das inervações voluntárias pode haver
a expressão simbólica do conteúdo psicológico, enquanto que é pouco provável
que nos órgãos internos haja expressão simbólica. Para explicar este
funcionamento, Alexander cria a noção de “neurose orgânica”, que abrange
todos os “distúrbios funcionais” dos órgãos vegetativos, causados por impulsos
nervosos, originados por processos emocionais “que ocorrem em algum lugar
nas áreas cortical e subcortical do cérebro” (Alexander, 1989, p.37).

Portanto, segundo este autor, a tensão emocional proveniente de conflitos


vivenciados ou afetos específicos reprimidos estimulariam a função de órgãos
específicos, verificando-se, a partir daí, “uma espécie de ‘estase anormal de
energia’, pelo aumento ou persistência da produção dos concomitantes
fisiológicos das emoções, perturbadora do seu funcionamento normal”, isto é, o
que em um primeiro momento “se traduziria por uma alteração da
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função” posteriormente se constituiria em “uma transformação orgânica”, ou


seja, “passaria de sintoma funcional a sintoma orgânico” (Cardoso, 1995, p.11).

Do ponto de vista psicodinâmico, Alexander (1989, p.11), divide os


distúrbios emocionais das funções vegetativas em duas categorias, sendo que
correspondem a duas atitudes emocionais específicas. A primeira categoria se
refere às atitudes emocionais de “preparação para luta ou fuga” e a segunda
à “retirada da atividade” dirigida para o exterior. E, do ponto de vista fisiológico,
as atitudes emocionais, da primeira categoria, estão sob o comando do sistema
nervoso simpático; e, a segunda categoria, sob o sistema nervoso
parassimpático. Partindo deste princípio, distingue as doenças relacionadas ao
sistema nervoso simpático como respostas ativas, e as doenças relacionadas ao
sistema nervoso parassimpático como respostas passivas. “O primeiro grupo
incluíria doenças como a hipertensão arterial, a diabetes, a epilepsia, etc...
enquanto do segundo grupo fariam parte afecções como asma, as colites, a
úlcera duodenal, etc...” (Cardoso, 1995, p.11).

A teoria da especificidade norteia todos os pontos de vista de Alexander.


Para ele, a especificidade orgânica seria responsável pela fragilidade de
determinados órgãos. “Está aliada a constelações emocionais ou
psicodinâmicas dos sujeitos e que a par de conflitos inconscientes específicos
organizaria modos de defesa também específicas, poderia levar ao
aparecimento de determinadas doenças, servindo a situação exterior de
desencadeante” (Cardoso, 1995, loc. cit.).

O conceito de que há uma predisposição para determinadas doenças


conforme o tipo de personalidade é muito antigo e ainda presente no
pensamento médico. Dunbar, a partir da aplicação de “métodos modernos de
diagnóstico psicodinâmico”(Alexander, 1989, p.59) explora este campo fértil e
“desenvolve a noção de perfil de personalidade, enquanto factor pré-mórbido
determinante no aparecimento de certas doenças psicossomáticas” (Cardoso,
1995, op. cit.).

Em seu estudo de perfis, esta autora procura “associar a um perfil


psicológico uma patologia orgânica precisa”(Sami-Ali, 1993, p.86), chegando,
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inclusive, a um impressionante perfil do paciente coronariano, dos pacientes


fraturados e propensos a acidentes, dos pacientes diabéticos etc.... Nestes
estudos de perfis, Dunbar (1943, cit. Alexander, 1989) descreve
determinadas “correlações estatísticas entre a doença e o tipo de
personalidade”. (Alexander, 1989, p.59). O perfil do paciente coronariano parece
ser o mais precioso de seus perfis. Para ela, este paciente demonstra ser uma
pessoa constantemente batalhadora. Apresenta ter um elevado grau de controle
e persistência e, também, uma aparência distinta, tendo como objetivo primordial
o sucesso e a realização e, para atingir estes objetivos, o mesmo planeja a longo
prazo.

Outro perfil estudado por ela se refere ao paciente fraturado. Ao contrário


dos pacientes coronarianos, estes “Tendem a agir sob impulso repentino e,
freqüentemente, manifestam hostilidade mal controlada contra pessoas em
posição de autoridade; ao mesmo tempo, seu comportamento é motivado por
sentimentos de culpa e mostra uma tendência a auto-punição” (Alexander, 1989,
p.59)

Através destes estudos de perfis, Dunbar, conclui que determinados tipos


de personalidades tenderiam a assumir ou não ocupações de responsabilidade.

Alvarez (1930, cit. Alexander, 1989), clínico e estudioso de perfis, tem


aperfeiçoado o “conceito de personalidade própria do portador de úlcera
péptica” (Alexander, 1989, p.58), concluindo que estas pessoas demonstram
características do tipo empreendedor, enérgico e agressivo. No entanto, Draper
(1924, cit. Alexander, 1989) diz que um grande número de pacientes com úlcera
péptica demonstram que sob a aparência de empreendedor, enérgico e
agressivo há característica de dependência e, “conforme ele as expressou,
femininas” (Alexander, 1989, loc. cit.).

As doenças endócrinas é outro terreno fecundo para a “correlação de


traços de personalidades com quadros de doença” (Alexander, 1989, p.58). O
paciente com hipertireoidismo demonstra ser “extremamente tenso, irritável e
sensível”, (Alexander, 1989, op. cit.), enquanto que o paciente com
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hipotireoidismo demonstra ser uma pessoa “embotada, fleumática e


lenta” (Alexander, 1989, op. cit.).

Alexander, criticando estes perfis psicológicos de Dunbar, afirma que os


mesmos “revelam, primariamente, a defesa do paciente e não os conflitos que
podem estar relacionados especificamente à gênese da doença” (Alexander,
1989, op. cit.) e que os estudos psicodinâmicos têm revelado que determinados
“distúrbios das funções vegetativas podem ser correlacionadas diretamente com
estados emocionais específicos e não com configurações de personalidades
superficiais, como descritas nos perfis de personalidade” (Alexander, 1989, op.
cit.).

Na mesma perspectiva de Dunbar, Friedman e Rosenman, (1959, cit.


Léon, 1993), na década de 50, ao investigarem seus pacientes com doenças
coronarianas, concluem que determinados indivíduos que apresentam uma
acentuada urgência de tempo associada a uma intensa hostilidade, grande
fluência verbal, atividade psicomotora intensa, ambição e competição estariam
mais suscetíveis às doenças coronarianas. A este tipo de padrão de conduta que
predispõe o indivíduo a doenças coronarianas, estes autores denominaram de
Padrão de Conduta tipo A, ou personalidade tipo A .

Apesar da aceitação e da popularidade desta teoria nos anos 70, alguns


autores (Price, 1982; De Flores e Valdes, 1986; cit. Léon, 1993, op. cit.)
questionam o peso destas características nas doenças coronarianas. “Parece
que somente certas características da personalidade do tipo A, tais como a
agressividade e a cólera, poderiam ser ligadas à aparição de doenças
coronárias. Um outro problema ameaça a validade do tipo A, é o fato de ele não
predizer os riscos coronários em mulheres” (Paulhan, et al. , 1994, p. 34,
tradução nossa).

Escola Psicossomática de Paris

Em uma reversão de perspectiva das escolas americanas, no final dos


anos 50, a França, a partir de nomes com o P. Marty, M de M’Uzan, M. Fain e C.
David, inicia uma investigação em psicossomática.
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Para A. Dias (1992), esses autores, ao utilizarem uma “escuta


analítica” destes sujeitos, ao invés de escutar “o sujeito via órgão”,
diferenciaram-se substancialmente da escola psicossomática americana. Ao
realizarem esta forma de escuta, “Marty e seus colegas” se surpreenderam, pois
descobriram que estes sujeitos “não estavam falando de nada”. No entanto, este
nada “possibilitou aos investigadores franceses a formulação de uma gigantesca
negatividade simbólica, aonde o pensamento operatório, a precariedade onírica
e a ausência de fantasia se impunham como esfinges aos decifradores do
enigma psicossomático” (A Dias, 1992, p.40).

Para estes autores, o termo “psicossomática” se refere à designação de


uma “abordagem de pacientes, de uma técnica psicoterápica e de uma teoria”,
(Rocha, 1989, p.104) cujo interesse é a compreensão do que ocorre na mente
dos sujeitos que respondem aos conflitos e aos acontecimentos somatizando.
Esta forma peculiar de organização mental apresenta as seguintes
características: “dificuldade de fantasiar livremente, pobreza de associações
subjetivas, dificuldade de estabelecer uma transferência, pobreza de
investimentos libidinais e ausência de reações afetivas diante de perdas e outros
acontecimentos traumáticos”, (Rocha, 1989, loc. cit.). A este grupo de
características, nomearam de “relação branca”, “vida operatória”.

Marty e M’Uzan (1983, cit. Silva e Caldeira, 1992, p.113),. a partir dos
estudos realizados por Fain e David, sobre a vida onírica e aplicados à seus
pacientes, perceberam que estes tinham uma forma peculiar de pensar e de lidar
com suas emoções. A esta forma de pensamento, estes autores denominaram
de “pensamento operatório”. Portanto, o conceito de “pensamento
operatório” surgiu nos últimos anos como consequência do desenvolvimento da
escola francesa e americana, para designar a forma de pensar e de lidar com
emoções de pacientes definidos como psicossomáticos.

Esta forma peculiar de pensamento seria para eles um pensamento


consciente que se organizaria por causa da “falha do pré-consciente”,
acarretando assim impossibilidade de comunicação entre o consciente e o
inconsciente. Conseqüentemente , os sujeitos que apresentam esse estilo
peculiar de pensamento teriam uma pobreza fantasmática e uma precária vida
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onírica. Portanto, a capacidade simbólica e o valor de sublimação seriam quase


inexistentes acarretando um prejuízo considerável da capacidade de produção,
quer científica quer artística, desses sujeitos.

Essa estrutura de pensamento apresenta duas características


fundamentais: a primeira se refere a um pensamento consciente que se
manifesta sem vínculo algum com o orgânico e sem atividade fantasmática de
considerável valor; e a segunda diz respeito ao fato do pensamento reproduzir
simplesmente uma ação, ou seja, não há significado para o ato, mas apenas a
palavra ilustrando a ação. Nesse sentido, a palavra seria apenas para
descarregar uma tensão. Ela é vazia, desprovida de qualquer elaboração e sem
nenhuma ligação “con una atividaded fantasmática situado en un grado
apreciable5 ” (Martin y M’Uzan, 1963, p.715); é apenas uma reprodução do ato,
não há distância do significante perante o significado.

Do ponto de vista funcional, Marty e M’Uzan (1963) procuram relacionar


a singularidade do pensamento operatório ao processo primário e secundário.

O fato de se encontrar, nesse tipo de pensamento, orientação para a


realidade sensível, preocupação com o lógico, com a continuidade e com a
casualidade nos remeteria a uma modalidade do processo secundário, no
entanto a atividade deste estilo de pensamento se fixa, principalmente, às coisas
e não às expressões simbólicas e à imaginação. Quanto à noção de cronologia,
esta se utiliza do processo secundário, no entanto, ocorre, em uma unidade de
tempo limitado.

Para esses autores, em um primeiro momento parece que não há


nenhuma relação entre o pensamento operatório e o processo primário. No
entanto, determinadas manifestações verbais perversas ou agressivas, que
surgem de repente desconectadas do contexto, denunciam uma certa ligação
com o inconsciente. Apesar da existência dessa ligação, o contato estabelecido
entre eles ocorre “en el nível mas boyo, el menos elaborado, mas acá de las
primeiras elaboraciones integradoras de la vida pulsional 6 ”. (Marty y M’Uzan,
1963, p.719).
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Escola de Boston e Conceito de Alexitimia

Jonhn Nemiah e Peter Sifneos, dois analistas americanos, nos anos 70,
que se propuseram a realizar pesquisas sobre a forma peculiar de se comunicar
dos pacientes psicossomáticos, constataram, por meio do estudo minucioso de
entrevistas psiquiátricas, gravadas com pacientes que apresentavam alguma
doença psicossomática clássica, que dezesseis desses pacientes demonstraram
uma impressionante dificuldade de expressar ou descrever suas emoções
através da palavra, assim como uma acentuada diminuição dos pensamentos
fantasmáticos.

Posteriormente, após repetidas observações, estes autores concluíram


que os pacientes com doenças psicossomáticas clássicas, ao contrário dos
pacientes psiconeuróticos, apresentavam freqüentemente uma desordem
específica nas suas funções afetivas e simbólicas, acarretando uma forma de se
comunicar confusa e improdutiva (Taylor, 1990).

A esta maneira peculiar de se comunicar desses pacientes, Sifneos(1972)


denominou de alexitimia, sendo que a etimiologia da palavra alexitimia é de
origem grega (a = falta de, lexis = palavra, thymos = emoção), significando falta
de palavras para as emoções (Taylor, 1990)

A alexitimia, apesar de inicialmente ter sido relacionada a perturbações


psicossomáticas clássicas, atualmente, pode ser encontrada em um grande
número de sujeitos que padecem de diversas perturbações físicas e
psicopatológicas, quer como um estilo peculiar do funcionamento mental, quer
como resposta do sujeito às “situações vividas como ameaçadoras pela difícil
contenção psíquica das emoções dolorosas” (Teixeira e col., p.381).

Apesar desses estudos atuais demonstrarem que essa maneira peculiar


de se comunicar não é específica dos pacientes com doenças psicossomáticas
clássicas, a contribuição de Nemiah e Sifneos é de importância fundamental,
pois chamaram a atenção para um aspecto do funcionamento psíquico relevante
tanto para a medicina psicossomática quanto para a psicanálise. Apontaram,
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principalmente para a psicanálise atual, uma direção a tomar sobre a exploração


da vida intra-psíquica via estudo da comunicação entre paciente e analista.

Embora sejam várias as investigações no sentido de encontrar uma única


explicação etiológica para a alexitimia, Nemiah (1977, cit. Taylor 1990) acredita
na hipótese de que haja múltiplos fatores exercendo influências no
desenvolvimento deste fenômeno tão complexo. Taylor (1988), concorda com
esta hipótese e ressalta que a maneira de se comunicar é influenciada, não
somente por fatores genéticos, neuropsicológicos e intra-psíquicos, mas também
por fatores sócio-culturais, pelo nível intelectual e pelos modelos dos discursos
familiares.

De acordo com Mc Dougall (1974, cit. Taylor 1990), ao contrário do que


acontece na histeria de conversão, onde o corpo se rende à dramatização
simbólica do conflito intra-psíquico, no fenômeno alexitímico o corpo segrega
seus próprios pensamentos. Sendo este corpo sentido como se pertencesse a
alguém (mãe) ou a alguma coisa (mundo externo). Para essa autora, o fenômeno
alexitímico acontece em decorrência de perturbações da relação mãe-filho,
sendo esse fenômeno uma patologia pré-neurótica extremamente precoce
dominada pelos mecanismos de defesa de clivagem e de identificação projetiva
(Mc Dougall, 1980, 1982 cit. Taylor, 1990). Essas perturbações correspondem à
fase do desenvolvimento simbiótico, onde as representações de si e as
representações do objeto não são nitidamente diferenciadas e também os
símbolos não são utilizados de forma concreta. Portanto, do ponto de vista de
Mc Dougall (1982), a alexitimia é uma “dèfense singulièrement forte contre la
douleur psychique et les anxiétés psychotiques associées aux objtes internes
archaiques7 ” (Taylor, 1990, p. 778).

Krystal (1973, cit. Silva e Caldeira, 1992) realizou estudos em


toxicômanos, vítimas de holocaustos e indivíduos psicossomáticos, e concluiu
que a alexitimia é mais que uma defesa, como postulou Mc Dougall, é uma
parada do desenvolvimento afetivo decorrente de um traumatismo infantil, ou
uma regressão da “fonction affetictive-cognitive après un traumatisme
catastrophique à l’agê adulte8 ”(Krystal, 1979,1982-1983 cit. Taylor, 1990, p.
778). Portanto, a concepção de alexitimia de Krystal se aproxima da noção de
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Bion (1977) de “d’une fonction alpha déficente 9 ” e também da concepção


Kleiniana de “fixation ou de régression par rapport à la position paranóide-
schizóide10” (Taylor, 1990, p. 779).

De acordo com o exposto anteriormente, a alexitimia é um constructo


derivado da clínica baseado em observações e minuciosos estudos das
entrevistas de consultas psiquiátricas em pacientes com doenças
psicossomáticas clássicas.

Nemiah e Sifneos (1970, cit. Taylor, 1990) perceberam, através desses


estudos que havia uma nítida diferença na maneira como se queixavam os
pacientes alexitímicos dos pacientes neuróticos. Enquanto os pacientes
neuróticos se queixavam de sintomas emocionais e dificuldades psicológicas, os
pacientes alexitímicos se queixavam de sintomas somáticos, onde na maioria
das vezes não havia qualquer ligação entre os sintomas e qualquer doença física
que pudessem ter. A maneira como esses pacientes se comunicavam se
caracterizava por um pensamento simbólico em que as pulsões, os sentimentos
e os desejos não apareciam. Sendo esse um pensamento vulgar, particular,
preocupado com detalhes e acontecimentos externos, ou seja, voltado para o
mundo exterior em detrimento do mundo interior.

Outra característica, apontada por esses autores, se refere a uma


extraordinária dificuldade desses sujeitos em reconhecer e descrever seus
próprios sentimentos, assim como, em diferenciar as sensações corporais dos
estados emocionais. (Nemiah, Freyberger e Sifneos, 1976, cit. Taylor, 1990).
Ainda, nessa concepção, esses sujeitos demonstraram ser hiperadaptados e
com elevado grau de “conformismo social”, aparentando ser às vezes um
neurótico com “une personnalité hystérique ou un caractére obsessionnel 11 ”
(Taylor, 1990, p. 771). No entanto, Nemiah (1973) faz uma distinção, dizendo
que as personalidades alexitímicas apresentam uma ausência de pensamento
fantasmático associados ao conflito psicológico (Taylor, 1990).
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A Explicação Biológica e Neurofisiológica em Psicossomática

Chrousos e Gold (1993) definem estresse “como um estado de


desarmonia ou de homeostase ameaçada”. (Chrousos e Gold, 1993, p. 479).
Para estes autores, Heracleitus foi o primeiro a sugerir que um “estado estático,
sem alteração, não era condição natural” (Chrousos e Gold, 1993, op. cit.) dos
organismos vivos, mas sim a capacidade, de se submeterem a alterações
constantes. Empédocles, logo após esta ideia, propõe que a condição
necessária para a sobrevivência dos seres vivos consiste no equilíbrio e
harmonia dos elementos em oposição dinâmica.

Partindo desta concepção, Hipócrates, cem anos depois, define saúde


como sendo um equilíbrio harmonioso dos “elementos e das qualidades de
vida” (Chrousos e Gold, 1993, p.480) e doença como “desarmonia sistemática
destes elementos”. (Chrousos e Gold, 1993, loc. cit.). Hipócrates sugere ainda
que as forças que provocam a desarmonia - a doença - têm sua origem
nas “fontes naturais e não de fontes sobrenaturais e que as forças de contra
equilíbrio ou adaptativas eram também de origem natural” (Chrousos e Gold,
1993, loc. cit.).

Thomas Sydenham, no período da Renascença, amplia o conceito de


doença de Hipócrates quando a define como “uma desarmonia sistemática
trazida à tona devido às forças perturbadoras” (Chrousos e Gold, 1993, loc. cit.),
sugerindo que uma resposta adaptativa a estas forças poderia acarretar
alterações patológicas.

No século XIX, ao tornar mais ampla a noção de harmonia ou de estado


de estabilidade, Claude Bernard, introduz o conceito do “milieu interieu, ou o
princípio de um equilíbrio fisiológico interno dinâmico” (Chrousos e Gold, 1993,
loc. cit.).

Posteriomente, Walter Cannon, fisiologista notável criou o termo


homeostase, ampliando-o tanto a parâmetros emocionais quanto a físicos.
Através de suas pesquisas com animais percebeu que, quando estes eram
submetidos a estímulos desequilibradores de sua homeostase, se preparavam
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para “a luta ou fuga”, apresentando alterações somáticas12 e que estas


alterações eram desencadeadas “por descargas adrenérgicas da medula da
supra-renal e de noradrenalina em fibras pós-ganglionares” (Rodrigues e
Gasparini, 1992, p.99).

Partindo destas descobertas, Cannon “teorizou em 1934 a relação entre


emoções e alterações fisiológicas e hormonais, enquanto função adaptativa do
organismo às solicitações ou agressões externas” (Luban-Plozza, 1979, cit.
Cardoso, 1995, p.15).

Na década de 30, Hans Selye, endocrinologista, radicado no


Canadá, “pegou emprestado o termo ‘estresse’ da física e o utilizou para
significar as ações mútuas de forças que têm lugar através de qualquer seção
do corpo”. (Chrousos e Gold, 1993, p.480). Através de seus estudos, demonstrou
que um organismo, quando exposto a um esforço provocado por um estímulo
que ameace sua homeostase, reage com o corpo todo e de “forma uniforme e
inespecífica” (Rodrigues e Gasparini, 1992, loc. cit.). A esta forma de reagir,
Selye denominou de Síndrome Geral de Adaptação, “chegando assim a noção
de stress” (Cardoso, 1995, loc. cit.). Portanto, “stress”, para ele, é uma resposta
inespecífica que o organismo “desenvolve ao ser submetido a uma situação que
exige esforço para a adaptação” (Rodrigues e Gasparini, 1992, op. cit.).

Esta síndrome, de acordo com este autor, consiste em três fases: a de


alarme, a de resistência e a fase de exaustão, sucessivamente. No entanto, para
que haja o stress, não é necessário que a fase se desenvolva até o final e, se
a “reação ao agressor for muito intensa ou se o agente do estresse for muito
potente e/ou prolongado, poderá haver, como consequência, doença ou maior
predisposição ao desenvolvimento da doença” (Rodrigues e Gasparini, 1992,
p.99).

Holmes et Rahe, (1967, cit. Cardoso, 1995), partindo da noção de stress


e interessados em investigá-los, elaboraram um instrumento para medí-lo.
Desenvolveram, desta forma, uma Escala onde os “life events” são pontuados
em função do esforço adaptativo que exigem (Life Change Units ou LCU)
(Cardoso, 1995, op. cit.), “onde haveria limites a partir dos quais se constituiriam
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níveis de risco para o aparecimento de doenças, dado que o esforço de


adaptação em causa teria um efeito cumulativo nos sujeitos, em relação a sua
capacidade de resposta. Daí que a pontuação obtida constituiria um bom
indicador preditivo de um adoecer psicossomático” (Villemain, 1989, cit Cardoso,
op. cit.).

Convém acrescentar que o stress é uma resposta radicalmente


inespecífica e apenas descreve o nível orgânico da coisa. Não ajuda
compreender psicologicamente o adoecer psicossomático.

Outras Concepções e Modelos em Psicossomática

Os princípios psicossomáticos, segundo Dejours (1988), teriam suas


hipóteses alicerçadas na inter-relação entre o corpo fisiológico e o corpo erótico.
Para ele, através da subversão libidinal, o corpo erótico surge do corpo biológico,
mantendo constantemente uma relação de dependência, influenciando e
intervindo “ao nível da relação orgão-junção” (Cardoso, 1995, p.22).

Dejours (1988 cit Cardoso, 1995) utilizou esta designação “subversão


libidinal” para se referir à aquisição de algo que, além de não ser definitivo, não
se completaria jamais, acarretando assim um “confronto constante entre corpo
erótico e corpo biológico” (Cardoso, 1995, op. cit.). De acordo com essa
concepção, não faz sentido algum separar doença orgânica e doença mental
uma vez que as somatizações, nas duas, correspondem a uma somatização
cerebral, designada “habitualmente por psicose”. Portanto, a escolha do órgão,
nessa concepção, “dependeria das vicissitudes da subversão libidinal e da
construção do corpo erótico, ancorado nas funções bio-endócrinas como nas
motoras e cognitivas”(Cardoso, 1995, op. cit.).

Sami-Ali (1987, op. cit.), através da investigação clínica e teórica,


desenvolvida há 30 anos, enuncia, em seu livro “Pensar o somático”, um projeto
paradoxal, uma vez que, segundo ele, “pensar o somático e o pensar psíquico
são dois caminhos radicalmente diferentes”.

Ao pensar o somático, Sami-Ali, partindo de uma análise crítica do modelo


psicanalítico, propõe um modelo multidimensional em psicossomática. Para ele,
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o “ponto mais fraco da psicanálise de Freud e dos autores que se seguiram é a


extensão, é a extrapolação teórica e especulativa, sem limites, dos modelos da
psicopatologia aos fenômenos orgânicos, biológicos, históricos, sociais,
etc...” (Sami-Ali, 1987, p.158). Diz ainda que é uma ilusão, pensar que seja
possível chegar a uma compreensão de todos os “funcionamentos individuais,
grupais, biológicos e históricos”, partindo de um só e único modelo - a patologia
freudiana. E que para chegarmos a uma compreensão dos fenômenos
psicossomáticos é necessário que nos livremos dessa ilusão.

A patologia orgânica, conforme a perspectiva desse autor, “não pode ser


integrada num modelo histórico, nem no modelo da neurose atual e nem no
modelo da psicose”, uma vez que tudo é relacional, isto é, o problema da
patologia orgânica deve ser visto “globalmente a um funcionamento regido em
primeiro lugar pelos ritmos biológicos”, sendo que nesses ritmos há
sempre “alternância entre dois estados fundamentais, o sonho e a vigília, que
são regidos por qualquer coisa que se encontre além ou aquém do
psíquico” (Sami-Ali, 1987, op. cit.). A partir dessa perspectiva Sami-Ali coloca
que toda a questão psicossomática deve ser considerada na relação onde não
haja “dum lado o psíquico e do outro do orgânico”. O que realmente existe
é “qualquer coisa que reenvia a uma relação original, existente antes do
nascimento e depois do nascimento. Está-se em relação desde a
concepção” (Sami-Ali, 1987, op. cit.).

Desta forma, Sami-Ali contesta Fairbaim, quando este tenta assentar a


relação precoce à procura do objeto, e também Anzieu ou Bowlby, quando estes
procuram relacionar essa relação aos laços de vinculação, uma vez que, para
ele, a vida psíquica começa muito antes da fase narcísica ou auto-erótica.

Outro aspecto relevante à psicossomática, conforme esse autor, diz


respeito à maneira como vê o sonho. Para ele, o sonho é uma criação da
realidade e não uma realização do desejo como é visto por Freud, sendo que
está ligado aos ritmos biológicos. Paralelamente a esses ritmos, Sami-Ali
considera o espaço e o tempo como “duas dimensões fundamentais na
compreensão da realidade humana” (Sami-Ali, 1987, op. cit.), pois a organização
desse espaço e tempo é parâmetro para “a análise e para a compreensão dos
fenômenos psicossomáticos” (Sami-Ali, 1987, op. cit.).
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Quando Sami-Ali articula a questão tempo e espaço, não a reduz a formas


simbólicas. Fala de um tempo e espaço ideais e da transposição de “espaço em
tempo e deste tempo em espaço de representação, em relação com a
projeção” (Sami-Ali, 1987, op. cit.). É no sonho que ocorre a objetivação de um
mundo e na criação de um mundo objetivo, que se torna subjetivo, uma vez que
a “projeção é a alucinação, é o facto de criar um mundo que sou eu, e todos
criam esse mundo” (Sami-Ali, 1987, op. cit.).

Para ele, o esquecimento do sonho é específico da espécie humana e o


que existe é a lembrança do sonho e não o sonho em si, sendo que o
recalcamento ocorre na passagem do sonho à memória dos sonhos. Esse
recalcamento ocorre de tal maneira que a atividade onírica, em certas pessoas,
desaparece completamente. Quando ocorre o desaparecimento total da
atividade onírica, é que Sami-Ali fala de uma possível ligação entre organização
da atividade do sonho e a doença orgânica. A atividade onírica determina o
funcionamento psíquico e, quando há ausência desse funcionamento, aparece
a patologia da adaptação. Desta forma, o que estaria recalcado não são os
conteúdos e sim toda uma função, “algo que apaga o traço das emoções, tanto
na expressão onírica como na expressão do afecto” (Cardoso, 1995, p.25).

Na concepção de A. Dias (1992), o termo psicossomática, devido a sua


inespecificidade, deve ser substituído pela designação “somatopsicose”,
utilizada tanto por Bion (III volume de A memoir of the Future cit. A. Dias, 1992,
p.31) quanto por Meltzer (Metapsicologia Ampliada, cit. A. Dias, 1992, p.31). O
termo somatopsicose enuncia um contexto teórico claro, onde o “adoecer
psicossomático é encarado na sua relação com fenômenos psíquicos
determinados”. (Cardoso, 1995, p.35).

A. Dias (1992), ao investigar sobre a somatopsicose, parte de


pressupostos de Bion e coloca como paradigma somatopsicótico a mentira
originária, sendo que o conceito de mentira originária, para ele, é muito mais
amplo que o recalcamento originário de Klein e o falso self de Winnicott e mais
até que a “questão da hipermaturação”. (A. Dias, 1992, p.34). Refere-se,
portanto, a uma hiper-adaptação ao outro, ao meio humano, decorrente da
afirmação omnipresente do outro, onde o sujeito se desanima, não havendo um
único espaço para a identificação projectiva, mas somente “uma forma particular
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de identificação adesiva em que o sujeito se condena a uma reduplicação do


outro e do pensamento do outro” (Cardoso, 1995, p.35).

No decorrer deste estudo é perceptível que, apesar de toda a


complexidade e diversidade das principais concepções, houve grandes avanços
nas investigações referentes às doenças psicossomáticas.

Síntese e Reflexão a Partir dos Diversos Modelos

O maior legado de Freud (1894) para as investigações psicossomáticas


se deve ao conceito de conversão individual. Esse termo- “conversão”- foi
utilizado por Freud para explicar a “transposição de um conflito psíquico na
tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos, motores ou sensitivos”.
(Laplanche e Pontalis, 1995, p.103). No fim do século XIX, essa ideia, amplia o
desenvolvimento das investigações psicossomáticas, reinaugurando “o campo
da psicossomática, que se veio a estender por dois grandes ramos de
investigação” (Cardoso, 1995, p.37).

O primeiro ramo da história da psicossomática se refere à Escola


Americana, representada por Franz Alexander e Dunbar, cuja via de
investigação tem como ponto de partida o modelo médico, onde estes procuram
correlacionar determinados tipos de personalidades com doenças orgânicas
específicas. Nessa mesma perspectiva, outra área de investigação, que também
se desenvolveu muito nos anos 30 e que muito contribuiu para os avanços nas
investigações psicossomáticas, se refere às “investigações experimentais
acerca das variáveis fisiológicas das emoções, em torno das descobertas de
Walter Cannon e Hans Selye” (Dantzer, 1989, cit. Cardoso, 1995, op. cit.).

Nesse período, esses dois movimentos se aproximam, mas as


investigações não ultrapassam os dados estatísticos e discordantes em
relação “a descrição das diferentes personalidades acopladas ao órgão e sua
doença”. (A. Dias, 1992, op. cit.). Em decorrência da não extrapolação dos dados
estatísticos e da não valorização da história pessoal do indivíduo e da gênese
inconsciente das doenças, essa concepção esgotou em “seu próprio processo
descritivo”. (Cardoso, 1995, op. cit.). No entanto, as contribuições da Escola
Psicossomática Americana, especificamente Alexander e Dunbar, e as de
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Cannon e Selye foram fundamentais para a consolidação do movimento


psicossomático, assim como para a influência sobre uma medicina integral e
humanista. Contudo, ao sair em busca do entendimento holístico dos
fenômenos, essa concepção “também se descaracterizou e o que ganhou em
extensão parece ter perdido em profundidade” (Cardoso, 1995, loc. cit.).

O segundo grande ramo das investigações psicossomáticas diz respeito


àqueles que “tentaram e em grande parte conseguiram - unificar o discurso e o
modo de relação de objecto subjacentes à doença psicossomática” (A. Dias,
1992, p. 39). Trata-se da Escola Psicossomática de Paris, que propõe uma nova
forma de escutar o indivíduo, viabilizando uma nova leitura do sintoma e do
sofrimento emocional ao atribuir um valor positivo ao fenômenos, “mesmo se a
natureza própria dos fenômenos assenta numa negatividade simbólica e
sintomática” ( A. Dias, 1992, cit., Cardoso, 1995, op. cit.).

Seguindo essa mesma concepção, outros autores trouxeram sua valiosa


contribuição para o movimento psicossomático. Contudo, essas contribuições
não propiciaram resolução quanto à fundamentação epistemológica da
psicossomática. Nesse sentido, A. Dias (1994, cit. Cardoso, 1995, op. cit.), de
posse das contribuições epistemológicas de Bion, coloca o adoecer
psicossomático no contexto da relação entre pensamento, emoção e aparelho
de pensar o pensamento, onde o fenômeno alexitímico deve ser visto como
manifestação da separação entre o pensamento e aparelho de pensar o
pensamento.

Ao realizar a pesquisa de dissertação de mestrado “ Uma contribuição ao


estudo da relação câncer mama e alexitimia”, com 41 mulheres portadoras de
câncer de mama confirmado e com 51 mulheres que até o momento da pesquisa
( fevereiro a julho de 1997) não apresentavam qualquer indício de doença
psicossomática, verificamos que os resultados obtidos na amostra de mulheres
com câncer de mama, através da análise comparativa dos resultados relativos
aos escores dos fatores 1,2,3, da Toronto Alexithymia Scale –TAS 20 -, de
acordo com as concepções de Marty & Muzan, Bion e A. Dias, evidenciam que
para além da dificuldade em discriminar sentimentos e expressa-los aos outros
o que realmente ocorre com as mulheres portadoras de câncer de mama é a
existência de um pensamento muito próximo do pensamento psicótico.
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Desta forma, os resultados encontrados sugerem que o conceito de


somatopsicose, parece mais adequado do que os outros conceitos anteriores,
devendo portanto se fazer novas pesquisas nesse sentido.

Referências Bibliográficas

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Anexo II – Doenças Psicossomáticas na Adolescência


Stella R. Taquette

Taquette SR. Doenças psicossomáticas na adolescência. Adolesc Saude.


2006;3(1):22-26

Descritores: Psicossomática; relação médico/paciente; sintomas


psicossomáticos

Resumo
Definiçao de doença psicossomática. Mecanismos emocionais envolvidos
na gênese da doença e na relaçao médico/paciente. Teorias e abordagem
psicossomáticas. Sintomas psicossomáticos mais comuns na adolescência.

Toda doença humana é psicossomática, já que incide num ser que tem
corpo e mente inseparáveis anatômica e funcionalmente. Por isso a
expressao doença psicossomática nao é muito adequada, pois nela está
subentendido que existem outras doenças que nao sao psicossomáticas, ou
seja, com separaçao entre psique e soma. Corpo e mente sao indivisíveis, e
dentro dessa ótica todas as doenças sao psicossomáticas, porque atingem tanto
a psique como o soma. Entretanto, na visao biologicista da medicina atual e na
estrutura curricular da maioria das escolas médicas, observa-se uma
fragmentaçao do ser humano, que é estudado por partes e sistemas, e nao como
um todo. Em consequência, nesse quadro que se desenha, aprende-se a tratar
de doenças, e nao de pessoas doentes, que têm uma existência biológica,
psicológica e social.

Este artigo visa destacar a importância dos mecanismos emocionais


envolvidos na gênese das doenças e na relaçao médico/paciente, valorizando a
psique e tentando compreender de forma global o que se passa com o paciente
para oferecer um tratamento mais eficaz.

Essa visao mais holística do paciente torna-se fundamental na


adolescência, por ser esse um período de muitas e grandes transformaçoes, com
a vivência de novos conflitos e a reativaçao de antigos. Na adolescência, em
especial, é indispensável a visao integral do ser humano.
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É necessário enfatizar que a doença tem um caráter social e cultural, com


base nao só nas condiçoes sociais e econômicas da populaçao, mas nas
relaçoes sociais de produçao(5). O adoecer sofre também profundas influências
de questoes socioculturais. Determinados sintomas em uma classe social podem
nao ser considerados como tais em outra. A percepção das sensações é
desigual nas diversas classes sociais. Por exemplo, as sensações que se
seguem a uma refeição farta podem representar mal-estar, peso no
estômago para as classes superiores, mas, para as classes populares, podem
significar euforia pós-prandial, estar forrado, satisfeito (2).

A interpretação que os indivíduos dão à sua doença e a seus sintomas


difere conforme conceitos morais, culturais e religiosos. Essas diferenças
culturais delimitam formas de percepção e interpretação dos conflitos,
provocando só matização em uns e verbalização em outros. Os sintomas das
doenças têm representações diferentes para cada pessoa. A relação do
indivíduo com seu próprio corpo determina sua forma de adoecer e os cuidados
consigo mesmo.

Ao se atender um paciente, deve-se compreender o possível significado


do sintoma exposto. A doença não acontece por acaso nem é um fato isolado na
vida do indivíduo. Ela ocorre no momento em que o organismo está vulnerável,
em função da história pessoal, da bagagem genética, da situação social. O
organismo sofre agressões dos meios interno e externo que perturbam a sua
homeostase, gerando então a doença.

Teoria Psicossomáticas

Diversas teorias tentam explicar a relação existente entre as


manifestações biológicas e psicológicas. Didaticamente podemos dizer que duas
correntes se destacam. A primeira delas se baseia no efeito que as emoções
provocam no organismo através do sistema nervoso e seus neurotransmissores
(psicofisiologia). A segunda corrente fundamenta- se na teoria psicanalítica, que
tenta esclarecer alguns mecanismos psicológicos envolvidos na gênese das
doenças.
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Em relação à psicofisiologia, a literatura médica relata várias pesquisas. Alguns


trabalhos clássicos, como o de Cannon (6), comprovam as modificações
fisiológicas nos estados de fome, raiva e medo que acontecem por influência do
sistema nervoso vegetativo. Outra teoria, a de Clea (10), descreve como unidade
funcional básica o arco reflexo, que capta os estímulos do mundo exterior pela
via aferente ou sensorial, assim como do mundo interior, e através do centro
nervoso, que se distribui ao longo da neura eixo, alcança a via eferente ou
efetora, a qual transmite os impulsos para vísceras, aparelho locomotor e outras
regiões.

A esse conjunto de estruturas deu-se o nome de sistema límbico, que


compreende o córtex cerebral (lobo temporal e zonas inferiores do lobo frontal),
a área septal, o complexo amigdaloide, o hipocampo e o hipotálamo. O sistema
límbico, ao receber os estímulos internos ou externos, transforma-os numa
atividade somática ou física (um grito, uma expressão facial, um movimento
súbito do corpo, uma alteração circulatória, digestiva, etc.). A percepção do
sistema límbico não é intelectual. É o substrato anatômico que estabelece a
ligação entre o afeto, o pensamento e o sistema visceral (9).

Na teoria do desenvolvimento, segundo a psicanálise, o indivíduo no


primeiro ano de vida só reage aos estímulos externos através do sistema
nervoso vegetativo. Ele ainda não tem capacidade de verbalizar ou de se
expressar por gestos, pois não dispõe de coordenação motora para isso.
Portanto, nessa fase, a comunicação é pré-verbal e as funções vegetativas são
de grande ajuda na compreensão dos processos psicossomáticos.

A possibilidade de só matizar é um mecanismo de defesa fixado na fase


oral do desenvolvimento. Sempre que a relação mãe/filho não estiver boa, o
bebê reagirá fisicamente (8). Essa fase inicial do desenvolvimento do ser
humano, em que a relação mãe/filho é fundamental, deixa marcas para o resto
da vida. Quando o indivíduo enfrentar momentos de crise, poderá reagir
reativando processos psicossomáticos com os quais resolverá seus problemas
passados. Psit (12), em seu trabalho de observação de bebês no primeiro ano
de vida, chamou a atenção para as reações psicossomáticas dos bebês que não
recebiam os cuidados adequados nesta fase. O eczema infantil aparece como
reação a um tratamento materno hostil e ansioso, sendo a depressão analítica e
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o marasmo consequências da privação materna parcial ou total. O autor conclui


que os distúrbios na formação das primeiras relações objetais do bebê resultam
provavelmente em grave prejuízo às relações futuras do ser na adolescência e
idade adulta.

Winnicott(14), com sua larga experiência clínica e pesquisas científicas,


ressalta a importância dos primeiros cuidados do bebê em sua vida futura. Ele
ressalta que um desenvolvimento saudável da psique humana favorece a
evolução física e que dificuldades emocionais podem gerar situações somáticas
graves. Segundo a teoria psicossomática de Pierre Marty (3), o indivíduo reage
a traumas conforme sua organização evolutiva mental. Cada pessoa tem uma
forma peculiar de reagir e de só matizar os traumas, dependendo de sua história
de vida e da bagagem genética.

O ser humano é um sistema complexo de interações que pode estar em


equilíbrio ou não. Um trauma externo pode ser mais desordenador para uns do
que para outros, dependendo da organização interna de cada um. Quando uma
pessoa sofre um trauma, há um movimento de desorganização interna que
atinge primeiro as estruturas mais evoluídas, recentemente adquiridas durante o
desenvolvimento. Conhecendo-se a economia psicossomática de uma pessoa,
podemos prever seu modo de reação mais provável diante dos traumas e como
se organiza posteriormente.

Abordagem Psicossomática

A frequência em serviços de saúde de pacientes com sintomas


denominados psicossomáticos é grande. Segundo Smith (11), a incidência de
problemas psicológicos entre adolescentes americanos chega a
aproximadamente 25% (ansiedade, depressão, desordens alimentares e só
matizações). No Brasil, Crespina (1986), em levantamento com 630
adolescentes de consultório particular sobre os motivos das consultas, constatou
que as queixas sociopsicossomáticas foram as mais numerosas, representando
32,69% do total.

Entretanto, mesmo os sintomas que não são


denominados psicossomáticos têm um conteúdo psicológico latente que quase
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nunca é exteriorizado e cuja compreensão é desejável para a melhora da


doença. Na abordagem psicossomática buscasse dar ênfase não só aos
sintomas que levaram o paciente ao serviço de saúde como à compreensão do
seu conteúdo latente.

Quando se identifica um componente psicológico importante que agrava


a doença, o profissional de saúde encaminha o paciente a um psiquiatra ou
psicólogo. Frequentemente, entretanto, a pessoa não aceita ou finge aceitar tal
orientação e não procura o psicoterapeuta. Quando o profissional de saúde dá
ouvidos às questões emocionais, identifica algumas causas e permite ao
paciente compreender que há sentimentos vinculados a seus sintomas, essa
atitude torna mais provável a aceitação da necessidade de se submeter à
psicoterapia. Esse comportamento do profissional de saúde já caracteriza a
psicoterapêutica. Balint (1), em seu livro O Médico, Seu Paciente e a Doença,
analisa a relação médico/paciente e constata que o remédio mais usado em
medicina é o próprio médico, o qual também precisa ser conhecido em
sua posologia, reações colaterais e toxicidade.

A anamnese da consulta clínica com abordagem psicossomática objetiva


conhecer o máximo a respeito do paciente, da sua doença e também do
ambiente em que vive. As vezes o paciente faz relatos que, aparentemente, não
têm relação com a doença, porém mais tarde se revelam extremamente
importantes na compreensão de seu quadro clínico. Alguns dados que
normalmente não são privilegiados na anamnese clínicas tradicionais devem ser
valorizadas na abordagem psicossomática, como os listados a seguir:

Perguntar ao paciente o que ele acha que tem, qual a possível causa de sua
doença;

O que ele acha que faz melhorar os seus problemas;

Que consequências em sua vida pessoal a doença tem causado;

Investigar os vínculos mais significativos do paciente: mae, pai, irmaos,


amigos, namoradas (os);

Perguntar sobre o cotidiano em família, na escola e comunidade em que vive;

Investigar os modelos de só matização e de desordem orgânica familiar.


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A coleta desses dados e a anamnese tradicional ajudam a contextualizar


melhor a doença. O paciente se torna corresponsável pelo tratamento, deixando
sua postura passiva para agir ativamente na sua melhora e proporcionar um
menor custo da terapia, com menos medicamentos e exames complementares.

Sintomas Psicossomáticos Comuns na Adolescência


Na adolescência, os sintomas psicossomáticos frequentemente têm
relação com o estágio de desenvolvimento. Na fase precoce (11 a 14 anos), as
mudanças do corpo, a masturbação, a definição da identidade sexual são os
principais fatores estressantes. Na adolescência média (14 a 17 anos), os
conflitos que aparecem são de tentativa de independência da família e em
relação ao início dos relacionamentos amorosos. Na fase tardia (17 a 20 anos),
os principais problemas são relativos a início profissional, preocupações com o
futuro, questões espirituais e filosóficas.

Os sintomas psicossomáticos mais comuns na adolescência são cefaleia,


dor no peito, dor abdominal e fadiga persistente (4,13).

Cefaleia
A investigação clínica habitual deve ser feita afastando-se alguma doença
de base, como as de causa neurológica, oftalmológica, otorrinolaringológica, etc.
A cefaleia sem causa orgânica bem definida geralmente é de intensidade leve
ou moderada, não impedindo o adolescente de continuar exercendo as
atividades normais do seu dia-a-dia. Frequentemente é difusa, crônica,
intermitente e acontece no decorrer ou final do dia. Raramente o paciente acorda
com dor pela manhã ou no meio da noite. É comum o adolescente relacionar a
dor a cansaço, estresse ou preocupação. Na investigação diagnóstica, o
profissional de saúde deve averiguar a presença de algo que esteja provocando
estresse nos ambientes em que o adolescente vive: lar, escola, trabalho. Outro
dado comum é a presença de cefaleia em membros da família.

A consulta clínica com abordagem psicossomática favorece a


compreensão, pelo paciente, da origem dos sintomas, sendo um momento em
que ele tem a oportunidade de expor seus temores. Isso provoca um alívio de
sua ansiedade, pois muitas vezes o adolescente pensa ter um problema grave
como um tumor cerebral. O tratamento também pode ser feito com o controle do
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estresse e com a administração de medicamentos analgésicos, vasoconstritores


e antidepressivos.

Dor no Peito
Comum em pacientes ansiosos e deprimidos, geralmente não tem relação
com esforço físico nem com outros sintomas cardíacos ou respiratórios
associados. O exame físico é normal. Deve ser observada com atenção a dor
acompanhada de palpitações, que podem indicar a presença de uma arritmia
cardíaca. Quando não se encontram outros fatores orgânicos que justifiquem a
dor, devem-se aprofundar as questões relacionadas a determinados tipos de
estresse que não são regularmente relatados, como abuso sexual, medo de
gravidez, etc.

As vezes a dor é similar a problemas cardíacos ocorridos em familiares


próximos. O tratamento inclui orientação do paciente sobre a possível origem
dos sintomas, intervenção no meio ambiente com afastamento dos possíveis
fatores estressantes, relaxamento, psicoterapia e medicamentos ansiolíticos ou
antidepressivos nos casos mais graves.

Dor Abdominal
É uma dor geralmente mal definida, de localização imprecisa, sem relação
com a ingestão de alimentos ou com o funcionamento intestinal. É crônica, de
pequena ou moderada intensidade, às vezes acompanhada de palidez e dor de
cabeça. A dor costuma melhorar com repouso adequado, alimentação saudável,
orientação sobre a abolição do uso do fumo e controle do uso de chicletes,
refrigerantes e bebidas alcoólicas.

Fadiga Crônica
Os pais se queixam muito do cansaço e da sonolência excessiva dos
filhos adolescentes. Nesses casos deve ser investigada a associação com
problemas infecciosos, imunológicos e alérgicos crônicos. A etiologia, porém,
permanece mal definida, e alguns autores atribuem tal cansaço crônico a um
quadro depressivo latente. A melhora dos sintomas se dá com orientação sobre
mudança de hábitos de vida, retomada de atividades físicas prazerosas e o uso
de antidepressivos em situações mais incapacitantes.
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Considerações Finais
A abordagem psicossomática privilegia o doente, e não a doença, e tenta
compreender seu significado. Relacionar um sintoma físico a um problema
emocional requer cuidado, paciência e raramente se consegue numa primeira
consulta. Para isso é necessário recolher uma história minuciosa, focalizando a
investigação no paciente, e não em seus sintomas, e dar-lhe chance de expor
seus sentimentos. A doença muitas vezes é uma escapatória de uma situação
de conflito ou aparece pela necessidade de atenção e carinho, necessidade de
ser cuidado.

Alguns profissionais de saúde, quando identificam que a origem dos


sintomas do paciente não está numa patologia orgânica, tendem a classificar a
doença como psicológica e desvalorizá-la, não dando a devida atenção ao
sofrimento do paciente. Deve-se lembrar de que, mesmo não tendo um substrato
anatômico que justifique o sintoma, o paciente o sente e precisa, da mesma
forma, de ajuda para se livrar dele.

A abordagem psicossomática diminui o tempo de tratamento, evita


exames complementares desnecessários e abrevia o sofrimento do paciente.

Referências
1. Balint M. O médico, seu paciente e a doença. Rio de Janeiro: Atheneu, 1988.

2. Polanski L. As classes sociais e o corpo. Rio de Janeiro: Graal, 1989. 191p.

3. Debora R. O equilíbrio psicossomático e um estudo sobre diabéticos. São


Paulo: Casa do Psicólogo, 1995.

4. Greene JW, Walter LS. Psychosomatic problems and stress in adolescence.


Pediatr Clin North Am 1997;1557-71.

5. Laurell, AC. A saúde-doença como processo social. In: Nunes ED (org.).


Medicina social: aspectos históricos e teóricos. São Paulo: Global, 1983. p.133-
58.

6. Mello Filho J. Concepção psicossomática: visão atual. Rio de Janeiro: Tempo


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Brasileiro, 1978.

7. Outeiro JO. Distúrbios psicossomáticos na adolescência II. In: Makron MF et


al. Tratado de adolescência. Rio de Janeiro: Cultura Médica Ltda., 1991. p.533-
40.

8. Pilé SC. Distúrbios psicossomáticos na adolescência I. In: Makron MF et al.


Tratado de adolescência. Rio de Janeiro: Cultura Médica Ltda., 1991. p.524-32.

9. Pinheiro R. Medicina psicossomática: uma abordagem clínica. São Paulo:


Fundo Editorial Byk, 1992.

10. Pontes JF. Conceito de integração em medicina psicossomática. Arq.


Gastroenterol 1975;12(2):83-7.

11. Smith MS. Psychosomatic symptoms in adolescence. Med Clin N Am


1990;76(5):1121-34.

12. Spitz RA. O primeiro ano de vida. Sao Paulo: Martins Fontes, 1988.

13. Strasburger VC, Brown RT. Psychosomatic disorders. In: Strasburger VC,
Brown RT. Adolescent medicine: a practical guide. Little Brown and Company:
Boston/Toronto/London, 1991. p.447-67.

14. Winnicott DW. Natureza humana. Rio de Janeiro: Imago, 1990.


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