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UFPR – 2023.2
Sumário
1. Perícias e Peritos ...................................................................................................... 6
1.1 Resumo do conteúdo.......................................................................................... 6
1.1.1 Perícia ......................................................................................................... 6
1.1.2 Perito ........................................................................................................... 7
1.1.3 Condução da Perícia .................................................................................. 9
1.1.4 Falso Testemunho ou Falsa Perícia......................................................... 10
1.2 Questões de Prova ........................................................................................... 11
2. Documentos Médicos .............................................................................................. 14
2.1 Resumo do conteúdo........................................................................................ 14
2.1.1 Introdução ................................................................................................. 14
2.1.2 Atestado médico ....................................................................................... 14
2.1.3 Prontuário .................................................................................................. 14
2.1.4 Receita ...................................................................................................... 15
2.1.5 Laudo/parecer médico .............................................................................. 15
2.1.6 Declaração de óbito .................................................................................. 15
2.1.7 Outros documentos................................................................................... 16
2.1.7.1 Relatório médico................................................................................ 16
2.1.7.2 Notificação ......................................................................................... 16
2.1.7.3 Boletim médico .................................................................................. 16
2.1.7.4 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .................... 17
2.1.8 Médico como testemunha......................................................................... 17
2.2 Questões de Prova ........................................................................................... 18
3. Sexologia Forense .................................................................................................. 21
3.1 Resumo do conteúdo........................................................................................ 21
3.1.1 Crimes sexuais .......................................................................................... 21
3.1.1.1 Introdução .......................................................................................... 21
3.1.1.2 Estupro .............................................................................................. 21
3.1.1.3 Importunação sexual ......................................................................... 21
3.1.1.4 Assédio sexual .................................................................................. 21
3.1.1.5 Violência sexual mediante fraude ..................................................... 22
3.1.2 Parafilias e Transtornos Parafílicos .......................................................... 22
3.1.2.1 Transtorno Voyeurista ....................................................................... 22
3.1.2.2 Transtorno exibicionista .................................................................... 22
3.1.2.3 Transtorno Frotteurista ...................................................................... 23
3.1.2.4 Transtorno do Masoquismo Sexual .................................................. 23
3.1.2.5 Transtorno do Sadismo Sexual......................................................... 23
3.1.2.6 Asfixiofilia autoerótica........................................................................ 24
3.1.2.7 Transtorno Pedofílico ........................................................................ 24
3.1.2.8 Transtorno Fetichista......................................................................... 24
3.1.2.9 Transtorno transvéstico..................................................................... 24
3.1.2.10 Outros transtornos parafílicos ......................................................... 24
3.1.3 Tratamento de parafilias ........................................................................... 24
3.2 Questões de Prova ........................................................................................... 25
4. Tocoginecologia Forense ........................................................................................ 28
4.1 Resumo do conteúdo........................................................................................ 28
4.1.1 Aborto legal ............................................................................................... 28
4.1.2 Infanticídio e neonaticídio ......................................................................... 29
4.2 Questões de Prova ........................................................................................... 30
5. Energias Físicas ...................................................................................................... 33
5.1 Resumo do conteúdo........................................................................................ 33
5.1.1 Temperatura .............................................................................................. 33
5.1.2 Pressão ..................................................................................................... 34
5.1.3 Eletricidade................................................................................................ 34
5.1.4 Veneno ...................................................................................................... 34
5.1.5 Outras energias físicas ............................................................................. 35
5.1.5.1 Som.................................................................................................... 35
5.1.5.2 Radiação............................................................................................ 35
5.2 Questões de Prova ........................................................................................... 36
6. Asfixias Mecânicas .................................................................................................. 38
6.1 Resumo do conteúdo........................................................................................ 38
6.1.1 Enforcamento ............................................................................................ 38
6.1.2 Estrangulamento ....................................................................................... 39
6.1.3 Esganadura ............................................................................................... 39
6.1.4 Afogamento ............................................................................................... 39
6.2 Questões de Prova ........................................................................................... 41
7. Instrumentos Mecânicos ......................................................................................... 46
7.1 Resumo do conteúdo........................................................................................ 46
7.1.1 Instrumentos perfurantes .......................................................................... 46
7.1.2 Instrumentos cortantes ............................................................................. 46
7.1.3 Instrumentos contundentes ...................................................................... 47
7.1.4 Instrumentos perfurocortantes .................................................................. 47
7.1.5 Instrumentos corto-contundentes ............................................................. 48
7.2 Questões de Prova ........................................................................................... 48
8. Psiquiatria Forense Criminal ................................................................................... 51
8.1 Resumo do conteúdo........................................................................................ 51
8.1.1 Introdução ................................................................................................. 51
8.1.2 Imputabilidade ........................................................................................... 51
8.1.3 Exemplos................................................................................................... 52
8.2 Questões de Prova ........................................................................................... 54
9. Lesões Produzidas por Arma de Fogo ................................................................... 56
9.1 Resumo do conteúdo........................................................................................ 56
9.1.1 Armas de Fogo .......................................................................................... 56
9.1.2 Balística interna......................................................................................... 57
9.1.3 Balística externa........................................................................................ 57
9.1.3.1 Tiro encostado ................................................................................... 57
9.1.3.2 Tiro à curta distância ......................................................................... 58
9.1.3.3 Tiro à distância .................................................................................. 58
9.2 Questões de Prova ........................................................................................... 59
10. Tanatologia forense............................................................................................... 61
10.1 Resumo do conteúdo ..................................................................................... 61
10.1.1 Fenômenos cadavéricos......................................................................... 61
10.1.1.1 Fenômenos abióticos imediatos ..................................................... 61
10.1.1.2 Fenômenos abióticos consecutivos ................................................ 61
10.1.1.3 Fenômenos transformativos destrutivos......................................... 63
10.1.1.4 Fenômenos transformativos conservadores .................................. 63
10.1.2 Cronotanatognose .................................................................................. 64
10.2 Questões de Prova ......................................................................................... 64
11. Lesões Corporais .................................................................................................. 67
11.1 Resumo do conteúdo ..................................................................................... 67
11.1.1 Laudo médico-legal................................................................................. 67
11.1.2 Lesões corporais leves ........................................................................... 67
11.1.3 Lesões corporais graves......................................................................... 67
11.1.4 Lesões corporais gravíssimas ................................................................ 68
11.1.5 Lesão corporal seguida de morte ........................................................... 68
11.1.6 Lesão corporal culposa ........................................................................... 68
11.1.7 Fatores que alteram a pena.................................................................... 68
11.2 Questões de Prova ......................................................................................... 69
12. Toxicologia Forense .............................................................................................. 72
12.1 Resumo do conteúdo ..................................................................................... 72
12.1.1 Avaliação de performance humana........................................................ 72
12.1.2 Investigação toxicológica post-mortem .................................................. 72
12.1.3 Adições e Psiquiatria Forense ................................................................ 73
12.1.4 Antropologia forense ............................................................................... 74
12.1.4.1 Identidade ........................................................................................ 74
12.1.4.2 Identificação .................................................................................... 74
12.2 Questões de Prova ......................................................................................... 75
1. Perícias e Peritos
1.1.1 Perícia
A perícia é um exame detalhado realizado por alguém com conhecimentos
técnicos quanto a um assunto específico, com a finalidade de comprovar, ou não,
fatos de interesse da justiça. A perícia é realizada — necessariamente — por um
perito (profissional apontado por autoridade, médico ou não), tendo fé pública e
tratando-se da prova científica de uma situação.
A perícia médico-legal é toda aquela realizada utilizando-se de conhecimento
médico para apurar o fato de interesse jurídico. Conceito: Todo procedimento médico
promovido por autoridade policial ou judiciária, praticado por profissional da medicina,
visando prestar esclarecimentos à justiça.
As autoridades competentes capacidades a solicitar perícias são, apenas, o
juiz ou o delegado de polícia (salvo exceções em caso de inquéritos militares, em que
um oficial encarregado pode solicitar a perícia), ou seja, o Ministério Público atua
como uma parte no processo, não podendo solicitar perícias, devendo solicitar ao juiz
caso necessário.
Quanto à perícia criminal, deve-se entender o fluxo de abertura de um
processo judicial. O inquérito policial é uma questão administrativa, de modo que não
é necessário presença de advogados ou outro tipo de assessoria para o depoimento.
Trata-se de um formulário a ser preenchido, seguindo modelos predefinidos. A partir
do momento que se abre um processo, trata-se de uma questão judicial, em que é
necessária uma estrutura diferente e as partes são estabelecidas. Pode ser produzido
um laudo durante o inquérito (delegado solicita) por um médico legista, da mesma
forma que um perito pode produzir outro laudo durante o processo judicial (juiz
solicita), refutando ou não o laudo anterior.
1.1.2 Perito
Perito é o profissional a quem cabe a realização de exame técnico de sua área
de formação para esclarecimentos de fato de interesse da justiça. Ele deve apontar
nos laudos apenas questões técnicas, pautadas nas normas jurídicas e científicas da
área abordada, sendo vedada a formação de juízo de valor. Os laudos devem ser
suficientemente esclarecedores, visando dar base ao convencimento do juiz e motivar
suas decisões.
Classificação dos peritos:
1. Oficial: Concursado. Exerce funções pertinentes ao cargo público que ocupa.
a. Perito de carreira de médico-legista
b. Perito servidor do Estado à disposição do IML
c. Perito servidor municipal à disposição do IML
2. Nomeado: Não é servidor público. Exerce transitoriamente a função, na
ausência de perito oficial e em casos de perícia civil. Este profissional, via de
regra, deve possuir diploma de curso superior e inscrição no órgão de classe,
tendo por obrigação prestar compromisso perante a autoridade requisitória.
a. Perito designado esporadicamente por autoridade
Por outro lado, o assistente técnico é aquele que deve defender o interesse da
parte que o contratou, para que o processo ocorra da forma mais favorável possível,
dentro dos limites da legalidade e da razoabilidade. Sua função é acompanhar o
desenrolar da prova pericial, apresentar sugestões, criticar o laudo do perito nomeado
e apresentar as hipóteses possíveis, desde que técnica e juridicamente sustentáveis.
O parecer (documento produzido pelo assistente técnico) tem menor peso que o laudo
pericial, uma vez que o assistente tem um lado no julgamento, o perito não.
Artigo 159 CPP, lei n. 11.690/2008 - Exame de corpo de delito e outras perícias serão
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.
1. Na falta de perito, o exame será realizado por duas pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
exame.
2. Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo
a. A partir do momento que alguém é nomeado, ele responde como
funcionário público e sofre suas consequências
3. Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao
ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de
assistente técnico.
4. O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após conclusão
dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
intimadas desta decisão
a. Juiz pergunta se as partes querem solicitar um assistente técnico, que
vai avaliar o laudo do perito oficial (nomeado pelo juiz)
5. Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
a. Requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os
quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
respostas em laudo complementar.
i. Ou seja, as partes podem questionar o perito quanto ao laudo,
desde que submetam as perguntas com antecedência
b. Indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em
prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência
i. Perito faz laudo, assistente técnico faz parecer. Pareceres não
têm fé pública
6. Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à
perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre
a sua guarda, e na presença de perito oficial, para exames pelos assistentes,
salvo se for impossível a sua conservação.
7. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um
perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.
Peritos nomeados pela autoridade são obrigados a aceitar o encargo, sob pena
de multa, salvo motivo escusável (Artigo 277 do CPP). Os motivos escusáveis são:
casos semelhantes às testemunhas, não se encontrar tecnicamente apto, motivos de
força maior, matéria em que não se encontre habilidade, fato sigiloso ou interesse
pessoal no caso. Motivo de força maior se refere a qualquer evento que acontece
imprevisivelmente de forma inevitável (deve ser inevitável e o perito deve ser ausente
de culpa). De acordo com o CRM, perícias criminais são de responsabilidade do
Estado, devendo o juiz nomear peritos apenas em caso de perícia civil, de forma que
o perito fica submetido ao código de processo civil (médicos-legistas que fazem
perícias criminais estão submetidas ao código de processo penal).
Impedimento e suspeição
1. Suspeição – Receio de atuar sem imparcialidade
a. Amigo íntimo ou inimigo capital
b. Se tiver aconselhado qualquer das partes
c. Motivo íntimo
d. Interesse em favor de uma das partes
2. Impedimento – Vedado de exercer suas funções no processo
a. Cônjuge ou parente até terceiro grau atuando como qualquer das partes
do processo
b. Atuou como qualquer outra função no processo, ou como testemunha
c. Algum interesse externo no processo
1.1.3 Condução da Perícia
O perito tem autonomia para definir algumas variáveis, desde que vise à
verdade: definir local do exame, definir dia e hora da perícia, definir urgências, solicitar
exames, requisitar pessoal auxiliar, avaliar as condições técnicas para produção da
prova.
O perito deve ter condições técnicas, não permitir interferências internas e
externas, deve possuir livre condução do exame, acesso à bibliografia, acesso à
legislação, acesso à exames complementares, acesso à avaliação de especialistas,
liberdade nas conclusões, remuneração adequada e apoio auxiliar.
É vedado ao médico:
1. Assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médico-legal quando não
tenha realizado pessoalmente o exame;
2. Ser perito ou auditor do próprio paciente, de sua família ou de qualquer outra
pessoa com a qual tenha relação capaz de influir em seu trabalho;
3. Intervir nos atos profissionais de outro médico ou fazer qualquer apreciação
em presença de examinado. Deve reservar suas observações para o relatório.
4. Realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos no
interior de prédios ou de dependências de delegacias de polícia, unidades
militares, casas de detenção e presídios.
O inquérito tem como finalidade definir a autoria e a materialidade do ato.
Dessa forma, cabe ao perito conhecer o motivo da perícia requisitada. A solicitação
da perícia deve ser precoce e seu resultado poderá definir os rumos da investigação.
Deve-se conhecer alguns termos importantes quanto à apuração das provas:
1. Valor da prova: Prova é o elemento que demonstra autenticidade e/ou
veracidade de um fato.
a. Seu objetivo é convencer o julgador.
b. Artigo 182 CPP: O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo
ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
2. Objetos da prova pericial: Podem ser pessoas, cadáveres, parte de cadáveres
ou objetos.
3. Erros na requisição: Solicitação de exames ou de perícia incompleta ou
impossível
4. Laudo pericial: Fonte de prova e retrato escrito da perícia. Deve ser prova fiel,
independente e sem vício na elaboração. Tem como etapas preâmbulo,
histórico, exame e descrição, discussão, conclusão e resposta aos quesitos.
5. Dificuldade de análise pela autoridade: Ocorre por ausência de curso teórico
de medicina legal na formação jurídica, inabilidade de compreender os
significados periciais e ausência de noções de criminalística.
6. Suspeição: Dúvida quanto à imparcialidade e independência. Ocorre em casos
de receio de atuar sem imparcialidade, amigo íntimo ou inimigo capital, se tiver
aconselhado qualquer das partes, consanguíneo até terceiro grau, motivo
íntimo ou interesse em favor de uma das partes.
1.1.4 Falso Testemunho ou Falsa Perícia
Art. 342 CPP – Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como
testemunha, perito, contator, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral: pena - reclusão, de um a três
anos e multa.
1. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado
mediante suborno ou cometido com o fim de obter prova destinada a produzir
efeito em processo penas, ou em processo civil em que for parte entidade da
administração pública direta ou indireta
2. O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu
o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
1.2 Questões de Prova
01
Resposta B
I - V -> Segundo o Artigo 158 do CPP
II - V -> Artigo 277 do CPP
III - V -> Artigo 145 do CPC
02
Resposta C
- Cível - Perito nomeado + assistentes técnicos de cada parte
- Criminal/penal - Perito do IML (legista concursado)
- Previdenciária - Perito concursado
03
Resposta C
04
Resposta B
I - F -> Se fez lesão corporal, é lesão corporal
II - F -> As autoridades que solicitam perito são o juiz ou o delegado de polícia
III - V -> O perito pode solicitar mais tempo de avaliação caso julgue necessário,
desde que por motivo justificável
IV - F -> Por essa resolução, é vedado ao médico realizar exames médico-
periciais de corpo de delito em seres humanos no interior de prédios ou de
dependências de delegacias de polícia, unidades militares, casas de detenção e
presídios. Em hospital pode.
V - F -> O prazo é definido de acordo com a complexidade do caso, mas 24h é
muito pouco de qualquer maneira
05
Resposta B
a) Definição antiga, hoje é realizado apenas por 1 perito
b) Definição de corpo de delito
c) A perícia pode ser realizada em outros lugares, fora o IML (vide item IV da
questão anterior)
d) Há suspeição em alguns casos, como amigo íntimo ou inimigo capital, se o
perito tiver aconselhado qualquer das partes, motivo íntimo, ou interesse em favor
de uma das partes
e) Os quesitos a serem abordados no laudo de lesão corporal são definidos de
acordo com o que for apresentado pelas partes
2. Documentos Médicos
2.1.1 Introdução
Documentos médicos são qualquer informação descrita por um médico, com
interesse jurídico. É uma importante fonte de segurança para o médico e para o
paciente, tratando-se de responsabilidade exclusiva do médico. Tem finalidade
terapêutica, mantendo o histórico de saúde do paciente, além de finalidade jurídica
por ter valor legal. Os documentos, para serem considerados legítimos, devem conter
o nome do médico, registro do CRM e RQE, local de trabalho (endereço), além da
identificação do paciente. Importante lembrar de manter o sigilo médico na confecção
desses documentos, revelando informações sensíveis apenas em casos que seja
necessário, e com consentimento do paciente.
2.1.3 Prontuário
Trata-se do registro do histórico dos pacientes, sendo de guarda do médico ou
da instituição em que ocorreu a consulta. Deve ser registrado para qualquer consulta
ou procedimento, contendo informações, imagens e resultados de exames. As
informações devem ser organizadas em ordem cronológica, criando um novo registro
a cada interação, além de que cada registro deve informar data, hora, CRM e
assinatura do médico. É uma importante forma de comunicação com outros membros
da equipe assistencial.
Esse registro deve ser mantido no mínimo por 20 anos caso seja feito
manualmente com papel e caneta, porém deve ser mantido indefinidamente se feito
de maneira digital, sendo conservado em softwares da instituição ou do contratado,
sem prazo de validade.
2.1.4 Receita
Trata-se da prescrição de medicamentos ou cuidados para um paciente feita
pelo médico. Deve conter informações de maneira clara e precisa, com a identificação
do paciente, nome do medicamento, concentração, dosagem, forma terapêutica,
quantidade, posologia, duração do tratamento, além de data, hora e local da
prescrição, e identificação do médico prescritor.
Existem vários tipos de receitas, sendo elas listadas abaixo:
1. Receituário médico branco simples – 1 via
2. Receituário médico branco especial – Uso controlado
a. Antibióticos, TARV, psicofármacos, imunossupressor
b. 2 vias (uma fica na farmácia), validade de 30 dias
3. Receituário médico azul - Psicofármacos de maior controle
a. Apenas um medicamento por receita
b. Validade de 30 dias
4. Receituário médico amarelo
a. Medicamentos extremamente controlados
b. Risco de abuso
c. 1 medicamento por receita, validade de 30 dias
Resposta B
I - Isso é um parecer, o laudo é a descrição de uma perícia médica, feita por um
perito. Perito faz laudo, assistente técnico faz parecer
II – Certo
III - É infração ética e penal
IV – Certo
V - Se um juiz discordar das conclusões de um laudo de perícia, ele pode
questionar o perito durante audiências, solicitar esclarecimentos adicionais ou
recusá-lo
02
Resposta D
A causa básica de morte foi violenta, de modo que se faz necessária a realização
de necrópsia e a avaliação de um médico-legista do IML
03
Resposta A
Parada cardiorrespiratória e falência múltipla de órgãos nunca é a causa imediata
de morte (acontece com todo cadáver), portanto B, C e D estão erradas. Achei
que o item A está supondo muita coisa, mas condiz com o caso.
04
Resposta E
I - Descrição correta
II - Para descrever lesões ovaladas, deve-se fornecer 2 medidas (maior e menor
eixo), além de que não existe objeto tráumato-cortante
III - Não é vítima, é periciando ou examinando
05
Resposta C
I – Correto
II - Em localidades sem IML, a autoridade judicial ou policial designará qualquer
médico da localidade, na função de perito legista eventual (ad hoc).
III - Mesma explicação que o item acima
3. Sexologia Forense
Resposta A
I – Correto
II – Correto
III – Incorreto, há valorização da vítima
02
Resposta A
I – Incorreto, conjunção carnal é definida como introdução do membro viril em
ereção no interior da cavidade vaginal (após o hímen), com ou sem ejaculação
II – Incorreto, qualquer ato libidinoso realizado contra a vontade da vítima a partir
do uso de violência ou grave ameaça caracteriza estupro
III – Incorreto, presume-se violência em vítimas menores de 14 anos (e outras
incluídas na definição de estupro de vulnerável)
03
Resposta C
Definição de vulnerabilidade no contexto de crimes sexuais
04
Resposta D
Caso clássico de Voyeurismo
05
Resposta A
Clismafilia: Excitação e obtenção de prazer em injetar líquidos no ânus ou vagina
4. Tocoginecologia Forense
Resposta E
A e C estão corretas (aborto eugênico = aborto legal)
02
Resposta E
Vale relembrar que, quanto a malformações, a única prevista em lei é a
anencefalia, por mais que existam outras malformações incompatíveis com a vida
03
Resposta A
Resnick: Psicótico, altruísta (por sofrimento real ou imaginado), criança
indesejada, acidental (maus tratos), vingativo contra o cônjuge
5. Energias Físicas
5.1.1 Temperatura
Agentes físicos de temperatura elevada produzem lesões (queimaduras) por
contato direto ou exposição difusa, seja pela chama, pelo calor irradiante, por gases
superaquecidos, por líquidos escaldantes, por sólidos quentes ou por raios solares,
sendo que estes últimos geram danos por insolação, causando desidratação e
choque. As queimaduras podem ser classificadas de acordo com o grau do
comprometimento que causam no tecido afetado: queimaduras de primeiro grau
(eritemas) afetam apenas a epiderme, deixando-a em uma coloração vermelho-vivo,
devido a uma simples congestão do tecido; queimaduras de segundo grau (flictenas)
são caracterizadas pela formação de vesículas, constituídas por líquido amarelo-claro
ou transparente, que suspendem a epiderme; queimaduras de terceiro grau (escaras)
são desorganizações completas da epiderme, além de formarem manchas de cor
castanha, ou cinza-amarelada, indicativas de morte da derme, deixando cicatrizes
proeminentes; por fim, a classificação utilizada pela medicina legal (Hoffmann)
considera um quarto grau de queimaduras, a carbonização, que é caracterizado pela
carbonização do plano ósseo, podendo ser total ou parcial, ocorrendo redução do
volume do cadáver e, muitas vezes, adotando a posição de lutador devido à retração
muscular. A gravidade das queimaduras, em relação à sobrevivência da vítima, é
avaliada em função de sua extensão e intensidade.
Para a perícia, é importante avaliar se houve inalação de gases quentes,
podendo atuar como um mecanismo de morte. Isto é feito observando se há fuligem
nas vias respiratórias (sinal de Montalti), se há hiperemia e edema da faringe, da
laringe ou da parte superior do esôfago, ou se há aumento acentuado do muco
traqueobrônquico. Também é importante definir se a morte foi imediata, causada pela
exsudação plasmática aguda (com diminuição do volume circulatório e desintegração
das albuminas), ou se a morte foi tardia por qualquer outro mecanismo, como infecção
(sepse), broncopneumonia, hemorragia intestinal, processos hepatotóxicos,
insuficiência renal aguda, etc.
Quanto à irradiação solar, o dano térmico pode ocorrer por insolação, sendo
causado por ação do calor ambiental em locais abertos (praia), ou por intermação,
sendo causado por excesso de calor ambiental em ambientes mal arejados, quase
sempre confinados ou pouco abertos, surgindo de forma acidental (esquece a criança
no carro). A morte nesses casos ocorre por diversos mecanismos, dentre eles a ação
do calor sobre a miosina cardíaca, que causa sua coagulação, a destruição de
elementos figurados do sangue, levando a trombose, o bloqueio da perspiração
cutânea e da sudorese, aumentando a temperatura corporal e causando
desnaturação de proteínas, a desidratação e o choque.
Por mais que mais raras no contexto de medicina legal, as temperaturas baixas
também podem causar danos, seja por contato direto (necroses periféricas imediatas
ou tardias) ou exposição difusa (hipotermia e choque). Também há uma classificação
dos graus de “geladuras” (Calissen), caracterizando o primeiro grau como eritemas,
o segundo como flictenas e o terceiro como necrose ou gangrena.
5.1.2 Pressão
As baropatias são os principais fenômenos resultantes das alterações de
pressão. Baropatias causadas pela diminuição da pressão (rarefação do ar em
altitude) cursam com dispneia, náuseas, taquicardia, obnubilação e perda de
consciência, de modo que a hipóxia pode levar a uma maior resistência vascular
periférica, a fim de desviar o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais, causando
gangrena de extremidades. Por outro lado, as baropatias causadas por aumento de
pressão ocorrem principalmente com mergulhadores, que sofrem de embolia gasosa
ao subir rapidamente para a superfície.
5.1.3 Eletricidade
A eletricidade pode ser dividida em natural e artificial. A ação letal da
eletricidade natural sobre o homem é chamada de fulminação, enquanto a ação que
causa apenas lesões corporais, ou seja, não leva à morte, é chamada de fulguração.
O local de entrada da eletricidade natural no corpo humano deixa uma lesão de
formato arboriforme, sendo chamada de sinal de Lichtenberg. A lesão não é
permanente e tende a desaparecer com o tempo.
Da mesma forma, a eletricidade artificial também recebe sua própria terminologia.
Caso a ação de causar dano elétrico tenha ocorrido de maneira proposital, ela é
chamada de eletrocussão (eletrocutar um condenado), porém, caso tenha ocorrido
de forma acidental, é chamada de eletroplessão. A eletricidade artificial produz lesões
chamadas de marcas de Jellineck nos locais de entrada e saída da corrente elétrica,
sendo mais graves de acordo com a intensidade de corrente envolvida no choque e
aparecendo geralmente nas plantas dos pés ou nas palmas das mãos.
A morte por descarga elétrica pode ocorrer por alguns mecanismos:
1. Morte Pulmonar: Achados compatíveis com asfixia, ocorrendo em razão da
tetanização dos músculos respiratórios (edema pulmonar, congestão
polivisceral, manchas de Tardieu).
2. Morte Cardíaca: Corrente elétrica causa contração fibrilar do ventrículo.
3. Morte Cerebral: Ocorre em caso de choque por altíssimas voltagens (> 1200
V), havendo hemorragia meníngea, hiperemia dos centros nervosos e
hemorragia intraparenquimatosa.
5.1.4 Veneno
Trata-se de um composto químico, não energia física, mas estava na mesma
aula. Definido como toda substância que lesa a integridade corporal ou a saúde do
indivíduo ou lhe produz a morte, mesmo em quantidades relativamente pequenas.
Uma substância pode ser concomitantemente medicamento e veneno, dependendo
da dose administrada (conceito vinculado à dose e à concentração).
O ciclo toxicológico do veneno no corpo segue a ordem de penetração e
absorção, distribuição, fixação (depende do tropismo da substância), transformação
(metabolização renal ou hepática) e eliminação. As doses tóxica e mortal de cada
substância depende tanto de características do próprio veneno (pureza), quanto da
via de administração e de características do envenenado (tolerância), sendo
importante, no contexto de perícia, não apenas identificar a presença de uma
substância tóxica no corpo da vítima, mas também verificar se a concentração seria
suficiente para causar a morte.
Para o diagnóstico de envenenamento, é necessário que a vítima feche
critérios clínicos, com sintomas característicos de cada substância, critérios
anatomopatológicos, com exames específicos para cada substância, além de passar
por exame macroscópico e exame necroscópico.
Informações perdidas na aula:
1. Cianureto de potássio ou ácido cianídrico fazem com que o cadáver exale odor
de amêndoas amargas
a. Além disso, o cadáver apresenta-se com livores violáceos na pele, além
de rigidez precoce e intensa
2. Saturnismo se refere ao envenenamento por chumbo
3. Hidrargirismo se refere à intoxicação por Mercúrio
Resposta A
Lichtenberg é a marca deixada pela passagem de eletricidade natural pelo corpo.
Como houve morte, o evento que ocorreu foi a fulminação.
02
Resposta C
Substâncias cáusticas possuem caráter ácido ou básico, tratando-se de
elementos químicos causadores de dano.
03
Resposta E
As alternativas A e C estão corretas. Caso seja um contato letal, trata-se de
fulminação, senão trata-se de fulguração.
04
Resposta D
Lembre-se que a medicina legal utiliza a classificação de Hoffmann.
Primeiro grau: Rubefação; Segundo grau: Vesicação (flictena com exsudato);
Terceiro grau: Escarificação e necrose; Quarto grau: Carbonização
05
Resposta E
O professor não usou esse termo em aula, mas está certo, achei a questão
interessante por causa dos outros itens:
A) Geladuras são classificadas em 3 graus pela classificação de Calissen
(eritema, vesicação e gangrena)
B) Intermação é o excesso de calor ambiental em locais fechados, mal
arejados. Em locais abertos chamamos de insolação
C) A medicina legal não classifica as queimaduras quanto à área, apenas
quanto ao efeito sobre o tecido
D) Quando a pressão atmosférica diminui, a rarefação causa alteração na
concentração dos gases dissolvidos no sangue, o que culmina em hipóxia
cerebral, com rebaixamento do nível de consciência e aumento da pressão
vascular periférica (necrose de extremidades)
E) Certa (é sinônimo de Lichtenberg)
6. Asfixias Mecânicas
6.1.1 Enforcamento
Como explicado anteriormente, trata-se da constrição do pescoço por um laço
acionado pelo peso da vítima, havendo suspenção total ou parcial do corpo. O laço
pode ser duro ou mole, sendo posicionado anterior, posterior ou lateralmente.
Quanto aos sinais externos de sufocamento, o sulco deixado pelo laço é
geralmente ascendente, projetando-se conforme a inserção da cabeça no pescoço;
além disso, a face fica inchada (vultosa), adotando coloração cianótica ou pálida;
também há protrusão e cianose da língua. Da mesma forma, podemos caracterizar
os sinais internos presentes nesse tipo de asfixia, sendo divididos entre locais e
gerais. Quanto aos sinais internos locais, destacam-se as sufusões hemorrágicas no
pescoço (petéquias); o sinal de Friedberg, caracterizado por fratura da túnica externa
da artéria carótida; e o sinal de Amussat, caracterizado por fratura da túnica íntima da
artéria carótida, necessitando de uma energia maior de trauma para estar presente,
quando comparado ao sinal de Friedberg. Já quanto aos sinais internos gerais, é
possível perceber escurecimento na coloração do sangue, congestão visceral e
aparecimento de manchas de Tardieu (petéquias em órgãos devido ao aumento da
pressão capilar - específico de asfixia).
Do ponto de vista pericial, é importante diferenciar a causa jurídica de morte
entre suicídio, acidente ou homicídio, averiguando — também — se a suspensão do
corpo no laço aconteceu em vida, ou após a morte. Para isso, ressalta-se que a
cianose e as petéquias acima do laço são reações vitais, assim como o aumento do
volume da língua e o edema de pálpebra (não ocorrem após a morte). Outros
exemplos desse tipo de reação são hemorragias no osso hióide, ou na cartilagem
tireóide, além de equimose retrofaríngea (de Brouardel) e de edema e bolhas na pele
caso o laço seja duplo.
6.1.2 Estrangulamento
Da mesma forma, o estrangulamento é caracterizado por constrição do
pescoço utilizando um laço, mas dessa vez acionado por força externa, seja muscular
ou de mecanismo equivalente. Assim, os sinais externos e internos dessa obstrução
são muito similares aos do enforcamento, mas o sulco do laço tipicamente se
apresenta transverso (devido ao mecanismo do trauma geralmente envolver tração
na horizontal) e o sinal de Amussat raramente está presente, uma vez que geralmente
trata-se de força menor, mas por um tempo prolongado. Podendo, também, ocorrer
em situações de homicídio, suicídio e acidente (geralmente com maquinaria).
6.1.3 Esganadura
Nesse caso, a constrição do pescoço se faz pelo emprego das mãos, havendo
sinais externos de equimoses, escoriações semilunares (marca de unhas), além dos
sinais gerais de asfixia (face vultosa cianótica ou pálida, protrusão da língua e
cianose). Quanto aos sinais internos, são os mesmos das outras causas de asfixia,
porém raramente há sinal de Friedberg, e muito menos sinal de Amussat. Para a
esganadura, o suicídio é impossível e o acidente é debatível, prevalecendo a causa
jurídica de homicídio.
6.1.4 Afogamento
Caracterizado pela presença de líquido em vias respiratórias. É classificado
em dois tipos: o afogado azul, que fica cianótico, aspira meio líquido e morre por essa
causa (também chamado de afogado verdadeiro); e o afogado branco, que fica pálido,
pois morre no líquido, mas não por causa dele (geralmente choque térmico,
hipotermia). O afogamento verdadeiro é dividido em fases, começando pela fase de
luta, onde há deglutição do líquido, submersão e alto gasto energético para tentar se
salvar; seguida pela fase de apneia voluntária, quando a vítima do afogamento tenta
se acalmar, segurando a respiração, mas acaba acumulando gás carbônico; e, por
fim, a fase de aspiração, quando a vítima aspira o meio líquido (água doce faz
hemodiluição e água salgada hemoconcentração, tendo efeitos fisiológicos
diferentes).
Quanto aos sinais externos de afogamento, é possível observar enrugamento
da pele, havendo aumento de volume da camada córnea da epiderme; cogumelo de
espuma nas vias respiratórias, onde ocorre mistura de ar, surfactante, muco e água
(pode ser rósea se houver rompimento de tecido pulmonar); livores róseos causados
por hemólise e diluição sanguínea; lesões nas extremidades e corpos estranhos
subungueais por choque contra objetos submersos; lesões de partes moles causadas
por animais aquáticos; putrefação diferente, devido à posição que o corpo assume
quando boia, iniciando-se pela cabeça (mancha verde na cabeça antes do abdome);
e, por fim, o agigantamento do cadáver devido ao processo de putrefação, geralmente
após 24h.
Já no caso dos sinais internos, há diluição do sangue, congestão polivisceral
e equimoses de Tardieu, além de presença de líquidos nas vias respiratórias e
digestivas, assim como presença de corpos estranhos e enfisema aquoso nos
pulmões (ficam distendidos, com impressão dos arcos costais e toque com sensação
de esponja). Um sinal específico de afogados é a presença de manchas de Paltauf,
causadas por ruptura das paredes alveolares (manchas vermelho-claras que não
devem ser confundidas com as equimoses de Tardieu, que são causadas por ruptura
capilar).
No contexto de perícia médico-legal, é difícil de avaliar o tempo que o cadáver
permaneceu dentro da água, pois a temperatura da água altera o tempo de putrefação
(quanto mais alta, mais rápida a putrefação). Porém, algumas estimativas podem ser
feitas, sabendo que o corpo inicialmente afunda, após 1 a 5 dias do afogamento,
tende a flutuar devido aos gases produzidos pela deterioração bacteriana, e depois
afunda novamente.
6.2 Questões de Prova
01
Resposta C
Trata-se de estrangulamento, uma vez que o sulco se apresenta contínuo,
horizontalizado e uniforme.
02
Resposta E
I - Trata-se de Estrangulamento. Enforcamento teria que ser causado pelo próprio
peso do corpo.
II - O sinal de Amussat é a lesão da túnica íntima, que ocorre frequentemente no
enforcamento (alta energia), mas nem sempre no estrangulamento,
especialmente raro no contexto do enunciado.
III - Congestão facial ocorre quando impede o retorno venoso da face, vulgo
qualquer asfixia mecânica do pescoço.
03
Resposta C
I - Quem faz a necrópsia é a polícia científica, não precisa de consentimento da
família.
II – Correto: Manchas por rompimento capilar, presentes no pulmão, no pericárdio,
nos músculos do pescoço, e qualquer outra víscera que sofreu pelo aumento de
pressão capilar causado pela congestão.
III - Primeiro oblitera as jugulares, que precisam de menor força para serem
ocluídas (2 Kg).
04
Resposta E
Pele não cianótica, não pálida, com Manchas de Tardieu (asfixia), sem sinais
externos, deve-se levantar a hipótese de intoxicação por CO.
05
Resposta C
- Sulco transversal = Estrangulamento.
- Retirado da água = Tentativa de ocultar o corpo (homicídio).
06
Resposta A
I - Correta.
II - Correta, Friedberg é comum, Amussat é raro no estrangulamento.
III - Falsa, sinal de Amussat é mais relacionado com morte por enforcamento,
causado por maior força, mas também pode estar presente em casos de
estrangulamento por alta energia (raro).
07
Resposta C
As escoriações apontam onde a força foi aplicada (boca e narinas = sufocação).
08
Resposta E
Sufocação indireta é a supressão dos movimentos do tórax.
09
Resposta B
Friedberg pode ter tanto em enforcamento, quanto em estrangulamento, mas
Amussat é muito raro no estrangulamento (menor energia).
10
Resposta A
Paltauf é um sinal específico do afogado, trata-se de manchas róseas causadas
pelo rompimento dos alvéolos.
7. Instrumentos Mecânicos
Resposta C
I - Correta, não houve mais reações vitais nas lesões depois desse fato
II - Degola é o corte na região posterior do pescoço
III - “Esfaquear” indica um instrumento perfurocortante (pense no mecanismo do
trauma)
02
Resposta D
Age em linha (a e d), por pressão e deslizamento (d)
03
Resposta B
a - Machado é corto-contundente
b - Certa
c - Ferida punctória
d - Nem sempre representam a sede da lesão traumática, podendo ocorrer em
locais diferentes (TCE)
e - Feridas cortantes normalmente apresentam bordas lisas e regulares
04
Resposta C
Elementos de lesão contusa, sem sinal de corte.
05
Resposta D
Descrição de uma lesão incisa
8. Psiquiatria Forense Criminal
8.1.1 Introdução
A psiquiatria forense é uma subespecialidade da psiquiatria, que faz a conexão
entre a medicina e o direito, aplicando os conhecimentos em psiquiatria para a
resolução de problemas jurídicos. Em sua formação, um psiquiatra forense deve
fazer, além da residência em psiquiatria, mais um ano de residência médica, ou
cursos de especialização. Esse profissional atua em áreas de direito de família, direito
previdenciário, direito civil, direito trabalhista, direita administrativo, direito criminal,
interconsulta hospitalar/ambulatorial (consultoria) e pesquisa, tendo um amplo campo
em que pode atuar.
Para o Direito Penal brasileiro, um crime é toda ação ou omissão, típica,
antijurídica e culpável. Ou seja, é qualquer ação ou omissão de um indivíduo que
provoca danos ao outro, desde que essa ação ou omissão esteja caracterizada no
código penal de 1940 e seja antijurídica (legítima defesa, por exemplo, é jurídica), de
modo que o indivíduo seja culpável diante do delito.
8.1.2 Imputabilidade
A imputabilidade se refere à responsabilidade pela ação ou omissão delituosa.
O autor do crime pode ser inimputável por critério cronológico (< 18 anos) ou por
critério biopsicológico (transtornos psiquiátricos), desde que seja comprovado
transtorno mental que cause prejuízo, de forma parcial ou total, à capacidade de
entender e/ou se autodeterminar diante do delito, estando esses sintomas presentes
à época dos fatos. No código penal, o autor é isento de pena caso fosse inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, e a pena é reduzida de um ou dois terços, se o autor não era
inteiramente capaz de entender ou determinar-se. Menores de 18 anos são sujeitos
a normas estabelecidas em legislação especial para menores infratores.
Nesse contexto, é importante que seja realizada uma avaliação retrospectiva
detalhada do estado mental do infrator no momento do delito, o que envolve
anamnese com o periciando e informantes qualificados, exame físico e exame
neurológico, além de avaliação complementar: aplicação de escalas, mini-mental,
neuroimagem, exames laboratoriais, avaliação de documentos, etc. O periciando
deve ser caracterizado quanto ao seu estado mental antes e depois do delito,
investigando que impacto esse crime causou em sua vida. Caso haja incidência de
sintomas psiquiátricos significativos após a prática do delito (superveniência de
doença mental), o réu não é avaliado quanto à sua imputabilidade, mas pode haver
suspensão do processo durante o tratamento do réu (instituição de custódia) ou, após
sua condenação, este é encaminhado ao tratamento psiquiátrico e retornará ao
sistema prisional em outro momento.
Existem alguns termos legais para delimitar algumas categorias de transtornos
psiquiátricos: Nos casos em que o indivíduo possui um adoecimento psiquiátrico mais
grave, chama-se Doença Mental (esquizofrenia, transtornos psicóticos, transtornos
neurocognitivos); são categorizados como portador de Perturbação da Saúde Mental
os periciandos com transtornos de personalidade e transtornos parafílicos; o termo
Desenvolvimento Mental Retardado se refere aos indivíduos com deficiência
intelectual, que pode tornar os indivíduos inimputáveis se for de caráter moderado a
grave ou semi-imputáveis dependendo do grau de comprometimento leve;
Desenvolvimento Mental Incompleto não é mais utilizado, mas se referia a indivíduos
indígenas de determinadas tribos isoladas, considerados na época (1940) ainda não
“evoluídos” culturalmente.
Caso o periciando seja definido como inimputável ou semi-imputável, a pena é
transformada em "medida de segurança”, com tratamento compulsório da saúde
mental (1 a 3 anos), que pode ser renovada enquanto a avaliação pericial não definir
a cessação de periculosidade. Delitos mais leves são tratados ambulatorialmente,
enquanto delitos mais graves envolvem internamento em complexo médico-penal.
A avaliação de responsabilidade penal pode ser solicitada pelo juiz, pelos
familiares do réu, pelo advogado de defesa ou pelo advogado de acusação. Em
resumo, para caracterizar a inimputabilidade, deve existir um transtorno mental, esse
transtorno deve ter nexo causal com o delito, e esse transtorno deve causar redução
ou abolição da capacidade de entendimento ou da capacidade de autodeterminação.
8.1.3 Exemplos
1. Paciente masculino, de 22 anos, é investigado pela Polícia Civil em um caso
de homicídio. A vítima, sua mãe, que à época do crime, tinha 48 anos, foi morta
a facadas na região do abdome (múltiplas lesões). Durante a investigação
policial, o agressor repetidamente disse que sua mãe era uma impostora (“um
robô altamente avançado, que foi programado pela CIA e pela Polícia Federal,
para me matar, por eu ser um hacker contra o sistema”). Após a denúncia do
Ministério Público, o juiz determinou que fosse realizada uma avaliação de
responsabilidade penal para o réu em questão. (Inimputável)
a. Existia transtorno mental à época do delito?
i. Sim, esquizofrenia.
b. Nexo causal com o delito?
i. Sim, “Durante a investigação policial, o agressor repetidamente
disse que sua mãe era uma impostora, ...”
c. Abolição da capacidade de entendimento?
i. Sim.
d. Abolição da capacidade de autodeterminação?
i. Sim.
2. Paciente masculino, de 25 anos, é investigado em um caso de importunação
sexual. Segundo a vítima, mulher de 19 anos, o agressor teria passado a mão
em suas partes íntimas em uma “balada sertaneja”. Durante o andamento do
processo, o advogado do réu anexou diversos atestados que obteve com o
psiquiatra assistente (médico assistente), que relatavam sobre a evolução de
um quadro de transtorno bipolar tipo 1, com diversas internações psiquiátricas
prévias, e com estabilidade de sintomas com o tratamento farmacológico
(Olanzapina 20 mg/dia + Carbonato de Lítio 1200 mg/dia). Neste sentido, após
solicitação do advogado de defesa, é instaurado o “incidente de insanidade
mental” para avaliação da responsabilidade penal do acusado. (Imputável)
a. Existia transtorno mental à época do delito?
i. Sim, transtorno bipolar do tipo 1.
b. Nexo causal com o delito?
i. Não, “..., e com estabilidade de sintomas com o tratamento
farmacológico, ...”
c. Abolição da capacidade de entendimento?
i. Não
d. Abolição da capacidade de autodeterminação?
i. Não
3. Paciente masculino, de 29 anos, é investigado por homicídio seguido de
ocultação de cadáver, de uma mulher de 19 anos, que era sua vizinha. Na
investigação, existem provas de o crime ter sido premeditado (a ponto do
cadáver ser encontrado após três semanas após o homicídio), após recusas
da vítima em se relacionar sexualmente com o réu. Durante o inquérito policial,
o agressor falou diversas vezes que ouvia vozes de comando que lhe falaram
para matar a vítima. Durante o andamento do processo, o advogado de defesa
solicitou perante o juiz a “avaliação da sanidade mental do acusado”.
(Imputável)
a. Existia transtorno mental à época do delito?
i. Sim, transtorno de personalidade antissocial (psicopatia).
b. Nexo causal com o delito?
i. Sim, antissociais apresentam predisposição ao comportamento
criminal.
c. Abolição da capacidade de entendimento?
i. Não, "..., existem provas de o crime ter sido premeditado, após
recusas da vítima em se relacionar sexualmente com o réu.”
d. Abolição da capacidade de autodeterminação?
i. Não, o crime foi premeditado.
8.1.4 Terminologia
1. Capacidade civil: Capacidade legal de uma pessoa para exercer direitos e
assumir responsabilidades em sua vida pessoal e jurídica.
a. Para os totalmente incapazes há os institutos da representação (pais,
tutores e curadores)
2. Imputabilidade: Capacidade de uma pessoa ser responsabilizada legalmente
por suas ações criminosas.
3. Responsabilidade: Obrigação de indivíduos, empresas ou organizações de
arcar com as consequências legais de suas ações ou omissões.
8.2 Questões de Prova
01
Resposta E
I – Correta, definição do código penal.
II – Incorreta, estados emocionais não são motivos de inimputabilidade.
III – Correta, não foi abordado na aula do Dr. Thiago, mas caso o réu estivesse
em estado de embriaguez completa por não saber o que estava ingerindo ou por
ser forçado a ingerir a substância, e isso tem nexo causal com o crime, sendo
incapaz de entender o caráter ilícito ou determinar-se de acordo com esse
entendimento, o indivíduo é inimputável.
02
Resposta C
I – Incorreta, são inimputáveis, mas ficam sujeitos a legislação especial.
II – Incorreta, embriaguez por vontade própria não é fator excludente de
culpabilidade
III – Incorreta, no caso de embriaguez, tem que perder completamente a
capacidade de entender ou determinar-se (devia estar escrito “inteiramente
incapaz”).
03
Resposta D
Simulação é simular sintomas que não tem, dissimulação é ocultar sintomas que
tem.
9. Lesões Produzidas por Arma de Fogo
Resposta C
Sinal de tiro encostado, explosão abaixo da pele.
02
Resposta E
I – Correto, pistolas são carregadas por pente, não pelo cano (que seria
antecarga).
II – Correto, tinha que saber o que é chaira (a parada q usa pra amolar faca)
III – Incorreto, revólver tem projétil único (cano de alma raiada).
03
Resposta E
I – Correto, em armas de cano liso (múltiplos projéteis) o calibre se dá por quantos
projéteis são necessários para completar 1 libra de peso.
II – Correto, a orla de enxugo se refere às impurezas deixadas pelo projétil
III – Incorreto, calibre 38 significa 0,38 polegadas de diâmetro
04
Resposta C
I – Correto, cone de Bonnet é a diferença entre um orifício de entrada e de saída
em um plano ósseo.
II – Correto, aparece devido ao sangramento.
III – Incorreto, a ferida de entrada tem diâmetro menor.
05
Resposta C
A tatuagem é a internalização de grânulos de pólvora na pele, que são
fagocitados pelos macrófagos como a tinta das tatuagens. Não sai com limpeza.
10. Tanatologia forense
Resposta E
02
Resposta C
As hipóstases são formadas por sangue (líquido), enquanto equimoses são
formadas por coágulos. Além disso, no caso das hipóstases, o sangue está
contido dentro dos vasos, só está acumulado devido à ausência de fluxo
sanguíneo, enquanto nas equimoses, os vasos foram rompidos e o sangue está
coagulado e infiltrado nas malhas tissulares.
03
Resposta C
I – Incorreto, essa circulação ocorre na fase gasosa de putrefação devido à
proximidade dos vasos com a pele
II – Incorreto, 1 grau por hora nas primeiras 3 horas, 0,5 depois
III – Incorreto, quanto menos ATP, maior a rigidez
04
Resposta D
a) Errada, foi encontrado em decúbito dorsal, com hipóstases na região anterior
do corpo
b) Errada, faltam informações
c) Errada, o corpo ainda está com rigidez generalizada (dura 24-48h)
d) Correta, a rigidez está por todo o corpo e as hipóstases estão fixas (não
mudaram com a alteração de decúbito)
e) Errada, impossível dizer com certeza
05
Resposta A
11. Lesões Corporais
Resposta A
I – Correto
II – Correto
III – Incorreto, nesse caso seria lesão corporal grave
02
Resposta C
Entra no critério de deformidade permanente.
03
Resposta E
Seria lesão corporal grave se o feto continuasse vivo e o parto tivesse sido
acelerado, mas como morreu devido à imaturidade, considera-se aborto
04
Resposta B
05
Resposta D
I – Correto
II – Correto, tem outro rim
III – Correto, não se enquadra como lesão grave nem gravíssima
12. Toxicologia Forense
Resposta D
Thiago não entrou nos tipos de embriaguez, mas em resumo: a acidental é por
caso fortuito ou força maior; a culposa é aquela em que o agente não faz ingestão
querendo se embriagar, mas por descuido; a voluntária é quando o sujeito bebe a
fim de se embriagar; e a dolosa/preordenada é quando faz ingestão a fim de se
embriagar e cometer crime (actio libera in causa)
02
03
Resposta B ou E?
A – Funções sensoriais está errado
C – Mímica facial está errado
D – Voz está errado